Jardim Paulista tem 881 vezes o número de leitos da Vila Medeiros.
No total, São Paulo tem 2,99 leitos para cada mil pessoas.
Trinta dos 96 distritos da capital paulista não possuem nenhum leito
hospitalar, como Perus, na Zona Norte da cidade, segundo mapa da
Desigualdade de São Paulo elaborado pela Rede Nossa São Paulo e
divulgado nesta terça-feira (19). A pesquisa também mostra a
desigualdade entre os municípios em temas como habitação, vagas em
creches, mortalidade infantil, equipamentos esportivos e número de
centros culturais.
O número é maior do que o de 2009, quando havia 28 distritos sem leito
hospitalar, e menor do que em 2012, quando 31 distritos não tinham
nenhum leito. Em relação a 2013, São Paulo ganhou 10.344 leitos.
"Quanto mais você demora para dar atendimento, piora a saúde, pode
chegar a morte, inclusive. A pessoa tem que se deslocar em São Paulo,
onde a mobilidade já é muito problemática, para ter acesso ao hospital
e, quando chega, certamente, já chega em piores condições do que se
tivesse um hospital perto de casa", disse Oded Grajew, coordenador da
Rede Nossa São Paulo.

O distrito com mais leitos hospitalares é o Jardim Paulista, na Zona
Sul, com 35,53 para cada 1.000 habitantes, o que representa 881 vezes
mais do que o distrito com a menor quantidade de leitos, a Vila
Medeiros, na Zona Norte, que tem 0,040 para cada mil pessoas.
A Organização Mundial de Saúde diz que o recomendado é que existam de 2,5 a 3 leitos para cada 1.000 habitantes.
O levantamento leva em conta leitos hospitalares públicos e privados de
2014: 34.269 leitos para 11.453.996 habitantes, o que representa 2,99
leitos para cada mil pessoas. A meta do Ministério da Saúde é de 2,5 a 3
leitos para cada mil habitantes.
A Secretaria de Saúde do Município de São Paulo disse que já reativou
230 leitos e vai reabrir em novembro o antigo Hospital Santa Marina. A
Secretaria disse ainda que vai construir três novos hospitais e vai
abrir seis hospitais dia da rede Hora Certa.
Mortalidade infantil
A região da República foi a que mais registrou mortes de crianças
menores de um ano – média de 22,2 óbitos a cada 1 mil nascidas vivas.
Os dados mais atualizados são de 2013 e constam no Mapa da Desigualdade
do movimento Nossa São Paulo. Moema foi o distrito com menor índice –
1,09 mortes a cada 1 mil nascimentos.
Nos registros de gravidez na adolescência, Marsilac teve índice de
26,61 de mães residentes no distrito com 19 anos ou menos com filhos
nascidos vivos. Já Moema foi a região com a menor taxa (0,585) em 2014.
O
G1 procurou a Prefeitura e a Secretaria de Segurança Pública após a divulgação da pesquisa e aguarda um posicionamento.
Creches
A procura por uma vaga em creche na cidade de São Paulo continua em
alta. Segundo o Mapa da Desigualdade, 45% das crianças que procuravam
uma vaga nos CEIs (Centro de Educação Infantil) ficaram de fora em 2014.
No total, a demanda era de 415.591 vagas no ano passado – e foram supridas somente 228.056.
Ou seja, conseguiram uma vaga nas creches municipais pouco mais da metade dos cadastrados (54,88%).
Se comparado ao ano de 2013, vimos que a relação oferta de vagas e
demanda foi menor em 2014. Em 2013, 55,65% das crianças inscritas no
cadastro da Prefeitura conseguiram uma vaga. Em números absolutos, foram
213.867 matriculados de um total de 384.339 estudantes.
Em 2008, primeiro ano da série histórica da pesquisa, há uma diferença
bem maior. Na época, a fila de espera por uma vaga era menor. A cidade
tinha uma demanda de 167.324 crianças e 109.717 matrículas, isto é, 35%
das crianças não conseguiram vaga naquele ano.
O bairro de Guaianases, na Zona Leste, é o que tem maior demanda de
vagas, são 80,67% contra 23,53% na Sé, ou seja, a carência é 3,43 vezes
maior que no Centro de São Paulo.
Homicídios
O distrito de Marsilac, no extremo da Zona Sul de São Paulo, teve a
maior quantidade de homicídios a cada 10 mil habitantes e também a taxa
mais alta de mortes de jovens entre 15 e 29 anos no ano passado.
De acordo com a pesquisa, Marsilac registrou média de 28,6 óbitos por
assassinato de pessoas entre 15 a 29 anos a cada 10 mil habitantes em
2014. O índice é 44,5 vezes maior que o do distrito Vila Mariana, que
teve a menor taxa (0,64).
Marsilac também teve 6,16 homicídios a cada 10 mil habitantes no ano
passado, número é 34,67 vezes maior em relação ao distrito de Perdizes,
que teve o menor índice (0,176) no período.
Nos dois cenários, o índice é muito superior à média da capital (1,42 e
4,63, respectivamente). O estudo usa dados do IBGE e do Serviço
Funerário do Município de São Paulo.
O relatório apontou, no entanto, que os distritos de Alto de Pinheiros,
Barra Funda e Jaguará não tiveram homicídios no ano passado. Em relação
à morte de jovens entre 15 e 29 anos, 15 distritos tiveram indicador
zero de assassinatos em 2014.
Favelas
O número total de domicílios em favelas cresceu 2% na cidade de São
Paulo entre 2013 e 2014, segundo a pesquisa. O levantamento mostra que
as favelas ganharam 8.280 novas residências de um ano para o outro.
Foram verificados 398.200 domicílios nesta situação no ano passado,
contra 389.920 em 2013.
A região de Paraisópolis, onde moram cerca de 100 mil pessoas (Foto: Amanda Previdelli/G1)
Com isso, o total de domicílios em áreas não urbanizadas na capital
passou de 10,9% para 11,13%. O distrito de Vila Andrade, na região de
Paraisópolis, Zona Sul, é o que possui mais domicílios em área de
favela: 49,59%.
O número é 610 vezes maior que o encontrado em Pinheiros (0,081%), onde
praticamente não existem favelas. Os dois distritos ficam a 12 km de
distância um do outro, separados pela Marginal Pinheiros.
Além de Pinheiros, apenas 10 distritos paulistanos, de um total de 96,
têm taxa de favelização próxima de zero: Bela Vista, Bom Retiro, Brás,
Cambuci, Consolação, Jardim Paulista, Moema, Perdizes, República e Sé.
Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), na região
da Sé, no Centro de São Paulo (Foto: Fábio Tito/G1)
Espaços culturais
O relatório, que usa dados divulgados pela Prefeitura até 2014, mostrou
que dos 96 distritos da capital, 60 não têm casas de espetáculos e
espaços de cultura, ou seja, um índice de 62,5% dos distritos sem
centros culturais.
O levantamento apontou ainda que a capital paulista tem 11 distritos
sem nenhum equipamento esportivo, como quadras, ginásio, piscina e pista
de atletismo de acesso público.
A região da Sé foi a que teve o melhor índice na cidade de espaços para
cultura, com uma média de 3,67 espaço para cada 10 mil habitantes. Já
entre os distritos com indicador zero estão Alto de Pinheiros, Brás,
Brasilândia, Casa Verde, Ermelino Matarazzo, Morumbi, Parelheiros e
Santana, mais 52 regiões.
Equipamentos esportivos
O distrito de Pinheiros, na Zona Oeste, foi o que registrou maior
proporção de espaços para a prática de esportes por 10 mil habitantes na
capital em 2014.
O índice é 28,8 vezes maior que o distrito de Tremembé, que registrou a
menor taxa (0,048), sem considerar os 11 distritos que tiveram
indicador zero neste tema. A média para a cidade foi a mesma entre 2013 e
2014.