sexta-feira, 29 de maio de 2015

Truvada é seguro para prevenir vírus da aids, aponta estudo

Pesquisadores acompanharam pessoas com alto risco de infecção por 17 meses e concluíram que o medicamento não incentiva sexo desprotegido

Medicamento Truvada
Truvada: Medicamento é o primeiro com indicação para prevenir infecção pelo HIV(Divulgação/VEJA)
Desde maio deste ano, as autoridades de saúde dos Estados Unidos recomendam que americanos saudáveis com alto risco de contrair HIV tomem diariamente o medicamento Truvada para prevenir a doença. A pílula combina dois antirretrovirais e sua indicação original é para evitar a propagação do vírus em pessoas que acabaram de ser infectadas.
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TRUVADA
O Truvada, comercializado desde 2004, é a combinação de outras duas drogas, mais antigas, usadas no combate ao HIV: Emtriva e Viread. Os médicos normalmente receitam a medicação como parte de um coquetel que dificulta a proliferação do vírus, reduzindo as chances de a aids se desenvolver.
A capacidade de prevenção do Truvada foi anunciada pela primeira vez em 2010 como um dos grandes avanços médicos na luta contra a epidemia de aids. Um estudo de três anos descobriu que doses diárias diminuíam o risco de infecção em homens saudáveis em 44%, quando acompanhados por orientação e pelo uso de preservativo.
O Truvada costuma provocar, como efeito colateral, vômitos, diarreia, náuseas e tontura. Há casos também de intoxicação do fígado, perda óssea e alteração da função renal.
Embora estudos tenham demonstrado que a droga chega a ser 99% eficaz, ainda existem algumas preocupações sobre o método. Por exemplo, se a abordagem acabaria dando aos pacientes uma falsa sensação de segurança e incentivando o sexo desprotegido. As pesquisas demonstram que a maior proteção do tratamento acontece com o uso diário da pílula e se o método for associado a outras medidas de segurança, principalmente o uso de preservativo.
Resultados de um estudo sobre o Truvada apresentados nesta quarta-feira durante a Conferência Internacional de Aids, na Austrália, porém, apontam que o uso do medicamento não incentiva o sexo desprotegido e que a droga é eficaz mesmo se o paciente esquece de tomar alguma pílula.
A pesquisa é continuação do estudo original feito para avaliar a eficácia do Truvada, que envolveu cerca de 1.600 homens gays e mulheres transgênero dos Estados Unidos, América do Sul, África e Tailândia. Quando essa primeira análise foi encerrada, três quartos dos participantes aceitaram continuar recebendo as pílulas gratuitamente, e todos os voluntários foram acompanhados por mais 17 meses.
Proteção - Segundo os pesquisadores, durante esse período, nenhuma pessoa que tomou o medicamento pelo menos quatro vezes na semana contraiu o HIV. Além disso, usar o Truvada apenas duas ou três vezes por semana parece reduzir o risco da doença em comparação com ingerir a droga com menor frequência ou não seguir o tratamento.
O estudo também mostrou que os participantes não passaram a usar preservativos com menor frequência com o uso do Truvada. Também não houve aumento da incidência de outras doenças sexualmente transmissíveis, como a sífilis.
"Estamos encorajados. Há um certo perdão por esquecer algumas doses. E o medicamento é seguro", disse à agência Associated Press Robert Grant, coordenador do estudo e especialista do Instituto Gladstone, que é filiado à Universidade da Califórnia em São Francisco, Estados Unidos.
No Brasil, o uso do Truvada para prevenir o HIV ainda não é autorizado.

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