terça-feira, 19 de maio de 2015

Trinta dos 96 distritos de São Paulo não têm leito hospitalar, diz pesquisa

Jardim Paulista tem 881 vezes o número de leitos da Vila Medeiros.
No total, São Paulo tem 2,99 leitos para cada mil pessoas.

Do G1 São Paulo
Trinta dos 96 distritos da capital paulista não possuem nenhum leito hospitalar, como Perus, na Zona Norte da cidade, segundo mapa da Desigualdade de São Paulo elaborado pela Rede Nossa São Paulo e divulgado nesta terça-feira (19). A pesquisa também mostra a desigualdade entre os municípios em temas como habitação, vagas em creches, mortalidade infantil, equipamentos esportivos e número de centros culturais.
O número é maior do que o de 2009, quando havia 28 distritos sem leito hospitalar, e menor do que em 2012, quando 31 distritos não tinham nenhum leito. Em relação a 2013, São Paulo ganhou 10.344 leitos.
"Quanto mais você demora para dar atendimento, piora a saúde, pode chegar a morte, inclusive. A pessoa tem que se deslocar em São Paulo, onde a mobilidade já é muito problemática, para ter acesso ao hospital e, quando chega, certamente, já chega em piores condições do que se tivesse um hospital perto de casa", disse Oded Grajew, coordenador da Rede Nossa São Paulo.
Leitos hospitalares (Foto: Arte/G1) O distrito com mais leitos hospitalares é o Jardim Paulista, na Zona Sul, com 35,53 para cada 1.000 habitantes, o que representa 881 vezes mais do que o distrito com a menor quantidade de leitos, a Vila Medeiros, na Zona Norte, que tem 0,040 para cada mil pessoas.
A Organização Mundial de Saúde diz que o recomendado é que existam de 2,5 a 3 leitos para cada 1.000 habitantes.
O levantamento leva em conta leitos hospitalares públicos e privados de 2014: 34.269 leitos para 11.453.996 habitantes, o que representa 2,99 leitos para cada mil pessoas. A meta do Ministério da Saúde é de 2,5 a 3 leitos para cada mil habitantes.
A Secretaria de Saúde do Município de São Paulo disse que já reativou 230 leitos e vai reabrir em novembro o antigo Hospital Santa Marina. A Secretaria disse ainda que vai construir três novos hospitais e vai abrir seis hospitais dia da rede Hora Certa.
Mortalidade infantil
A região da República foi a que mais registrou mortes de crianças menores de um ano – média de 22,2 óbitos a cada 1 mil nascidas vivas.
Os dados mais atualizados são de 2013 e constam no Mapa da Desigualdade do movimento Nossa São Paulo. Moema foi o distrito com menor índice – 1,09 mortes a cada 1 mil nascimentos.
Nos registros de gravidez na adolescência, Marsilac teve índice de 26,61 de mães residentes no distrito com 19 anos ou menos com filhos nascidos vivos. Já Moema foi a região com a menor taxa (0,585) em 2014.
O G1 procurou a Prefeitura e a Secretaria de Segurança Pública após a divulgação da pesquisa e aguarda um posicionamento.
Dados da creche mapa da desigualdade (Foto: Editoria de Arte/G1)Creches
A procura por uma vaga em creche na cidade de São Paulo continua em alta. Segundo o Mapa da Desigualdade, 45% das crianças que procuravam uma vaga nos CEIs (Centro de Educação Infantil) ficaram de fora em 2014.
No total, a demanda era de 415.591 vagas no ano passado – e foram supridas somente 228.056.
Ou seja, conseguiram uma vaga nas creches municipais pouco mais da metade dos cadastrados (54,88%).
Se comparado ao ano de 2013, vimos que a relação oferta de vagas e demanda foi menor em 2014. Em 2013, 55,65% das crianças inscritas no cadastro da Prefeitura conseguiram uma vaga. Em números absolutos, foram 213.867 matriculados de um total de 384.339 estudantes.
Em 2008, primeiro ano da série histórica da pesquisa, há uma diferença bem maior. Na época, a fila de espera por uma vaga era menor. A cidade tinha uma demanda de 167.324 crianças e 109.717 matrículas, isto é, 35% das crianças não conseguiram vaga naquele ano.
O bairro de Guaianases, na Zona Leste, é o que tem maior demanda de vagas, são 80,67% contra 23,53% na Sé, ou seja, a carência é 3,43 vezes maior que no Centro de São Paulo.
mapa marsilac (Foto: Arte/G1)
Homicídios
O distrito de Marsilac, no extremo da Zona Sul de São Paulo, teve a maior quantidade de homicídios a cada 10 mil habitantes e também a taxa mais alta de mortes de jovens entre 15 e 29 anos no ano passado.
De acordo com a pesquisa, Marsilac registrou média de 28,6 óbitos por assassinato de pessoas entre 15 a 29 anos a cada 10 mil habitantes em 2014. O índice é 44,5 vezes maior que o do distrito Vila Mariana, que teve a menor taxa (0,64).
Marsilac também teve 6,16 homicídios a cada 10 mil habitantes no ano passado, número é 34,67 vezes maior em relação ao distrito de Perdizes, que teve o menor índice (0,176) no período.
Nos dois cenários, o índice é muito superior à média da capital (1,42 e 4,63, respectivamente). O estudo usa dados do IBGE e do Serviço Funerário do Município de São Paulo.
O relatório apontou, no entanto, que os distritos de Alto de Pinheiros, Barra Funda e Jaguará não tiveram homicídios no ano passado. Em relação à morte de jovens entre 15 e 29 anos, 15 distritos tiveram indicador zero de assassinatos em 2014.
Favelas
O número total de domicílios em favelas cresceu 2% na cidade de São Paulo entre 2013 e 2014, segundo a pesquisa. O levantamento mostra que as favelas ganharam 8.280 novas residências de um ano para o outro. Foram verificados 398.200 domicílios nesta situação no ano passado, contra 389.920 em 2013.
A região de Paraisópolis, onde moram cerca de 100 mil pessoas, e onde alugueis podem chegar a 600 por dois cômodos (Foto: Amanda Previdelli/G1)A região de Paraisópolis, onde moram cerca de 100 mil pessoas (Foto: Amanda Previdelli/G1)
Com isso, o total de domicílios em áreas não urbanizadas na capital passou de 10,9% para 11,13%. O distrito de Vila Andrade, na região de Paraisópolis, Zona Sul, é o que possui mais domicílios em área de favela: 49,59%.
O número é 610 vezes maior que o encontrado em Pinheiros (0,081%), onde praticamente não existem favelas. Os dois distritos ficam a 12 km de distância um do outro, separados pela Marginal Pinheiros.
Além de Pinheiros, apenas 10 distritos paulistanos, de um total de 96, têm taxa de favelização próxima de zero: Bela Vista, Bom Retiro, Brás, Cambuci, Consolação, Jardim Paulista, Moema, Perdizes, República e Sé.
Abertura da exposição sobre o pintor Picasso no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Centro de São Paulo. Pessoas formaram fila para serem as primeiras a ver a mostra (Foto: Fábio Tito/G1) Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), na região
da Sé, no Centro de São Paulo (Foto: Fábio Tito/G1)
Espaços culturais
O relatório, que usa dados divulgados pela Prefeitura até 2014, mostrou que dos 96 distritos da capital, 60 não têm casas de espetáculos e espaços de cultura, ou seja, um índice de 62,5% dos distritos sem centros culturais.
O levantamento apontou ainda que a capital paulista tem 11 distritos sem nenhum equipamento esportivo, como quadras, ginásio, piscina e pista de atletismo de acesso público.
A região da Sé foi a que teve o melhor índice na cidade de espaços para cultura, com uma média de 3,67 espaço para cada 10 mil habitantes. Já entre os distritos com indicador zero estão Alto de Pinheiros, Brás, Brasilândia, Casa Verde, Ermelino Matarazzo, Morumbi, Parelheiros e Santana, mais 52 regiões.
Equipamentos esportivos
O distrito de Pinheiros, na Zona Oeste, foi o que registrou maior proporção de espaços para a prática de esportes por 10 mil habitantes na capital em 2014.
O índice é 28,8 vezes maior que o distrito de Tremembé, que registrou a menor taxa (0,048), sem considerar os 11 distritos que tiveram indicador zero neste tema. A média para a cidade foi a mesma entre 2013 e 2014.

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