sexta-feira, 27 de maio de 2016

Carcaças de navios são focos do Aedes aegypti-Ce

Foram registrados 119 casos de febre chikungunya, seis de zika e dois de dengue na região só em maio
João Lima Neto - Repórter
O local está ocupado desde fevereiro de 2009, quando sucatas, carcaças de embarcações e outros objetos começaram a ser despejados no terreno para fins comerciais ( FOTO: KLEBER A. GONÇALVES )
Moradores da Barra do Ceará estão sofrendo com o aumento de casos de dengue, chikungunya e zika. Antigos barcos, peças das embarcações e lixo estão servindo de espaço para proliferação do mosquito Aedes aegypti. Conforme o gerente da Célula de Vigilância Ambiental e Riscos Biológicos da Secretaria Municipal de Saúde, Nélio Morais, os agentes de saúde e endemias já encontraram mais de 80 moradores com suspeita só da febre chikungunya.
Um terreno localizado na Avenida José Moreira Rebouças preocupa quem vive na região. O espaço é utilizado para armazenar peças de barco e metal. Os moradores, que não se identificaram por motivo de segurança, informaram que diariamente chega material no terreno. Muitas crianças ficaram doentes e outras apresentam sintomas das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Na área funcionou o antigo Hidroporto de Fortaleza.
O local está ocupado desde fevereiro de 2009, quando sucatas e outros objetos começaram a ser despejados no local para fins comerciais. Revoltado com a invasão, o historiador Adauto Leitão acionou a Prefeitura e o Ministério Público Federal em 2009 para resolver o problema. Contudo, mais de cinco anos depois, a situação de abandono é a mesma. "Foram feitas várias vistorias pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e até pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). A empresa responsável pela terreno tentou entrar com recurso, mas a justiça já deu como improcedente".
A reportagem foi até a empresa que abriga as embarcações, mas não havia ninguém da direção, apenas um funcionário da limpeza. Também foram realizadas ligações para o setor jurídico, mas não foram atendidas.
Insegurança
De acordo com o coordenador de endemias da Regional I, Edilberto Nunes, uma outro problema que os agentes de endemias estão encontrando é a dificuldade no acesso às residências. Segundo Nunes, traficantes da região não estavam deixando a Prefeitura atuar na área, mas a situação foi revertida. "Conseguimos conversar com líderes comunitários dos morros e região de praia. Essa semana mesmo daremos continuidade ao processo de prevenção e combate a dengue", ressaltou.
A programação inicial dos agentes que atuam na Regional I era visitar 825 imóveis. Os profissionais da saúde só conseguiram entrar em 236 residências devido à interferência do crime na região. Os moradores contaram que os agentes até chegam a entrar em algumas residências, mas, com medo, desistiram de algumas áreas.
Casos
Edilberto alerta que, na região da Barra do Ceará, a Prefeitura está atuando com carros fumacês. Conforme o coordenador, os dados da Célula de Vigilância Ambiental e Riscos Biológicos da SMS apontam que foram atestados clinicamente 119 casos de febre chikungunya, seis casos de zika e dois de dengue na Barra do Ceará, só no mês de maio. O Boletim da 20ª semana Epidemiológica da dengue apresenta a Regional I com 461 casos confirmados da doença.
A Prefeitura vem realizando operação de ordenamento e limpeza de embarcações. Na última quarta-feira (25), no Mucuripe, foi iniciada a retirada de 30 embarcações sem uso que ocupam a faixa de praia de forma irregular. O material é levado para o Aterro Sanitário de Caucaia.

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