quarta-feira, 4 de maio de 2016

Criança de um ano morre de H1N1, e CE chega a 4 óbitos

Caso reforça a necessidade de imunização dos grupos prioritários. Cobertura vacinal chega a 25,8%

 Thatiany Nascimento - Repórter

Uma criança de um ano de idade morreu em Juazeiro do Norte, no Ceará, de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) pelo vírus H1N1. Este é o quarto óbito registrado somente neste ano no Estado devido a este tipo de influenza. Os dados constam no Boletim Epidemiológico de doenças de notificação compulsória divulgado, ontem, pela Secretaria da Saúde (Sesa). Profissionais da área reforçam a necessidade de garantir a prevenção, já que os dois últimos pacientes que morreram no Ceará devido à H1N1 integravam o grupo prioritário de vacinação.
Das quatro mortes no Estado, duas foram de pessoas residentes em Caucaia, uma em Sobral e a última em Juazeiro do Norte. O óbito ocorrido no fim de abril, em Caucaia, foi de um paciente diabético, que, junto à criança integra o grupo que, neste período, deve receber a imunização. O público infantil de seis meses a menores de cinco anos, pessoas com 60 anos ou mais, trabalhadores da saúde, povos indígenas, gestantes, puérperas (mulheres até 45 dias após o parto), população privada de liberdade formam este grupo.
Até agora, segundo a Sesa, 458.395 pessoas desta população prioritária foram vacinadas no Estado, o que equivale a 25,80% do total. A meta é imunizar pelo menos 80% deste público. Neste ano, o Ceará registrou 10 casos da doença. Segundo a Sesa, a infecção tem se manifestado de forma controlada nos últimos períodos. Em 2015, foram 40 casos, sem morte. Já em 2009, quando houve uma pandemia mundial, houve 72 registros com três óbitos no Ceará.
Surto
Conforme o balanço do Ministério da Saúde, divulgado ontem, São Paulo (que teve avanço do surto de H1N1 fora de época) é o estado que mais concentra registros, com 988 episódios. Com 10 ocorrências, o Ceará é o 13º na lista nacional. Em número de mortes, o Estado ocupa a 12ª posição. São Paulo lidera a lista negativa com 149 registros.
A gravidade da influenza H1N1 deve-se, segundo o pediatra e infectologista do Hospital São José, Robério Leite, à alteração do vírus, que oriundo de uma pandemia, "modifica-se a cada ano". Desta forma, explica o médico. "Ele ganha características completamente diferentes e o ser humano passa a não ter defesa. O H1N1 é um vírus mais invasivo que os outros tipos de influenza e o sistema imunológico não reconhece".
O infectologista também informa que as crianças, sobretudo, as que têm entre seis meses e dois anos, podem apresentar complicações por terem o sistema imunológico mais frágil e também propagarem o vírus com mais facilidade.
O médico alerta que é preciso diferenciar a gripe por H1N1 dos resfriados. "No primeiro caso, o vírus mexe com o corpo todo. É o que chamamos de doença sistêmica com febre alta, tosse, coriza e muita dor no corpo. Com o risco maior de adquirir pneumonia. Já o resfriado quase não tem febre e apresenta tosse, coriza, geralmente, na via aérea superior", diferencia.
Robério ainda explica que o aumento dos casos no Ceará ocorre geralmente entre fevereiro e maio, devido ao clima mais frio. E por isso, de acordo com ele, há uma discussão sobre a necessidade de antecipação do calendário de vacinação, que teve início nacionalmente no último sábado (30).
"É um problema de logística, pois a indústria farmacêutica no Brasil tem uma corrida todo ano para fornecer a composição que é definida pela Organização Mundial da Saúde. Todo ano a Organização muda a formulação da vacina, que varia conforme o vírus da influenza que está em circulação", argumenta.
Desde sábado, a vacina está disponível nos postos de saúde para os grupos prioritários no Brasil inteiro. Conforme a coordenadora de imunização da Sesa, Ana Zilma Leite, no Ceará já foram aplicadas 458.395 doses neste grupo, do total 1.776.416 previstos para o Estado. Neste ano, a vacina é formulada para proteger a população contra os três subtipos do vírus da gripe determinados pela OMS. São eles: A/H1N1; A/H3N2 e influenza B.
A expectativa é que neste ano, a meta seja alcançada de forma rápida, já que a demanda pela imunização "é considerada intensa em todos os municípios", diz a coordenadora. Nos últimos cinco anos, segundo dados da Sesa, o Ceará sempre superou a meta, com 82% em 2015, 84% em 2014, 87% em 2013, 85% em 2012 e 82% em 2011.
"As pessoas estão em alerta e acredito que iremos fazer 100% da vacina para todos os municípios. Sempre que alcançamos 80%, abrimos para a população no geral, mas esse ano não vamos prometer esta vacina excedente porque achamos que 'não sobrará'", justifica Ana Zilma. Até ontem, o Ministério da Saúde enviou 678.170 doses da vacina para o Estado. A expectativa é que os demais lotes sejam enviados até a próxima sexta-feira.
taba

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