Secretário da Saúde diz que mesmo sem casos registrados, Estado faz ações em rodoviárias, aeroportos e porto
por
Lêda Gonçalves/Ranniery Melo - Repórteres
Todos que forem viajar por qualquer motivo para áreas endêmicas devem
se imunizar contra a febre amarela. A orientação é do secretário
Estadual de Saúde (Sesa), Henrique Javi com base no Ministério da Saúde.
Segundo ele, mesmo ainda sem perigo imediato de registrar casos da
doença, o Estado desenvolve ações de proteção, iniciadas com bloqueios
nos aeroportos, da Capital e do Interior, Portos do Pecém e Mucuripe, e
rodoviárias.
"Já tivemos dois casos suspeitos, de cearenses que passaram as férias
em Minas Gerais e chegaram com sintomas, mas foram contidas na chegada,
fizeram exames e foram liberadas", diz ele, sem informar o nome do
município. Javi garante que, por enquanto, descarta uma campanha de
vacinação. "Até porque existem contraindicações para grávidas, crianças
menores de seis meses e pessoas acima dos 60 anos de idade, que precisam
de avaliação médica para isso".
A maior preocupação, aponta o gestor, é com o período atual, início da
estação chuvosa, mais propícia à proliferação do mosquito Aedes aegypti,
transmissor da dengue, chikungunya, zika e também febre amarela. Para
ele, o ideal é que a pessoa se vacina 10 dias antes de viajar.
Embora o Ceará não tenha casos da doença há, pelo menos, 17 anos, em
Fortaleza, a procura pela vacina contra a febre amarela passou por um
grande aumento, de acordo com a coordenadora de Imunizações da
Secretaria Municipal da Saúde, Vanessa Soldatelli, motivada,
principalmente, pelo período de férias e proximidade do Carnaval. "As
pessoas que viajam para locais onde tenha a circulação do vírus precisam
estar protegidas", diz. Doses
Na Capital, a vacina contra febre amarela está disponível em 23 postos
de saúde, em todas as seis Regionais Metropolitanas. Mesmo com o aumento
na procura, Soldatelli afirma que há disponibilidade da imunização para
aqueles que apresentarem os critérios adequados para receberem a dose.
"O Ministério da Saúde está atendendo às nossas solicitações na medida
do possível, mas há prioridade no envio de doses para os estados com
maior risco. Por isso, é importante frisar que as vacinas são destinadas
a quem vai viajar para esses locais", explica.
Em boletim divulgado ontem pelo Ministério da Saúde, foram confirmados
casos de febre Amarela em Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. Há
ainda casos em investigação na Bahia. O Governo de Minas Gerais já
confirma 109 casos e 40 óbitos pela enfermidade, enquanto São Paulo
confirmou seis mortes.
Durante a coletiva sobre a atuação das unidades da Secretaria da Saúde
do Estado, Henrique Javi realizou balanço com dados e ações da Pasta em
2016 e anunciou, oficialmente, a implantação da Central Unificada de
Regulação - noticiada pelo Diário do Nordeste na edição do último fim de
semana -, que irá gerir consultas, exames e cirurgias. Divulgou também
que os hospitais da rede pública do Estado realizaram 55.9 mil cirurgias
no ano passado, o que representa 7,4% a mais de pacientes operados em
comparação com 2015, quando 52 mil procedimentos foram concretizados. O
número de internações também cresceu, passando de 92,5 mil (2015) para
98.8 mil (2016). Taxas
Além disso, em 2016, o Estado contabilizou 98,8 mil internações contra
83,8 mil do mesmo período de 2014, enquanto que a taxa de mortalidade
saiu de 8,2% para 6,8%.
O Ceará também comemora a redução da mortalidade materna e infantil. Em
2012, a Razão da Mortalidade Materna por 100 mil nascidos vivos era de
78, em 2015, e passou para 53,7. Enquanto que a taxa da morte infantil
reduziu de 12,7 por mil nascidos vivos, em 2012, para 12 pelo mesmo
número de nascimentos, em 2015.
Sobre os casos da urina preta, o secretário adiantou que técnicos do
Ministério da Saúde virão para Fortaleza analisar ocorrências não só do
Estado. "Ainda estão sendo feitos análises e estudos", complementou. Postos com imunização Regional I: Floresta, Carlos Ribeiro e Casemiro Filho Regional II: Flávio Marcílio, Pan Meireles, Benedito Artur de Carvalho e Paulo Marcelo Regional III: Recamonde Capelo, Humberto Bezerra e Santa Liduína Regional IV: Gothardo Peixoto e Roberto Bruno Regional V: Paracampos, Maciel de Brito, Argeu Herbster, José Walter e Fernando Diógenes Regional VI: Melo Jaborandi, Messejana, César Cal's de Oliveira.
Romário perde dez quilos com operação experimental e não indicada ao seu caso
SILHUETA A magreza súbita do senador chamou a atenção do público
Cilene Pereira
Famoso por se envolver em polêmicas ao longo da carreira como
jogador, o senador Romário (PSB-RJ) entrou em mais uma ao aparecer dez
quilos mais magro. A razão da súbita perda de peso foi uma cirurgia a
qual ele se submeteu no final de 2016 – a mesma que fez o apresentador
Faustão há oito anos. O cirurgião que realizou a operação, Áureo
Ludovico, garante que a indicação e a legalidade do procedimento foram
obedecidos, mas a comunidade médica diz que não é bem assim. INDICAÇÃO PRECISA
Áureo diz ter criado a técnica que promove o reposicionamento do íleo
(parte final do intestino), levando ao controle da diabetes tipo 2 e da
obesidade. De fato, o método, em estudo em várias partes do mundo,
mostra-se eficaz no combate à doença. Assim como ele, outras
intervenções do gênero promovem mudanças hormonais que resultam no
controle da enfermidade. “Os resultados são bons”, afirma Caetano
Marchesini, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e
Metabólica.
Mas acaba aqui o consenso médico em relação à cirurgia que Romário
fez. No Brasil, esse tipo de operação só pode ser indicado a pacientes
com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 40 ou com IMC igual ou maior
que 35 e que apresentem 21 doenças associadas à obesidade, como a
diabetes. O senador teria apresentado IMC 28. Áureo nega. “Ele tinha IMC
31 e manifestava uma diabetes descontrolada”, diz o médico.
Mesmo assim, o senador continua fora dos limites determinados pelo
Conselho Federal de Medicina. Além disso, o órgão libera o uso de cinco
técnicas cirúrgicas, e a de Áureo não está entre elas. “Portanto, é
experimental”, diz o médico Márcio Mancini, da Sociedade Brasileira de
Endocrinologia e Metabologia”. Isso significa que só pode ser usada
dentro de protocolos de estudo e sem cobrança do paciente.
Há uma batalha jurídica sobre a legalidade da execução da cirurgia
fora das pesquisas. Áureo também está às voltas com a Justiça em dois
processos, segundo ele. No entanto, o advogado Marcelo Rezende diz que
14 famílias estão processando o cirurgião. Sete pacientes teriam
morrido.
O
desconhecimento dos sinais da doença pelo público constitui o principal
entrave para garantir maiores chances de êxito no tratamento
Um dos sintomas do AVC é fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo
( Foto: Divulgação )
Embora seja uma doença considerada silenciosa,
especialistas afirmam que 90% dos casos de AVC (Acidente Vascular
Cerebral) poderiam ser evitados. O desconhecimento dos sinais da doença
pelo público constitui o principal entrave para
garantir maiores chances de êxito no tratamento, que só serão realidade
quando a população e os serviços de emergência forem conscientizados da
necessidade de se identificar rapidamente os sintomas e sinas do AVC,
como acontece no infarto agudo do miocárdio, por exemplo.
Os números ligados ao AVC são alarmantes: a cada dois segundos alguém sofre um AVC no mundo.
A doença, que acomete 16 milhões de pessoas por ano ao redor do globo, é
uma das principais causas de morte no planeta, com mais de 6 milhões de
óbitos anuais, e também no Brasil, com 68 mil mortes por ano, segundo
dados do Ministério da Saúde.
Além disso, representa a primeira causa de incapacidade no País, o que
gera grande impacto econômico e social, segundo dados da Sociedade
Brasileira de Doenças Cerebrovasculares. Hoje aproximadamente 70% das pessoas não retornam ao trabalho após um AVC devido às sequelas e 50% ficam dependentes.
Existem 2 tipos de AVC, o isquêmico, que representa 80% dos casos e o
hemorrágico, que acomete 20% das vítimas com alto índice de mortalidade.
Existem ainda fatores que podem facilitar o desencadeamento de um
Acidente Vascular Cerebral, como o envelhecimento. Pessoas com mais de
55 anos possuem maior propensão a desenvolver o AVC, assim como
indivíduos da raça negra com história familiar de doenças
cardiovasculares. AVC é uma emergência médica
Enquanto novas terapias oferecem a possibilidade de prognósticos mais
positivos para os pacientes com AVC, o desconhecimento dos sinais desta
doença pelo público representa o principal entrave para garantir maiores
chances de êxito. O tratamento precoce do AVC na fase aguda é
considerado essencial, mas só pode alcançar sucesso se a população e os
serviços de emergência forem conscientizados da necessidade de se
identificar rapidamente os sintomas e sinas do AVC, como acontece no
infarto agudo do miocárdio.
Vale alertar que o protocolo de atendimento ao AVC é extremamente
importante, pois o tempo é decisivo para um prognóstico positivo, para
ambos os tipos da doença; no caso do isquêmico, que é o mais comum, o
tratamento medicamentoso deve ser ministrado em até quatro horas e meia
após os primeiros sintomas e, por intervenção cirúrgica endovascular, a
janela de tempo para o tratamento é mais prolongada, chegando a 8 horas
após o início dos sintomas. O tempo até o atendimento é que vai
determinar as sequelas, e consequentemente, a qualidade de vida do
paciente após o AVC.
Infelizmente, a maioria dos pacientes não chega ao hospital em tempo.
De qualquer modo, todo paciente deve ser encaminhado ao hospital o mais
rapidamente possível, para receber tratamento apropriado. Os
procedimentos diagnósticos realizados no hospital são fundamentais para
diferenciar o Acidente Vascular Cerebral de outras doenças igualmente
graves e com sintomas semelhantes. Tratamentos
Até 2014, o tratamento do AVC isquêmico era feito quase que
exclusivamente com trombolíticos, medicamentos capazes de dissolver o
coágulo ou trombo e restabelecer o fluxo sanguíneo no cérebro na maioria
dos casos, desde que ministrados até 4,5 horas após o início dos
sintomas. A trombectomia mecânica – procedimento endovascular que visa a
retirada do trombo por meio de cateter – e a terapia combinada eram até
então consideradas terapias alternativas, pois a real eficácia destas
estratégias ainda permanecia desconhecida.
O ano de 2015 foi um divisor de águas para o tratamento do AVC, pois foi um período marcado pela publicação de diversos estudos científicos que
representaram um verdadeiro avanço nos cuidados com vítimas de AVC
isquêmico, ao comprovar a segurança e eficácia da trombectomia mecânica
com boa evidência científica, sólida e randomizada de que o procedimento
beneficia os pacientes, reduzindo sequelas, mortalidade e aumentando a
taxa de independência funcional. Melhores resultados
Para que o tratamento do AVC alcance os melhores resultados, o paciente deve ser atendido por uma equipe multidisciplinar
treinada e coordenada por um médico neurologista com experiência em
AVC. Esse serviço deve funcionar vinte e quatro horas por dia durante os
sete dias da semana. Esse centro deve possuir laboratório de
emergência, serviço de tomografia computadorizada ou ressonância
magnética e um apoio de uma unidade de tratamento intensivo (UTI).
Nessas circunstâncias, ou seja, o atendimento em centros de AVC oferece
melhores resultados pois o uso sobretudo das novas técnicas de
tratamento na fase aguda requer rigorosos protocolos de segurança. É
fundamental que as autoridades de saúde e diretores de hospital onde se
atende AVC formem equipes para organização do tratamento.
Saiba os sinais de alertas do AVC:
Muitos sintomas são comuns aos dois tipos de AVC, como:
1) Fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo
2) Confusão, alteração da fala ou compreensão
3) Alteração na visão (em um ou ambos os olhos)
4) Alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar
5) Dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente
Fatores de risco:
1) Hipertensão;
2) Diabetes;
3) Tabagismo;
4) Consumo frequente de álcool e drogas;
5) Estresse;
6) Colesterol elevado;
7) Doenças cardiovasculares, sobretudo as que produzem arritmias;
8) Sedentarismo;
9) Doenças hematológicas.
por Adriano Queiroz
De
acordo com a Organização Mundial da Saúde, mais de 36 milhões de
pessoas sofrem de algum tipo de demência em todo o mundo, na maioria dos
casos Alzheimer Foto: On Health
Um novo tratamento experimental para retardar os danos do Mal de
Alzheimer se mostrou promissor em estudos iniciais em camundongos e
macacos, “merece ser investigado” em humanos, disseram cientistas
norte-americanos.
O método consiste em injetar no líquido cefalorraquidiano um composto
sintético que reduz a quantidade da proteína tau, cuja acumulação
anormal no cérebro caracteriza o Mal de Alzheimer e outras doenças
neurodegenerativas.
“Demonstramos que esta molécula reduz os níveis da proteína tau,
prevenindo e, em alguns casos, revertendo o dano neurológico”, disse o
autor principal do estudo, Timothy Miller, professor de neurologia na
Escola de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis, Missouri.
A molécula, conhecida como um oligonucleotídeo anti-sentido, se
dirige às instruções genéticas para a produção da tau antes que esta
seja formada, segundo o estudo publicado na revista científica Science
Translational Medicine. “Esta molécula é a primeira capaz de reverter os
danos no cérebro que resultam da acumulação da proteína tau, e tem um
potencial terapêutico em humanos”, afirmou Miller. Mais pesquisas são
necessárias para determinar se o composto é seguro em humanos, e se
funciona da mesma forma em pessoas e animais. “Mas tudo o que vimos até
agora aponta que vale a pena investigar isso como um potencial
tratamento para pessoas”, disse Miller. Ratos modificados
Para este estudo, os cientistas utilizaram ratos geneticamente
modificados para desenvolver uma agregação da proteína tau no cérebro
similar à encontrada nos humanos.
Os ratos receberam doses do composto quando tinham seis meses de
idade, e a partir dos nove meses o tratamento foi retomado durante 30
dias. Foram detectadas menos proteínas tau no cérebro dos camundongos de
12 meses tratados, em comparação com os ratos de nove meses não
tratados, o que sugere que o tratamento não só deteve a acumulação desta
proteína, senão que também a reverteu. Além disso, com o tratamento com
o oligonucleotídeo, a deterioração do hipocampo – a parte do cérebro
determinante para a memória – e a destruição dos neurônios foram
interrompidas e os ratos viveram em média 36 dias a mais que os que não
receberam a molécula. As autoridades norte-americanas aprovaram
recentemente tratamentos com moléculas de oligonucleotídeos para duas
doenças neuromusculares: a distrofia muscular de Duchenne e a atrofia
muscular espinhal.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, mais de 36 milhões de
pessoas sofrem de algum tipo de demência em todo o mundo, na maioria dos
casos Alzheimer. Com informações: AFP
Com
suspeitas em 4 Estados, o Brasil vive o maior surto de febre amarela em
14 anos. A principal estratégia no combate a doença é intensificar a
vacinação
Por
Da redação
O mosquito 'Haemagogus leucocelaenus', que transmite a febre amarela silvestre (Fio Cruz/Divulgação)
O Brasil vive o maior surto de febre amarela
em 14 anos. Até terça-feira, foram confirmados 70 casos da doença, com
40 mortes. Desse total, 21 são de pacientes que apresentaram os
primeiros sintomas em meados de dezembro. O maior número de casos até
então havia sido em 2003, quando foram confirmados 64 pacientes com
febre amarela. Há ainda no país outros 364 casos em investigação,
incluindo 49 óbitos.
Além do aumento expressivo do número de casos, a doença atinge um
número maior de Estados e municípios. Em 2003, com o surto em Minas, os
casos se espalharam por menos de 20 municípios do Estado. Agora, cerca
de 40 cidades apresentam registros de pacientes com suspeita da
infecção. Há notificações também em Espírito Santo, Bahia, São Paulo. No
total, 60 cidades do país já relataram casos suspeitos.
“Não há dúvidas de que os casos vêm em maior número e atingem uma
área maior”, afirma o infectologista da Fundação Oswaldo Cruz, André
Siqueira. Para ele, não há um fator único que explique a expansão.
Entre as causas estariam maior circulação do vírus, desmatamento e
mudanças do clima que favorecem a proliferação dos mosquitos
transmissores da forma silvestre da doença. A a tese de que o surto em
Minas pode estar relacionado à tragédia do rompimento da barragem em
Mariana também está sob análise.
Ação tardia
Siqueira também acredita que medidas tardia de contenção podem ter
sua parcela de responsabilidade. “Desde o fim do ano passado há
registros de morte de macacos, um indício de que o vírus da febre
amarela poderia estar circulando de forma mais intensa”, disse. Para
ele, com as notificações, seria necessário intensificar a vacinação da
população suscetível.
O subsecretário de Vigilância e Proteção à Saúde da Secretaria de
Estado de Saúde de Minas, Rodrigo Said, garante, que medidas foram
adotadas rapidamente. “Os registros de casos em humanos começaram na
primeira semana de janeiro. Providenciamos imediatamente vacinação de
bloqueio”, afirmou.
Ainda segundo o infectologista, se houvesse vacinação adequada,
óbitos provocados pela doença poderiam ter sido evitados. “Os casos
aconteceram, em sua maioria, em áreas consideradas de risco. Por que a
população não estava vacinada?”. Para o Siqueira, o argumento de que o
país vive ciclo de aumento de casos da doença a cada 7 ou 10 anos mostra
falhas no método de imunização. “Isso é um atestado de incapacidade de
autoridades de saúde. Existe uma vacina contra a doença, uma vacina
eficaz. Se há maior risco a cada ciclo de 7, 10 anos, por que medidas
não são adotadas?” Ele defende, por exemplo, que campanhas periódicas
sejam feitas, sobretudo em áreas de risco.
Pedro Tauil, professor da Universidade de Brasília (UnB), concorda
com Siqueira. Segundo o especialista, passado esse período de aumento
expressivo de casos, é necessária uma discussão mais aprofundada sobre a
forma de oferta da vacina à população. Uma das possibilidades
seria incluir o imunizante na rotina de vacinação.
Na terça-feira, Barros ressaltou que “o Brasil tem capacidade
técnica, de assistência, pessoal, infraestrutura e de vacinas, para
bloquear esse surto. Agora, depende efetivamente de as pessoas irem à
vacinação e de técnicos agirem corretamente quando surge cada caso.”
Área urbana
Barros declarou que a pasta não trabalha com a hipótese de o surto se
alastrar para as áreas urbanas. “Mas, evidentemente, se a pessoa pega a
doença na mata e vem para a cidade, pode transmitir. O fato concreto é
que temos controle máximo dos casos para evitar que isso aconteça”,
ressaltou sobre a possibilidade de retomada da transmissão por meio do
Aedes aegypti.
Reforço da vacinação
A imunização em Minas é considerada baixa. Estima-se que apenas 50%
da população esteja vacinada contra febre amarela. Em São Paulo, onde
também há casos, o índice chega a 80%. O coordenador de Controle de
Doenças da Secretaria de Saúde de São Paulo, o infectologista Marcos
Boulos, no entanto, afirma ser necessário atingir a marca de 95% em
áreas consideradas de risco.
Por isso, a principal ação do governo para impedir uma disseminação
ainda maior da doença é o reforço da vacinação. Em coletiva de imprensa
realizada nesta quarta-feira, o Ministério da Saúde anunciou 11,5
milhões de doses adicionais nos estoques de vacinas contra a febre
amarela em todo o país. Destes, 6 milhões devem ser enviados aos Estados
onde há indicação de vacinação e as demais doses permanecerão em um
estoque que pode ser acionado a qualquer momento, de acordo com a
necessidade de cada área.
Embora o ministério afirme ter vacinas suficientes para a situação
atual, para as próximas semanas e capacidade de produção
adicional, secretários dos estados atingidos apontam que a “corrida aos
postos” nas regiões metropolitanas pode afetar os estoques, que são
pensados com foco na população rural. No município do Rio de Janeiro,
por exemplo, onde nem há indicação para a vacina, a procura pela imunização triplicou, o que esgotou as doses em muitos pontos da cidade.
Santa Catarina
A Secretaria de Saúde de Santa Catarina investiga quatro casos suspeitos de febre amarela.Segundo informações do jornal Diário Catarinense,
três dessas pessoas viajaram recentemente para Minas Gerais e uma para
Mato Grosso. Ainda não há confirmação da presença do vírus dentro do
território do Estado. (Com Estadão Conteúdo)
Ministério da Saúde diz que o transmissor das duas doenças, e da zika, infectou 71,7 mil pessoas em 2016 no CE
por
Lêda Gonçalves - Repórter
Mesmo em ano seco, em 2016, a dengue e a chikungunya levaram a óbito,
em média, quatro pessoas por mês no Ceará. O maior número de mortes foi
devido à primeira, com 30 pacientes. Outras 21 morreram por complicações
com a segunda enfermidade. Os dados são do boletim epidemiológico do
Ministério da Saúde (MS), registrados até o dia 24 de dezembro passado.
No Brasil, foram 794 perdas fatais, incluindo o vírus zika, que matou
seis, sendo quatro no Rio de Janeiro e duas no Espírito Santo. No geral,
o Estado confirmou 71,7 mil casos das três doenças, sendo a dengue com
maior número (37,7 mil); a chikungunya com 29, 8 mil e a zika, com 4,1
mil ocorrências constadas por exames de laboratório.
A taxa de incidência dos casos suspeitos de chikungunya para o Ceará é
de 540 casos por 100 mil habitantes. Foram notificados 1.057 (2,2%)
casos em gestantes, destes, 508 ou 48% confirmados. A maioria dos casos
positivos ocorreu em adultos, na faixa etária de 30 a 39 anos. O sexo
feminino foi predominante na maioria das faixas etárias, à exceção dos
casos com idades entre cinco e nove anos.
Já para a dengue, houve uma redução de 31,4% em relação a igual período
de 2015, quando 55 mil pessoas contraíram o vírus. A maioria dos casos
confirmados ocorreu em adultos com idade entre 20 a 29 anos e o sexo
feminino foi predominantemente na maioria das faixas etárias. Investigação
A síndrome congênita associada à infecção pelo vírus zika, segundo a
Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), teve início no mês de outubro de
2015. Foram notificados 232 casos, sendo 56 ou 24% confirmados; 136 ou
58,5% descartados e 17,5% (40 casos) seguem em investigação. No ano de
2016, 409 casos foram notificados, destes, 96 ou 23,5% confirmados, e
111 (27%) permanecem em análise, com 25 mortes.
As três doenças causam febre, dores de cabeça, dores nas articulações,
enjoo e exantema (rash cutâneo ou manchas vermelhas pelo corpo). No
entanto, explica o infectologista Anastácio Queiroz, existem sintomas
que as diferenciam. Segundo o médico, os relacionados ao vírus zika
costumam se manifestar de maneira branda e o paciente pode, inclusive,
estar infectado e não apresentar qualquer sintoma. Mas um sinal clínico
que pode aparecer logo nas primeiras 24 horas e é considerado como uma
marca da doença é o rash cutâneo e o prurido, ou seja, manchas vermelhas
na pele que provocam intensa coceira. O quadro de febre causado pelo
vírus zika costuma ser mais baixo e as dores nas articulações mais
leves. A doença ainda traz como sintomas a hiperemia conjuntival
(irritação que deixa os olhos vermelhos, mas sem secreção e sem
coceira), dores musculares, dor de cabeça e dor nas costas. As fortes
dores nas articulações são a principal manifestação clínica de
chikungunya. Essas dores podem se manifestar principalmente nas palmas
dos pés e das mãos, como dedos, tornozelos e pulsos. Em alguns casos, a
dor nas articulações é tão forte que chega a impedir os movimentos e
pode perdurar por meses depois que a febre vai embora.
O assessor técnico da Célula de Vigilância Ambiental da Secretaria
Municipal de Saúde (SMS), Nélio Morais, alerta sobre essa época do ano,
como a mais perigosa para a proliferação do mosquito e dos casos das
três doenças. Para ele, além da dengue, o avanço da chikungunya, em
particular, na Capital, foi preocupante - passando de seis casos
confirmados, em 2015, para 17,2 mil em 2016.
Paciente está internado num hospital público recebendo cuidados. Exame laboratorial confirmou que a doença é do tipo silvestre.
Brunela Alves e Katilaine ChagasDo G1 ES, com informações de A Gazeta
Sesa confirma 1º caso de febre amarela no estado
(Foto: Reprodução/ EPTV)
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) confirmou, na noite desta
segunda-feira (23), o primeiro caso de febre amarela em humanos no
Espírito Santo.
O paciente está internado num hospital público recebendo cuidados. O
exame laboratorial confirmou que a doença é do tipo silvestre. Mais
informações sobre o caso serão divulgadas nesta terça-feira (24).
Subiu para 18 o número de casos em investigação pela Secretaria de Sesa
de pacientes com sintomas de febre amarela no estado. A secretaria
investiga também se os pacientes estão com dengue, leptospirose e outras
doenças.
A pasta confirmou a morte por febre amarela em macacos encontrados nos municípios de Colatina e Irupi. Ela foi atestada por exames laboratoriais.
Na última sexta-feira (20), morreu um dos pacientes com suspeita de
estar infectado com febre amarela. O pedreiro Ibenes da Silva Azevedo,
33 anos, morava na localidade de Santa Clara, interior de Ibatiba. A
causa da morte ainda está sob investigação da Sesa.
A possibilidade de a doença alcançar os
centros urbanos é concreta. O número de casos é alto e um dos mosquitos
que transmite o vírus é o Aedes aegypti, disseminado pelo País
PROTEÇÃO Funcionários colocam telas com inseticida em ala de hospital de Belo Horizonte onde há casos suspeitos
Cilene Pereira
Em dezenove dias, 34 brasileiros tiveram febre amarela. 23
morreram. Há mais 31 mortes suspeitas e 141 casos em investigação pelo
Ministério da Saúde até a quinta-feira 19. A febre amarela é grave,
causada por vírus e transmitida por mosquitos. É também prevenível por
meio de um sistema eficaz de vigilância sanitária e de vacinação. Pelo
panorama registrado só em janeiro, é evidente que nada disso aconteceu. E
a pergunta que se faz é se a doença vai se espalhar, saindo das áreas
rurais, onde estão os doentes, para chegar às cidades. Caso isso
aconteça, será mais um atestado de falência da atenção à saúde pública.
O último surto urbano ocorreu em 1942, no Acre. É de se esperar que o
País tenha avançado nos últimos 75 anos e consiga impedir a repetição
da história. A análise do cenário atual, no entanto, aponta um caldeirão
propício à propagação da febre. A doença apresenta-se em duas formas: a
silvestre e a urbana. A primeira restringe-se a áreas rurais. Seu ciclo
de transmissão envolve macacos infectados, os mosquitos do gênero
Haemagoggus e Sabethes e o homem. Na segunda, o vírus é passado pelo
Aedes aegypti, o mesmo da dengue, a chikungunya e a zika.
Está aí a primeira razão de temor de que a doença se espalhe. O Aedes
encontra-se disseminado pelo País e bastaria que indivíduos
contaminados chegassem às zonas urbanas e fossem picados para iniciar o
ciclo de contágio nas cidades. E nesse ano a doença se aproxima das
fronteiras dos grandes municípios. Casos suspeitos foram registrados no
Espírito Santo (seis até a semana passada), estado que se situa fora da
região de risco.
Um esquema efetivo de prevenção pode conter a escalada de casos
cidades adentro. Na terça-feira 17, 500 mil doses da vacina chegaram a
Vitória, no Espírito Santo, para serem distribuídas a 26 municípios
próximos a Minas Gerais, onde ocorre o surto. No dia seguinte, o
Ministério da Saúde anunciou o bloqueio por meio de vacinação em 14
localidades do Rio de Janeiro e 45 da Bahia, todos próximos a Minas.
Municípios perto de São José do Rio Preto, em São Paulo, também adotaram
a vacinação depois do aparecimento de dois macacos mortos infectados.
Na prática, há dificuldades na execução da iniciativa. Na
quarta-feira, Ricardo de Oliveira, secretário estadual da Saúde do
Espírito Santo, conversava com autoridades municipais para montar um
sistema de vacinação. “Um prefeito já me disse que não tem estrutura
para vacinar em massa”, contou. É preciso lembrar que os prefeitos são
recém-empossados e, na sua maioria, estão assumindo administrações
quebradas financeiramente. FALTA DE VACINA
Mesmo nos lugares de risco, há falhas. “Estamos sofrendo muito com a
falta de vacinas”, contou Renata Couto, secretária de saúde de Piedade
de Caratinga, em Minas Gerais. Quatro das mortes aconteceram na cidade.
São 8 mil habitantes. A secretária diz que só a metade está vacinada. E
que os remédios chegam a conta-gotas, apesar da emergência da situação. O
governo mineiro assegura que mais de 5 mil doses foram enviadas só este
mês. “Como parte da população já é vacinada, a cobertura está próxima
de 100%”, afirma Rodrigo Said, da Secretaria Estadual de Saúde de Minas
Gerais.
Para o Ministério da Saúde, está tudo sob controle, embora na sua
página online conste o aviso de que há “elevado potencial de
disseminação em áreas urbanas infestadas por Aedes aegypti.” O
epidemiologista Guilherme Franco Netto, da Fundação Oswaldo Cruz, também
acredita que a doença será contida. “A chance de que ela se propague é
pequena”. MEDO A procura por imunização aumentou em Minas Gerais
Na opinião dos infectologistas Jesse Alves e Antonio Bandeira, as
circunstâncias exigem alerta. “No ano passado, Minas Gerais e São Paulo
apresentaram atividade do vírus em macaco”, explica Jesse, membro do
Comitê de Medicina do Viajante da Sociedade Brasileira de Infectologia. O
fato deveria ter sido motivo de maior atenção. “Mas os casos agora
mostram que a cobertura vacinal não foi feita corretamente”, diz Jesse.
Bandeira, coordenador do Comitê de Arboviroses da Sociedade Brasileira
de Infectologia, considera a situação preocupante. E conta mais um fato
que deveria ter sido, mas não foi, tratado com mais rigor. Em 2016,
apesar de surtos em Luanda, capital de Angola, viajantes vindo do país
africano entraram no Brasil sem precisar comprovar que haviam sido
vacinados. Isso aconteceu por meses até que o governo brasileiro
começasse a exigir o certificado.
O CICLO DA DOENÇA A febre amarela é causada por um vírus transmitido por mosquitos Há duas formas: a silvestre e a urbana
SILVESTRE
• Ocorre em áreas rurais
• O vírus é transmitido por mosquitos do gênero Haemagoggus e Sabethes
• O ciclo de contaminação envolve macacos infectados/mosquito/homem
URBANA
• Registrada nas cidades
• O homem é o único hospedeiro do vírus, transmitido pela picada do
Aedes aegytpi, o mesmo que propaga os vírus da dengue, da chikungunya e
da zika
SINTOMAS
• Febre
• Calafrios
• Dores de cabeça e nas costas
• Náusea e vômitos
EVOLUÇÃO
• É uma doença grave. Produz febre hemorrágica e pode levar à falência do fígado
• Cerca de 20% dos infectados desenvolverão a forma mais grave
PROTEÇÃO
• Vacina, indicada a quem reside ou irá viajar para áreas endêmicas
A
dentista Denise Tibério alerta que os cuidados são necessários para que
os pacientes fiquem livres de cárie e dificuldade para mastigar
Por ser uma doença progressiva, a demência impõe cuidados específicos logo depois do diagnóstico. Pacientes com Alzheimer devem seguir um programa de cuidados odontológicos o mais cedo possível para que a saúde oral não sofra impacto.
“Garantir que o paciente idoso tenha uma boca saudável,
principalmente aquele que sofre de uma doença tão severa quanto o
Alzheimer – que vai destruindo progressivamente a memória e outras
funções cognitivas importantes –, é fundamental não só do ponto de vista
da autoestima do paciente, como permite que ele fique livre de cárie,
dificuldade para mastigar, inflamações e infecções na gengiva, perda de
dentes, dor e desconforto tão comuns em quem não recebe esse tipo de
cuidado”, diz a especialista Denise Tibério, que também é autora do livro “Alzheimer na clínica odontológica” (Editora Appris).
Denise explica que pessoas que sofrem de demência podem fazer uso de
outros medicamentos para tratar diversas condições, sem contar
antidepressivos, antipsicóticos, anti-hipertensivos e sedativos. “A Síndrome da Boca Seca
é uma condição muito frequente nesses pacientes, quase um desdobramento
do próprio tratamento. Dado que a saliva lubrifica e limpa a boca e os
dentes, a falta de saliva pode acelerar a deposição de placas
bacterianas e aumentar o risco de cárie, gengivite e infecções. Até
mesmo se o idoso fizer uso de próteses móveis (dentaduras), essa
condição poderá aumentar o desconforto e a dificuldade de mastigação.
Sendo assim, o cirurgião-dentista que acompanha esse paciente poderá
indicar formas adequadas de minimizar o impacto do tratamento de
Alzheimer na boca do indivíduo”.
Outro problema apontado pela especialista é que alguns antipsicóticos podem provocar movimentos repetitivos e involuntários da boca e da língua. “Isso é particularmente ruim para quem já usa dentadura,
porque o paciente simplesmente não consegue mantê-la na boca. O mais
grave é que, mesmo depois de suspender o uso da medicação, esses
movimentos podem continuar a acontecer, exigindo que o
cirurgião-dentista lance mão de alguma forma de tratamento que garanta
alívio ao desconforto e ao mesmo tempo segurança para o paciente poder
sorrir, se comunicar e mastigar sem passar por constrangimentos”.
De acordo com a odontogeriatra, nos primeiros estágios da demência, o paciente deve ser lembrado de escovar os dentes
e, se possível, ser supervisionado durante o processo de higienização
bucal – que deve ocorrer três vezes ao dia. Muitas vezes, um parente ou o
cuidador deverá colocar pasta na escova e mostrar pacientemente como
devem ser feitos os movimentos de escovação. Pessoas relatam que o uso
de escovas elétricas facilita bastante esse processo. Com o avanço da
doença, entretanto, a pessoa pode perder a habilidade de escovar os
dentes e, inclusive, perder a noção do quanto é importante manter uma
boca limpa e saudável. Quando isso acontece, a higienização bucal passa a
ser responsabilidade total do cuidador – que deve encontrar a melhor
posição para realizar essa função. Geralmente, a escovação é mais
bem-feita quando o cuidador se posiciona de frente para o espelho e
atrás do paciente, que deve ser acomodado numa cadeira com encosto reto e
alto, para ajudar na estabilidade do pescoço.
Outra coisa muito importante para todos que são próximos do paciente com Alzheimer é identificar problemas e desconfortos
– ainda que a pessoa não seja mais capaz de dizer o que sente. “Várias
mudanças de comportamento devem ser observadas, a fim de evitar que
problemas bucais se agravem. As principais são: recusa em comer,
principalmente se o alimento for duro ou frio demais; tirar a prótese da
boca com frequência; beliscar ou arranhar o rosto constantemente;
reclamar ou se mostrar inquieto; dificuldade para descansar;
comportamento agressivo e recusa em participar de atividades que antes
eram prazerosas. Sempre que uma ou mais alterações de comportamento
forem detectadas, é importante identificar a causa o mais rapidamente
possível. Isso inclui descartar a existência de problemas bucais. Por
isso, a participação de um especialista em odontogeriatria é fundamental
nesses casos”, alerta Denise Tibério.
Segundo o governo, as mudanças foram definidas após a
verificação de fraudes no programa, sendo cerca de 40% das solicitações
irregulares
( Foto: Alana Andrade )
O Ministério da Saúde mudou as regras para a venda de medicamentos na
Farmácia Popular. A partir de agora, a comercialização de remédios para
pacientes que sofrem de mal de Parkinson, colesterol, hipertensão e
osteoporose conta com critérios de idade. Para mal de Parkinson, a venda
só é permitida para pessoas a partir de 50 anos. Para hipertensão, a
idade mínima é 20 e, para colesterol alto, 35. No caso da osteoporose, a
comercialização só está autorizada para pessoas acima dos 40.
Segundo o governo, as mudanças foram definidas após serem encontradas
fraudes no programa. Uma auditoria feita pelo SUS indicou que 40% das
solicitações de medicamentos eram irregulares, conforme o Ministério da
Saúde. Exceções
Para a Proteste Associação de Consumidores, pacientes que precisam dos
remédios, mas estão dentro da regra de idade estabelecida pelo governo
podem recorrer, questionando o Ministério da Saúde por meio dos
atendimentos locais, das ouvidorias e também dos órgãos de defesa do
consumidor.
Ainda esta semana, todas as novas regras devem ser repassadas aos
comerciantes. As vendas para pacientes que não estão na faixa de idade
estipulada já foram bloqueadas, o que pegou farmacêuticos e população de
surpresa, gerando reclamações. Suspensão de contratos
Em outubro, o governo havia suspendido temporariamente a renovação de
contratos do Programa Farmácia Popular em todo o País, mas as farmácias
com convênio continuam funcionando. Desde 2014, o governo - alegando que
a meta já foi alcançada - não permite novos contratos. Assim, as
drogarias que tem convênio apenas renovam anualmente os cadastros.
O Programa Farmácia Popular do Brasil foi criado em 2004 pelo Governo
Federal para ampliar o acesso aos medicamentos para as doenças mais
comuns entre os cidadãos. Em 2006, o Ministério da Saúde expandiu o
programa para os convênios com o comércio varejista, nascendo o "Aqui
Tem Farmácia Popular". Desde 2011, a rede disponibiliza medicamentos
para o tratamento da hipertensão e diabetes sem custos para usuários.
Especialistas acreditam que, depois da epidemia ocorrida em 2015, serão registradas ondas pequenas de casos
por
Karine Zaranza - Repórter
Boletim epidemiológico da microcefalia revela que, durante o
ano passado, foram notificados 409 casos e 96 (23,5%) receberam a
confirmação
( FOTO: FABIANE DE PAULA )
Dos 641notificações de zika congênita no Ceará - entre outubro de 2015,
quando as ocorrências passaram a ser notificadas aos órgãos de saúde
pública, e 31 de dezembro de 2016 -, 107 foram da Capital. Fortaleza
também lidera em número de óbitos confirmados em decorrência da mal
formação congênita, com nove dos 25 do Estado.
O balanço, divulgado ontem à noite pela Secretaria de Saúde do Estado
(Sesa), revela ainda dois pontos importantes: está havendo uma menor
incidência da doença e há uma defasagem temporal grande para
confirmações da doença. Conforme o boletim epidemiológico da
microcefalia da semana 1 de 2017, durante o ano passado, foram
notificados 409 casos, 23,5% (96) receberam a confirmação, 49,5% (202)
são descartados e 27% (111) estão em investigação.
Já em 2015, de outubro a dezembro, foram 232 notificações, sendo que
24% (56) deram positivos para zika congênita, 58,5% (136) foram
descartados e 17% (40) dos casos seguem em investigação. Para o
neurogeneticista do Hospital Infantil Albert Sabin (Hias) e pesquisador
da zika congênita, André Luiz Santos Pessoa, o indicativo é que tenhamos
redução dos números.
"A primeira epidemia, em 2015, infectou muitas mulheres na idade
fértil. Até o momento, como temos somente um sorotipo da zika, podemos
dizer que temos ondas. Uma onda grande como em 2015. E ondas menores com
casos pequenos. Mas a prevalência de crianças nascidas caiu bastante.
Minha opinião é que não teremos exterminado", explicou ele,
acrescentando que a Capital registra os maiores números em reflexo da
grande incidência de casos de dengue, zika e chikungunya. No entanto,
não descarta que possa haver também subnotificação em outros municípios
do Interior.
Para o especialista, os desafios de 2017 são tentar fazer a sorologia
dos pacientes estocados e confirmar a doença e melhorar assistência de
saúde. O médico reconhece que há um esforço do Estado em atender às
famílias vítimas dos surto da zika, no entanto, aponta falhas na
estrutura de saúde como explicação para o alto número de mortes
decorrentes da enfermidade.
O Ceará é o segundo estado com o maior número de óbitos confirmados,
com 25, perdendo apenas para a Bahia, com 34, segundo o Ministério da
Saúde. "A disfagia, dificuldade de deglutição, é bem comum nas crianças
com zika congêntia. Se isso não é acompanhado para que se faça uma
orientação em relação à alimentação, a criança corre risco grande de
fazer bronco-aspiração e desenvolver pneumonia. É a grande causa da
letalidade", explica ele, que levanta a bandeira de oferecer a
reabilitação no Hias. Dificuldade
Para a demora nas confirmações dos casos, André aponta a dificuldade do
acesso aos kits para testes. "Não tivemos os kits que Recife teve. A
Fiocruz é patrocinadora e deu os kits pra eles. Esses números podem
mudar se conseguirmos fazer os testes sorológicos", aposta.
O próprio processo de confirmação modificou desde 2015. O
neurocientista diz que há um padrão compatível para pacientes com zika
congênita, mas que o exame sorológico é considerado confirmador da
malformação. "Os casos prováveis são aqueles que temos certeza que são
porque possuem clínica compatível, mas não tem a sorologia feita".
O Ministério da Saúde anunciou, em 2016, alteração no protocolo de
diagnóstico e do cuidado de gestantes e bebês infectados com zika.
Crianças com perímetro encefálico considerado normal podem ter o
diagnóstico da zika congênita, se outras malformações forem detectadas.
Na
malhação, todo mundo fala muito de bíceps, peitoral e adutor, mas o
psoas, o músculo mais profundo e estabilizador do corpo, ainda é um
ilustre desconhecido para a maioria das pessoas. O nome vem do grego
(músculo do lombo) e, em terapias alternativas, ele é chamado de
“músculo da alma”, por ser o elo de energia do corpo com o solo. A
fisioterapeuta Juliana Favoreto explica por que temos que tratá-lo muito
bem.
Por que o psoas é um músculo tão importante, apesar de não ser conhecido pela maioria das pessoas? Estamos
acostumados a falar de músculos superficiais considerados
mobilizadores, ou seja, que executam os grandes movimentos do corpo. O
psoas é um músculo profundo e bem espesso, que conecta a coluna
vertebral às pernas, tendo assim grande importância na estabilidade da
coluna vertebral e no suporte nas vísceras abdominais. É fundamental na
função motora, como, por exemplo, levantar as pernas para andar ou
calçar uma meia.
Quais são os sintomas de que há problemas com o psoas? A
inatividade, somada a horas na postura sentada, endurece esse músculo,
tornando-o não só fraco como encurtado. O resultado disso será dor na
frente da coxa, próximo à virilha, com a sensação de “perna presa”
(rigidez muscular) nos primeiros passos. Por isso é tão importante
levantar de tempos em tempos da cadeira, para “acordar” esse músculo.
Bem alongado, o psoas proporciona bem-estar aos músculos da perna e da
pelve. Do contrário, vai se tornando fraco e poderá dificultar a marcha,
porque não terá mais força para suspender a perna e dar o passo à
frente. Como o passo ficará mais encurtado ou arrastado, o risco de
quedas aumenta.
Que tipo de exercício deve ser feito para garantir o seu bom funcionamento? Por
se inserir na coluna vertebral e no diafragma através de fáscias
(tecido conjuntivo), exercícios ligados à respiração promovem a ativação
desse músculo mantendo a coluna ereta com suas curvaturas fisiológicas
preservadas. Um bom exercício para quem passa horas sentado:
a) desencostar da cadeira um pouco;
b) sentar sobre os ossinhos do bumbum – chamados de tuberosidades isquiáticas;
c) manter a coluna lombar com sua curvatura fisiológica (lordose lombar) com os pés bem apoiados no chão;
d)
inspirar abrindo bem o peito, crescendo o topo da cabeça para o teto e
ao mesmo tempo empurrando os pés contra o chão (como se fosse levantar);
e) soltar o ar relaxando, mas sem despencar a postura ereta da coluna;
f) repetir umas cinco vezes. O movimento acorda muitos músculos do corpo e renova a atenção para o trabalho.
Outro
exercício simples é aumentar o passo no andar: isso fará a perna ficar
mais tempo em suspensão até a pessoa apoiá-la novamente no solo.
Uma
alteração feita no 'fígado' do mosquito fez com ele aumentasse
radicalmente a produção de fatores antivirais em seu organismo,
bloqueando a infecção
Por
da Redação
Nova técnica estimula a habilidade natural do mosquito para combater a dengue (Army Medicine/Flickr/Divulgação)
Uma técnica para barrar a transmissão de doenças do
Aedes aegypti foi divulgada por pesquisadores americanos. Os cientistas
da Escola de Saúde Pública de Johns Hopkins criaram mosquitos geneticamente modificados
que utilizam seu próprio sistema imunológico para combater o vírus da
dengue. Uma alteração feita no que seria o fígado do Aedes fez com ele
aumentasse radicalmente a produção de fatores antivirais em seu
organismo, bloqueando a infecção.
Os testes não funcionaram para zika e chikungunya, mas os
pesquisadores acreditam que a técnica possa ser aprimorada para trazer
resistência também contra esses outros tipos de arboviroses.
O Aedes se infecta com o vírus da dengue toda vez que suga o sangue
de um ser humano que está com a doença, e, dessa forma, pode
transmiti-la para as próximas pessoas que forem picadas por ele. O novo
estudo, publicado na revista científica Plos One, mostra que
esse mosquito produz naturalmente antivirais contra a dengue, mas em um
nível tão baixo que não são capazes de eliminar o vírus. O que a nova
técnica faz, de forma inédita, é estimular essa habilidade natural a
partir da interferência em determinados genes que atuam no “fígado” do
inseto.
Depois dessa alteração, foi observado que a maioria dos mosquitos
eliminou completamente o vírus, e que os poucos insetos que ainda se
mantinham infectados registraram um nível viral baixo nas glândulas
salivares, que é a via por onde eles transmitem doenças.
“Se você puder substituir uma população natural de mosquitos
transmissores de dengue por organismos geneticamente modificados que
sejam resistentes ao vírus, você pode parar a transmissão. Este é um
primeiro passo rumo a esse objetivo” , disse o líder do estudo, George
Dimopoulos, professor do Departamento de Microbiologia e Imunologia
Molecular da Universidade Johns Hopkins, nos EUA.
A equipe de Dimopoulos está trabalhando para, a partir de agora,
testar modificações genéticas no que equivaleria ao intestino dos
mosquitos. A hipótese é de que seja possível produzir fatores antivirais
também neste órgão, tornando mais forte a resposta imune. Uma das
apostas é de que isso possa, ainda, impedir a infecção por zika e
chicungunha.
Pesquisador acredita que 'doença da urina preta' não se espalhará, porém alerta sobre transmissão e cuidados
00:00
·
14.01.2017
por
Karine Zaranza- Repórter
A "mialgia aguda a esclarecer", também chamada de "doença misteriosa",
que provoca intensas dores musculares e pode deixar a urina de cor
preta, ainda é um enigma para a Medicina. Com o anúncio da Secretaria de
Saúde do Estado (Sesa), sexta-feira (12), dos três casos suspeitos no
Ceará e os 52 registrados desde dezembro na Bahia, pesquisadores começam
a traçar hipóteses sobre a moléstia. A principal suspeita é de que a
enfermidade é causada por um vírus.
De acordo com o pesquisador do Laboratório de Virologia da Universidade
Federal da Bahia (UFBA), Gúbio Soares, a equipe deve ter a confirmação
da origem da doença em duas semanas. No entanto, os pesquisadores já
trabalham com a suspeita de que se trata de um vírus do gênero
Parechovírus. "Estamos ainda trabalhando com suspeita, mas temos fortes
indícios disso. Encontramos material genético positivo para essa família
nos exames de pacientes suspeitos. Estamos agora sequenciando o DNA
para confirmação e precisamos de mais duas semanas", explica o
pesquisador baiano. Esta tese refuta as outras suspeitas levantadas
sobre uma bactéria e uma intoxicação causada por ingestão de peixes e
crustáceos. Gúbio, integrante da equipe que analisa os exames na Bahia,
explica que o vírus existe no Brasil e tem relação com outros problemas.
"Já tivemos registros de casos como esses no Japão, França e Dinamarca,
causando pequenos surtos", aponta ele, que não acredita que a mialgia
aguda a esclarecer vá se espalhar com rapidez e em vários lugares do
Brasil. "A característica é de acontecer em pequenos grupos e cidades". A
transmissão do vírus, conforme explica, é por via fecal e oral.
Portanto, estima-se que pode acontecer a transmissão através do contato
muito próximo oral e por ingestão de água ou alimento infectado Nos
casos do Ceará, de acordo com a Sesa, duas pessoas estiveram em contato
com uma baiana.
Apesar de a Secretaria de Saúde da Bahia ter notificado uma morte, a
Vigilância Epidemiológica do Estado investiga se o óbito foi provocado
pela doença, já que o homem apresentava outros problemas de saúde, entre
eles hipertensão. "Na literatura, não houve nenhuma morte nos países
onde houve esse surto. Apesar de não ser fatal, pode ocasionar
insuficiência renal se não for tratada corretamente". No Ceará, segundo
informações da Sesa, dois pacientes receberam alta e um, do sexo
masculino e com 70 anos, continua internado. No entanto, o idoso possui
outras doenças preexistentes, o que pode interferir em sua permanência
no hospital. Lesão
Para o infectologista cearense Ivo Castelo Branco, o cenário é novo e
pouco se sabe. O que já se pode afirmar é que o vírus causa uma lesão no
músculo, fazendo com que esses fragmentos sejam liberados no organismo e
sobrecarregue o rim. "A cor escura na urina é desses fragmentos. O dano
renal é o mais grave. Mas é comum o quadro agudo com uma dor muscular
muito intensa, principalmente na região do trapézio e pescoço. O sintoma
pode até ser confundido com dengue, leptospirose, hepatite".
Em nota técnica, a Sesa indica os exames de fezes, urina, soro e
hemocultura. O tratamento é sintomático e acontece com a hidratação. Não
se recomenda o uso de anti-inflamatórios.
A Secretaria da Saúde emitiu nota técnica para alertar sobre sintomas e procedimentos médicos a serem adotados
por
Nayana Siebra/Karine Zaranza - Editora assistente web/Repórter
A Sesa confirmou, nessa quinta-feira (12), que os registros
estão em investigação e as amostras colhidas se encontram em fase de
análise laboratorial
O Ceará registrou três casos suspeitos de "mialgia aguda a esclarecer",
a síndrome ainda misteriosa que está sendo chamada de "doença da urina
preta". Os dados foram divulgados, ontem, pela Secretaria da Saúde do
Estado do Ceará (Sesa). Em nota técnica, a Pasta informou que os
registros estão em investigação e as amostras colhidas estão em fase de
análise.
De acordo com a Sesa, os sinais e sintomas apresentados foram: dores
musculares intensas de início súbito, acometendo, principalmente, a
região cervical, membros inferiores e superiores e mudança na tonalidade
da urina (variando entre vermelho escuro e castanho). Nenhum dos
pacientes apresentou febre, cefaleia, artralgia (dor articular) ou
exantema (erupção cultânea).
Os três casos no Estado foram notificados até o último dia 10. A Sesa
afirma que foi realizada a coleta de amostras dos pacientes para
diagnóstico laboratorial e que tanto a Pasta quanto a Secretaria de
Saúde do Município de Fortaleza (SME) estão monitorando a investigação,
com objetivo de esclarecer a síndrome, e também estão considerando os
casos registrados na Bahia.
Em visita ao Ceará, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirmou que a
Pasta está acompanhando os casos e que na Bahia não houve mais
incidência da doença. "É uma questão que está sendo acompanhada, nós
esperamos logo ter a possibilidade de identificar efetivamente o que se
trata e providenciar os cuidados para que ela não se propague",
acrescentou o gestor, que tentou diminuir a preocupação em torno da nova
moléstia. "Vamos aguardas os estudos. No momento nossa preocupação é
coma a febre amarela e o estado do Ceará não está em alerta, mas temos
19 estados com confirmações", desconversou. Definição
Já o secretário da Saúde do Ceará, Henrique Javi, afirmou que a doença é
uma condição nova e que os três casos ainda estão em investigação, não
tendo uma definição clara da causa. Sobre os registros, o titular da
Saúde revela: "um dos nossos casos é de uma pessoa que veio da Bahia,
esteve no Ceará no fim do ano e voltou para lá com sintomas. Os outros
dois casos são do Ceará. Um é da família da pessoa que veio da Bahia. O
terceiro também teve um convívio, no mesmo local, na mesma região".
Javi reforça que é preciso ter cautela para entender a doença e diz que
os quadros das pessoas no Ceará são estáveis. "Os dois são de
Fortaleza. A pessoa que foi para a Bahia era uma mulher. Os outros dois
casos, se não me engano, são masculinos", complementou. Segundo a Pasta
estadual, o tratamento da doença é sintomático e recomenda-se observar a
mudança na tonalidade da urina como sinal de alerta; neste caso o
paciente deve ser hidratado imediatamente. Não é recomendado, nesses
casos, o uso de anti-inflamatórios.
Na nota técnica, a Sesa informa que a mialgia aguda a esclarecer não é
uma doença de notificação compulsória, porém deve haver notificação
imediata dos pacientes que apresentarem os sintomas ao Centro de
Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS).
A secretaria orienta ainda que devem ser coletados os seguintes exames
em casos de pacientes suspeitos, que devem ser encaminhados para o
Laboratório Central do Estado(Lacen): fezes (in natura); urina (mínimo
de 03 ml); soro (mínimo de 03 ml); hemocultura.
Os primeiros casos da doença surgiram em dezembro de 2016, na Bahia. Na
época, o governo baiano emitiu alerta epidemiológico informando às
unidades de saúde do Estado sobre a doença, chamada "mialgia aguda a
esclarecer". Até 5 de janeiro deste ano, o governo da Bahia registrou 52
casos suspeitos, todos na Região Metropolitana de Salvador. No boletim
anterior, de 19 de dezembro, 22 foram notificados. Bahia
Um homem que apresentava sintomas de uma "doença misteriosa" que causa
forte dor muscular, além de urina na coloração escura, morreu na cidade
de Vera Cruz, na Região Metropolitana de Salvador, no último dia 31 de
dezembro.
A informação foi divulgada na última terça-feira (10) pela Secretaria
de Saúde da Bahia. O governo daquele Estado investiga a causa da morte e
não confirma a correlação com a doença. Há suspeita que ele tenha
sofrido um infarto. Uma segunda vítima com sintomas da doença faleceu no
último dia 7.
s pessoas
devem priorizar a exposição solar antes das 10 horas e depois das 16
horas. Nesse período, há menor radiação UVB, que provoca queimaduras
Por
Da Redação
Passar protetor solar é sempre obrigatório --
e mais de uma vez. O filtro deve ser reaplicado após o mergulho na água
ou suor excessivo (Instagram/Reprodução)
Pergunte a qualquer dermatologista qual é o horário
mais seguro para a exposição solar e a resposta será sempre a mesma: os
raios mais saudáveis brilham antes das 10 horas e depois das 16 horas (ou antes das 11 horas e depois das 17 horas, nas regiões com horário de verão) . Nesse
período, há menor radiação UVB, que provoca queimaduras e é o principal
fator de risco para o desenvolvimento de câncer de pele.
Apesar da informação ser difundida à exaustão, as praias e piscinas
ficam mais lotadas nos horários ‘errados’. Ou seja, é preciso ter
atenção redobrada. “Quem se expõe nesses horários de sol mais forte,
precisa usar chapéu, recorrer a roupas com proteção solar e ficar
embaixo do guarda-sol”, alerta Leonardo Spagnol, membro da diretoria da
Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Outro alerta: passar protetor solar é sempre obrigatório — e mais de
uma vez. O filtro deve ser reaplicado após o mergulho na água ou se
houver suor excessivo, por exemplo. Para quem quer um pouco mais de cor,
Spagnol explica que os óleos são proibidos, pois aumentam o risco de
queimaduras. Nesse caso, indica-se os autobronzeadores. Os cremes tingem
de dourado a camada mais superficial da pele.
Por fim, não adianta tentar alcançar o bronze no primeiro dia. Além
dos conhecidos riscos à saúde, quando a pele descamar — o que é
inevitável –, o bronzeamento adquirido vai embora.
De acordo
com novo estudo, crianças que passam muito tempo em frente a telas têm
maior risco de desenvolver a síndrome pediátrica do olho seco
Por
da Redação
Criança com smartphone (iStock/Getty Images)
A verdade é só uma: crianças que passam muito tempo utilizando tablets e smarthphones serão vítimas de síndrome pediátrica do olho seco, caracterizada pela evaporação mais rápida do canal lacrimal.
Pesquisadores na Coreia do Sul conduziram exames oftalmológicos em
916 crianças com idades entre 7 e 12 anos. Destas, 60 – ou 6,6% do total
– apresentaram característicos da síndrome pediátrica do olho seco com
base em várias avaliações; entre elas o tempo de dissolução da lágrima –
com a finalidade de testar a estabilidade do canal lacrimal.
Do grupo estudado, 97% dos que apresentaram sintomas da síndrome pediátrica do olho seco informaram que usaram tablets ou smartphones por 3,2 horas por dia, em média. Em contraste, 55% das crianças que não apresentaram sintomas usaram seus gadgets
por apenas 37 minutos por dia, além de passarem mais tempo em
atividades ao ar livre. Outro dado interessante foi que, quando as
crianças deixaram de usar seus telefones por cerca de um mês, os
sintomas de olho seco melhoraram significativamente.
De acordo com estudos da Academia Americana de Oftalmologia, quando olhamos para telas de smarthphones, tablets
e computadores por muito tempo, por haver menor distância de visão em
telas significativamente menores, piscamos menos. Isso faz com que haja
maior esforço dos olhos e, assim, adquirimos a chamada vista cansada.
Isso pode levar a evaporação mais rápida do canal lacrimal e,
consequentemente, evoluir para a síndrome do olho seco: quando a
produção de lágrimas é menor do que deveria e provoca uma anomalia na
produção natural de muco e lubrificação do órgão da visão. Tal situação, muitas vezes incômoda, pode afetar negativamente a visão da criança e, consequentemente, prejudicar seu desempenho escolar.
No final do ano passado, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)
divulgou um manual de orientação para médicos, pais, educadores,
crianças e adolescentes. O foco é a “Saúde de Crianças e Adolescentes na
Era Digital”. O documento inédito no país foi inspirado em estudos e
recomendações internacionais e adaptadas à realidade nacional.
Desde então, a entidade recomenda que telas sejam proibidas para
bebês com até dois anos – principalmente nas refeições ou antes do sono.
Entre os dois e os cinco anos, acreditam que o limite é que o uso seja
de uma hora por dia. Até os seis anos, crianças não devem ter contato
com jogos violentos e, até os dez anos, crianças não devem ter televisão
ou computador nos próprios quartos para evitar que fiquem vulneráveis a
conteúdos inapropriados.
Pesquisa da
USP revela que as deliciosas partes crocantes das carnes bem passadas
contêm compostos que causam danos ao DNA, aumentando o risco de câncer
Por
Leticia Fuentes
A boa notícia é que, apesar dos danos que as
deliciosas partes crocantes da carne podem causar ao organismo, não é
necessário cortá-las completamente da dieta. (iStock/Getty Images)
Uma nova pesquisa da Universidade de São Paulo (USP)
traz más notícias para os amantes de churrasco: o consumo das crostas
escuras presentes na carne vermelha bem passada está relacionado ao
desenvolvimento de câncer. O estudo afirma que, durante o preparo a
altas temperaturas, são formados nessas partes do alimento compostos que
podem induzir mutações responsáveis pelo aparecimento de células
cancerígenas.
“Esperamos que os resultados do estudo possam contribuir para a
compreensão do desenvolvimento do câncer e descobrir novas maneiras de
preveni-lo”, afirmou ao site de VEJA a nutricionista Aline Martins de
Carvalho, responsável pelo novo estudo, apresentado em sua tese de doutorado na Faculdade de Saúde Pública da USP.
Carne bem passada e câncer
A relação entre as partes escuras da carne e o desenvolvimento de
câncer já era bem estabelecida em pesquisas com modelos animais, mas os
efeitos do consumo desses alimentos no corpo humano ainda não eram
completamente compreendidos. Uma pesquisa realizada pela Universidade da
Califórnia, nos Estados Unidos, em 2011, já havia confirmado as
implicações do consumo de carne bem passada no desenvolvimento de tumor de próstata.
Com a nova pesquisa, o objetivo de Aline era estudar a relação entre o
consumo de carne vermelha e o surgimento do câncer em humanos. Para
isso, a pesquisadora utilizou dados de um inquérito de saúde com
amostras de 560 adultos e idosos de São Paulo e coletou informações
sobre os hábitos de consumo dos participantes a partir de diários e
questionários de frequência alimentar. Em seguida, extraiu amostras do
sangue das pessoas avaliadas e realizou análises no DNA para estimar a
exposição ao câncer.
Os resultados revelaram que, entre os indivíduos, o principal risco
para o desenvolvimento de tumores estava no consumo de carne vermelha
muito bem passada – quando preparada a altas temperaturas, a carne forma
compostos carcinogênicos nas partes em que esquenta até quase queimar.
Essas substâncias são compostos orgânicos nitrogenados chamados aminas
heterocíclicas.
No corpo, a metabolização dessas moléculas é feita pelo fígado,
produzindo espécies reativas conhecidas como radicais livres. O excesso
dos radicais livres no organismo pode levar a um processo
chamado estresse oxidativo, que ocorre quando a quantidade dos radicais
livres no organismo é maior do que a capacidade física de
neutralizá-los. Assim, as moléculas excedentes podem gerar danos a
proteínas, lipídios e até ao DNA, levando ao aparecimento de doenças,
como pode acontecer com o câncer.
Como evitar
A boa notícia a todos os amantes de carne bem passada é que, apesar
dos danos que as deliciosas partes crocantes das extremidades podem
causar ao organismo, não é necessário cortá-las completamente da dieta.
Uma dica da pesquisadora é marinar a carne no limão, alho e cebola, para
neutralizar os efeitos danosos.
“Esses temperos possuem compostos bioativos que são capazes de evitar
a formação das substâncias prejudiciais à saúde”, afirma Aline. Também é
aconselhável aquecer a carne por três minutos no micro-ondas antes de
colocá-la na churrasqueira ou na chapa. Dessa forma, ela ficará menos
tempo exposta ao fogo.
A pesquisadora ressalta, no entanto, que apesar da relação confirmada
entre os compostos presentes na crosta escura da carne e o aumento dos
níveis de estresse oxidativo e consequentes danos ao DNA – fatores que
podem levar ao aparecimento de tumores – uma relação direta com o câncer
não foi confirmada. Os resultados indicam apenas a ligação entre o
consumo de partes escuras da carne bem passada e o desenvolvimento de
mutações que podem levar à doença.
Um time de elite da ciência mundial -
integrado por brasileiros - está produzindo em laboratório modelos vivos
de tecidos cerebrais. As peças serão fundamentais para avançar no
tratamento de doenças como o Alzheimer, o Transtorno
Obsessivo-Compulsivo e a zika
FUTURO
No Brasil, Stevens Rehen coordena pesquisas sobre esquizofrenia e epilepsia usando mini-cérebros
Cilene Pereira
Eles podem ser contados nos dedos, e mesmo pouco numerosos
estão promovendo um dos maiores avanços científicos dos últimos tempos.
Podem ser chamados de criadores de cérebros. Trata-se de um grupo seleto
de cientistas que está construindo tecidos cerebrais vivos – ou
mini-cérebros – por meio dos quais o mundo começa a conhecer melhor o
desenvolvimento neuronal, os processos que estão na origem de doenças
como o autismo, a esquizofrenia e a zika e a resposta do organismo à
novas drogas contra enfermidades neurológicas.
Os mini-cérebros já se configuram como um recurso que divide a
história das pesquisas cerebrais entre antes e depois deles. Até hoje, o
estudo das engrenagens em ação no cérebro humano valia-se de análises
em tecidos retirados de cadáveres, cobaias ou por meio de exames de
imagens. A pequena disponibilidade de opções impõe enorme limitação,
principalmente se for considerado o quanto é complexo o funcionamento do
órgão.
Com os métodos de transformação, os cientistas do mundo todo passaram
a colher células de fontes acessíveis – pele e urina, por exemplo – e
mudá-las para células embrionárias. Desta forma, obtiveram mais
facilmente a matéria-prima ideal para a geração de praticamente todo
tipo de célula humana, inclusive neurônios. Essa mudança de status – ou
especialização de células, como o processo é chamado cientificamente – é
feita por meio do uso de uma combinação de substâncias, entre elas
fatores de crescimento e hormônios. Assim, consegue-se, em laboratório,
extrair células da urina de um indivíduo e, a partir delas, gerar um
neurônio. CALDO DE CULTURA
Produzir células nervosas foi um passo enorme, sem dúvida, mas não
bastava para a construção de mini-cérebros. O desafio era encontrar uma
maneira de estimulá-las a se reproduzir e de mantê-las nutridas. No
corpo, toda célula tem a sua disposição uma rede de vasos sanguíneos por
meio dos quais recebem oxigênio e nutrientes. In vitro isso não existe.
O obstáculo foi superado usando um líquido especial (meio de cultivo)
com nutrientes e fatores de crescimento no qual as células são mantidas
nutridas e oxigenadas – sem, entretanto, crescerem da mesma forma que o
órgão original. No vocabulário dos cientistas, elas formam organóides
cerebrais. “Nós os chamamos desse jeito porque são como o órgão, mas não
exatamente como ele”, gosta de explicar a pesquisadora inglesa Madeline
Lancaster, do MRC Laboratory of Molecular Biology, pioneira neste campo
de pesquisa. “Podemos ver os tecidos, cortá-los, conseguimos reconhecer
as regiões”, diz.
A receita permite construir modelos de tecidos saudáveis, com células
extraídas de voluntários sem doenças neurológicas, ou mini-cérebros
doentes, formatados a partir de células retiradas de pacientes. Os dois
estão possibilitando a observação de aspectos nunca antes vistos. “É um
tremendo avanço, pois podemos decifrar a nível molecular e celular de
que maneira as funções (motoras, conscientes, sensoriais etc) são
criadas no cérebro durante seu desenvolvimento”, diz o brasileiro
Alysson Muotri, diretor do Programa de Célula-Tronco do Instituto de
Medicina Genômica, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.
No Brasil, cabe ao grupo coordenado por Stevens Rehen a liderança
pioneira neste campo de estudo. Professor do Instituto de Ciências
Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordenador de
Pesquisa do Instituto D´Or de Pesquisa e Ensino, Rehen é autor dos mais
importantes trabalhos da área feitos em terras brasileiras. Os
organóides cerebrais criados em seus laboratórios estão ajudando no
estudo de doenças como esquizofrenia, Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade, Epilepsia e Transtorno Obsessivo-Compulsivo, entre
outras enfermidades. E boa parte do que se sabe até agora sobre a
associação entre o vírus da zika e a microcefalia veio das pesquisas
conduzidas por sua equipe. Mini-cérebros produzidos pelo time infectados
pelo vírus cresceram 40% menos em comparação aos que não haviam sido
expostos. ”Nesse estudo confirmamos a relação entre microcefalia e o
vírus zika, usando os minicérebros” afirma o cientista. O trabalho foi
lido por mais de vinte mil pesquisadores em pouco mais de sete meses. Um
recorde mundial. RESPOSTA RÁPIDA
Os cérebros de laboratório também estão sendo fundamentais para agilizar
testes de medicamentos. É urgente a criação de remédios para doenças
neurológicas associadas ao envelhecimento populacional, como o Alzheimer
e o Parkinson, ou patologias que continuam a desafiar a medicina. Um
desses casos é o autismo. Nos Estados Unidos, o brasileiro Muotri usou
essas estruturas para testar 55 mil drogas contra o autismo só no ano
passado. “Encontramos cerca de vinte que são promissoras em reverter os
defeitos morfológicos e funcionais característicos das redes neurais de
autistas”, contou. Os medicamentos agora estão passando por testes de
validação. A expectativa é que entrem em ensaios clínicos nos próximos
anos.
Mais urgente ainda é encontrar um remédio que proteja contra os
prejuízos causados pelo vírus da zika. Por isso, tanto o grupo de
Muotri, nos Estados Unidos, e de Rehen, no Brasil, utilizam nessa
corrida contra o tempo o auxílio dos mini-cérebros. Os dois grupos
valem-se de medicações existentes. “O raciocínio é simples: drogas novas
levam entre doze e quatorze anos para entrar no mercado a um custo de
US 2,6 bilhões”, diz Muotri. “Ao testarmos medicamentos disponíveis,
reduzimos o custo e o tempo drasticamente.”
O trabalho na Universidade da Califórnia identificou pelo menos uma
droga promissora, que bloqueia a ação do vírus no sistema nervoso. O
início dos estudos clínicos nos Estados Unidos está previsto para maio.
Muotri pretende trazer os testes também para o Brasil, onde seriam
coordenados por sua parceira de pesquisa, Patrícia Braga, da
Universidade de São Paulo. No Rio de Janeiro, uma dezena de medicações
entrou na lista para testes do grupo de Stevens Rehen e uma das
substâncias analisadas também demonstrou resultados bastante animadores.
Os detalhes para viabilizar os testes clínicos estão em andamento.
Acredita-se que os ensaios comecem ainda no primeiro semestre. O INÍCIO DE TUDO
Os mini-cérebros consistem em um modelo tridimensional de neurônios
vivos. Como no cérebro, as células se dividem, adquirem as
características desejadas pelos pesquisadores e juntam-se em rede POR QUE SÃO IMPORTANTES
Permitem que os cientistas pesquisem o desenvolvimento neuronal, doenças
neurológicas e testem medicações em tecidos cerebrais humanos vivos. É a
primeira vez que isso é possível COMO SÃO PRODUZIDOS
• Células são extraídas de pacientes ou de voluntários sadios. Elas
podem ser retiradas de várias fontes. Entre as mais comuns estão a pele e
a urina
• As células passam por uma reprogramação que as remete ao estágio de
células-tronco embrionárias, etapa na qual ainda não são
especializadas,. Podem ser transformadas em células de qualquer parte do
corpo
• Por meio de uma combinação de substâncias, essas células são
induzidas a se especializar na célula desejada. No caso, neurônios
• Depois, são imersas em culturas capazes de garantir sua multiplicação até que atinjam o estágio almejado