Uma alteração feita no 'fígado' do mosquito fez com ele aumentasse radicalmente a produção de fatores antivirais em seu organismo, bloqueando a infecção

Nova técnica estimula a habilidade natural do mosquito para combater a dengue (Army Medicine/Flickr/Divulgação)
Os testes não funcionaram para zika e chikungunya, mas os pesquisadores acreditam que a técnica possa ser aprimorada para trazer resistência também contra esses outros tipos de arboviroses.
O Aedes se infecta com o vírus da dengue toda vez que suga o sangue de um ser humano que está com a doença, e, dessa forma, pode transmiti-la para as próximas pessoas que forem picadas por ele. O novo estudo, publicado na revista científica Plos One, mostra que esse mosquito produz naturalmente antivirais contra a dengue, mas em um nível tão baixo que não são capazes de eliminar o vírus. O que a nova técnica faz, de forma inédita, é estimular essa habilidade natural a partir da interferência em determinados genes que atuam no “fígado” do inseto.
Depois dessa alteração, foi observado que a maioria dos mosquitos eliminou completamente o vírus, e que os poucos insetos que ainda se mantinham infectados registraram um nível viral baixo nas glândulas salivares, que é a via por onde eles transmitem doenças.
“Se você puder substituir uma população natural de mosquitos transmissores de dengue por organismos geneticamente modificados que sejam resistentes ao vírus, você pode parar a transmissão. Este é um primeiro passo rumo a esse objetivo” , disse o líder do estudo, George Dimopoulos, professor do Departamento de Microbiologia e Imunologia Molecular da Universidade Johns Hopkins, nos EUA.
A equipe de Dimopoulos está trabalhando para, a partir de agora, testar modificações genéticas no que equivaleria ao intestino dos mosquitos. A hipótese é de que seja possível produzir fatores antivirais também neste órgão, tornando mais forte a resposta imune. Uma das apostas é de que isso possa, ainda, impedir a infecção por zika e chicungunha.
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