quinta-feira, 22 de julho de 2010

Bebê conforto: um perigo em casa

Item de segurança obrigatório dentro do carro, o bebê conforto pode representar um perigo fora dele. É o que mostra uma pesquisa publicada neste mês pela revista Pediatrics, da Sociedade Americana de Pediatria. Nos Estados Unidos, cerca de 9 mil crianças por ano sofrem acidentes relacionados ao equipamento. Por aqui, os médicos também têm histórias de lesões provocadas pelo mau uso do acessório. O problema, argumentam eles, é que os pais subestimam a capacidade de movimentação dos bebês.
“A criança estava no bebê conforto sobre a mesa da cozinha, quando se inclinou para frente. Sorte que a empregada estava por perto e a pegou no ar, de cabeça para baixo”, conta o pediatra Hamilton Robledo, do Hospital São Camilo, lembrando de um dos casos atendidos neste mês. Dependendo de como o bebê cai, explica o médico, o acidente pode provocar de um inofensivo galo a uma fratura com hemorragia interna.
A pesquisa norte-americana indica que em mais de 60% dos casos o susto com o bebê conforto se dá dentro da própria casa da família. No Brasil, ainda faltam estatísticas específicas sobre este tipo de acidente. “Talvez o quadro seja até maior aqui do que nos EUA, mas não é notificado com tanta especificidade”, observa a coordenadora da ONG Criança Segura, Alessandra Françoia.A Secretaria Municipal de Saúde já planeja um levantamento detalhado sobre os casos de acidentes infantis atendidos nos hospitais da cidade, segundo informações do pediatra Cid Pinheiro, coordenador do pronto-socorro infantil do Hospital São Luiz e professor de emergências em pediatria da Faculdade de Medicina da Santa Casa. Para ele, os acidentes ocorrem porque os pais não percebem quando os filhos já são capazes de fazer movimentos bruscos e acham que o bebê conforto ainda é uma alternativa segura. “Um bebê de 5 meses não se comporta como um de 2. Com o desenvolvimento neurológico, a movimentação fica cada vez mais ativa, aumentando o risco de o bebê conforto tombar”, analisa.
O presidente da Sociedade de Pediatria de São Paulo, Clóvis Constantino, aponta a praticidade como o principal motivo da popularidade do bebê conforto, que também pode ser acoplado ao carrinho e serve como dispositivo de segurança no carro (veja acima). O cuidado maior, diz ele, deve ser justamente com a movimentação do acessório. “À medida que se encaixa e desencaixa, pode haver um comprometimento do sistema de fixação. Além disso, o ato pode se automatizar muito, de modo que os pais se esqueçam de travar a peça”.
Foi em nome da praticidade que a publicitária Vera Bomfim elegeu o acessório como companheiro para sua filha Marina, de 8 meses. “Uso muito para ir ao supermercado, ao restaurante. Há pouco tempo ela até dormia nele durante o dia”, conta. A recomendação de Constantino, contudo, é de que o acessório nunca seja usado solto, fora da base do carro ou do carrinho. A pediatra Renata Waksman, do Hospital Israelita Albert Einstein, concorda: “O melhor é que o bebê conforto do carro permaneça no carro. Não se deve ficar tirando e pondo toda hora”, adverte.
Fabricante do dispositivo, a empresa Burigotto informou que os produtos são vendidos com recomendações de uso, como apoiá-los no chão e usar sempre o cinto de segurança. “Em hipótese alguma o bebê conforto deve ser apoiado sobre mesas, cadeiras ou sofás”, afirma Terezinha Contin, do departamento de marketing da marca.

Um comentário:

  1. Infelizmente, sofremos um acidente com o bebê conforto. Ao erguer a alça para travá-la o bebe conforto girou em torno do eixo e fez com que o bebe caisse de rosto no chão. O equipamento não é estável. Para ser seguro tem-se que ter muita atenção em como manuseá-lo. Apesar de bastante útil necessita de muita perícia para utilizá-lo fora do carro sem que ocorra acidentes. Decidimos não utilizá-lo fora do carro.

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