terça-feira, 13 de julho de 2010

Hospitais filantrópicos no Ceará enfrentam dificuldades

Sobral. Os hospitais filantrópicos localizados no Interior do Estado sofrem por conta das dificuldades financeiras e lotação, o que acaba comprometendo o atendimento aos doentes. O neurocirurgião e diretor administrativo da Santa Casa de Misericórdia de Sobral, João Martins, adianta que a situação financeira deste hospital está bem difícil."Todos os hospitais filantrópicos, onde a sua maior demanda provem do Sistema Único Saúde (SUS), estão passando por dificuldades financeiras. E, nos últimos anos, a gente tem assistido ao fechamento de várias instituições filantrópicas em todo o Brasil, em particular no Ceará, por conta disso", disse Martins, acrescentando que o repasse do SUS chega a R$ 3,3 milhões."Isso significa que a renda desta instituição depende predominantemente de atendimentos e internações de pacientes do SUS, que proporcionam uma margem de lucro pouco significativa e muito trabalhosa. A outra parcela é composta por pacientes de convênios e atendimentos particulares, que trazem uma margem de lucro maior, conseguindo suprir as necessidades gerenciais e administrativas da instituição".Os indicadores dos procedimentos realizados pela Santa Casa de Misericórdia de Sobral no ano passado, quando comparado a outros hospitais filantrópicos do Estado e com os que realizam os mesmos tipos de atendimento como internações, consultas ambulatoriais, atendimentos de emergências e cirurgias, mostra que, apesar das dificuldades, esta unidade hospitalar tem procurado oferecer um serviço que procura atender à demanda da região Norte.Inaugurada há 85 anos, o hospital tem sido referência na rede hospitalar cearense. A Santa Casa atende a pacientes de 61 municípios. Conta, atualmente, com cerca de 190 médicos no seu quadro de atendimento. O ambulatório do hospital em 2009 atendeu 79.405 pessoas, uma média de 6,5 mil pacientes por mês. No total, 92% desses atendimentos foram financiados pelo Sistema Único de Saúde e, segundo a Comissão Nacional das Filantrópicas, as tabelas do SUS estão hoje defasadas em torno de 40%.Essa Unidade hospitalar oferece um atendimento a uma população estimada em 1,5 milhões de habitantes, que necessita de aproximadamente 4.548 leitos, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas a Santa Casa só dispõe 2.192, ou seja, apenas 48% do que é preconizado pela OMS. Ao contrário do Cariri, onde a população soma 922.929 e se dispõe de 2.808 leitos, 1% a mais de sua necessidade, que é de 2.755.Um dos maiores entraves enfrentados pela Santa Casa é sanar as dívidas com os fornecedores. Para o neurocirurgião João Martins, a Santa Casa de Sobral tem lançado mecanismos de gestão cada vez mais profissional, implementando várias ações dentro do hospital para melhorar e otimizar os custos."Você tem duas possibilidades de viabilizar um hospital desse porte: um é cortando custo e outro é aumentando a receita". Receita que, na opinião do diretor da unidade hospitalar, não tem como aumentar de forma substancial. Ele lembra que a direção do Hospital tem buscado uma negociação via governos Municipal e Estadual, por meio dos convênios do SUS e dos hospitais polos.Até pouco tempo, o hospital mantinha um plano de saúde particular, o Plano de Assistência à Saúde (PAS), mas a gerência desse plano foi entregue a um grupo que atua em todo País, os Carmelianos. Na avaliação de João Martins, o PAS estava se tornando inviável para o hospital. "Os planos de saúde só se tornam viáveis quando atingem o número de 15 mil vidas. O PAS só atraiu 3 mil dependentes. Por isso resolvemos terceirizar esse serviço que antes era exclusivo da Santa Casa".Com o novo modelo de administração implantado há cinco anos, a Santa Casa de Sobral vem conseguindo fazer importantes investimentos com alta densidade tecnológica. A aquisição de um novo tomógrafo, a implantação do serviço de neurorradiologia intervencionista (pioneiro no Interior do Ceará), a implantação da unidade de Nefrologia e Urologia intervencionistas, além de arco cirúrgico de última geração e novos equipamentos para a UTI e Centro Cirúrgico, ampliação da capacidade de resolução no atendimento. "A gente hoje tem comprado melhor nas plataformas de compras nacional, onde o Hospital está credenciado para participar de pregão eletrônico nacional".Mas a Santa Casa de Misericórdia ainda não conseguiu colocar em funcionamento um dos setores prometidos para dezembro de 2009, as UTIs Neonatal e Pediátrica, com dez leitos cada um. A obra, num investimento de cerca de R$ 3,13 milhões, fruto de um convênio firmado entre o Ministério da Saúde, Governo do Estado e a Santa Casa, está pronta e os equipamentos já foram adquiridos, mas falta a contratação dos profissionais. A direção alega falta de médicos com especialidades nesta área.Na opinião do administrador da Santa Casa de Sobral, a construção de uma nova unidade hospitalar, com recursos do Estado, tem seu lado positivo e negativo. Do lado positivo, ele destaca melhoria no atendimento global, principalmente no setor terciário, hoje responsável pela superlotação da Santa Casa. "Vamos conseguir dividir com esse hospital a quantidade gigantesca que recorre à Santa Casa em busca de atendimento hospitalar. Vamos atender somente os pacientes mais complexos". Do lado negativo, a divisão dos recursos que são destinados a esta unidade hospitalar. Ele acredita que a diminuição no valor que a Santa Casa recebe poderá comprometer a qualidade do atendimento.Financeira"Todos os hospitais filantrópicos onde a sua maior demanda provem do SUS passam dificuldades"João Martins Médico neurocirurgião e diretor administrativo da Santa Casa de Sobral-MAIS INFORMAÇÕES Santa Casa de Misericórdia de Sobral: Rua Antônio Crisóstomo de Melo, 919, Centro(88) 3677.1930Wilson GomesColaborador.CARIRI-Unidade no Crato funciona no limite. O Hospital e Maternidade São Francisco do Crato está funcionando no limite de sua capacidade. Apesar de não haver endividamento, a unidade também não apresenta lucros. Os investimentos tecnológicos e de infraestrutura estão sendo feitos pelo escritório central da Sociedade Beneficente São Camilo, que mantém uma rede de 47 hospitais no Brasil, 12 deles no Norte e Nordeste e cinco somente no Ceará.De acordo com informações do diretor Administrativo do Hospital São Francisco, Kalebe de Souza Silva, 75% dos recursos para a manutenção do hospital vem do Sistema Único de Saúde (SUS), enquanto 25% são de convênios. O repasse do Governo Federal gira em torno de R$ 300 mil por mês.LeitosCom estes recursos, a direção do hospital mantém 130 leitos, 45 médicos, 294 funcionários, 900 internações e 7.200 atendimentos de urgência. Além do Crato, uma cidade com 130 mil habitantes, são atendidos mais 12 municípios da região. Somente para plantões médicos são destinados R$ 190 mil.Com a nova administração, o hospital abre as portas para médicos das mais diversas especialidades, com o objetivo de manter a tradição do Crato de cidade polo de atendimento no setor de saúde. Aos poucos, o São Francisco está sendo ampliado. Este ano, foi inaugurada a reforma da maternidade.O Hospital São Francisco de Assis, idealizado pelo primeiro bispo diocesano, dom Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva, foi fundado em 23 de dezembro de 1936 e seu principal objetivo era suprir a total carência médico-hospitalar em toda região sul do Estado do Ceará e, principalmente, dar assistência e controlar uma grave epidemia da peste bubônica que, na mesma ocasião, atingiu centenas de pessoas na região.EquilíbrioA maior unidade de saúde de referência da região, o Hospital e Maternidade São Vicente de Paulo, localizado em Barbalha, não tem do que reclamar. O diretor administrativo, Antonio Ernani, ressalta que as finanças estão equilibradas. Não há endividamento. Os recursos do Sistema Único de Saúde, cerca de R$ 1 milhão por mês, estão sendo repassados regularmente.Com 200 leitos, 157 médicos e 560 funcionários, o Hospital e Maternidade São Vicente de Paulo é referência para atendimento de pacientes de 45 cidades de cinco microrregiões de saúde e recebendo clientes de mais de 60 cidades por demanda espontânea.É a única Oncologia da metade Sul do Ceará. No ano de 2009, fez uma média de 32.932 atendimentos por mês, sendo uma referência regional de saúde hospitalar, a ponto de haver atraído, para Barbalha, a Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC). Recursos"75% dos recursos para a manutenção do hospital vem do Sistema Único de Saúde (SUS)"KALEBE SOUZA SILVA Diretor do Hospital e Maternidade São Francisco.MAIS INFORMAÇÕES:Hospital São Francisco de Assis - Crato: (88) 3523-1130Hospital São Vicente de Paulo - Barbalha: (88) 3532.7100

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