quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Contra preço baixo, cirurgiões cardíacos defendem boicote ao SUS

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular lançará uma campanha nacional para que os seus 1,2 mil associados deixem de operar pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A medida drástica é uma retaliação contra o preço pago para a equipe - cerca de R$ 940 para quatro cirurgiões e outros dois profissionais, no caso de uma cirurgia de revascularização (ponte de safena). No Rio, planos de saúde pagam até R$ 13,5 mil pelo procedimento.
A crise atinge alguns Estados - Goiás não faz cirurgias cardíacas eletivas desde 2 de dezembro (mais informações nesta página). O Ministério Público intermedeia negociações entre médicos e a Secretaria de Saúde da Bahia para evitar que o serviço seja paralisado. Em São Paulo, os médicos ainda se organizam para criar uma cooperativa. O foco será a negociação com planos de saúde, que pagam cerca de R$ 1,5 mil por cirurgia para a equipe.
No Rio, os cirurgiões cardiovasculares anunciaram que vão interromper as cirurgias em outubro nos hospitais conveniados ao SUS. "O cirurgião cardiovascular hoje paga para trabalhar. Ele passa entre quatro e seis horas num centro cirúrgico, tem de ficar de sobreaviso para o caso de alguma intercorrência após a operação e, depois de 60 dias, recebe pouco mais de R$ 100 por aquele trabalho. É menos de R$ 30 por hora", afirma Ronald Souza Peixoto, presidente da cooperativa que reúne os 102 cirurgiões cardiovasculares do Rio.
Em 2009, esses médicos fizeram 8.303 cirurgias eletivas no Estado - aquelas que não são de emergência, como troca de válvulas cardíacas. Hoje, o paciente enfrenta uma fila de até seis meses para conseguir atendimento.
A briga com os Estados e municípios ocorre porque a lei prevê que as secretarias de Saúde façam a complementação do que é pago pelo SUS. De acordo com a sociedade, só Espírito Santo, Rio Grande do Norte e Paraíba pagam a diferença.
Segundo Gilberto Venossi Barbosa, presidente da sociedade, a baixa remuneração tem feito com que menos médicos escolham a carreira. "O que explica que o SUS pague R$ 6 mil por um transplante hepático e a metade disso para o transplante cardíaco, que é uma cirurgia muito mais complicada?"
O secretário de Assistência à Saúde do Ministério da Saúde, Alberto Beltrame, considera a remuneração das cirurgias cardíacas compatível com os recursos do SUS. "Não há como fazer comparações com o que é pago pelos planos", disse. Ele observou que o per capita na área privada é de cerca de R$ 1,4 mil, bem mais que o per capita do sistema público, que não chega a R$ 700. "Há subfinanciamento do setor", resume. "A tabela apresenta uma remuneração compatível com os recursos existentes." Beltrame ressaltou que não recebeu reclamação formal dos cardiologistas sobre a baixa remuneração. "Estamos abertos ao diálogo."


Goiás e Espírito Santo são extremos da crise no País

Goiás e Espírito Santo representam os dois extremos da crise que envolve cirurgiões cardiovasculares no Brasil. No primeiro, as cirurgias estão suspensas há oito meses. Dos 20 cirurgiões, só 1 atende urgências em Goiânia. O número de operações mensais caiu de 140 para 20.
"Há um total descaso com a saúde no município, que tem gestão plena do SUS. É a cirurgia mais barata do País - uma equipe ganha R$ 894", diz Wilson Mendonça Júnior, presidente da cooperativa do Estado.
O secretário de Saúde de Goiânia, Paulo Rassi, diz que não há negociação. "Não temos recursos." Ele afirmou que o governo estadual não entrou na discussão - a responsabilidade por procedimentos complexos cabe ao Estado. Já a Secretaria de Estado de Saúde informou que a prefeitura, por ter gestão plena, deve assumir as negociações.
Espírito Santo é a outra ponta. Há três anos, as cirurgias em hospitais conveniados ao SUS foram suspensas. Após acordo com o Estado, a equipe passou a receber R$ 6,5 mil por procedimento. O Estado organizou o atendimento com um hospital de referência para cada região, evitando a ida de pacientes para Vitória, e inaugurou um PS cardiológico.

4 comentários:

  1. VOCÊS NÃO TEM VERGONHA DE EXIGIR ISSO, NUM PAÍS DE RENDIMENTO MÉDIO ÍNFIMO? PESSOAS ESTÃO MORRENDO POR INSUFICIÊNCIA CARDÍACA E VOCÊS ESTÃO PREOCUPADOS COM UMA PORCARIA DE DINHEIRO, QUE COM A INTELIGÊNCIA QUE POSSUEM, PODERIA SER MELHOR NEGOCIADA? SINCERAMENTE, SINTO VERGONHA DE SER BRASILEIRO E NUNCA PODER CONTAR COM MÉDICOS COM ESSE PENSAMENTO. MUITOS DE VCS FIZERAM SEUS CURSOS EM UNIVERSIDADES PÚBLICAS, ISSO JÁ NÃOS OS PAGARIA? ONDE ESTÁ O JURAMENTO QUE FIZERAM? NO LIXO? NO COFRE DE UM BANCO? SINTO NOJO DESSA CATEGORIA E REZO PRÁ TER UM CORAÇÃO FORTE, PRINCIPALMENTE COM ESSAS PORCARIAS DE PROFISSIONAIS QUE DE ÉTICA NÃO TEM NADA.

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  2. este anônimo é um demente, deve ser eleitor do MULA e da DILMA pois o profissional parou de atuar em sua área não por desreipeito ao cidadão mas sim por não ter condição de se manter na sua área , ele se esquece que por mais amor que alguém tenha na sua profissão ele tem de viver e atualmente os profissionais pagam para trabalhar é devo lembra lo que saúde é responsabilidade do estado e direito de todos. A escravidão no Brasil foi abolida a muitos e muitos anos e estes valorosos profissionais a muito tem feito mais pela população do que qualquer governo.
    Quando você diz que eles tiveram seus estudos custeados por faculdades publicas eles prestaram durante vários anos serviços gratuitos a população até terminar sua residência.Use sua indignação para exigir de seu representante uma saída para a situação

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  3. NA VERDADE, OS CARDIOLOGISTAS PREFEREM FICAR COM A BUNDA NA CADEIRA DO CONSULTÓRIO MÉDICO ATENDENDO CONSULTAS POR QUE LHES DÃO MUITO MAIS LUCRO QUE UMA CIRURGIA PAGA PELO SUS. M E R C E N Á R I O S!

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  4. Não sei em qual profissão esses anônimos indignados atuam.Tenho certeza, que independente da área, não trabalham de graça.Sugiro que deixem seus empregos e prestem serviço de caridade para um governo que te rouba através do famoso LEÃO da receita federal e de outros impostos!
    Essa é uma sugestão apenas.Se vão seguir ou não é um caminho de cada um.

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