sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Tecnologia permite diagnóstico precoce de Alzheimer em amostra de sangue

SÃO PAULO - Uma nova tecnologia capaz de diagnosticar condições como esclerose múltipla e Alzheimer promete auxiliar a identificação precoce de inúmeras doenças, inclusive vários tipos de câncer. E basta uma pequena amostra de sangue para realizar o exame.

Um artigo divulgado nesta quinta-feira, 6, na revista científica Cell apresenta resultados promissores em pacientes com Alzheimer. Antes, os cientistas já haviam testado a tecnologia em camundongos com um problema semelhante à esclerose múltipla. Tanto em animais quanto em humanos o exame de sangue diagnosticou as doenças com precisão.

O responsável pelo estudo, Thomas Kodadek, admite que, por enquanto, um teste assim não representa uma esperança tão grande para pessoas com Alzheimer, pois ainda não há terapias muito eficazes. Contudo, a mesma metodologia poderá servir para criar exames de diagnóstico precoce de câncer, aumentando as chances de tratamento.


"Já temos bons resultados preliminares em pacientes com tumores de pâncreas e pulmão, além de Parkinson", afirmou Kodadek em entrevista ao Estado. "Agora precisamos testar o exame em um número maior de voluntários." O pesquisador trabalha no Instituto de Pesquisa The Scripps, na Flórida, entidade privada sem fins lucrativos.


A empresa Opko Health Laboratories pretende comercializar os testes. "O exame para Alzheimer deverá estar pronto até o fim do ano, mas não dá para prever quanto tempo a FDA (órgão americano de vigilância sanitária) vai demorar para autorizá-lo", pondera Kodadek. "Esperamos que, em 2011, seja a vez dos testes para câncer de pâncreas e pulmão."

Inovação


O novo exame procura no sangue anticorpos específicos que denunciariam a ocorrência de uma determinada doença. A abordagem não é nova. Vários testes já disponíveis no mercado buscam anticorpos para diagnosticar doenças.


Contudo, muitas vezes é difícil identificar o antígeno que provoca - e também orienta - a produção dos anticorpos. O antígeno pode ser uma molécula da cápsula de um vírus, da parede celular de uma bactéria ou da membrana de uma célula cancerosa capaz de estimular o sistema imunológico.


Até agora, para descobrir os anticorpos úteis para o diagnóstico, os cientistas precisavam identificar os antígenos do agente causador da doença. "Kodadek descobriu uma nova abordagem para reconhecer anticorpos específicos sem precisar dos antígenos naturais", explica James Anderson, dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês), um dos principais financiadores da pesquisa.

Os antígenos foram substituídos por moléculas sintéticas conhecidas como peptoides, que imitam a estrutura e as propriedades das proteínas. Os peptoides, de alguma forma, simulam os antígenos, ligando-se aos anticorpos específicos.


Cuidados


O novo exame deve demorar alguns anos para chegar ao mercado. De qualquer forma, a presidente da Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz), Viviane Abreu, destaca a importância do diagnóstico precoce, que só pode ser realizado por um especialista. Dessa forma, o paciente pode tomar decisões que preservem sua autonomia e auxiliem o tratamento.


Vale a pena procurar um médico especializado em demência se esquecimentos tornarem-se comuns e começarem a atrapalhar o cotidiano. Mudanças de comportamento também são um sinal de alerta. Dúvidas sobre a doença podem ser tiradas pelo telefone da Abraz: 0800-551906.




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