quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Cérebro em ponto de ebulição

O mal-estar costuma ser súbito, mas os sinais de alerta do cérebro, que sofre um acidente vascular cerebral (AVC) – ou derrame –, são bem claros, quando se manifestam no organismo. Alterações na fala, dor de cabeça forte, tontura, incômodos na visão, perda da sensibilidade e dos movimentos de braços ou pernas significam necessidade de socorro rápido. A Organização Mundial de Saúde (OMS) revela que os AVCs causam cerca de 5 milhões de mortes no mundo por ano. Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa), em 2010, mais de 6 mil pessoas morreram desse mal no estado.

“A suspeita é fácil de ser percebida, mas cada sintoma depende da região cerebral afetada pelo problema. O AVC acontece de repente e evolui rápido”, alerta o vice-presidente da Academia Brasileira de Neurologia (ABNeuro), Rubens José Gagliardi.

De acordo com o diretor do Instituto de Neurologia de Curitiba e professor de Neuroanatomia do curso de Medicina da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Murilo Meneses, um terço dos casos de AVCs é fatal e 50% dos sobreviventes ficam com sequelas graves após o problema.

“Nem todos os casos apresentam sequelas. O AVC transitório, em que a pessoa manifesta os sintomas, mas se recupera, é um aviso para que o paciente procure atendimento e se previna de um AVC definitivo”, explica Murilo.

De acordo com os médicos, existem dois tipos de AVCs (ver quadro), o hemorrágico – como o sofrido pelo técnico do Vasco Ricardo Gomes, no final do mês de agosto –, e o isquêmico. “Nas duas situações não há sangue novo para nutrir os tecidos cerebrais”, explica Gagliardi.

Influência

Fatores genéticos podem influenciar a predisposição a esses acidentes vasculares, no entanto, são os hábitos de vida que mais contribuem para que o AVC aconteça. Diabéticos, hipertensos e fumantes precisam estar alertas, assim como pessoas com colesterol elevado e com problemas de coração.

“A realização de uma entrevista detalhada com o paciente, exames clínicos e físicos são fundamentais para que os fatores de risco e as doenças que podem ocasionar um AVC sejam identificados e tratados”, diz o hematologista do Frischmann Aisengart Selmo Minucelli.

O AVC tem, ainda, relação direta com a idade – quanto mais velho, maior o risco. Apesar de ser mais comum em pessoas acima de 50 anos, o problema também acomete jovens. “Nesses casos, é obrigatório investigar as causas genéticas que desencadeiam o derrame, como anomalias na corrente sanguínea, o que não é tão comum”, afirma Minucelli. Em mulheres, o problema costuma se manifestar também após a menopausa

Risco

AVC é a maior causa de morte em adultos

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a principal causa de morte e de sequelas incapacitantes em adultos. As principais sequelas causadas pelo derrame são motoras, com perda da força em um lado do corpo; de linguagem, com dificuldades na fala e na compreensão de mensagens; visuais; cognitivas, afetando a memória e até a capacidade para fazer cálculos; e também prejuízo na capacidade de orientação e equilíbrio do paciente. Ainda que, na maioria das vezes, o problema seja repentino, os médicos afirmam que é possível evitá-lo. “A melhor solução é a prevenção em conjunto com mudanças de hábitos”, diz o neurocirurgião Murilo Meneses. (DT)

Como evitar

Hábitos simples para prevenir um AVC:

- Não fumar; diminuir o consumo de gorduras; praticar atividades físicas; diminuir o estresse; ter um sono regular.

Cuidados médicos para prevenir um AVC:

- Verificar o estado das artérias, verificar a presença de doenças metabólicas, controlar a pressão arterial, o colesterol e os níveis de glicemia no sangue.

Corrida contra o relógio

Para uma pessoa que sofre um Acidente Vascular Cerebral (AVC), cada minuto faz diferença. O acesso rápido ao atendimento hospitalar pode conter a destruição dos tecidos cerebrais, que param de receber sangue por conta do derrame. “Quanto mais o tempo passa, mais células se degeneram. Se o atendimento for rápido, o risco de lesões definitivas será menor”, explica o vice-pre­­sidente da Academia Brasi­leira de Neuro­­logia (ABNeuro), Rubens José Gagliardi.

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