terça-feira, 27 de setembro de 2011

Fortaleza caiu de 5º para 32º lugar em saneamento básico

Um estudo divulgado pelo Instituto Trata Brasil revela que Fortaleza, mais uma vez, caiu de posição no ranking do saneamento, com avaliação dos serviços nas 81 maiores cidades do Brasil referentes ao ano de 2009. Em 2003, quando a pesquisa começou a ser realizada, a Capital cearense ocupava a quinta colocação. Em 2009, Fortaleza caiu para a 32ª. O levantamento tem base no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis), divulgado pelo Ministério das Cidades.

As informações são fornecidas pelas empresas prestadoras de serviços de cada cidade. Para fazer o ranking, o Trata Brasil leva em consideração várias informações, tais como tratamento de esgoto por água consumida; população atendida com água tratada e com rede de esgoto e índice total de perda de água tratada. No estudo, são considerados somente os municípios com população superior a 300 mil habitantes.

O diretor de operações da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), André Facó, reconhece a importância do estudo do Instituto Trata Brasil. Porém, entende que o levantamento, pelo fato de abranger cidades de médio e grande porte, dificulta a elaboração de uma avaliação mais consistente.

"Quando você coloca todo mundo em um mesmo ranking, parece que Fortaleza está entre as piores. No entanto, quando você seleciona, neste estudo, as 14 cidades com mais de 1 milhão de habitantes, a Capital aparece na oitava posição", justifica Facó.

De acordo com o levantamento, 66 das 81 cidades analisadas informaram atender 80% ou mais da população com água tratada. Destas, 20 garantiram possuir cobertura de 100%, denotando a universalização no atendimento.

Por outro lado, 15 cidades apresentaram um atendimento inferior a 80% da população. Já em relação ao atendimento em esgoto, o índice médio foi de 57%, sendo que 28 cidades apresentaram coleta acima de 80% da população, 53 abaixo de 80% e três informaram ter 100% de coleta.

No estudo de 2009, por exemplo, Fortaleza aparece acima da média nacional no que se refere ao abastecimento de água, com 83% da população contemplada. No atendimento de esgoto, contudo, a cidade está abaixo da média, com 46% das pessoas beneficiadas. Nos dois itens, a Capital está, respectivamente, nas 64ª e 46ª colocações.

Atualmente, segundo André Facó, esses números estão melhores em Fortaleza. Ele informa que o índice de abastecimento de água já chegou a 98% e o índice de tratamento de esgoto a 52%. No Ceará, os índices chegam a 98% e 37%.

"A Cagece está investindo em obras para expandir, principalmente, a rede de esgoto, o nosso grande desafio. Porque o abastecimento de água está praticamente universalizado no Ceará", afirma Facó.

O Instituto Trata Brasil considera que o levantamento de 2009 apresenta sinais de avanços no setor de saneamento quando comparado aos anos anteriores. A evolução do atendimento voltado à água e ao esgoto, entretanto, ocorre lentamente, principalmente nas cidades mais carentes do Brasil.

NORDESTINAS

Cidade se destaca entre as capitais

Instituto reconhece investimentos da Cagece, mas afirma que a companhia pode fazer ainda mais

Embora venha apresentando constantes quedas no ranking, Fortaleza continua sendo a primeira capital do Nordeste quando o assunto é saneamento, seguida de Salvador, João Pessoa, Aracaju, Natal, São Luís, Recife, Maceió e Teresina.

O presidente do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, reconhece que os investimentos da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) na área têm sido importantes para que a cidade se destaque entre as outras capitais nordestinas. Todavia, ressalta que a empresa tem como investir ainda mais.

Segundo o Instituto Trata Brasil, em relação aos investimentos de 2009 das nove capitais nordestinas, Fortaleza aparece na 7ª posição, ganhando apenas de Natal e Aracaju. No que diz respeito às 81 cidades analisadas, Fortaleza foi a 46ª que mais investiu.

Ele explica que a nossa cidade tem condições de estar entre as mais bem colocadas do Brasil, como era em 2003, por exemplo, quando ocupava a 5ª posição no ranking. O que ocorreu, afirma, foi que vários municípios, tanto de médio quanto de grande porte, investiram mais do que a Capital cearense e conseguiram melhores avanços.

"A Cagece vem evoluindo bastante, mas não pode se contentar em ser apenas a melhor do Nordeste. O desafio é pular da melhor do Nordeste para estar entre as mais bem colocadas do Brasil", comenta Carlos.

O que ainda deixa a desejar na Capital, de acordo com o presidente do Instituto Trata Brasil, são os índices de atendimento de esgoto, um problema que, segundo explica, afeta vários municípios brasileiros. Para exemplificar, ele diz que, em 2009, mais da metade da população de Fortaleza, ou seja, 54% não tinha acesso à rede de esgoto. "É algo bastante grave porque acarreta várias doenças para as pessoas que moram na cidade", argumenta.

Sobre a afirmação do diretor de operações da Cagece, André Facó, de que o fato de o Instituto Trata Brasil colocar cidades de médio e grande porte em um único ranking seria prejudicial à avaliação, Édison Carlos afirma que o estudo é justo, sim, pois reúne cidades com perfis parecidos e que enfrentam problemas semelhantes, embora algumas apresentem mais habitantes do que outras.

"É claro que nas grandes metrópoles os desafios são maiores, tendo em vista os grandes conglomerados que se formam de forma desordenada, mas, nesses lugares, os ganhos das empresas que prestam serviços também são maiores e as condições de investimentos também", avalia.

Sobre os avanços do Ceará na área de saneamento, Édison Carlos destaca o baixo nível de perda de água, o que, de acordo com ele, é um grande progresso, pois várias cidades brasileiras, como São Paulo e Rio de Janeiro, ainda não conseguem lidar com esse problema.

Em 2009, por exemplo, Fortaleza desperdiçou apenas 27% de água. Os outros 73% foram reaproveitados.

Investimentos

Conforme André Facó, 27 bairros de Fortaleza passam, atualmente, por obras de saneamento. Em todo o Estado, explica, a Cagece está investindo R$ 320 milhões em obras de execução. Deste total, 120 milhões são referentes a obras que ainda serão licitadas.

O diretor também adianta que o Governo do Estado do Ceará procura conseguir mais R$ 170 milhões junto ao Governo Federal, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Os recursos serão destinados, principalmente, para a expansão da cobertura de esgoto, para que, até o fim de 2014, o serviço também esteja universalizado no Ceará. "O custo de implantação de uma obra de esgoto é cerca de 30% mais caro do que uma obra de água", diz.

Um dos objetivos da Cagece é também educar a população cearense para interligar suas casas às redes de esgoto, tendo em vista que, de cada 100 casas do Estado, 20 não são interligadas e utilizam o sistema de fossa.

Para os interessados em se integrar à rede de esgoto, ressalta André Facó, precisam entrar em contato com a Cagece.

Melhorias

27 bairros de Fortaleza passam, atualmente, por obras de saneamento, segundo a Cagece. A companhia diz investir R$ 320 milhões em obras de execução em todo o Ceará.

300 MIL HABITANTES

Caucaia é incluída em estudo pela primeira vez

Como são consideradas, no estudo, apenas as cidades que possuem mais de 300 mil habitantes, em relação ao ano de 2008, na lista de 2009 foi excluída a cidade de Caruaru, em Pernambuco, por ter ficado abaixo desse número, e incluído o município de Caucaia, que faz parte da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

É a primeira vez que a cidade aparece no ranking e já está na frente de 13 municípios, ocupando a 68ª colocação geral. Em relação aos índices de abastecimento de água e atendimento de esgoto, Caucaia aparece, respectivamente, nas 73ª e 63ª posições.

Motivos

Com os avanços na oferta dos serviços de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos foram muitos baixos, os principais motivos para as alterações de posição entre as dez cidades melhores posicionadas no novo ranking foram o volume de investimentos, a redução de perdas de água tratada e pequenos aumentos na tarifa média cobrada.

Em comparação entre 2009 e 2008, oito das primeiras cidades se mantiveram nesse grupo que, agora, conta com as cidades de Curitiba e Londrina, ambas do Paraná.

O estudo também revela que, no conjunto dos indicadores avaliados, estão entre as dez cidades do Brasil mais bem posicionadas: Santos (SP); Uberlândia (MG); Franca (SP); Jundiaí (SP); Curitiba (PR); Ribeirão Preto (SP); Maringá (PR); Sorocaba (SP); Niterói (RJ) e Londrina (PR).

Já entre as dez piores colocações, aparecem as cidades de Porto Velho (RO); Duque de Caxias (RJ); Belford Roxo (RJ); São João de Meriti (RJ); Belém (PA); Nova Iguaçu (RJ); Anandideua (PA); Macapá (AP); Jaboatão dos Guararapes (PE) e Canoas (RS).

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