quarta-feira, 9 de maio de 2012

Um em cada seis cânceres é causado por infecções evitáveis ou tratáveis

Das 7,5 milhões de mortes por câncer no mundo em 2008, aproximadamente 1,5 milhão foi causada por infecções tratáveis

Câncer cervical: dados do Instituto Nacional de Câncer estimam 4.520 casos novos de câncer do corpo do útero em 2012, com um risco estimado de 4 casos a cada 100.000 mulheres Câncer cervical: dados do Instituto Nacional de Câncer estimam 4.520 casos novos de câncer do corpo do útero em 2012, com um risco estimado de 4 casos a cada 100.000 mulheres (Thinkstock)
De cada seis casos de câncer, um é causado por infecções que poderiam ser prevenidas ou tratadas. O dado alarmante foi divulgado nesta terça-feira, em uma pesquisa publicada na versão online do periódico The Lancet Oncology. Segundo o estudo, agentes infecciosos causam, todos os anos, cerca de dois milhões de novos cânceres, dos quais 80% ocorrem em regiões em desenvolvimento. Das 7,5 milhões de mortes pela doença que aconteceram no mundo em 2008, estima-se que 1,5 milhão tenha sido causada por infecções tratáveis e preveníveis.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Global burden of cancers attributable to infections in 2008: a review and synthetic analysis

Onde foi divulgada: periódico The Lancet Oncology

Quem fez: Catherine de Martel e equipe

Instituição: Agência Internacional para Pesquisa em Câncer, na França

Resultado: De cada seis casos de câncer registrados no mundo em 2008, um havia sido causado por infecções que poderiam ter sido evitadas ou tratadas. A prevenção, com vacinas e profilaxias bacterianas, por exemplo, poderia evitar cerca de 1,5 milhão de mortes ao ano.
"Infecções por vírus, bactérias ou parasitas são uma das principais causas preveníveis de câncer no mundo. A aplicação de métodos preventivos que já existem, como a vacinação e tratamentos antimicrobiais, poderia ter um efeito substancial na queda da incidência do câncer", afirmam os coordenadores do estudo, Catherine de Martel e Martyn Plummer, da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer, na França.
Pobres são os mais atingidos — A equipe usou dados de um grupo de fontes – entre elas, a Globocan (base de dados sobre o câncer da Organização Mundial da Saúde) — que reúne a incidência estimada de 27 cânceres em 184 países. Os cálculos indicaram que 16% dos cânceres no mundo em 2008 tinham relação com alguma infecção. Apenas nos países em desenvolvimento, a porcentagem de cânceres relacionados a essas infecções foi três vezes maior (22,9%, frente a 7,4% nos desenvolvidos). Essa porcentagem, no entanto, variou muito entre regiões, indo de 3,3% na Austrália e Nova Zelândia a 32,7% na África Subsaariana.
"Muitos cânceres infecto-relacionados são preveníveis, particularmente aqueles associados com HPV, Helicobacter pylori (bactéria que ataca o estômago) e hepatite B (HBV) e C (HCV)", dizem os autores. Segundo eles, juntas, essas quatro principais infecções são responsáveis por estimados 1,9 milhão de casos — a maioria são cânceres gástrico, cervical e hepático.
O câncer cervical (ou de colo de útero) representa cerca de metade da incidência de câncer em mulheres. Em homens, os cânceres gástrico e de fígado somam mais de 80%. "A reunião de 2011 das Nações Unidas sobre as doenças não contagiosas salientou a crescente preocupação para prevenção e controle dessas doenças. Embora o câncer seja considerado uma doença não contagiosa, uma proporção considerável de sua causa é infecciosa", alertam os pesquisadores.
Em um comentário anexo à pesquisa, Goodarz Danaei, da Escola de Saúde Pública da Faculdade de Medicina de Harvard, afirma: "Desde que vacinas efetivas e de custo relativamente baixo para o HPV e o HBV se tornaram disponíveis, o aumento da cobertura deveria ser uma prioridade para sistemas de saúde em países com grande incidência dessas doenças."

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