quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Decisão é aprovada por médicos do Estado

Hormônios usados, alertam médicos, podem causar alterações metabólicas e cardiovasculares
A resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), publicada no último dia 19 no Diário Oficial da União, que proíbe aos médicos do País a indicação e a aplicação dos chamados tratamentos antienvelhecimento, com a utilização hormônios, antioxidantes ou vitaminas, repercutiu e encontrou boa aceitação entre os médicos cearenses.

O presidente em exercício do Cremec diz que envelhecer é natural e não há provas de que as substâncias atrasem este processo biológico Foto: Marília Camelo


De acordo com o CFM, o tratamento com hormônios, vitaminas e antioxidantes não teria o resultado esperado, e o uso dessas substâncias é permitido apenas em caso de deficiência no organismo diagnosticada.

Ontem, o presidente em exercício do Conselho Regional de Medicina no Ceará (Cremec), Lúcio Flávio Gonzaga Filho, lembrou que as entidades há tempo vinham preocupados com a questão, que culminou com a publicação da Resolução 1999/2012, "que deve ser obedecida por todos os médicos brasileiros, sob pena de serem punidos por seus órgãos de fiscalização profissional".

Os Conselhos Regionais de Medicina de todo o Brasil, incluindo o Cremec, estão atentos, garantiu Lúcio Flávio Gonzaga Filho. Mas, embora no mês de agosto passado o Diário do Nordeste tenha publicado matéria mostrando que dois médicos cearenses foram citados no programa Fantástico da Rede Globo, por oferecerem tratamentos hormonais rejuvenescedores ineficazes, o presidente do Cremec preferiu apenas esclarecer que os conselhos profissionais "agem a partir de denúncias ou quando tomam conhecimento de casos que se tornam públicos, por exemplo via imprensa".

Além de ressaltar que envelhecer é um processo biológico e natural do ser humano, o médico Lúcio Flávio Gonzaga Filho informou não haver comprovação científica "de nexo causal entre deficiências hormonais ou de substâncias outras e o processo de envelhecimento". Essas substâncias são potencialmente danosas para o ser humano e oferecem riscos de efeitos adversos graves, alertou.

Os hormônios, por exemplo, só devem ser usados por pacientes com deficiência comprovada deles, por exame médico e laboratoriais. "Do contrário, podem causar distúrbios importantes na saúde das pessoas, incluindo alterações metabólicas, cardiovasculares e até mesmo o câncer", citou.

Segundo o médico endocrinologista e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM)no Ceará, Glauber Rocha, os estudos científicos mostram que esses tratamentos são ineficazes. "Sem dúvida, a medida do Conselho é bem-vinda", disse, adiantando que SBEM já havia feito recomendações semelhantes aos seus associados. "Os endocrinologistas que prezam pela boa prática não deveriam fazer uso dessas substâncias", frisou.

Necessárias
As recomendações da SBEM, contudo, não possui força de normatização. "Mas o CFM tem o poder de ditar as normas que regem a profissão médica e julga-as necessárias", esclareceu, observando que a prática de uso de terapia antienvelhecimento é prescrita por profissionais das áreas mais diversas, como clínicos, ginecologistas e até ortopedistas e, principalmente, pelos ortomoleculares, e nem sempre estes têm diploma médico.

MOZARLY ALMEIDAREPÓRTER

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