Hormônios usados, alertam médicos, podem causar alterações metabólicas e cardiovasculares
A
resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), publicada no último
dia 19 no Diário Oficial da União, que proíbe aos médicos do País a
indicação e a aplicação dos chamados tratamentos antienvelhecimento, com
a utilização hormônios, antioxidantes ou vitaminas, repercutiu e
encontrou boa aceitação entre os médicos cearenses.
O
presidente em exercício do Cremec diz que envelhecer é natural e não há
provas de que as substâncias atrasem este processo biológico Foto:
Marília Camelo
De acordo com o CFM, o tratamento com
hormônios, vitaminas e antioxidantes não teria o resultado esperado, e o
uso dessas substâncias é permitido apenas em caso de deficiência no
organismo diagnosticada.
Ontem, o presidente em exercício do
Conselho Regional de Medicina no Ceará (Cremec), Lúcio Flávio Gonzaga
Filho, lembrou que as entidades há tempo vinham preocupados com a
questão, que culminou com a publicação da Resolução 1999/2012, "que deve
ser obedecida por todos os médicos brasileiros, sob pena de serem
punidos por seus órgãos de fiscalização profissional".
Os
Conselhos Regionais de Medicina de todo o Brasil, incluindo o Cremec,
estão atentos, garantiu Lúcio Flávio Gonzaga Filho. Mas, embora no mês
de agosto passado o Diário do Nordeste tenha publicado matéria mostrando
que dois médicos cearenses foram citados no programa Fantástico da Rede
Globo, por oferecerem tratamentos hormonais rejuvenescedores
ineficazes, o presidente do Cremec preferiu apenas esclarecer que os
conselhos profissionais "agem a partir de denúncias ou quando tomam
conhecimento de casos que se tornam públicos, por exemplo via imprensa".
Além
de ressaltar que envelhecer é um processo biológico e natural do ser
humano, o médico Lúcio Flávio Gonzaga Filho informou não haver
comprovação científica "de nexo causal entre deficiências hormonais ou
de substâncias outras e o processo de envelhecimento". Essas substâncias
são potencialmente danosas para o ser humano e oferecem riscos de
efeitos adversos graves, alertou.
Os hormônios, por exemplo, só
devem ser usados por pacientes com deficiência comprovada deles, por
exame médico e laboratoriais. "Do contrário, podem causar distúrbios
importantes na saúde das pessoas, incluindo alterações metabólicas,
cardiovasculares e até mesmo o câncer", citou.
Segundo o médico
endocrinologista e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de
Endocrinologia e Metabologia (SBEM)no Ceará, Glauber Rocha, os estudos
científicos mostram que esses tratamentos são ineficazes. "Sem dúvida, a
medida do Conselho é bem-vinda", disse, adiantando que SBEM já havia
feito recomendações semelhantes aos seus associados. "Os
endocrinologistas que prezam pela boa prática não deveriam fazer uso
dessas substâncias", frisou.
Necessárias
As
recomendações da SBEM, contudo, não possui força de normatização. "Mas o
CFM tem o poder de ditar as normas que regem a profissão médica e
julga-as necessárias", esclareceu, observando que a prática de uso de
terapia antienvelhecimento é prescrita por profissionais das áreas mais
diversas, como clínicos, ginecologistas e até ortopedistas e,
principalmente, pelos ortomoleculares, e nem sempre estes têm diploma
médico.
MOZARLY ALMEIDAREPÓRTER
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
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