Chega ao Brasil exame genético que promete indicar com 95% de precisão se há nódulos malignos na glândula
Mônica Tarantino (monica@istoe.com.br)
O diagnóstico
da natureza dos nódulos de tireoide é um daqueles dilemas para os quais a
medicina ainda busca soluções mais eficientes. Se forem benignos, podem
ser monitorados pelo resto da vida. Se malignos, devem ser extraídos, o
que implicará provavelmente retirada de parte da glândula e necessidade
de fazer reposição hormonal contínua dos hormônios tireoidianos.
O mais novo progresso nesse campo é um
teste que analisa a expressão de 167 genes encontrados em amostras de
tecido aspiradas do próprio nódulo por meio de uma agulha muito fina.
Primeiro a chegar ao País por meio de uma parceria entre o Fleury
Medicina Diagnóstico e a empresa Genzyme, o exame identifica falhas na
expressão dos 142 genes associados aos nódulos inofensivos e de 25 genes
vinculados aos nódulos tumorais. Cada um desses genes é responsável por
instruir as células envolvidas no funcionamento da tireoide a produzir
substâncias específicas.

DECISÃO
Rosa diz que exame ajudará a evitar cirurgias desnecessárias
Os exames genéticos são uma opção muito
esperada para avançar no diagnóstico quando a análise das células
obtidas pela punção deixa dúvidas, o que ocorre entre 15% e 30% dos
casos. Até agora, o único recurso para elevar a margem de acerto era
pedir aos laboratórios de análises clínicas para avaliarem novamente os
tecidos em busca de marcadores tumorais (substâncias produzidas pelos
tumores) nesses tecidos. “Com essa prova, que chamamos de
imuno-histoquímica, a incerteza pode se restringir a 10% dos casos. E a
esses pacientes eu recomendo a cirurgia para a extração da glândula”,
diz a endocrinologista Maria Fernanda Barca, de São Paulo, com doutorado
em doenças da tireoide.Esse tipo de resultado, no entanto, só é
alcançado quando os testes são feitos em laboratórios muito bons,
analisados por ótimos patologistas e entregues a médicos experientes e
atualizados. Não é o que acontece normalmente no Brasil. Por isso, o
número de pacientes operados acaba sendo muito maior, atingindo quase
metade daqueles que fizeram a punção. As estatísticas internacionais
apontam que apenas 5% de todos os nódulos são, de fato, malignos.
Considerando o contexto, a possibilidade de
realizar um teste genético para elevar a acurácia do diagnóstico é
muito oportuna. “A função do exame genético é auxiliar o médico na
decisão de evitar uma cirurgia desnecessária”, diz a médica Rosa Paula
Biscolla, assessora em endocrinologia do Fleury Medicina e Saúde.
De acordo com a Genzyme, empresa fabricante
do teste, o kit aponta com 95% de precisão se o nódulo é benigno. No
entanto, em 5% dos casos há chance de, apesar de o exame não indicar
malignidade, ser realmente câncer.
O novo teste custa R$ 9 mil e, por
enquanto, não é coberto pelos planos de saúde. Por ano, no Brasil, são
descobertos 9.050 novos casos de câncer de tireoide, conforme o
Instituto Nacional do Câncer.

Nenhum comentário:
Postar um comentário