Novos estudos mostram que o desleixo da família à mesa é uma das causas de um mal crescente: a obesidade infantil
Por
Carolina Melo, Thaís Botelho
Camila Carneiro (9 anos, 40 quilos). Camila
passou grande parte da infância testemunhando a luta contra a balança de
seu irmão mais velho, Arthur. Por causa dele, os pais aboliram
radicalmente do cardápio doméstico salgadinhos, sanduíches e doces. A
atitude fez o garoto entrar em forma. Mas ela começou a comer escondido
os alimentos excluídos. (Cristiano Mariz/VEJA)
Há apenas quinze dias, pela primeira vez em duas
décadas, os Estados Unidos fizeram um anúncio preocupante: houve uma
queda na expectativa de vida de seus cidadãos. Entre as mulheres, a
idade média caiu de 81,3 anos, em 2014, para 81,2 anos, em 2015. Entre
os homens, de 76,5 anos para 76,3 anos. É pouco, apenas uma questão de
meses, mas a reversão da tendência de crescimento da expectativa de vida
é um tremendo sinal vermelho. Um dos motivos para a queda, que ainda
pede novas rodadas de investigação, está nos pratos que vão à mesa e,
sobretudo, no que há entre duas fatias de pão de hambúrguer e gergelim.
Some-se à constatação dos anos subtraídos a epidemia de obesidade
infantil que assola os Estados Unidos, e eis então um quadro delicado.
O excesso de peso acomete cerca de 30% das crianças americanas — taxa
equivalente à do Brasil. Diz David Ludwig, diretor do programa de
obesidade no Children’s Hospital Boston: “A obesidade entre crianças e
adolescentes é tão evidente que esta geração poderá ser a primeira na
história americana a ter vida mais curta que a de seus pais”. Estudos
recentemente divulgados não deixam espaço para dúvida: a culpa é dos
pais. A forma como eles se comportam à mesa e como educam seus filhos em
relação à alimentação é o atalho mais curto para um dos males de nosso
tempo.
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