domingo, 28 de fevereiro de 2010

Mamógrafos sem uso no Brasil

Rio - Cerca de 40% dos mamógrafos da rede pública de saúde do Brasil estão inutilizados, segundo relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) divulgado ontem. No estado do Rio, a média de inatividade dos aparelhos é de 38%. Eles estão quebrados, sem manutenção ou não há profissionais para operá-los. De acordo com o levantamento, os 1,7 mil mamógrafos disponíveis para atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) seriam capazes de atender todas as brasileiras com idades entre 50 e 69 anos, alvos de campanhas do Ministério da Saúde contra o câncer de mama. Entretanto, só 35% desse público é atendido. O órgão afirma que, apesar de a maioria dos aparelhos estarem na rede pública, 80% dos exames são realizados em hospitais particulares conveniados ao SUS em 11 estados do País — entre eles, o Rio. A pesquisa do TCU detectou discrepâncias no sistema que organiza a quantidade de exames realizados. De acordo com o órgão, 272 unidades de saúde tiveram produção de exames de mamografia registrados entre maio de 2008 e abril de 2009, mas não há cadastro de mamógrafos existente nesses locais.
O TCU ressaltou que 23 unidades da rede pública do Rio contam com mamógrafos, mas não há registro de exames feitos entre 2008 e 2009. Entre elas, estão o Instituto Fernandes Figueira, da Fiocruz, o Instituto de Assistência dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro (Iaserj), o Hospital Geral de Bonsucesso (federal), o Hospital Estadual Carlos Chagas e até o Hospital II do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, o mamógrafo que existia no Carlos Chagas foi consertado e enviado para um hospital em Santo Antônio de Pádua. Já o Iaserj não possui o aparelho. O Inca esclareceu que a unidade II deixou de ter mamógrafo em 2005. A Fiocruz informou que mantém equipamento em funcionamento desde 1995. O Ministério da Saúde disse que a máquina do HGB sempre funcionou.
Médicos cobram soluçãoPara a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o relatório do TCU não surpreende. “Há muito tempo a SBM alerta que o problema não é falta de mamógrafos, mas a subutilização dos mesmos”, diz o presidente da entidade, Ricardo Chagas. De acordo com ele, além de equipamentos encaixotados e quebrados, as pacientes enfrentam filas para agendar consultas e há falta de profissionais experientes nas unidades.
“É preciso cobrar das autoridades melhorias no atendimento, na utilização dos mamógrafos e nas campanhas de alerta para a população”, ressaltou.
TUMOR QUE MAIS AFETA MULHERES
Segundo tipo mais frequente no mundo, o câncer de mama é o mais comum entre as mulheres, respondendo por 22% dos casos novos a cada ano. O Inca estima que 49.240 brasileiras terão a doença esse ano.
Mulheres com história familiar de câncer de mama, especialmente se uma ou mais parentes de primeiro grau (mãe ou irmãs) foram acometidas antes dos 50 anos, têm maior risco de desenvolver a doença. Esse grupo deve ser acompanhado por médico a partir dos 35 anos. Primeira menstruação precoce, menopausa após os 50 anos, primeira gravidez após os 30 anos e não ter tido filhos também são fatores de risco para o câncer de mama.

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