sexta-feira, 4 de julho de 2014

IJF tem 66 pacientes atendidos no corredor

Por causa da Copa do Mundo e dos festejos juninos, o Frotão está tendo aumento superior à demanda normal

ijf
Normalmente, o hospital inicia o fim de semana com aproximadamente 30 pacientes sendo atendidos nos corredores da emergências
FOTO: FABIANE DE PAULA
As festas realizadas para receber os turistas brasileiros e estrangeiros que vieram a Fortaleza acompanhar os jogos da Copa do Mundo, somadas aos festejos juninos, comuns nesse período, levaram o Instituto Doutor José Frota (IJF) a operar com a capacidade superior à demanda normal, que já era de superlotação.
Joana Maciel, superintendente-adjunta do Frotão reclama da superlotação e informa que o hospital, que geralmente inicia o fim de semana com aproximadamente 30 pacientes sendo atendidos nos corredores da emergência, está com 66.
A gestora explica que além do hospital estar com muitos pacientes fora do perfil de atendimento da unidade - de alta complexidade -, a demanda aumentou consideravelmente por causa das festas que a cidade está promovendo. "As pessoas se excedem no álcool e acabam se envolvendo em acidentes automobilísticos e em agressões por arma branca e de fogo", explica.
Joana deixa claro que, sozinho, o IJF não tem como dar conta de toda a demanda. "Apesar de não ter ocorrido nenhuma catástrofe e nem acidente envolvendo múltiplas vítimas, nós estamos tendo um aumento superior à demanda normal", frisa. A expectativa, acrescenta a gestora, é que depois da Copa o movimento diminua e seja feita uma reestruturação na rede secundária, para que os casos mais simples não cheguem ao IJF.
Drama
Internado no Frotinha de Messejana após sofrer um acidente de moto no município de Ocara, situado a 101 km da Capital, o aposentado José Castelo Sobreiro, 74, segue há 15 dias aguardando surgir uma vaga no IJF para que possa ser transferido e, finalmente, realizar a sua cirurgia, já que o Frotinha não faz.
Enquanto a vaga não aparece, a situação de seu Sobreiro se agrava. "Nós ficamos preocupado porque ele é uma pessoa de idade e a gente vê que o estado de saúde dele está piorando. Ele tem que ser transferido o mais rápido possível para fazer a cirurgia", afirma Francisco Evando Alves Castelo, 36, filho do aposentado. Assim como seu Sobreiro, outras sete pessoas que estão em seu mesmo quarto aguardam transferência para o IJF.
Alex Mont'Alverne, coordenador do Centro Integrado de Operações Conjuntas em Saúde (Ciocs) garante que a Copa não está sobrecarregando os hospitais da rede pública. Para ele, esse aumento é decorrente do período de férias e dos festejos juninos, com o aumento de brigas e acidentes de trânsito.
Para não sobrecarregar a rede, Mont'Alverne informa que foi organizada uma estrutura para atender as demandas diretamente relacionadas aos jogos do Mundial e aos turistas. Ela envolve dois Postos Médicos Avançados (PMAs) no Aterro da Praia de Iracema, para a Fan Fest, um gerenciado pelo estado e outro pelo município, uma estrutura similar no Castelão em dias de jogos na Capital, além de dois postos que foram reformados e podem atender como PMA.
Até o momento, foram realizados 1.933 atendimentos relacionados à Copa. Destes, 69 foram transferidos para hospitais ou Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Já o IJF realizou, até agora, 67 atendimentos de procura direta e transferências.
Crescem riscos de ataque cardíaco
Momentos de tensão se tornam mais comuns durante os jogos da Copa do Mundo, sobretudo nas partidas decididas por meio de pênaltis. Os riscos de infarto e picos de pressão alta são reais, principalmente para quem é cardíaco, hipertenso ou já teve Acidente Vascular Cerebral (AVC), infarto ou angina. E também para os diabéticos.
Há fatores que desencadeiam os problemas, como informa o cardiologista João David de Sousa Neto, do Hospital Dr. Carlos Alberto Studart Gomes - Hospital do Coração de Messejana. São eles: bebida em excesso, tabagismo e estresse.
O médico lembra que uma partida de futebol é um momento de tensão grande, por mexer com as emoções. Assim como sofrer um assalto ou a perda de uma pessoa da família. "Os cardíacos guardam um gatilho que a qualquer momento pode ser ativado". O especialista explica que nos momentos de estresse a pressão sobe e há a liberação das catecolaminas, hormônios como a adrenalina, noradrenalina e dopamina, libertados pela glândula suprarrenal que aceleram o metabolismo, aumentando a velocidade do sangue. Isso pode provocar infarto.
No entanto, casos extremos não têm ocorrido com frequência nesta Copa. As pessoas costumam, sim, se proteger dos riscos. "Pacientes que vêm para se consultar comigo me pediram, nos últimos dias, para fazer um check up a fim de saber se têm algum problema cardíaco", informa o cardiologista. Outro risco é não saber que tem a doença, como aponta João David. "Tem gente que tem colesterol alto, o que pode causar outros problemas", alerta.
As dicas para evitar acidentes graves é ter cuidado com a alimentação e controlar a pressão arterial. Para o cardíacos, tomar os remédios nas horas certas, evitar estresses e excesso de bebidas alcoólicas.
Na emergência do Hospital do Coração de Messejana, não houve alteração no número de atendimentos por conta da Copa, mas a unidade recebeu o caso de um estrangeiro que sofreu infarto em um dos jogos. Apenas dois casos graves ligados a enfermidades do coração aconteceram nos Postos Médicos Avançados (PMA's). Um costarriquenho sofreu um infarto e uma trabalhadora da Arena Castelão sentiu um mal-estar cardíaco. Ambos receberam o primeiro socorro no estádio e foram transferidos para outras unidades.
Casos
Em números, 60% dos atendimentos foram por causas clínicas e 40% traumáticas. Segundo o superintendente do Núcleo de Urgência e Emergência da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa), Alex Mont'Alverne, 94% dos casos foram resolvidos nas próprias unidades avançadas e somente 6% foram encaminhados para hospitais, o que representa 120 pessoas, em 20 dias de evento.
O superintendente revela que os PMA's estão preparados para prestar o primeiro atendimento nos casos de complicações cardíacas. São três postos avançados, um localizado dentro do Castelão, outro fora da Arena e dois no Aterro na Praia de Iracema (funcionam de 11h às 21h30 nos dias dos shows).
Além disso, há dois postos de saúde nas proximidades do estádio e Unidades de Pronto Atendimento (UPA's) do José Walter, Jangurussu e Itaperi, que também servem à demanda dos jogos. Foram mais de 1.900 atendimentos desde o início do Mundial. Os PMA's recebem entre 20 e 40 pacientes por dia. Os pontos do Castelão abrem três horas antes das partidas.
SAIBA MAIS
Dicas para evitar acidentes cardíacos:
1) Poupar-se de estresses;
2) Controlar pressão arterial;
3) Evitar excesso de bebidas alcoólicas;
4) Tomar remédios na hora certa;
5) Evitar comidas gordurosas.
Luana Lima
Repórter

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