sábado, 27 de novembro de 2010

Governo lança plano para reduzir mortes por câncer de colo do útero

SÃO PAULO - O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, anuncia nesta sexta-feira, 26 - para marcar o Dia Nacional de Combate ao Câncer, lembrado neste sábado, 27 -, um plano de ação para redução da incidência e da mortalidade por câncer do colo do útero, com um investimento de R$ 115 milhões para prevenção e controle da doença.
O foco das ações será a Região Norte, onde são confirmados mais casos. O principal objetivo é colocar em prática iniciativas em várias áreas, que, somadas, serão capazes de melhorar o diagnóstico e o tratamento da lesão precursora, evitando o surgimento do câncer de colo do útero. Dessa forma, o avanço registrado em prevenção poderá se converter em redução da mortalidade.
O câncer do colo do útero é o segundo tumor mais frequente na população feminina, atrás apenas do de mama, e a quarta causa de morte de mulheres por tumor no Brasil. Por ano, é responsável por 4.800 óbitos e apresenta 18.430 novos casos.
A boa notícia é que o País tem avançado na capacidade de realizar o diagnóstico precoce: na década de 1990, 70% dos casos diagnosticados eram de doença invasiva, ou seja, o estágio mais agressivo do câncer. Uma nova pesquisa divulgada pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) revela que, atualmente, 44% das ocorrências são de lesão precursora do tumor, uma lesão localizada chamada "in situ". As pacientes diagnosticadas precocemente, se tratadas de forma adequada, têm praticamente 100% de chance de cura.
Os dados sobre o câncer do colo do útero no Brasil fazem parte do quarto volume da publicação "Câncer no Brasil - Dados dos Registros de Câncer de Base Populacional". O livro revela a incidência dos tumores mais comuns no País, entre 2000 e 2005, coletados em 17 cidades, sendo 16 capitais. A última edição da pesquisa foi em 2003, com dados de 1995 a 2000. Os números provenientes dos municípios que efetivamente monitoram novos casos da doença são uma espécie de bússola que norteia a estimativa da ocorrência do câncer no território nacional. Diferenças regionais
O que motivou o Ministério da Saúde e o Inca a elaborar um plano de ação para prevenir e controlar o câncer do colo do útero, com foco nos Estados da Amazônia, é a disparidade regional em relação aos casos da doença. No Norte, o tumor do colo do útero é o mais frequente e também a primeira causa de morte por câncer da população feminina local.
De acordo com informações dos Registros de Câncer de Base Populacional, em Manaus e Palmas, no extremo norte do País, a taxa de novos casos da doença para cada cem mil mulheres é de 50,59 e 49,38, respectivamente. Já em Porto Alegre, extremo sul, é de 20,05 para cada cem mil mulheres, e em São Paulo, no Sudeste, de 16,47.
Apesar de a incidência de câncer do colo do útero ainda ser alta na Região Norte, a detecção precoce avançou bastante. Em Manaus, a pesquisa lançada em 2003 revelava que a taxa de incidência era de 63,71, e em Palmas, 52,16%. “O avanço na detecção precoce é resultado do programa nacional, mas, sem dúvida, precisamos ir além no Norte, por isso elaboramos o plano de ação, com foco nessa região”, afirma o coordenador de Ações Estratégicas do Inca, Cláudio Noronha.
“Enquanto os registros de base populacional nos dão a magnitude do problema do câncer do colo do útero, as propostas do plano apontam para iniciativas capazes de reduzir a incidência e mortalidade pela doença no Brasil”, acrescenta. Noronha explica ainda que o câncer chamado "in situ", também conhecido como “lesão precursora”, é tão superficial que não chega a invadir a membrana do colo do útero (epitélio). Por isso, se for tratado adequadamente, é eliminado, impedindo a progressão da doença.
Detecção precoce e prevenção
O câncer do colo do útero é passível de prevenção, pois apresenta lesões precursoras que podem ser detectadas por meio de exame ginecológico ou Papanicolaou, e então tratadas. O exame consiste na coleta de material do colo do útero, que possibilita o diagnóstico.
No Brasil, o rastreamento populacional para prevenção ao câncer do colo do útero é recomendado, prioritariamente, para mulheres de 25 a 59 anos, por meio da realização do Papanicolaou. A periodicidade ideal para esse exame específico é a cada três anos, após dois exames ginecológicos normais e consecutivos, feitos no intervalo de um ano.
A Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (PNAD), do IBGE, destaca que o percentual de mulheres na faixa etária alvo submetidas pelo menos uma vez na vida ao Papanicolaou aumentou de 82,6% em 2003 para 87,1% em 2008.
O Ministério da Saúde destaca, no entanto, que a meta a ser atingida é que 80% das mulheres brasileiras dessa faixa etária façam um preventivo ou Papanicolaou a cada três anos.
A maior incidência do câncer do colo do útero, no entanto, se dá em mulheres entre 45 e 49 anos e, por ser um tipo que evolui lentamente, a detecção precoce e o tratamento de lesões precursoras têm potencial de cura e redução da mortalidade em até 80%.

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