O número de casos de sífilis congênita no Ceará quase triplicaram em
oito anos. Saltou de 366 em 2005, para 965 no ano passado, o que
representa crescimento de 163,6%. Chama atenção que dos casos
registrados em 2012, 60% (579) estão concentrados em Fortaleza. Outro
dado de alerta é que mais da metade das crianças tiveram o diagnóstico
somente no momento do parto ou pós-parto. Neste ano, já são 502
confirmações da doença, até o último dia 11 de setembro, sendo 266 (53%)
na Capital, conforme dados da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).
Os
altos índices no Estado refletem uma falha no pré-natal, que não
estaria sendo realizado de forma completa pelos municípios cearenses
FOTO: HELOSA ARAÚJO
O órgão também alerta que entre 70% e
100% das mulheres com sífilis não tratada ou cuidada inadequadamente
transmitem a doença para os seus bebês durante a gravidez. Acrescenta
ainda que os problemas relacionados a essa doença podem ser evitados com
medidas de proteção e prevenção realizadas em um pré-natal de qualidade
pelas equipes de saúde da família em cada município.
Parto
O
coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Sesa, Manoel Fonsêca,
explica que os casos de sífilis congênita cresceram após o Ministério da
Saúde estabelecer como condição para o pagamento da Autorização de
Internação Hospitalar (AIH) a realização do teste de sífilis e HIV na
hora do parto.
O gestor salienta que os altos índices no Estado
refletem uma falha no pré-natal, que não estaria sendo realizado de
forma completa pelos municípios cearenses, uma vez que a cobertura de
pré-natal pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado do Ceará é de 90%.
Durante
a gestação, a mulher deve fazer, pelo menos, um total de três testes
VDRL (do inglês, Venereal Disiease Research Laboratory): no começo da
gestação, no terceiro trimestre e na hora do parto.
Ao descobrir a
sífilis na hora do parto, são várias as complicações que o bebê pode
vir a ter. Entre eles, cita o gestor, problemas neurológicos,
convulsões, baixo peso, má formação óssea, parto pré-maturo e até a
morte do bebê ao nascer, sem motivo aparente. Para o coordenador da
Sesa, o grande desafio é tratar a mãe e o parceiro durante a gravidez,
uma vez que a mãe é infectada pelo companheiro.
FIQUE POR DENTRO
Doença pode se manifestar em três estágios
A
sífilis é uma doença infecciosa causada pela bactéria Treponema
pallidum e pode se manifestar de forma temporária, em três estágios. Os
principais sintomas ocorrem nas duas primeiras fases, período em que a
doença é mais contagiosa.
O terceiro pode não apresentar sintoma,
o que dá a falsa impressão de cura. Com o desaparecimento dos efeitos, o
que acontece com frequência, as pessoas se despreocupam e não buscam
diagnóstico.
terça-feira, 17 de setembro de 2013
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