Somente em Fortaleza, já foram registrados 110 casos da doença em humanos, conforme a Secretaria Municipal
Neste
ano, 110 pessoas em Fortaleza foram infectadas pela leishmaniose,
doença conhecida como calazar. Desse total, sete morreram - sendo três
deles já portadores de outras doenças, o que aumenta as chances de óbito
- segundo números da Coordenadoria de Combate à Doença da Secretaria
Municipal de Saúde (SMS). Conforme o médico veterinário e coordenador do
programa, Arturo Carvalho, neste mesmo período, 4,1 mil cachorros foram
contaminados. Número 152% maior do que esse espaço de tempo em 2012,
quando 1.618 contraíram a doença.
O
Hospital Veterinário da Universidade Estadual do Ceará (Uece) oferece
cuidados para animais como cachorros, que costumam contrair a doença
FOTO: JOSÉ LEOMAR
Entre os bairros que merecem atenção
redobrada por parte da SMS estão a Barra do Ceará, com seis casos neste
ano, e uma média de 11 registros confirmados por ano. Depois aparece
Messejana, com média de oito ocorrências anuais; Bom Jardim, com
6,3/ano; Jangurussu, com a mesma média; Jardim Iracema, com média de
seis casos/ano; Antônio Bezerra, com 5,7; Mondubim (5,3/ano), Cristo
Redentor e Vila Velha, cada com média anual de 4,7 casos.
"Fortaleza,
desde o ano de 2005, tem apresentado um crescimento do número de casos
humanos e óbitos por essa enfermidade", lamenta Arturo. No entanto, diz,
esse fato não é restrito à capital cearense. "Também problema sanitário
em várias cidades nordestinas, devido a fatores climáticos, ambientais e
graves deficiências estruturais, como por exemplo, a falta de
saneamento básico", frisa.
Exames
Calazar
é prevenção, enfatiza ele, acrescentando que o trabalho é realizado o
ano inteiro. Ele diz que se deve levar os cães para exames
periodicamente, não só quando existe a suspeita de doenças. Devem ser
usados produtos veterinários para repelir o mosquito transmissor, além
de evitar acúmulo de matéria orgânica em locais úmidos.
De acordo
com informações do veterinário, crianças de zero a dez anos de idade,
assim como adultos com mais de 60, estão no grupo de pessoas mais
vulneráveis à doença. Arturo alerta para um fator importante: o calazar,
muitas vezes, é assintomático. "Nesses casos, o cachorro ou o humano é
infectado sem saber e continuará transmitindo a leishmaniose", salienta.
Por isso, alerta Arturo, é preciso atenção: muitas pessoas apresentam
os primeiros sintomas, como indisposição, febre intermitente e dor de
cabeça, mas são diagnosticadas com virose.
O infectologista
Anastácio Queiroz explica que os óbitos em humanos geralmente ocorrem
nos casos mais graves da doença e quando acomete pessoas acima de 60
anos ou crianças pequenas, com menos de seis meses de vida. Sobre o
diagnóstico da doença, ele afirma ser necessário a observação dos
sintomas, como febre por mais de duas semanas, volume do abdômen
aumentado, anemia ou índice de plaquetas baixas. "São sinais de alerta
para o calazar".
A leishmaniose visceral é transmitida ao homem,
principalmente, por meio da picada do mosquito flebotomíneo. É uma
doença crônica. A cura no homem é de 95%.
LÊDA GONÇALVESREPÓRTER
sexta-feira, 20 de setembro de 2013
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