sábado, 15 de setembro de 2012

Estado será produtor único da vacina no País

Fiocruz vai construir a primeira fábrica Bio-Manguinhos do Nordeste no município do Eusébio
Uma revolução no setor farmacoquímico do Ceará deve ser iniciada a partir do próximo ano no Ceará. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), irá construir, no município do Eusébio, a primeira fábrica de vacinas Bio-Manguinhos do Nordeste. Inicialmente, a unidade deve produzir a vacina contra febre amarela e se tornará a única do Brasil a desenvolver o medicamento. Além de abastecer todos os Estados brasileiros, a vacina deve ser exportada para países asiáticos e africanos. A expectativa é que, até 2015, a unidade já esteja funcionando.


De acordo com o secretário da Saúde do Ceará, Arruda Bastos, a fábrica será capaz de abastecer o mercado interno e externo do País com o medicamento. Posteriormente, outras vacinas devem ser desenvolvidas Foto: Kid Júnior

O projeto da fábrica foi apresentado na manhã de ontem, na sede da Sesa. A unidade terá cerca de 84 mil metros quadrados de área construída.

O programa faz parte do Polo Industrial e Tecnológico da Saúde, que também deve ser instalado no Eusébio, e prevê, além da fábrica, um prédio de gestão e ensino com 13 mil metros de área e 23 salas de aula com capacidade para 560 alunos e um prédio de pesquisa de 15 mil metros quadrados de área, com 15 laboratórios e um auditório. As construções ocuparão 30 mil metros quadrados de uma área total urbanizada de 40 mil metros quadrados.

O terreno para a construção da fábrica foi doado pela Prefeitura do Eusébio, mas, segundo a Fiocruz, ainda não há um projeto arquitetônico, pois ainda aguardam decisões burocráticas. Diante disso, não há previsão de investimento nos serviços. A fábrica será a segunda do Brasil, a primeira fica localizada no Rio de Janeiro.

Segundo o secretário da Saúde do Estado, Arruda Bastos, a fábrica irá produzir vacinas de forma inovadora capaz de abastecer o mercado interno e externo do País. "É um projeto de desenvolvimento, que vai gerar renda, emprego e conhecimentos", destacou.

Base vegetal

De acordo com o coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Sesa, Manoel Fonsêca, a plataforma da vacina será feita com base vegetal que diminui os efeitos colaterais. A ideia inicial, segundo ele, é que a fábrica produza apenas a imunização contra a febre amarela, mas, posteriormente, devem ser desenvolvidas outras vacinas. "Essa unidade vai para desafogar a produção da Bio-Manguinhos no Rio de Janeiro. A vacina da febre amarela é exigida para quem vai viajar para dezenas de países que têm mata silvestre. Portanto, há uma grande demanda", diz.

Odorico Morais, professor titular de Farmacologia Clínica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) e coordenador do Núcleo de Pesquisas e Desenvolvimento de Medicamentos da instituição, ressalta a importância do papel da Fiocruz no contexto nacional da produção de vacinas. Conforme ele, a instalação da fábrica no Ceará pode atrair outras indústrias farmacêuticas, gerando mais emprego e desenvolvimento para o Estado.

A assessora executiva da vice-diretoria do Departamento Tecnológico da Fiocruz, Beatriz Fialho, afirmou que já existe um desenho preliminar do projeto, o qual foi entregue ao governador do Estado, Cid Gomes, mas o órgão ainda aguarda a doação do terreno para o projeto final.

FIQUE POR DENTRO
Instituto atende a demandas da saúde pública
Bio-Manguinhos é a unidade da Fiocruz responsável pelo desenvolvimento tecnológico e pela produção de vacinas, reativos e biofármacos voltados para atender prioritariamente às demandas da saúde pública nacional, garantindo autossuficiência em vacinas essenciais para o calendário básico de imunização do Ministério da Saúde.

Desde 2001, o Instituto é pré-qualificado junto à Organização Mundial da Saúde (OMS) para o fornecimento das vacinas de febre amarela e, desde 2008, para a distribuição da vacina meningocócica AC.

KARLA CAMILAREPÓRTER

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