Fiocruz vai construir a primeira fábrica Bio-Manguinhos do Nordeste no município do Eusébio
Uma
revolução no setor farmacoquímico do Ceará deve ser iniciada a partir
do próximo ano no Ceará. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria
com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), irá construir, no município
do Eusébio, a primeira fábrica de vacinas Bio-Manguinhos do Nordeste.
Inicialmente, a unidade deve produzir a vacina contra febre amarela e se
tornará a única do Brasil a desenvolver o medicamento. Além de
abastecer todos os Estados brasileiros, a vacina deve ser exportada para
países asiáticos e africanos. A expectativa é que, até 2015, a unidade
já esteja funcionando.
De
acordo com o secretário da Saúde do Ceará, Arruda Bastos, a fábrica
será capaz de abastecer o mercado interno e externo do País com o
medicamento. Posteriormente, outras vacinas devem ser desenvolvidas
Foto: Kid Júnior
O projeto da fábrica foi apresentado na
manhã de ontem, na sede da Sesa. A unidade terá cerca de 84 mil metros
quadrados de área construída.
O programa faz parte do Polo
Industrial e Tecnológico da Saúde, que também deve ser instalado no
Eusébio, e prevê, além da fábrica, um prédio de gestão e ensino com 13
mil metros de área e 23 salas de aula com capacidade para 560 alunos e
um prédio de pesquisa de 15 mil metros quadrados de área, com 15
laboratórios e um auditório. As construções ocuparão 30 mil metros
quadrados de uma área total urbanizada de 40 mil metros quadrados.
O
terreno para a construção da fábrica foi doado pela Prefeitura do
Eusébio, mas, segundo a Fiocruz, ainda não há um projeto arquitetônico,
pois ainda aguardam decisões burocráticas. Diante disso, não há previsão
de investimento nos serviços. A fábrica será a segunda do Brasil, a
primeira fica localizada no Rio de Janeiro.
Segundo o secretário
da Saúde do Estado, Arruda Bastos, a fábrica irá produzir vacinas de
forma inovadora capaz de abastecer o mercado interno e externo do País.
"É um projeto de desenvolvimento, que vai gerar renda, emprego e
conhecimentos", destacou.
Base vegetal
De
acordo com o coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Sesa, Manoel
Fonsêca, a plataforma da vacina será feita com base vegetal que diminui
os efeitos colaterais. A ideia inicial, segundo ele, é que a fábrica
produza apenas a imunização contra a febre amarela, mas, posteriormente,
devem ser desenvolvidas outras vacinas. "Essa unidade vai para
desafogar a produção da Bio-Manguinhos no Rio de Janeiro. A vacina da
febre amarela é exigida para quem vai viajar para dezenas de países que
têm mata silvestre. Portanto, há uma grande demanda", diz.
Odorico
Morais, professor titular de Farmacologia Clínica da Faculdade de
Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) e coordenador do Núcleo
de Pesquisas e Desenvolvimento de Medicamentos da instituição, ressalta a
importância do papel da Fiocruz no contexto nacional da produção de
vacinas. Conforme ele, a instalação da fábrica no Ceará pode atrair
outras indústrias farmacêuticas, gerando mais emprego e desenvolvimento
para o Estado.
A assessora executiva da vice-diretoria do
Departamento Tecnológico da Fiocruz, Beatriz Fialho, afirmou que já
existe um desenho preliminar do projeto, o qual foi entregue ao
governador do Estado, Cid Gomes, mas o órgão ainda aguarda a doação do
terreno para o projeto final.
FIQUE POR DENTRO
Instituto atende a demandas da saúde pública
Bio-Manguinhos
é a unidade da Fiocruz responsável pelo desenvolvimento tecnológico e
pela produção de vacinas, reativos e biofármacos voltados para atender
prioritariamente às demandas da saúde pública nacional, garantindo
autossuficiência em vacinas essenciais para o calendário básico de
imunização do Ministério da Saúde.
Desde 2001, o Instituto é
pré-qualificado junto à Organização Mundial da Saúde (OMS) para o
fornecimento das vacinas de febre amarela e, desde 2008, para a
distribuição da vacina meningocócica AC.
KARLA CAMILAREPÓRTER
sábado, 15 de setembro de 2012
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