quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Paciente é preparado para receber órgão

No pós-operatório e durante todo o processo, receptor e familiares recebem assistência psicológica

Antes de receber qualquer órgão, o paciente é preparado clínica e psicologicamente, medida fundamental para o sucesso de um transplante. Os hospitais que realizam esse tipo de cirurgia no Ceará possuem uma equipe multidisciplinar, composta por médico, enfermeira, nutricionista, assistente social e psicólogo, responsável por fazer todo o acompanhamento a quem vai ser transplantado.

Nas unidades do Ceará, como o Hospital de Messejana, uma equipe multidisciplinar, formada por médicos, enfermeira, nutricionista, assistente social e psicólogo, acompanha quem vai passar por transplante Foto: José Leomar

Aliás, antes mesmo de entrar na lista de espera por um órgão, o paciente já recebe apoio. Cabe ao médico, por exemplo, fornecer o diagnóstico e analisar a situação do doente. A enfermeira providencia os exames. A nutricionista cuida da alimentação. E a assistente social faz a avaliação familiar e socioeconômica. "Encaminhamos os pacientes para a Casa de Apoio, fazemos a visita domiciliar para verificar as condições da casa que vai receber o transplantado e orientamos a família para o tratamento", lista a assistente social do Hospital de Messejana, Marilza Pessoa.

No pós-operatório, pacientes e familiares recebem assistência psicológica. O medo é o principal sentimento de todos eles. Da morte, de não dar certo e da rejeição. Tudo começa com a angústia da espera por um órgão. A psicóloga do Hospital de Messejana, Márcia Gurgel, revela que a fantasia também faz parte do processo. "Eles acham que, ao receber um órgão de outra pessoa, haverá interferência na personalidade. Além disso, existe a preocupação quando o doador era fumante, por exemplo", descreve. Ela explica, no entanto, que são mitos que surgem quando não há a informação. Daí a necessidade de orientar sobre todas as fases de um transplante.

Para a psicóloga, receber um órgão é uma ressignificação da vida. "O mais importante de tudo é que eles adquirem novos valores. Alguns fazem as pazes com familiares. É um aprendizado", revela.

Segundo o presidente da Associação Cearense de Transplantados e Pacientes Hepáticos (Acephet), e também transplantado, José Wilter Ibiapina, a pessoa vive um impacto emocional muito grande. É uma mistura de agonia, medo, desinformação e ansiedade. Ele acredita que o acompanhamento da equipe multidisciplinar é de extrema importância nesse momento de fragilidade. "Isso tranquiliza o paciente. Quando soube que ia passar pela cirurgia de fígado, tive depressão, mas, com o tempo, a gente vai se inteirando da situação e as coisas vão melhorando", narra.

O Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, referência no Norte e Nordeste em transplante do coração, já realizou, neste ano, 23 cirurgias. A unidade também fez sete transplantes pulmonares, desde 2011. Hoje (26), a unidade promove diversas ações como parte da Campanha Nacional de Doações de Órgãos e Tecidos que, neste ano, tem como lema "Fazer o bem, faz bem. Doe órgãos".

Doe de Coração
Com o pedido "Doe de Coração", a campanha realizada pela Fundação Edson Queiroz, com apoio do Sistema Verdes Mares e parceria da Universidade de Fortaleza (Unifor), tem mobilizado muitas famílias a doarem órgãos em dez anos de atuação.

O movimento aniversaria em setembro, justamente quando se comemora o Dia Nacional da Doação de Órgãos. Neste momento, uma ampla campanha de comunicação é veiculada em meios variados, através de anúncios de jornal, inserções em TV e distribuição de folders, cartazes, adesivos e camisas.


LINA MOSCOSOREPÓRTER

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