Dispositivo é capaz de medir saúde do órgão a partir de uma gota de sangue

Em contato com o sangue, o papel muda de cor. De acordo
com a nova coloração, médicos poderão medir a presença de enzimas que
indicam danos ao fígado
(Diagnostics For All/Divulgação)
Opinião do especialista
Maria Lucia Gomes Ferraz
Vice-presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia e professora de gastroenterologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Vice-presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia e professora de gastroenterologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
“Esses exames das enzimas hepáticas são muito comuns e simples de serem feitos. Eles servem para a triagem de doenças no fígado. Níveis elevados dessas enzimas significam que o órgão está doente, seja por causa do uso desses remédios, seja por causa da bebida ou obesidade. No Brasil, o teste está disponível a pacientes do sistema público de saúde.
“A novidade apresentada pelo estudo é essa forma rápida de fazer a dosagem das enzimas. Normalmente o paciente tem de ir ao laboratório, colher o sangue e esperar pelo resultado. O que esse novo método muda é a praticidade e a velocidade do teste.
"É importante destacar que esse exame não é como o teste de gravidez: ele não deve ser feito pelo próprio paciente. Ele tem de contar com a supervisão de um médico ou de enfermeiro, para saber a quantidade correta de sangue a ser medida e analisar corretamente o resultado."
O aparelho portátil de baixo custo desenvolvido pelos pesquisadores do Centro Médico Beth Israel Deaconess (BIDMC, na sigla em inglês), que pertence à Universidade de Harvard, pode ser um importante substituto para o teste. Do tamanho de um selo dos correios e custando alguns centavos de dólar, ele pode dar o resultado em 15 minutos. "Nosso aparelho pode ter impacto significativas ao redor do mundo, particularmente em nações em desenvolvimento, onde os testes de sangue podem ser muito caros e os resultados podem demorar semanas", disse Nira Pollock, médica da BIDMC.
Cores — Para usar o dispositivo, o paciente precisa aplicar uma gota de sangue no pedaço de papel. A presença das enzimas AST e ALT leva a mudanças nos níveis de corantes presentes em zonas específicas do papel. Ao medir a alteração das cores, os médicos conseguem saber os níveis de concentração de cada enzima. Uma mudança de cor do azul para o rosa, por exemplo, pode representar níveis elevados de AST, indicando danos ao fígado.
Para medir a eficácia de sua invenção, os pesquisadores realizaram o teste em 223 amostras de sangue. Como resultado, descobriram que ele mediu de modo correto a quantidade de enzimas em mais de 90% dos casos. Segundo os cientistas, o dispositivo poderá ser usado como uma espécie de triagem para os testes mais completos — e caros. Os pacientes só precisarão enviar seu sangue para análise em laboratórios quando as cores assinaladas no pedaço de papel indicarem níveis elevados das enzimas.
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