Até agosto deste ano, 86% dos corações transplantados no Ceará foram colhidos pela unidade
Somente
neste ano, o Ceará realizou 880 transplantes. A maioria dos órgãos
captados até o primeiro semestre foi no Instituto Doutor José Frota
(IJF), que colheu 499 órgãos e tecidos. A unidade é considerada o maior
centro de captação de órgãos do Estado.
Na
Associação dos Transplantados Cardíacos do Ceará, Anderson Silva
comemora a nova vida após a cirurgia. "Posso trabalhar, caminhar e
estudar", diz Foto: JL Rosa
Até agosto, foram efetuados 21
transplantes de coração no Ceará. Desses, 86% foram captados no IJF.
Além disso, o trabalho realizado pela Comissão Intra-hospitalar de
Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Cihdott) foi responsável
pela captação de 100% dos pulmões e pâncreas, 87% dos rins, 86% das
córneas e 59% dos fígados que foram transplantados no Estado.
Outras
unidades hospitalares também contribuem para as captações no Ceará.
Segundo a coordenadora da Central de Transplantes do Ceará, Eliana
Barbosa, o Hospital Geral de Fortaleza (HGF) é responsável por 29%
destas notificações, depois vem a Santa Casa de Sobral, com 16% e a
Região do Cariri, com 2,3%. "Até o dia 13 de agosto, tivemos 257
notificações de possíveis doadores. Destes, 75 foram do HGF, e
efetivados foram 19. Não podemos esquecer de outros hospitais, que
também contribuem, mas em menor quantidade", completou.
Eliana
Barbosa atribui o sucesso tanto ao trabalho da Cihdott com as famílias
dos doadores quanto ao movimento Doe de Coração, promovido pela Fundação
Edson Queiroz.
"Uma campanha contínua e intensa, com várias
ações durante todo o ano, seja no rádio, na TV ou no jornal impresso.
Ações como estas são únicas no País e fortalecem o trabalho de
conscientização da população", declarou Eliana. De acordo com ela, antes
mesmo de a Central de Transplantes existir, a Cihdott já fazia um
trabalho junto às famílias, como a sensibilização para causa da
responsabilidade social e esclarecendo dúvidas em relação à morte
encefálica.
O baiano Anderson Santana Silva, 33 anos, é
testemunha da solidariedade do povo cearense. Há três anos, ele veio
morar no Ceará, em busca de tratamento para uma cardiopatia grave.
Porém, a solução do problema era um transplante de coração.
"Passei
um mês na fila, e logo consegui um coração novo, que me deu uma vida
nova. Hoje, posso trabalhar, caminhar e estudar. Estou vivo porque
alguém quis doar, e a Doe de Coração ensina às pessoas a amar a vida, e
dá a possibilidade de alguém viver", disse Anderson.
A enfermeira
integrante da Cihdott, Lisiane Paiva, explica que, há um ano, este
trabalho tomou proporções ainda maiores. "Antes, fazíamos um trabalho
que não era 24 horas e, hoje, ele é diuturno. Acolhemos as famílias no
momento mais doloroso, que é o momento do luto, da perda, momento
extremo da dor. E disponibilizamos a esta família a oportunidade de dar o
consentimento para doação", acrescenta.
Mérito
A
campanha Doe de Coração está em sua 10ª edição e vem contribuindo para
fomentar a conscientização pela doação voluntária de órgãos no Ceará.
Para
Eliana Barbosa, grande parte do mérito pelo quinto recorde consecutivo
em transplantes no Ceará deve-se à campanha, considerada por ela a mais
completa nacionalmente. Hoje, o Estado está em primeiro lugar no Brasil
em cirurgias de fígado e em segundo de coração "Sempre falo que é um
movimento que faz a diferença, atinge a todos os públicos, com linguagem
e informações desmistificadoras sobre o processo da doação", afirma
Eliana.
Ela informou que, em 2003, quando a campanha foi lançada,
o Estado deu um salto significativo nos transplantes. Segundo a
coordenadora, a variação foi de 41,8% em relação ao ano anterior, no
caso, 2002.
"Nós vínhamos com aumentos tímidos, que oscilavam de
um ano para o outro. Se em 2000 foram 272 transplantes, em 2001, caía
para 202. Mas, em 2003, começou um processo crescente desses
procedimentos. Em 2002, foram 296. No ano seguinte, fomos para 420 e, em
seguida, para 559", explica.
II Semana de Doação de Órgãos é aberta em Sobral
A
II Semana de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante se estenderá
até o dia 29 deste mês, com diversas programações no Ceará FOTO: JÉSSYCA
MARQUES
Sobral. A cidade iniciou, ontem,
as comemorações da II Semana de Doação de Órgãos e Tecidos para
Transplante, que irá até o dia 29 deste mês, com programação especial e
tendo como público-alvo os profissionais e acadêmicos na área da saúde.
Na
ocasião, estiveram presentes Cristiano Araújo Costa, médico de
referência da Organização de Procura de Órgão (Opos) de Sobral, além da
coordenadora da Central de Transplantes do Ceará, Eliana Barbosa, e do
coordenador da Faculdade de Medicina da UFC, Vicente de Paulo Teixeira.
Durante
toda a semana, a equipe da Opos de Sobral e participantes do Fórum
Sobre Doação de Órgãos estarão presentes nas ruas da cidade com o
intuito de conscientizar a população sobre a importância da doação.
Segundo
o coordenador da Faculdade de Medicina da UFC, Vicente de Paulo
Teixeira, Sobral, hoje, é referência em doação de órgãos, sendo a única
cidade da região a realizar captação e transplantes de córneas, além de
permanecer um ponto acima da média nacional de transplantes.
Ele
ressaltou a importância da anuência expressa para doação. "Hoje, a
família ainda é um dos maiores obstáculos para os doadores, não
entendendo a existência da morte encefálica. Para eles, a morte é quando
o coração para de bater".
Trabalho
A
estudante de enfermagem Geovania Sousa de Albuquerque é bolsista da Opos
e atua na organização da Semana. Ela explica que, em Sobral, há um
trabalho, através da instituição, na busca e monitoramento de possíveis
doadores. "Para ser apto à doação, o paciente deve apresentar morte
encefálica, e o trabalho da Opos é manter o cadáver em condições normais
de um corpo, mantendo algumas características de uma pessoa viva, como a
pele quente", explica.
Neste ano, em Sobral, foram realizadas
dez captações de múltiplos órgãos, 12 anucleações de córneas e 19
transplantes de córneas, segundo os dados cedidos pela Opos. "Sobral e o
Ceará são referências no âmbito nacional de doação. Em alguns pontos,
Sobral está acima da estatística do Brasil, e o Ceara está em segundo
lugar em doações, perdendo apenas para Santa Catarina", lembra Geovania.
THAYS LAVOR
REPÓRTER
terça-feira, 25 de setembro de 2012
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