domingo, 14 de abril de 2013

Anvisa regulamentará recall de produtos alimentícios

Proposta dá à agência poderes para determinar prazos para o recolhimento dos alimentos e a maneira como os consumidores devem ser informados

Embalagens de sucos da marca Ades
Em fevereiro, 96 embalagens de 1,5 litro do suco de maçã Ades foram envasados apenas com soda cáustica e água (Reprodução)
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) passará a regulamentar o recall de produtos alimentícios no Brasil. O texto que servirá de base para a resolução obriga empresas a comunicar à Anvisa dificuldades constatadas nos produtos, dá poderes para que a agência determine os prazos para o recolhimento dos alimentos no mercado e a forma como a empresa deverá informar os problemas para os consumidores.
"A Anvisa não dispõe no momento de instrumentos necessários para garantir que a empresa comunique a população sobre eventuais problemas com alimentos", diz José Agenor Álvares, diretor da agência. Também não há, até agora, mecanismos que obriguem as empresas a comunicarem desvios de produção para a agência. Foi o que ocorreu no caso da recente contaminação do suco Ades. "Não fomos comunicados. A informação foi dada num primeiro momento para o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor", contou Álvares.
Proposta — A minuta da proposta será apresentada na próxima reunião da Diretoria Colegiada da Anvisa, programada para terça-feira (16). O texto, depois de aprovado pela diretoria e pela consultoria jurídica da agência, irá para consulta pública. A expectativa da agência é a de que o texto final seja publicado em até quatro meses.
O diretor da agência defendeu também a definição de mecanismos para garantir que o recolhimento do produto seja feito de forma adequada, num prazo razoável. "Não vamos delimitar um período. Isso vai depender de caso a caso, mas é preciso haver regras. O objetivo é que produtos sejam retirados o mais rapidamente possível", completou.
O texto também prevê punições para o desrespeito às regras. Os mecanismos existentes atualmente permitem que as multas cheguem a 1,5 milhão de reais. Na reunião de terça-feira, também será discutida uma proposta de resolução com regras para regulamentar o acesso e fornecimento de remédios em investigação clínica.
Contaminação — No fim de fevereiro, uma falha em uma das 11 linhas da fábrica de Pouso Alegre da Unilever, batizada com a sigla TBA3G, fez com que 96 embalagens de 1,5 litro do suco de maçã Ades fossem envasados apenas com soda cáustica e água. Quando ingerido, o líquido provoca queimaduras. O diretor afirma que a agência ficou sabendo do problema por meio da imprensa. "O episódio reforçou a necessidade de regras claras para os casos de desvios de produção", disse.
Álvares não descartou a possibilidade de que a iniciativa seja estendida para outros produtos regulados pela agência. Pelo menos 14 pessoas entraram em contato com a fabricante relatando problemas provocados pelo consumo do produto. Para Álvares, a forma como a população foi comunicada sobre a contaminação deixou a desejar. "Daí a importância de a Anvisa verificar também a forma como as informações são prestadas pela comunidade."
(Com Estadão Conteúdo)

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