terça-feira, 30 de abril de 2013

China confirma mais uma morte por gripe aviária

Vítima ficou internada por 12 dias em Xangai. Total de mortes no país pelo vírus da gripe aviária sobe para 24

Mulher usa máscara em um ônibus de Pequim devido a epidemia de gripe aviária H7N9. 60 pessoas foram confirmadas com a doença e 13 morreram nas duas semanas, na China
Mulher usa máscara em um ônibus de Pequim devido a epidemia de gripe aviária H7N9 (Wang Zhao/AFP )
O vírus H7N9 causou mais uma morte nesta segunda-feira, 29, na China, elevando o número de óbitos no país para 24, informou a agência estatal de notícias Xinhua. Ainda segundo a agência, a vítima estava havia 12 dias em tratamento em um hospital de Xangai. Até agora, a China já registrou mais de 120 casos de infecção pelo vírus.
A maioria dos casos de gripe aviária causada pelo H7N9 está restrita ao leste do país. O único caso registrado fora da China continental ocorreu em Taiwan — a vítima, porém, foi infectada na China.
Especialistas temem que o vírus passe por uma mutação e assuma uma forma facilmente transmissível entre humanos, com potencial para deflagrar uma pandemia. A Organização Mundial de Saúde (OMS), no entanto, disse que até agora não há evidências de transmissão entre humanos, mas alertou que o H7N9 é um dos vírus de gripe mais letais já vistos.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Cientistas criam "curativo elástico" para recuperar tecido cardíaco

Substância feita a patir de uma proteína do próprio organismo humano é capaz de estimular o crescimento de células cardíacas

Anthony Weiss
Anthony Weiss, pesquisador da Universidade de Sydney: "Nenhuma outra substãncia eslástica se comporta dessa maneira". (Universidade de Sydney)
Pesquisadores das Universidades Harvard e de Sydney desenvolveram um “curativo” elástico que pode ajudar a evitar a insuficiência cardíaca, revertendo a perda de massa do coração. A substância, feita a partir de uma proteína encontrada em tecidos humanos, auxilia no crescimento das células cardíacas, é capaz de manter um batimento sincronizado, além de responder a estímulos elétricos. O estudo, ainda em fase in vitro, foi publicado nesta sexta-feira no periódico Advanced Functional Materials.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Highly Elastic Micropatterned Hydrogel for Engineering Functional Cardiac Tissue

Onde foi divulgada: periódico Advanced Functional Materials

Quem fez: Nasim Annabi, Kelly Tsang, Suzanne M. Mithieux, Mehdi Nikkhah, Afshin Ameri, Ali Khademhosseini e Anthony S. Weiss

Instituição: Universidades de Sydney e Harvard

Resultado: Criada a partir de proteína presente no próprio organismo, uma espécie de substância elástica é capaz de estimular o crescimento de células cardíacas. Testado em uma cultura de células de ratos, o material fez com que as células envoltas por ele conseguissem ainda bater em sincronia e responder a estímulos elétricos
Para desenvolver o material elástico (uma espécie de gel), os pesquisadores utilizaram a tropoelastina, uma proteína encontrada em tecidos elásticos do corpo humano. “Banhamos a proteína em luz até que ela deu origem aos ‘curativos elásticos’, que foram feitos em menos de um minuto”, conta Anthony Weiss, integrante do grupo de pesquisadores. “Eles são incrivelmente elásticos, podendo ser esticados a até quatro vezes o seu comprimento, além de estimular o crescimento das células em sua superfície”, afirma Weiss.
Esse material elástico também é capaz de promover a união, a separação, o alinhamento e até a comunicação intercelular de células cardíacas de ratos cultivadas em laboratório, reproduzindo seu comportamento em organismos vivos. As células envoltas pelo material elástico conseguem ainda bater em sincronia e responder a estímulos elétricos. “Nenhum outro material elástico se comporta desta forma. Podemos aplicá-lo cirurgicamente para ajudar na reparação de tecidos”, afirma Weiss.

domingo, 28 de abril de 2013

Saúde mental em situação precária-Ce


Só há uma emergência psiquiátrica no Ceará, e os 14 Caps da Capital funcionam de forma deficiente

A saúde mental de Fortaleza pede socorro. Com os 14 Centros de Atenção Psicossocial (Caps) funcionando de forma precária - faltam medicamentos, médicos, psicólogos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e farmacêuticos - a opção que resta aos pacientes é recorrer ao Hospital de Saúde Mental de Messejana (HSMM), a única emergência psiquiátrica do Estado.

Pacientes peregrinam nos Caps em busca de atendimento
Fotos: Fabiane de Paula

Desde 2011, o Ceará vem perdendo leitos de internação psiquiátrica. Foram ao todo 403, sendo 80 do Instituto de Psiquiatria do Ceará (IPC), 103 do Clínica de Saúde Mental Doutor Suliano, 160 do Hospital Mira Y López e 60 do Hospital São Gerardo, sem que tenha sido oferecido pelo poder público leitos de retaguarda em hospitais gerais.

Em Fortaleza, por exemplo, o presidente da Associação Cearense de Psiquiatria, Eugênio de Moura Campos, denuncia que só existem quatro leitos de internação psiquiátrica em hospital geral, todos no Hospital Universitário Walter Cantídio. Existem vagas também na Santa Casa de Misericórdia, mas específicas para dependência química.

A falta desses leitos que foram fechados repercute em uma quantidade maior de pessoas que se dirigem para o Hospital Mental de Messejana, que opera com a sua capacidade máxima, com as 180 vagas ocupadas. Para minimizar a situação, o especialista destaca que, a curto prazo, os Caps têm que voltar a funcionar e os ambulatórios especializados têm de ser reabertos para que, em seguida, a rede de saúde mental possa ser ampliada. "É necessário celeridade na solução desse problema. A administração municipal precisa, urgentemente, tomar providências para resolver essa questão", salienta Campos.

Morosidade
Enquanto a nova gestão municipal, que assumiu há 117 dias, ainda organiza a "casa", pacientes têm de peregrinar em busca de atendimento. A dona de casa Benedita Alves da Silva, 50 anos, toma remédio controlado e estava, na última quarta-feira (24), no Caps do bairro Bom Jardim para pegar uma receita.

Há três dias sem dormir, ela disse que já perdeu as contas de quantas vezes foi ao Caps do Bom Jardim em busca de atendimento e de remédios, mas não consegue, porque maior parte dos médicos saíram e muitos medicamentos estão em falta.

Logo na recepção, uma lista indica os remédios que não possuem. E o único médico que restou não realiza atendimentos, só renova receitas, sem sequer analisar os pacientes. Sem conseguir atendimento e nem a receita médica, crises podem ser desencadeadas nesses pacientes. Até nos três Caps do bairro Rodolfo Teófilo, que contam com convênio com a Universidade Federal do Ceará (UFC), a situação está precária. O Caps AD, que há dois meses começou uma reforma, não está funcionando.

Situação dos Caps
Esvaziado
Em toda a Capital, o cenário é o mesmo, Caps esvaziados, funcionando de forma precária. Há ausência de médicos, psicólogos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e farmacêuticos. A falta de medicamentos é outro problema que atinge pacientes com problemas mentais, que sofrem sem ter a quem recorrer. Muitos, em crise, peregrinam em busca de atendimento FOTO: Fabiane de Paula

Drogadição tem se agravado nos últimos anos

Aliado à rede de atenção à saúde mental, que já era deficiente, outra questão que tem se agravado nos últimos anos é a drogadição. No Hospital de Saúde Mental de Messejana, por exemplo, 60% dos pacientes são psicóticos, sendo a esquizofrenia um dos transtornos mais recorrentes, e 40% são usuários de álcool e outras drogas.

Marcelo Theophilo, diretor da unidade, explica que a dependência química está entre os demais transtornos mentais e, por ser uma doença mental, é tratada no segmento da psiquiatria. E, apesar do Hospital Mental não ter nenhum dos 180 leitos destinados para internação compulsória, a unidade sempre está com pelo menos dez pacientes deste perfil. "Já chegamos a ter 18, o que representa 10% dos nossos leitos", frisa.

O diretor explica que, quando o juiz determina a internação compulsória, o hospital não tem outra opção a não ser cumprir. O problema é que, na maioria das vezes, aquela pessoa não tem necessidade de estar internada. "Nós temos pouquíssimos leitos, então, eu não posso me dar ao luxo de ocupá-los com pessoas que não estão precisando. Esse é o tipo de situação que não cabe na cabeça de ninguém", ressalta. Em abril deste ano, o tempo médio de espera por um leito de internação no Hospital Mental de Messejana era de 19 horas.

Lei Mário Mamede

Mário Mamede, médico e autor da Lei Estadual 12.151, de 1993, comenta que a norma prevê a não expansão de leitos psiquiátricos no modelo manicomial, de hospício, que tem uma porta de entrada e, dificilmente, uma de saída. Dessa forma, é possível evitar que o paciente de distancie da família e perda o convívio social. Em vez disso, sugere alternativas como hospitais dia, hospitais noite, lares assistidos e Caps, que tornaram possível a abordagem terapêutica do paciente em sua própria cidade.

Nesse contexto, surge a questão da droga, que ganhou grande dimensão sobretudo com o crack. A partir de então, esse público passou a disputar leitos com pacientes de doença mental. No caso da drogadição, Mamede diz que o caminho não deve ser o hospital psiquiátrico.

"Prioridade é qualificar a rede"
A coordenadora executiva da Célula de Atenção à Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Natália Rios, afirma que a preocupação da Prefeitura hoje é qualificar a rede, para só depois ampliar. "A perspectiva é muito boa, pegamos o serviço de saúde mental muito desorganizado. Estamos preocupados com a qualificação desses profissionais que estão entrando através da seleção pública, muitos não têm experiência", esclarece.

Apesar de não saber estimar a média anual de atendimento nos Caps e nem o déficit de profissionais, Natália afirma que a rede conta com 20 médicos para atender a demanda dos 14 Caps da Capital. Novos médicos estão sendo selecionados através da Cooperativa dos Psiquiatras do Ceará. Em relação aos medicamentos, assegura que a Secretaria já negocia com os fornecedores para que o abastecimento seja normalizado. Não existe, no entanto, prazo de quando a situação da saúde mental em Fortaleza deverá se normalizar.

No último dia 23, o Ministério da Saúde anunciou a liberação de R$ 50 milhões para a construção de Caps em todo o País. O intuito é expandir a Rede de Atenção Psicossocial (Raps) no Brasil. Para isso, os gestores interessados em construir Caps ou unidades de acolhimento deverão dar entrada no processo.

Caps 24 horas
Conforme Natália, a proposta da Prefeitura é ampliar os Caps para que todos passem a atender 24 horas. Atualmente, existem três neste perfil. E, apesar de somente três dos 14 Caps possuírem sede própria, a coordenadora disse que ainda não ficou definido se o município irá solicitar verba para a construção de novas unidades. "Isso ainda está sendo discutido", salienta.

Em todo o Ceará, existem 109 Caps. De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), são oferecidos um total de 99 leitos psiquiátricos no Ceará. O destaque é para Sobral, que possui 17 leitos e Fortaleza, com 44.

LUANA LIMAREPÓRTER

sábado, 27 de abril de 2013

Três novas mortes têm confirmação-Dengue no Ceará

O índice de letalidade cresce em 40%, casos hemorrágicos geram preocupação; a dica é observar sinais de alerta

Após cinco epidemias de dengue no Ceará, a tensão cresce a cada novo caso que surge. Ontem, três novos óbitos foram confirmados pelo monitoramento da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), somando quatro só neste ano. Fica um alerta: o índice de letalidade cresce, então, em 40%. Fortaleza soma, até dia 21, 774 casos - do tipo clássico - confirmados e duas mortes por complicação.

No Estado do Ceará há registro de 2.711 casos confirmados. Fortaleza soma, até dia 21, um total de 774 casos, do tipo clássicos FOTO: NATINHO RODRIGUES

No Interior, a situação se agrava. Óbitos hemorrágicos foram registrados em Iguatu e Caucaia. Assim, o Ceará soma 2.711 casos confirmados (903 no período de uma semana), cinco com hemorragia e oito por complicação. O boletim confirma a predominância da circulação do vírus Den-IV e aponta a crescente incidência, de 21 para 31.

Em Fortaleza, a infestação seguia em crescente, apesar de ter se estabilizado neste mês: 70 casos em abril, 204 em março, 257 em fevereiro e 243 em janeiro.

Para o coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), Manoel Fonsêca, o que mais o preocupa são os óbitos de casos hemorrágicos, da versão mais complicada da doença em que "reina" o tipo 4. "As pessoas podem ter reações mais graves quando atingidas por um novo sorotipo. Esse é o nosso temor. Mas, a situação ainda está sob controle. Só poderá se agravar mais se tivermos a presença de mais chuvas. Vamos torcer para não haver nova epidemia neste ano", afirma. Para Fonsêca, o mais prudente agora é a orientação. Para isso, é importante, segundo ele, que a população fique ciente dos casos graves que podem levar a óbito.

Alerta
Atenção para a febre que não cessa, para possíveis sangramentos e, principalmente, uma dor abdominal intensa. "Se o doente começar a piorar após o terceiro dia de contágio, já é bom levar para uma unidade médica", diz.

Conforme o coordenador, todas as unidades estariam orientadas a reconhecer, de imediato, os casos mais perigosos e ver o procedimento mais adequado: internação, observação ou a simples hidratação. "Nós já distribuímos a classificação de riscos em todos os hospitais tanto da Capital como no Interior. O mais importante, agora, é classificar e atender adequadamente o doente a fim de estabilizá-lo e evitar, assim, o óbito", relata Manoel.

Na Capital, os bairros com maior infestação são os da Secretaria Executiva Regional (SER) VI, com 204 casos confirmados, ficando na frente da SER V (200), SER III (137), SER IV (121), SER II (56) e a SER I (44).

No entanto, foi o Mondubim, da Regional V, que liderou o ranking. O Jardim das Oliveiras foi o que registrou o maior número de casos, somando 32 casos, Barroso (30) e o Passaré com 26.

Orientações
Conforme cartilha do Ministério da Saúde, as manifestações clínicas iniciais da dengue hemorrágica são as mesmas descritas para a dengue clássica, até que ocorra a defervescência da febre, entre o terceiro e o sétimo dia, e a síndrome se instale. "Evidencia-se o surgimento de manifestações hemorrágicas espontâneas", apresenta o documento.

Ao surgirem sinais de alerta ou aumento do hematócrito na vigência de hidratação, é indicada internação. Pacientes com plaquetopenia, sem repercussão clínica, devem ser internados e reavaliados clínica e laboratorialmente a cada 12h.

Acamada a quase uma semana com dengue clássica, a contadora Fernanda Matos Lima, 34, diz não aguentar mais tanto mal-estar. Dói tudo, corpo, olhos, ossos, cabeça. "Cheguei a ir ao hospital, achando que o caso fosse grave. Fiz todos exames. Acho melhor pecar por precaução", afirma. A reportagem tentou sucessivos contatos com gestor da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), mas não obteve êxito.

SAIBA MAIS
Sinais de alerta - dengue

1. Dor abdominal intensa e contínua;

2. Vômitos persistentes;

3. Hipotensão postural;

4. Pressão diferencial <20mmhg br="" convergente="">
5. Hemorragias importantes

6. Extremidades frias, cianose;

7. Pulso rápido e fino;

8. Agitação e/ou letargia;

9. Diminuição da diurese;

10. Hipotermia;

11.Desconforto respiratório

IVNA GIRÃOREPÓRTER

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Ceará registra mais uma morte por gripe H1N1

A imunização contra a gripe foi prorrogada pelo Ministério da Saúde até o dia 10 de maio para os grupos de risco

O Ceará registrou, na última quarta-feira (24), mais um óbito por influenza pandêmica (H1N1 ou gripe A), no Interior. Outra pessoa morreu, no mesmo dia, por gripe sazonal, a forma grave da doença. Na semana passada, foi contabilizado o primeiro óbito. Um homem, de 52 anos, de Baturité vítima de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) da gripe A, o que perfaz duas mortes neste ano. No ano passado, oito pessoas morreram de gripe no Estado.

A cobertura vacinal do Estado é de 38,22%. Já na Capital, o percentual é de 21%. A meta é imunizar 80% das pessoas dos grupos prioritários Foto: Tuno Vieira

Até o dia 13 de abril de 2013, foram confirmados 19 casos de H1N1 e nove de outros tipos de vírus respiratórios, como Adenovírus, Vírus, Sincicial Respiratório (VSR) e influenza A sazonal. Fora disso, 84 foram notificados com gripe A.

Uma mulher de Pindoretama também morreu, neste ano, mas da forma mais comum da doença. Os números são o boletim técnico da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa).

O coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), Manoel Fonsêca, aponta que ações estão sendo tomadas para impedir que mais óbitos de H1N1 aconteçam. O primeiro deles, a prorrogação do prazo para vacinação dos grupos de risco. Agora, os idosos com mais de 60 anos, as crianças de seis meses a dois anos, os indígenas, as gestantes, as mulheres no período de até 45 dias após o parto, as pessoas privadas de liberdade, os profissionais de saúde, além das pessoas que têm doenças crônicas terão até o dia 10 de maio para se imunizarem.

Por enquanto, a cobertura vacinal do Ceará é de 38,22%, o que corresponde a 525.056 pessoas. Já em Fortaleza, o percentual é de 21%. Os municípios com porcentagem menor que 40% preocupam o Ministério da Saúde. No Ceará, Solonópole está com 14%, Paracuru, com 17% e Granja, com 18%. Das cidades maiores, Juazeiro do Norte tem a cobertura de 27%, Caucaia, de 25%, Maracanaú, 36%, e Sobral, de 36%. A meta é alcançar 80% de cobertura.

Fonsêca revela que a Sesa está encaminhando para os secretários dos municípios cearenses circulares solicitando ações para aumentar o número de imunizados. Ele alerta que a vacinação precisa ser ampla e homogênea nos municípios e bairros.

O infectologista Anastácio Queiroz comenta que o problema da gripe A ainda é a falta de diagnóstico. “Muitas unidades de saúde de Fortaleza e dos municípios do Interior não têm como colher material para realizar o teste, daí a dificuldade”.

Sobre riscos de uma epidemia, como aconteceu no município de Pedra Branca, em 2011, o médico revela que não há motivo para preocupações. Ele lembra que os casos que têm surgido são com pessoas dos grupos de risco, que já possuem uma doença de base, por exemplo. “Achamos que a H1N1 era muito mais grave do que é, mas, mesmo assim, ainda tem matado pacientes. A vacina é efetiva”.

O infectologista recomenda que quem estiver com sintomas e não sentir que está melhorando procure um serviço de saúde para fazer o diagnóstico a fim de evitar riscos. Sobre a baixa cobertura da Capital, a coordenadora da imunização, Regina Peixoto, explica que é difícil fazer com que os adultos se vacinem.

Na Capital, dois postos funcionam para imunização, além de um ponto de apoio na Av. Beira-Mar e três unidades que cobrem o período noturno. As vacinas são distribuídas nas creches e em instituições para idosos e crianças e hospitais. Os acamados podem telefonar para a Secretaria Municipal de Saúde e solicitar uma visita.

Vacina contra HPV será incorporada ao calendário

A vacina contra o papilomavírus humano (HPV) será incorporada ao calendário nacional de imunização em 2014, para meninas da faixa etária de 10 a 14 anos, o que significa que será oferecida em toda a rede pública de saúde. Atualmente, o medicamento só é encontrado em clínicas particulares, e o valor é alto.

Para o coordenador de Promoção e Proteção da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa), Manoel Fonsêca, esta é uma grande decisão do Ministério da Saúde. Isso porque vai reduzir, significativamente, a incidência do câncer de colo do útero. “Como o HPV é um vírus que predispõe a um câncer, a proteção de adolescentes que iniciam a atividade sexual é uma estratégia de proteção coletiva”, lembra.

A médica ginecologista Zenilda Bruno destaca que o HPV é causador do câncer de colo de útero, um dos que mais mata no Ceará. O papilomavírus humano pode ficar no organismo e não provocar ferimentos, mas em 20% dos casos evolui para lesão cancerosa e, se não for tratado, para o câncer. “A vacina já existe há muito tempo, porém não era acessível”, finaliza.

Lina Moscoso
Repórter

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Vírus da gripe aviária H7N9 se origina nas aves, aponta estudo científico

Pesquisa foi divulgada nesta quinta-feira no periódico 'The Lancet'.
O vírus H7N9 foi considerado pela OMS como um dos mais letais.

Da France Presse
Um estudo publicado nesta quinta-feira (25) na revista médica britânica "The Lancet" confirmou que o vírus H7N9, que causou a morte de pelo menos 22 pessoas na China, realmente se origina nas aves e não há nenhuma evidência da transmissão do vírus entre humanos.
"Cientistas na China confirmaram pela primeira vez que o vírus da gripe A H7N9 foi transmitido por aves, especialmente frangos em um mercado de aves, para o homem", indicou em um comunicado o periódico científico.
Depois de uma análise genética do vírus H7N9 encontrado em pessoas doentes e em comparação com o vírus encontrado em uma galinha retirada de um mercado de aves, "os pesquisadores concluíram que as semelhanças entre os vírus isolados sugerem uma transmissão esporádica das aves para pessoas", de acordo com a revista.
A vigilância médica das pessoas que estiveram em contato com pessoas infectadas com o vírus não indicou nada. Ausência de sintomas foi observada nestas pessoas, 14 dias após o início do monitoramento, "sugerindo que o vírus não é atualmente capaz de se transmitir entre seres humanos", indica a revista.
Um dos autores do estudo, o professor Kwok-Yung Yuen, da Universidade de Hong Kong, disse em um comunicado: "No geral, as evidências em termos de epidemiologia e virologia sugerem que a transmissão ocorre apenas de aves para os seres humanos e o controle (da epidemia entre os homens) dependerá do controle da epidemia em aves".
O vírus H7N9 foi considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um dos vírus mais letais da gripe. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (24) por um membro da entidade que foi à China para investigar a doença, identificada pela primeira vez em um ser humano há algumas semanas.
No total, 108 pessoas foram infectadas com o vírus da gripe aviária, 22 morreram, dessas uma alta proporção de pessoas idosas, segundo um novo relatório.
Transmissão do vírus H7N9 pode não ser apenas pelas aves (Foto: Reuters/William Hong)Transmissão do vírus H7N9 teria origem nas aves, aponta estudo (Foto: Reuters/William Hong)

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Vírus H7N9 é um dos mais fatais da história, segundo a OMS

De 108 pessoas infectadas, 22 morreram, a maioria idosos

AFP
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O H7N9 é um dos vírus da gripe mais fatais já conhecidos até agora, indicou nesta quarta-feira um membro de uma equipe da Organização Mundial de Saúde (OMS), que chegou à China para investigar esta doença, transmitida pela primeira vez aos humanos há várias semanas.

No total, 108 pessoas foram infectadas por este vírus, 22 das quais morreram, em sua maioria idosos.

"É, sem dúvida, um dos vírus mais fatais que já conhecemos até o momento", declarou este funcionário, Keiji Fukuda, em uma coletiva de imprensa em Pequim.

"Pensamos que este vírus (H7N9) é mais facilmente transmissível ao homem que o H5N1", acrescentou Fukuda, classificando-o de excepcionalmente perigoso.

"Estamos apenas no início da compreensão" deste vírus, disse, acrescentando que as aves são "as prováveis fontes de infecção".

Pela primeira vez, um caso foi confirmado nesta quarta-feira fora da China continental, em Taiwan, em um homem que retornou de Suzhou (China), onde trabalhava. Outros casos já foram apontados nesta cidade da província de Jiangsu (leste).

Atualmente, "nenhuma forma duradoura de transmissão entre humanos foi constatada", reiteraram os investigadores da OMS em um comunicado.

"O que continua sendo incerto é se este vírus pode adquirir a capacidade de ser transmitido entre humanos", acrescentaram. Casos de infecções no seio de uma mesma família foram apontados.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Brasileiros desenvolvem primeiro monitor cardíaco portátil do mundo

Aparelho, que contém eletrodos, comunicador e GPS, envia a médicos informações sobre o funcionamento cardíaco do paciente, além de o lugar onde ele se encontra para caso precise de atendimento emergencial

Coração online: pesquisa brasileira aponta que maioria dos vídeos publicados em rede social sobre doenças do coração traz informações imprecisas
Prevenção: Monitor cardíaco portátil pode ajudar a evitar infartos e até morte súbita (Thinkstock)
Um grupo de especialistas brasileiros desenvolveu o primeiro monitor cardíaco portátil inteligente do mundo. O aparelho permite o envio à distância de eletrocardiogramas, a detecção precoce de problemas do coração que podem levar a um infarto ou à morte súbita, além da localização do paciente para o seu socorro caso seja necessário. O monitor, que aguarda autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para poder ser usado no país, será útil a pacientes que apresentam um alto risco cardíaco, como aqueles que sofreram um infarto recentemente ou que possuem familiares que tiveram uma morte súbita cardíaca.
Essa nova tecnologia é resultado de um projeto desenvolvido ao longo de cinco anos pelo Flextronics Instituto de Tecnologia (FIT), uma organização sem fins lucrativos, junto à empresa Corcam. Depois de pronto, o aparelho foi testado ao longo de um ano e meio por médicos do Hospital do Coração, em São Paulo.
De acordo com Enrique Pachón, cardiologista do Serviço de Arritmias Cardíacas e da Central de Telemedicina do Hospital do Coração, um dos médicos envolvidos nesse estudo, o teste do monitor cardíaco foi feito com cerca de 120 pacientes, entre eles pessoas com e sem problemas cardíacos. “Os resultados mostraram que o aparelho é eficaz em identificar de forma precoce quando um paciente apresenta algum risco cardíaco e quando necessita de atendimento emergencial. Além disso, as conclusões do estudo cumpriram todos os requisitos impostos pela Anvisa”, disse o médico ao site de VEJA.
Divulgação
Paciente usa o monitor cardíaco portátil
Paciente usa o monitor cardíaco portátil
Funcionamento — Na prática, o aparelho funciona da seguinte forma: um paciente com alto risco cardíaco passa a andar com eletrodos colados em seu peito que são ligados a um aparelho cujo tamanho é um pouco maior do que o de um telefone celular. Esse aparelho transmite automaticamente os dados cardíacos do paciente para uma central onde há médicos capacitados para avaliar os eletrocardiogramas. O monitor também possui um comunicador que permite que um médico da central fale diretamente com o paciente, além de um GPS que possibilita que os profissionais identifiquem onde o paciente está caso ele se sinta mal e precise de cuidados emergenciais.
“Esse aparelho detecta muito bem alterações no coração, como uma arritmia cardíaca, antes mesmo de o paciente sentir qualquer sinal. Essas alterações podem levar a um ataque cardíaco ou até evoluir para uma morte súbita”, diz Pachón. Segundo o cardiologista, essas alterações detectadas pelo monitor são identificadas pelos médicos na central. “Os profissionais, então, devem entrar em contato com o paciente para verificar se ele está se sentindo bem, orientá-lo em relação a alguma medicação ou para que ele se dirija a um hospital. Caso o paciente não esteja se sentindo bem, ou então não responda aos médicos, uma ambulância é acionada para socorrê-lo”, afirma Pachón.
De acordo com Pachón, cabe ao médico recomendar o uso do aparelho ao seu paciente e determinar por quanto tempo a pessoa deverá conviver com o monitor. “Isso vai depender de pessoa para pessoa. Um paciente que acabou de sofrer um infarto passa certo período com um risco muito grande de ter outro problema cardíaco, então pode ser que seja ideal que ele use esse aparelho durante esse tempo”, diz o médico.
Mercado — Segundo Pachón, para que o aparelho possa ser usado na prática clínica – ou seja, fora do âmbito da pesquisa – é preciso apenas a última posição da Anvisa. A data oficial para essa resposta estava marcada para o dia 15 deste mês. “Acreditamos que até o fim de abril a Anvisa já autorize o uso do monitor em pacientes”, diz. O aparelho deve chegar ao mercado com o nome de Nexcor. Os Estados Unidos e alguns países da Europa vão receber ainda neste semestre os primeiros modelos produzidos no Brasil. Estima-se que o preço do ‘aluguel’ do aparelho seja de 600 reais por semana, segundo seus criadores.
(Com agência EFE)

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Número de mortos pela gripe aviária sobe para 20

Seis novos casos foram reportados pelas autoridades chinesas. No total, 102 pessoas foram infectadas com o vírus H7N9

Funcionário trabalha em granja nos arredores de Xangai. Na China, o setor teve perdas recorde desde que foi registrada no país uma nova variação do vírus H7N9, causador da nova gripe aviária
Funcionário trabalha em granja nos arredores de Xangai. Na China, o setor teve perdas recorde desde que foi registrada no país uma nova variação do vírus H7N9, causador da nova gripe aviária (Aly Song/Reuters)
Mais duas pessoas morreram neste domingo na China vítimas de uma nova variante da gripe aviária, o que eleva para 20 o número de mortos, informou a Organização Mundial da Saúde (OMS). As autoridades chinesas reportaram que seis novos casos do vírus H7N9 foram diagnosticados, totalizando 102 infectados, dos quais 70 ainda estão internados e 12 tiveram alta. Cinco dos novos casos foram na província de Zhejiang e um em Shanghai.
“Mais casos de infectados com o vírus devem acontecer na China até que seja descoberta a fonte de contaminação”, disse a OMS em comunicado oficial.
Contágio - Embora não esteja claro como as pessoas estão se infectando, a OMS diz que não há evidência de transmissão entre pessoas.
O representante da organização na China, Michael O'Leary, divulgou dados na última sexta-feira mostrando que metade dos pacientes analisados não teve contato com aves domésticas, a fonte mais potencial de contágio, mas ele disse que a transmissão entre humanos parecia rara.
A China anunciou o primeiro caso de H7N9 no final de março.

domingo, 21 de abril de 2013

O fim da cegueira da diabetes

Medicamentos de última geração impedem o avanço do edema macular, uma das principais causas da perda de visão em diabéticos

Mônica Tarantino

Avanços da pesquisa em oftalmologia estão permitindo, pela primeira vez, a recuperação da visão de pessoas que passaram a enxergar apenas borrões ou ficaram cegas por culpa do edema macular diabético (EMD). A doença é marcada pelo acúmulo de líquidos na mácula, a porção central da retina, associada à visão detalhada usada para ler e discernir rostos. Estudos recentes mostram que remédios para impedir o aparecimento de vasos sanguíneos na região são eficientes para barrar o avanço da enfermidade.
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LUZ
Urso recuperou mais de 70% da visão com novo tratamento
Recentemente, a Food and Drug Administration, agência do governo americano responsável pela liberação de remédios, aprovou a primeira substância com essas características para combater o edema, o ranibizumabe (nome comercial Lucentis). No Brasil, a autorização para sua comercialização foi dada há três meses. O remédio bloqueia o chamado fator de crescimento endotelial (VEGF), que aumenta a permeabilidade dos vasos sanguíneos e permite o vazamento de fluidos para a mácula. O produto já era usado contra a forma hemorrágica da degeneração macular relacionada à idade, a primeira causa mundial de cegueira. Outros medicamentos do gênero, como o aflibercepte (nome comercial Eylia), serão lançados com a mesma finalidade. Além disso, mais um remédio integrante de uma nova classe deverá estar disponível em três anos.
Até o momento, o melhor tratamento era cauterizar com laser ao redor da área afetada. Isso continha a progressão da enfermidade, mas raramente devolvia a visão. A estratégia agora é combinar o laser com as novas medicações. “Nos estudos clínicos, um terço dos voluntários com edema recuperara linhas de visão. Alguns voltaram a dirigir”, diz André Gomes, pesquisador da enfermidade e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo. “É um avanço para tratar problemas em uma área na qual nem sempre o laser ou outros medicamentos davam bons resultados”, afirma Keila Carvalho, chefe do Departamento de Oftalmologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas. Ela não participa de pesquisas sobre a doença.
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O industrial Dércio Urso, 68 anos, tratou-se com o ranibizumabe e laser. “Consegui recuperar mais de 70% da visão”, diz. O vendedor Sandro Peres, 41 anos, enfrenta dificuldades por causa do preço do tratamento (cerca de R$ 4 mil cada aplicação). “Melhorei, mas não posso continuar a terapia porque não consigo obter o remédio no SUS nem do convênio”, diz ele, que ficou cego em poucos meses por causa da evolução rápida da doença. Hoje, Peres aplica a droga uma vez a cada 45 dias em um dos olhos. Deveria usar nos dois a cada 30 dias. Uma comissão avaliará a introdução do remédio no SUS. “Atualmente, o modo mais eficiente e ágil de obter esse remédio é recorrer ao Poder Judiciário”, diz o advogado Julius Conforti, especialista em direito da saúde.

China anuncia mais uma morte e quatro contágios de gripe aviária

Vírus H7N9 já infectou 95 pessoas. Última vítima é um homem de 69 anos

Pedestres caminham em frente ao Centro para Controle e Prevenção de Doenças em Pequim: nova cepa da gripe aviária já matou quatro pessoas na China
Pedestres caminham em frente ao Centro para Controle e Prevenção de Doenças em Pequim: nova cepa da gripe aviária já matou 18 pessoas na China (Mark Ralston/AFP)
A China confirmou neste sábado mais uma morte e quatro novas infecções de uma nova variante da gripe aviária, elevando o número de mortos para 18, informou a agência de notícias Xinhua. O vírus H7N9 foi encontrado em 95 pessoas, a maioria no leste da China. A última vítima foi um homem de 69 anos, de sobrenome Xu, na província de Zhejiang. Ele morreu na noite de sexta-feira, após o tratamento de emergência não surtir efeito.
A província de Zhejiang informou que há três novos casos de infecção e que os três pacientes estão em estado grave. A província costeira de Jiangsu também anunciou outra infecção. Na última sexta-feira, autoridades de saúde levantaram dúvidas sobre a fonte dessa variante do vírus, indicando que mais da metade dos pacientes não teve contato com aves domésticas.
Embora não esteja claro como as pessoas estão se infectando, a Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que não há evidência de que possa estar havendo o pior cenário imaginado: o da transmissão entre pessoas.
O representante da OMS na China, Michael O'Leary, divulgou dados na última sexta-feira mostrando que metade dos pacientes analisados não teve contato com aves domésticas, a fonte mais potencial de contágio, mas ele disse que a transmissão entre pessoas parecia rara.
A China anunciou o primeiro caso de H7N9 no final de março, e desde então tem elogiado a OMS por sua atuação na crise.

sábado, 20 de abril de 2013

Bebê geneticamente selecionado cura doença da irmã

Embrião de Maria Clara foi selecionado para não carregar genes doentes e ser compatível com a irmã, Maria Vitória, que sofria de uma condição genética rara. Assim, seria possível realizar um transplante de medula entre as duas

Maria Clara Reginato Cunha, de apenas 4 dias, que nasceu para salvar a vida de Maria Vitória
As irmãs Maria Vitória e Maria Clara Reginato Cunha apenas quatro dias após o nascimento da caçula, em 2012 (Evelson de Freitas/AE)
Maria Vitória, de seis anos, sofria de talassemia major, uma doença crônica e rara no sangue que pode levar à morte. Por causa disso, a menina era submetida a transfusões sanguíneas a cada três semanas e tomava uma medicação diária para reduzir a quantidade de ferro no organismo. Depois de procurar mais de 30 médicos em busca de uma solução para a doença da filha, os pais de Maria Vitória decidiram passar pela fertilização in vitro para selecionar um embrião que pudesse ajudar na cura dela. Em fevereiro de 2012, nasceu Maria Clara, o primeiro bebê brasileiro a ser selecionado geneticamente em laboratório para não carregar genes doentes e ser totalmente compatível com a irmã. No último mês, a irmã mais velha recebeu o transplante de medula óssea a partir de células-tronco de Maria Clara — e, segundo os médicos envolvidos no caso, é possível considerar que Maria Vitória está curada e, portanto, livre das transfusões de sangue.
A talessemia é uma doença genética hereditária. Para que uma pessoa tenha o problema, precisa herdar os genes tanto do pai quanto da mãe. A condição se caracteriza pela diminuição da síntese de hemoglobinas, que são as responsáveis por carregar o oxigênio presente nos glóbulos vermelhos. Uma vez que se trata da diminuição de hemoglobina, a talessemia é um tipo de anemia. Ela pode ser menor, ou seja, uma doença mais discreta com sintomas fracos ou até assintomática, ou major. Nesse caso, o mais grave, há duas soluções para o paciente: transfusão de sangue frequente por toda a vida ou transplante de medula, que faz com que a pessoa com a doença não apresente mais o gene responsável pelo problema e passe a sintetizar a hemoglobina normalmente. Foi o que aconteceu com Matria Vitória.
O procedimento — Na prática, o procedimento funcionou assim: o tratamento de fertilização in vitro feito pelos pais de Maria Vitória resultou em dez embriões, que tiveram suas células analisadas. Desses, dois eram saudáveis e totalmente compatíveis com a menina. Eles foram implantados no útero da mãe, Jênyce Reginato da Cunha, mas apenas um sobreviveu. Foi aí que nasceu Maria Clara.
No parto, os médicos colheram as células-tronco do cordão umbilical de Maria Clara. Como a quantidade não era suficiente para o transplante, foi necessário esperar que o bebê completasse um ano de idade para coletar um número maior de células da medula ósseas. Maria Vitória foi internada em março deste ano no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para dar início ao condicionamento: recebeu altas doses de quimioterapia para destruir as células da sua medula óssea e deixar o sistema imunológico zerado. No dia 18 de março, Maria Clara foi submetida à coleta das células da medula óssea. Em seguida, essas células foram infundidas em Maria Vitória — primeiro as do sangue do cordão e, depois, as da medula óssea da irmã.
Espera — Segundo o hematologista Vanderson Rocha, responsável pelo transplante, durante os 15 primeiros dias a medula de Maria Vitória continuava zerada. Essa foi a fase mais crítica, pois o corpo não produzia nenhuma defesa e a menina ainda precisava receber transfusões. Depois desse período, a medula óssea da criança voltou a fabricar as células e, desde então, ela não precisou mais receber transfusões de sangue. “Ela voltou a produzir células como uma pessoa normal. Ela tem uma medula nova. O resultado é muito bom e podemos considerar que a Maria Vitória está curada”, diz Rocha.
Segundo o médico, as chances de complicações pós-transplante existem, mas são muito baixas. “Acontece em menos de 5% dos casos. Ainda assim, o transplante é a melhor opção. A Maria Vitória estava começando a ter problemas no fígado por conta do ferro”, afirmou, acrescentando que há cerca de cem casos de transplantes registrados na Europa para curar talassemia, todos com sucesso.
(Com Estadão Conteúdo)

Ceará registra 136 novos casos de dengue

4 óbitos estão sob investigação

O número de casos confirmados de dengue teve uma leve alta no Ceará. No boletim semanal divulgado nesta sexta-feira (19) pela Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), foram confirmados 136 novos casos. Nenhum óbito foi registrado entre os dias 14 e 19 de abril. Segundo a Sesa, 4 óbitos estão sob investigação.
Mais de 1.800 casos de dengue já foram confirmados no Ceará Foto: Alex Costa
No ano, foram notificados 9.447 casos de dengue no Estado e 1.808 casos já foram confirmados em 80 municípios. Na última semana, 1.672 casos da doença já haviam sido confirmados. Fortaleza lidera o número de infecções.
Na capital, 621 pessoas foram infectadas pelo mosquito Aedes aegypti. No interior, o maior número de casos foi registrado em Tauá, com 275 confirmações. O boletim aponta que 2013, 1 pessoa já morreu por complicação da doença.
Mais de 50 mil casos de dengue foram confirmados em 2012
No ano passado, o Ceará apresentou 51.701 casos confirmados de dengue em 167 municípios cearenses. Segundo informações da secretária de Saúde do Estado, foram confirmados 11 mortes de Febre Hemorrágica da Dengue (FHD) e 25 óbitos de Dengue com Complicação (DCC)

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Fortaleza registra aumento de 78% nos casos de coqueluche

Campanha de vacinação deve acontecer até julho, diz coordenador da Célula de Vigilância Epidemiológica
Apesar de despercebida pela maioria da população brasileira, a coqueluche é uma doença que vem se alastrando no País e atingindo, sobretudo, bebês. Em Fortaleza, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), em um ano - entre 2011 e 2012 - a doença registrou crescimento de 78% no número de casos, passando de 41 para 73, e neste ano, entre janeiro e março, foram oito notificações.

Dados do governo federal indicam que, em 2011, foram registrados 2.258 casos de coqueluche no Brasil. Desse total, 70% foram em menores de 1 ano de idade. Em 2012, o número passou para 4.453 casos (aumento de 97%), sendo que 85% dos registros foram crianças menores de seis meses.

As ocorrências alertaram médicos e o Ministério da Saúde, que decidiu promover campanha nacional para imunizar gestantes. A inclusão da vacina tríplice acelular que protege contra difteria, tétano e coqueluche (a DTPa) no calendário de imunização da grávida quer garantir que o bebê já nasça com alguma proteção contra a doença, evitando que a infecção ocorra antes dos seis meses de idade.

Atualmente, a vacina para adultos só está disponível em clínicas privadas e custa, em média, R$ 120. Na rede pública, a vacina contra coqueluche para crianças é dada a partir dos dois meses, em três etapas até os oito meses de idade.

A campanha, adianta o coordenador da Célula de Vigilância Epidemiológica da SMS, Antônio Lima Neto, deverá acontecer até julho deste ano e contará com a Sociedade Cearense de Ginecologia e Obstetrícia (Sogego) como principal parceira.

Para o vice-presidente da Sogego, Francisco Eleutério, é fundamental conscientizar os médicos a incentivarem a vacinação das mulheres e futuras mães. "É importante que a grávida esteja vacinada para evitar que o bebê seja infectado pela bactéria". A entidade também defende que outros adultos, e não somente a mulher, procurem se imunizar contra a doença. Ele explicou que, em 40% dos casos, a transmissão da doença aos recém-nascidos é feita pela mãe, 20% são pelo pai e o restante por outros cuidadores do bebê. "Depois de nascido, todas as pessoas que cuidam desse bebê, sejam avós, babás, cuidadoras da creche, também precisam estar imunizadas", defende.

Ocorrência
Lima esclarece, ainda, que todas as ocorrências não foram confirmadas por exames laboratoriais, mas já nos consultórios médicos. "Pelos sintomas claros, como tosse paroxística (como piado), catarro, febre baixa e falta de apetite, é possível fazer o diagnóstico", afirma, explicando que, principalmente nas crianças e nos idosos, a doença pode evoluir para quadros graves com complicações pulmonares, neurológicas e hemorrágicas, além de desidratação.

Altamente contagiosa, a enfermidade é uma infecção causada por bactéria que compromete o aparelho respiratório. Crises de tosse em uma única respiração, vômitos pós-tosse, coriza e febre são os principais sintomas da doença. A transmissão se dá por fala, tosse ou espirros. Se não tratada, pode levar à morte. Com diagnóstico precoce, o tratamento é bastante eficaz. Ter contraído a doença anteriormente não garante proteção.

Atualmente, a prevenção da coqueluche é baseada somente na imunização de crianças. São três doses da vacina tríplice bacteriana DTP (que protege também contra difteria e tétano), aplicadas a partir de dois meses. A última dose é dada aos seis meses. A vacina que será aplicada nas gestantes a partir do segundo semestre é a chamada DTP acelular. Diferentemente da tríplice bacteriana aplicada nos bebês, ela deve substituir a vacina dupla valente, aplicada atualmente.

Tecnologia
Por meio de nota, o Ministério da Saúde informa que negocia com produtores internacionais a aquisição das doses. Outra estratégia do governo é alertar os profissionais de saúde para que o diagnóstico da coqueluche seja feito de maneira precoce, além do tratamento com antibióticos.

Ainda segundo a Pasta, países europeus e os Estados Unidos têm registrado aumento de casos da doença desde 2010 - sobretudo entre crianças menores de seis meses, que ainda não estão protegidas por completo pela vacina pentavalente.

"Outro ponto a ser considerado é que nem a vacinação nem a infecção conferem imunidade a longo prazo. Infecções em adultos podem acontecer. Por isso, a vacinação da gestante pode também evitar que ela seja a fonte de infecção para o seu filho, no período de vida em que ele ainda não esteja devidamente imunizado", informou o ministério. A expectativa é imunizar quatro milhões de grávidas no Brasil.

LÊDA GONÇALVESREPÓRTER

China investiga se nova gripe aviária é transmitida entre humanos

Desde o fim de março, autoridades chinesas já confirmaram 82 casos de infecção pelo vírus H7N9 no país, sendo que 17 deles resultaram em morte

Fazendeiro agacha dentro de um galinheiro em Jiaxing, província de Zhejiang. A China já registra 24 casos de gripe aviária no país
H7N9: China já registra 82 casos de gripe aviária no país (William Hong/Reuters )
Autoridades de saúde da China disseram, nesta quarta-feira, que estão investigando a possibilidade de transmissão entre humanos da nova cepa do vírus da gripe aviária, o H7N9. De acordo com Felipe Zijian, diretor do centro de emergências do Centro de Controle e Prevenção de Doenças do país, estão sendo avaliados, por exemplo, casos de infecção pelo vírus em membros da mesma família. Desde o fim de março, a China já confirmou 82 pessoas infectadas pelo H7N9, sendo que 17 delas morreram.
“Nós ainda estamos analisando com profundidade para descobrirmos quais são as principais possibilidades – se a infecção ocorreu primeiramente de ave para humano e depois de humano para humano, por exemplo. E se as pessoas infectadas têm um histórico comum de exposição: se entraram em contato com os mesmos objetos ou se o contágio ocorreu por meio do ambiente”, disse Zijian.
Zijian ressaltou, porém, que ainda não há indícios de que o H7N9 é transmitido de uma pessoa para outra – reforçando o que a Organização Mundial de Saúde (OMS) havia assegurado na última semana.
Segundo informou nesta quarta-feira o jornal chinês China Daily, Zeng Guang, cientista-chefe encarregado de epidemiologia no Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China, disse que cerca de 40% das pessoas infectadas pelo H7N9 não tinham nenhum histórico claro de exposição a aves. "Como essas pessoas são infectadas? É um mistério", disse Zeng, segundo o jornal. No mesmo dia, Gregory Hartl, porta-voz da OMS, confirmou que, de fato, algumas dessas vítimas não entraram em contato com os animais, mas não confirmou a porcentagem.
(Com agência Reuters)

quinta-feira, 18 de abril de 2013

França: Começa o julgamento de fabricantes de próteses mamárias adulteradas

Executivos da empresa francesa Poly Implant Prothese (PIP) respondem a 5.000 queixas de mulheres que receberam os implantes de silicone da marca

Prótese mamária: implante da marca Poly Implant Prothese (PIP), retirada de paciente devido à ruptura
Prótese mamária: executivos da marca de implantes mamários Poly Implant Prothese (PIP) vão a julgamento na França (Sebastien Nogier / AFP)
Cinco executivos da França começaram a ser julgados nesta quarta-feira por fornecerem próteses mamárias adulteradas da empresa francesa Poly Implant Prothese (PIP). Entre 2001 e 2010, mais de 300.000 mulheres ao redor do mundo receberam os implantes de silicone da PIP. A ação judicial contra a empresa inclui 5.000 queixas e 300 advogados.
Em dezembro de 2011, o governo francês recomendou que todas as 30.000 mulheres que haviam recebido a prótese mamária da PIP no país retirassem o implante. Foi constatado que o fabricante do produto utilizava silicone industrial nas próteses, que apresentavam índices de ruptura acima do normal e, portanto, um risco de vazamento. As próteses irregulares já foram retiradas do mercado.
Jean-Claude Mas, fundador e presidente-executivo da PIP, admitiu que as próteses eram preenchidas com uma receita caseira e não aprovada à base de gel de silicone para uso industrial. Ele e quatro outros executivos são acusados de fraude qualificada, e podem pegar até cinco anos de prisão cada, além de terem que pagar multas.
Um pavilhão de exposições próximo à antiga fábrica da PIP foi transformado em tribunal improvisado para acomodar a multidão esperada para o julgamento, que deve durar até 14 de maio. Das mais de 5.000 ações individuais movidas contra a PIP, que já foi a terceira maior fabricante mundial de próteses mamárias, 220 partiram de mulheres de fora da França.
Câncer — Médicos dizem não haver indício de relação entre essas próteses e casos de câncer de mama, mas, nos meses subsequentes à revelação da fraude, cirurgiões plásticos do mundo todo disseram ter recebido um grande número de solicitações para retirarem as peças de pacientes preocupadas. Quase metade das francesas com implantes da PIP já optaram por retirá-los, seja por causa de rupturas ou por precaução, segundo o governo do país.
Brasil — No Brasil 25.000 implantes da marca foram utilizados. A venda do produto foi proibida pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) em abril de 2010, após a França ter identificado uma taxa elevada de rupturas dos implantes da PIP. Com a recomendação do governo francês de que as mulheres retirassem os implantes, a agência brasileira cancelou o registro das próteses da marca e anunciou que recolheria os 10.097 implantes que ainda estavam em posse da importadora.
(Com agência Reuters)

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Gripe suína já causou duas mortes no interior de SP

Última vítima do vírus H1N1 é de São José do Rio Preto, noroeste do estado. Campanha nacional de vacinação, que começou nesta segunda-feira, também protege contra o vírus H1N1

Nova droga conseguiu curar ratos infectados com vírus H1N1
Imagem mostra o vírus H1N1, causador da gripe suína: interior de São Paulo já registrou duas mortes pela doença em 2013 (Thinkstock)
Um homem de 54 anos morreu vítima da gripe A H1N1, a gripe suína, em São José do Rio Preto, em São Paulo, nesta terça-feira. O paciente estava internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) da Santa Cada de Misericórdia desde o dia oito, mas não resistiu. Esse é o primeiro caso de óbito registrado na cidade em 2013 e, de acordo com informações da Secretaria Municipal da Saúde, não há outros casos confirmados de internação pelo vírus influenza A H1N1.

Saiba mais

GRIPE A H1N1
Conhecida também como gripe suína, trata-se de uma doença respiratória aguda transmitida de pessoa a pessoa por meio de tosse, espirro ou contato com secreções respiratórias de pessoas infectadas. Os sintomas da gripe são febre alta repentina, maior que 38°C, e tosse, acompanhadas ou não de dores de cabeça, musculares, nas articulações ou dificuldade respiratória. Como forma de prevenção do contágio, o Ministério da Saúde recomenda não compartilhar alimentos, copos, toalhas e objetos de uso pessoal; lavar as mãos frequentemente com água e sabão, especialmente depois de tossir ou espirrar; e, ao tossir ou espirrar, cobrir o nariz e a boca com um lenço descartável.
O primeiro caso de óbito pela doença na região do noroeste paulista foi confirmado na última sexta-feira, em Catanduva. De acordo com informações da Secretaria de Saúde de Catanduva, uma paciente de 52 anos procurou atendimento médico no dia 1º, foi atendida e liberada. No dia cinco, após não apresentar melhora dos sintomas, a mulher foi internada na UTI do Hospital Padre Albino. A morte aconteceu no dia oito, mas o exame que apresentou resultado positivo para o vírus H1N1 foi registrado apenas na última sexta-feira.
A paciente era doente crônica, fator que a colocava no grupo de risco da doença — condições como diabetes e hipertensão podem agravar os sintomas. Segundo informações da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, as mortes são provocadas por uma complicação dos sintomas, como uma síndrome respiratória aguda, e não unicamente pelo vírus da gripe.
Rio Grande do Sul — A Secretaria da Saúde de Porto Alegre também confirmou nesta segunda-feira o primeiro caso de gripe suína no estado. A paciente é uma mulher de 26 anos, que está hospitalizada em tratamento com a medicação antiviral Tamiflu. Ela integra o grupo de risco por apresentar uma doença crônica prévia. Desde o início do ano, já foram investigados 57 casos de gripe H1N1 na capital gaúcha. Os casos investigados são de pessoas internadas com síndrome respiratória aguda grave.
Imunização — Pessoas que sofrem de alguma doença crônica fazem parte do público alvo da campanha nacional de vacinação contra a gripe deste ano, que começou nesta segunda-feira e termina dia 26 de abril. O Ministério da Saúde tem como meta vacinar 80% de todo público alvo, que inclui ainda indivíduos maiores de 60 anos, indígenas, profissionais de saúde, população carcerária, mulheres até 45 dias depois do parto e crianças de seis meses a dois anos de idade.
(Com Estadão Conteúdo)

terça-feira, 16 de abril de 2013

Número de mortos por novo vírus da gripe aviária na China sobe para 13

Mais duas vítimas foram registradas em Xangai, apontam agências.
No total, 60 pessoas já foram infectadas com o vírus H7N9.

Do G1, em São Paulo
Chineses usam máscaras em Xangai, cidade onde mais duas mortes pelo novo vírus da gripe aviária foram registradas (Foto: Mark Ralston/AFP)Chineses usam máscaras em Xangai, cidade onde mais duas mortes pelo novo vírus da gripe aviária foram registradas (Foto: Mark Ralston/AFP)
Mais duas pessoas morreram na China após infecção pelo novo vírus da gripe aviária, o H7N9, elevando para 13 o número de mortos no país, informaram agências internacionais neste domingo (14). As novas vítimas são de Xangai, de acordo com a Reuters.
No total, 60 pessoas estão infectadas com a doença - sendo que dois novos casos foram registrados na província chinesa de Henan.
Uma das novas vítimas é um homem de 34 anos que está internado no hospital, em estado grave. O outro caso é de um agricultor de 65 anos que se encontra em quadro de saúde estável, diz a Reuters. Os dois casos não parecem estar relacionados.
Pelo menos 19 pessoas que tiveram contato próximo com as duas novas vítimas estão sob observação, mas não há sinais de que tenham contraído o vírus, segundo a agência estatal de notícias Xinhua.
Outros quatro casos foram confirmados no leste da província de Zhejiang, segundo relato da Xinhua divulgado neste domingo. A informação eleva o número total de contaminados região para 15. Nenhuma das 483 pessoas que tiveram contato próximo com as vítimas apresentou sintomas.
Segundo a imprensa estatal chinesa, mais três vítimas foram identificadas em Xangai, o que elevou o número total de casos na cidade para 24, com um total de nove mortes.
Na capital chinesa
Pela primeira vez um caso de infecção pelo novo vírus H7N9, da gripe aviária, foi notificado oficialmente na capital da China, em Pequim. O caso indica que o vírus está se espalhando, informaram agências internacionais no sábado (13).
Autoridades sanitárias anunciaram o caso de uma menina de 7 anos infectada pelo vírus em Pequim. Ela é filha de um casal de comerciantes de aves e, provavelmente, teve contato com animais doentes. A garota está hospitalizada e seu estado de saúde é estável.
Na avaliação do representante da Organização Mundial de Saúde (OMS), Michael O'Leary, não há nada fora do comum até agora apesar do avanço do vírus para Pequim. "Não há como prever como a gripe vai se espalhar, mas não é surpreendente se tivermos casos em outros lugares, como ocorreu com Pequim", disse ele à Reuters.

Cientistas desenvolvem rim em laboratório

Segundo especialistas, técnica baseada em reestruturação do órgão do próprio paciente mostrou 'grande potencial'.

Da BBC
Rim de rato desenvolvido em laboratório (Foto: BBC)Rim de rato desenvolvido em laboratório (Foto: BBC)
Um rim "criado" em laboratório foi transplantado para animais onde começou a produzir urina, afirmam cientistas norte-americanos.
A técnica, desenvolvida pelo Hospital Geral de Massachusetts e apresentada na publicação "Nature Medicine", resulta em rins menos eficazes do que os naturais. Mesmo assim, os pesquisadores de medicina regenerativa afirmam que ela representa uma enorme promessa.
Técnicas semelhantes para desenvolver partes do corpo mais simples já tinham sido utilizadas antes, mas o rim é um dos órgãos mais complicados de ser desenvolvido. Os rins filtram o sangue para remover resíduos e excesso de água. Eles também são o órgão com o maior número de pacientes na fila de espera de transplantes.
A técnica dos cientistas americanos consiste em usar um rim velho, retirar todas as suas células antigas e deixar apenas uma espécie de esqueleto, uma estrutura básica, que funcione como uma espécie de armação. A partir daí, o rim seria então reconstruído com células retiradas do paciente. Isso teria duas grandes vantagens sobre os habituais transplantes de rim.
Como o novo tecido será formado com células do paciente, não será necessário o uso de drogas antirrejeição, que evitam que o sistema imunológico bloqueie o funcionamento do órgão "estranho" ao corpo. Seria possível também aumentar consideravelmente o número de órgãos disponíveis para transplante. A maioria dos órgãos usados atualmente acaba rejeitada.
Teia de células
Nesse estudo, os pesquisadores usaram um rim de rato e aplicaram um detergente para retirar as células velhas. A teia de células restante, formada por proteínas, tem a forma do rim, e inclui uma intrincada rede de vasos sanguíneos e tubos de drenagem.
Esta rede de tubos foi utilizada para bombear as células adequadas para a parte direita do rim, onde se juntaram com a "armação" para reconstruir o órgão. O órgão reconstituído foi mantido em um forno especial por 12 dias para imitar as condições no corpo de um rato.
Quando os rins foram testadas em laboratório, a produção de urina chegou a 23% das estruturas naturais. A equipe, então, transplantou o órgão para um rato. Uma vez dentro do corpo, a eficácia do rim caiu para 5%.
No entanto, o pesquisador principal, Harald Ott, disse à BBC que a restauração de uma pequena fração da função normal já pode ser suficiente: "Se você estiver em hemodiálise, uma função renal de 10% a 15% já seria suficiente para livrar o paciente da hemodiálise. Ou seja, não temos que ir até o fim (garantir os 100% da função renal)."
Ele disse que o potencial é enorme: "Se você pensar sobre os Estados Unidos, há 100 mil pacientes aguardando por transplantes de rim e há apenas cerca de 18 mil transplantes realizados por ano." "O impacto clínico de um tratamento bem-sucedido seria enorme."
'Realmente impressionante'
Seriam necessárias ainda várias pesquisas antes de que o procedimento fosse aprovado para uso em pessoas. A técnica necessita ser mais eficiente, para a restauração de um maior nível de função renal. Os pesquisadores também precisam provar que o rim continuaria a funcionar por um longo tempo.
Haverá também os desafios impostos pelo tamanho de um rim humano. É mais difícil colocar as células novas no lugar certo em um órgão maior. O professor Martin Birchall, cirurgião do University College de Londres, envolveu-se em transplantes de traqueia produzidos a partir de armações desenvolvidas em laboratório. Sobre a pesquisa com o rim, ele disse: "É extremamente interessante, e realmente impressionante."
"Eles (os pesquisadores que desenvolveram o rim de rato) abordaram algumas das principais barreiras técnicas para tornar possível a utilização de medicina regenerativa para tratar de uma necessidade médica muito importante."
Ele disse que tornar o desenvolvimento de órgãos acessível a pessoas que necessitam de um transplante de órgão poderia revolucionar a medicina: "Do ponto de vista cirúrgico, é quase o nirvana da medicina regenerativa que você possa atender à maior necessidade de órgãos para transplante no mundo - o rim."

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Secretaria confirma primeiro caso de gripe A H1N1 no RS em 2013

Contágio de mulher de 26 anos foi confirmado pela Secretaria da Saúde.
Outros 57 casos suspeitos são investigados em Porto Alegre, diz prefeitura.

Do G1 RS
No dia em que teve início a vacinação, o primeiro caso de contágio de gripe A H1N1 no Rio Grande do Sul em 2013 foi confirmado na manhã desta segunda-feira (15) pela Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre
. Segundo o órgão da prefeitura, trata-se de uma mulher de 26 anos. Ainda há outros 57 casos suspeitos da doença sendo investigados na capital gaúcha, sendo 20 de moradores de cidades do interior que são atendidos na capital gaúcha.
A Secretaria Estadual da Saúde confirma que este foi o primeiro caso de gripe A H1N1 no estado em 2013. O órgão acrescenta que já houve três casos de H3N2, com um óbito registrado em janeiro.
A vacinação teve início nesta segunda em todo o país. O governo estadual espera imunizar 2,3 milhões de gaúchos. Em Porto Alegre, as 55 unidades básicas de saúde funcionam de segunda a sexta-feira, das 7h às 18h. Já as 88 Unidades de Estratégia de Saúde da Família (USF) têm atendimento das 8h às 12h e das 13h às 17h.

Venda de hormônios sintéticos da tireoide cresce 65% em quatro anos

Aumento de vendas pode estar relacionado ao consumo 'off label', por pessoas que buscam o emagrecimento rápido

A glândula tireóide produz hormônios que atuam em todo o nosso organismo, regulando o crescimento, digestão e o metabolismo
A glândula tireóide produz hormônios que atuam em todo o nosso organismo, regulando o crescimento, digestão e o metabolismo (Thinkstock)
"Alguns colegas (médicos) são criminosos. Eles prescrevem o hormônio tireoidiano puro, o T3, que é o de maior atividade: acelera o coração, causa arritmia, pode levar à isquemia do miocárdio e até ao infarto" — Laura Ward, presidente do Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
A venda de hormônios sintéticos da tireoide cresceu 65% entre os anos 2008 e 2012, segundo um levantamento da consultoria IMS Health, que analisa dados da indústria farmacêutica. Um dos medicamentos é o segundo mais vendido no Brasil. O fenômeno — ainda subdimensionado, porque os dados não levam em consideração medicamentos manipulados — pode estar ligado ao crescente consumo do produto não só por quem sofre de disfunção na tireoide, mas por pessoas interessadas em emagrecimento rápido (uso off label — para outras finalidades que não aquelas previstas em bula). Médicos alertam que o uso indevido do hormônio compromete o organismo e tem efeito pouco duradouro.
Em agosto, levantamentos já apontavam o crescimento do consumo de medicamentos para diabetes, epilepsia e depressão como alternativas para perda de peso, depois que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a comercialização de emagrecedores à base de anfetaminas. "O hormônio tireoidiano é um hormônio de atividade, ele é liberado no organismo nas reações de fuga e combate", explica Laura Ward, presidente do Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, e professora de clínica médica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
"Esse hormônio é destinado a prover energia para os músculos. Mas, em excesso, consome esses músculos. Perde-se peso, sim. Mas não é um bom emagrecimento, porque a perda é de músculo, e não de tecido gorduroso", explica. A preocupação maior é com as fórmulas manipuladas. "Alguns colegas (médicos) são criminosos; deveriam ser denunciados. Eles prescrevem o hormônio tireoidiano puro, o T3, que é o de maior atividade: acelera o coração, causa arritmia, pode levar à isquemia do miocárdio e até ao infarto", diz.
Histórico — O uso indevido do hormônio tireoidiano vem sendo percebido há alguns anos. Um estudo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), publicado em 2007, já apontava o uso elevado da substância."O estudo principal era sobre a prevalência do hipotireoidismo na população, que estava em 12,3%. Mas incluímos uma pergunta sobre uso de fórmulas, chás e remédios para emagrecer. Encontramos um número muito grande", afirma a epidemiologista Rosely Sichieri, da UERJ.
Das 1.296 mulheres que participaram do estudo, 34% tinham usado as substâncias ao menos uma vez na vida, e outras 11% relataram tê-las consumido nos dois meses anteriores à realização da pesquisa. Ao testar o sangue das voluntárias, as que haviam usado os medicamentos mais recentemente tinham nível do hormônio tireoidiano TSH reduzido. "Isso significa que elas estavam com hipertireoidismo", afirma Laura.
De acordo com o especialista em treinamento esportivo Marcelo Ferreira Miranda, integrante do Conselho Federal de Educação Física, o uso indevido de hormônios da tireoide é uma prática simples de ser percebida pelos professores que atuam nas academias de ginástica. "A pessoa sua muito, fica ofegante, tem aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca. Nas avaliações regulares, aparece a perda de massa muscular", diz. "As academias acabam carregando o estigma de que estimulam ou são coniventes com essa prática. Não é verdade. A orientação é que as pessoas busquem recursos naturais e saudáveis para emagrecer."
A médica Flávia Pinho, nutróloga do Espaço Stella Torreão, já atendeu pacientes que estavam tomando hormônios da tireoide. "Às vezes tinham prescrição médica; outras, não. Como método de emagrecimento é fugaz. Quando se interrompe a ingestão do hormônio, há o retorno dos padrões anteriores do metabolismo. Há risco de desenvolver deficiência hormonal e de dependência do medicamento para o resto da vida", diz.
(Com Estadão Conteúdo)

domingo, 14 de abril de 2013

Podridão sanitária

Como a omissão e a conivência de médicos veterinários, ao não fiscalizarem a carne vendida no País, colocam em risco a saúde da população brasileira

Natália Mestre, Rodrigo Cardoso e Suzana Borin
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IRREGULARIDADES
Carcaças a céu aberto no matadouro Dois Irmãos, em Novo São Joaquim (MT)
Sangue escorrendo livremente pelo chão, o ranger do serrote cortando ossos e pedaços de carnes jogadas por cantos imundos e fétidos. Essa cena se repete diariamente em matadouros e frigoríficos localizados, principalmente, em cidades do interior do Brasil. Um levantamento nacional, feito durante nove meses pela ONG Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, constatou que 30% da carne consumida no País não passa por nenhuma fiscalização. “Estamos colocando a vida dos brasileiros em risco”, alerta Roberto Smeraldi, presidente da ONG. E, pior ainda, o estudo elaborado pela Amigos da Terra constatou que 70% dessa carne não é clandestina. Ou seja, apesar de imprópria para o consumo, ela passa facilmente pelos mecanismos de fiscalização governamentais, pois transita por frigoríficos e abatedouros autorizados a funcionar, com a aprovação concedida por médicos veterinários que têm o dever de atestar a origem e a qualidade do que será levado à mesa dos brasileiros. Diante de um quadro tão ameaçador, a posição do presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), Benedito Fortes de Arruda, que deveria zelar para que seus profissionais cumpram com rigor suas atribuições, é espantosa: “Se fôssemos colocar em prática todas as normas, teríamos de fechar a maioria dos abatedouros que não têm fiscalização federal”, admite. “A presença do veterinário é uma regra que, na maioria dos casos, não é respeitada. E acabou se tornando uma prática normal nesses estabelecimentos.” O problema é que a omissão – ou conivência – dos veterinários com esses matadouros expõe a população a uma série de doenças, como a teníase, que leva a perturbações nervosas, e a potencialmente fatal tuberculose.
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IRREGULARIDADES
Homem sem camisa abate boi no chão do matadouro:
contra as regras de higiene e segurança
Atualmente, 1,39 mil frigoríficos abatem 29,8 milhões de cabeças de gado por ano no Brasil. Desse total, apenas 206 estabelecimentos são fiscalizados pelo governo federal, onde existe um controle eficiente. Nos demais, a inspeção fica a cargo das administrações estaduais e municipais. As fraudes, segundo o estudo da ONG, ocorrem principalmente nesses últimos. “Percebemos que 80% desses estabelecimentos não possuem nenhuma condição de higiene e estrutura para estarem abertos. Pode-se dizer que são iguais, ou muito próximos, dos frigoríficos clandestinos”, diz Smeraldi. “E o pior: a presença do veterinário, quando existe, não funciona.” Na prática, muitos dos veterinários contratados apenas assinam a liberação da carne, sem fazer nenhum tipo de verificação no gado ou nas condições do abate. O resultado do trabalho da ONG foi apresentado, na semana passada, à Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Senado. Parlamentares sugeriram a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as condições sanitárias de toda carne vendida no Brasil. Certamente, o Conselho Federal de Medicina Veterinária será parte das investigações. Na comissão também transita uma proposta para que seja elaborado projeto de lei visando unificar a fiscalização, como ocorria no passado.
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Até 1989, a inspeção era única. Com o objetivo de agilizar os processos, ela foi descentralizada. Mas a grande consequência, na verdade, foi torná-la precária. Hoje, o controle só é eficaz nos abatedouros sob responsabilidade das autoridades federais – onde, inclusive, é produzida a carne para exportação. Esses obedecem a padrões rígidos de higiene e segurança alimentar, os médicos veterinários são concursados e têm estabilidade no emprego. Em boa parte dos estabelecimentos sujeitos à fiscalização municipal, por exemplo, a função é um cargo de confiança da prefeitura, situação semelhante à da maioria dos Estados. “Esse sistema fez com que houvesse a degradação das condições de trabalho. Os trabalhadores hoje passam por todo tipo de pressão e ameaças, tanto dos proprietários quanto dos políticos, e não têm a quem recorrer”, diz Wilson Roberto Sá, presidente do Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (Anffa).
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Para Estados e municípios, a adesão aos padrões rígidos de higiene e segurança alimentar é voluntária e, segundo pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), apenas 20% das prefeituras brasileiras as seguem. Além disso, 68% dos municípios nem sequer têm um serviço de inspeção instalado. “O grande problema está no abate não inspecionado, o chamado clandestino oficial”, diz Péricles Pessoa Salazar, presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo). Essa carne, mais barata, normalmente é destinada aos açougues de bairro ou pequenos estabelecimentos populares nas periferias. Até a carne seguir para os pontos de venda, ela deve ser acompanhada por dois profissionais da área veterinária: o veterinário RT, responsável pelas condições da estrutura e higiene dos abatedouros e frigoríficos, e o fiscal veterinário, especializado em saúde animal, que acompanha todo o procedimento de abate. Porém, a presença desses profissionais, muitas vezes, é pró-forma. Existe apenas no carimbo deixado por eles mesmos no local.
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Essa prática foi documentada em vídeo pela ONG Amigos da Terra em um frigorífico em Parapauã, no interior de São Paulo, onde faltam azulejos nas paredes e os animais são cortados no chão porque os ganchos nos quais as peças deveriam ser penduradas estão enferrujados. O veterinário, cujo nome é mantido sob sigilo até o final da investigação, cedeu seu carimbo aos funcionários do abatedouro para que eles mesmos exercessem o papel de fiscal. “Os veterinários mantêm esse tipo de serviço como um bico, já que é difícil encontrar uma prefeitura que pague um salário de R$ 6,5 mil, valor condizente com o trabalho de fiscalização”, reconhece Francisco Cavalcanti de Almeida, presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo. “A solução encontrada por parte dos prefeitos é contratar um profissional sem especialização na área, algo que sai bem mais barato.” Apesar de constatada a fraude, não se tem conhecimento de ações concretas do Conselho de Medicina Veterinária para impedir a irregularidade. Trata-se de uma conivência que faz com que a situação caótica dos abatedouros estaduais e municipais se agrave. “Os veterinários fazem vista grossa e deixam passar as irregularidades”, afirma Salazar, da Abrafrigo. As explicações para esse tipo de comportamento são variadas: “A gente vê de tudo, de pagamento de propina a dono de frigorífico com costas quentes com a administração pública”, acrescenta.
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A interferência política, segundo os veterinários, é um problema sério que acaba desmotivando a categoria. “Muitas vezes fazemos a intervenção para fechar o estabelecimento e conseguimos lacrar. Mas depois o poder público municipal intervém mostrando somente ‘planos de investimentos’ e eles conseguem a liberação do juiz para voltar a funcionar. É essa a nossa grande dificuldade: a ingerência de prefeitos, o pedido de um amigo do prefeito e de todo o poder público”, afirma Arruda, presidente do CFMV, em defesa da classe. Tão logo um fiscal veterinário faz a identificação de um animal doente, a conduta normal é informar a Defesa Sanitária Animal. Esse fato condena o gado e tira toda a possibilidade de o criador ter lucro. “Em média, um boi tem 300 quilos de carne. Descartando-se esse animal, perdem-se cerca de R$ 1,2 mil. É um prejuízo muito grande para pequenos pecuaristas que abatem dez animais por semana. Por isso, muitas vezes, eles fazem ameaças aos veterinários”, diz Arruda. O problema é que, como ordem de classe, o CFMV deveria tomar medidas enérgicas e não apenas lamentar. Governantes coniventes com frigoríficos e abatedouros que ameaçam a saúde pública deveriam ser denunciados, e veterinários que não cumprem sua missão deveriam ser proibidos de exercer a profissão. São medidas que dependem apenas do órgão de classe e que podem trazer resultados concretos.
Fonte: ONG Amigos da Terra, Sindicato Nacional dos Fiscais Federais
Agropecuários (Anffa), United States Departament of Agriculture (Usda)
Fotos: Ong amigos da terra; Roberto Smeraldi

Anvisa regulamentará recall de produtos alimentícios

Proposta dá à agência poderes para determinar prazos para o recolhimento dos alimentos e a maneira como os consumidores devem ser informados

Embalagens de sucos da marca Ades
Em fevereiro, 96 embalagens de 1,5 litro do suco de maçã Ades foram envasados apenas com soda cáustica e água (Reprodução)
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) passará a regulamentar o recall de produtos alimentícios no Brasil. O texto que servirá de base para a resolução obriga empresas a comunicar à Anvisa dificuldades constatadas nos produtos, dá poderes para que a agência determine os prazos para o recolhimento dos alimentos no mercado e a forma como a empresa deverá informar os problemas para os consumidores.
"A Anvisa não dispõe no momento de instrumentos necessários para garantir que a empresa comunique a população sobre eventuais problemas com alimentos", diz José Agenor Álvares, diretor da agência. Também não há, até agora, mecanismos que obriguem as empresas a comunicarem desvios de produção para a agência. Foi o que ocorreu no caso da recente contaminação do suco Ades. "Não fomos comunicados. A informação foi dada num primeiro momento para o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor", contou Álvares.
Proposta — A minuta da proposta será apresentada na próxima reunião da Diretoria Colegiada da Anvisa, programada para terça-feira (16). O texto, depois de aprovado pela diretoria e pela consultoria jurídica da agência, irá para consulta pública. A expectativa da agência é a de que o texto final seja publicado em até quatro meses.
O diretor da agência defendeu também a definição de mecanismos para garantir que o recolhimento do produto seja feito de forma adequada, num prazo razoável. "Não vamos delimitar um período. Isso vai depender de caso a caso, mas é preciso haver regras. O objetivo é que produtos sejam retirados o mais rapidamente possível", completou.
O texto também prevê punições para o desrespeito às regras. Os mecanismos existentes atualmente permitem que as multas cheguem a 1,5 milhão de reais. Na reunião de terça-feira, também será discutida uma proposta de resolução com regras para regulamentar o acesso e fornecimento de remédios em investigação clínica.
Contaminação — No fim de fevereiro, uma falha em uma das 11 linhas da fábrica de Pouso Alegre da Unilever, batizada com a sigla TBA3G, fez com que 96 embalagens de 1,5 litro do suco de maçã Ades fossem envasados apenas com soda cáustica e água. Quando ingerido, o líquido provoca queimaduras. O diretor afirma que a agência ficou sabendo do problema por meio da imprensa. "O episódio reforçou a necessidade de regras claras para os casos de desvios de produção", disse.
Álvares não descartou a possibilidade de que a iniciativa seja estendida para outros produtos regulados pela agência. Pelo menos 14 pessoas entraram em contato com a fabricante relatando problemas provocados pelo consumo do produto. Para Álvares, a forma como a população foi comunicada sobre a contaminação deixou a desejar. "Daí a importância de a Anvisa verificar também a forma como as informações são prestadas pela comunidade."
(Com Estadão Conteúdo)

sábado, 13 de abril de 2013

Capital registra 1ª morte por dengue-Ce


Outros dois óbitos são investigados no Estado. Neste ano, 1.672 confirmações foram feitas, em 79 municípios


A Regional V é a que acumula o maior número de casos, seguida da Regional VI Foto: Natinho ROdrigues
Fortaleza registra o primeiro caso de morte por dengue deste ano no Ceará. Trata-se de um homem de 48 anos que veio a óbito em março, por dengue com complicação. Antônio Lima, coordenador da Célula de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), informa que era um paciente hipertenso que tinha créditos de risco por ter co-morbidade, ou seja, a ocorrência de dois ou mais problemas de saúde.

Outros dois casos de morte em decorrência da doença no Estado estão sendo investigados, conforme o boletim semanal da dengue, divulgado ontem, pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). Neste ano, 1.672 casos foram confirmados em todo o Ceará, em 79 municípios, com destaque para Fortaleza, que registrou 568 casos (34%) e Tauá, com 275 (16,4%).

Na Capital, a Secretaria Executiva Regional (SER) V acumula o maior número de casos (159), seguida da Regional VI (119), Regional III (113) Regional IV (101), Regional I (36) e Regional II (30).

Apesar do óbito, Antônio Lima chama atenção que a situação da Capital é bem diferente do ano passado, quando houve registro da pior epidemia de Fortaleza, com aproximadamente 40 mil casos confirmados e 22 mortes. "Estamos em abril, e só 568 casos foram confirmados, o que representa uma redução muito grande em relação ao ano passado", afirma.

Ações
Entretanto, o gestor deixa claro que com dengue não se pode relaxar. "Estamos em movimento, o plano de contingência da dengue foi aprovado, ele prevê uma série de ações para evitar o aumento do número de casos". Como em 2012 houve epidemia, muita gente está imunizado. Por isso, acrescenta Lima, Fortaleza não corre o risco de ter uma epidemia de grande amplitude.

Manoel Fonsêca, coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Sesa, alerta aos profissionais para que fiquem atentos a pacientes com febre aguda, dor de cabeça e no corpo e algum tipo de sangramento. Pode ser dengue por complicação.

LUANA LIMAREPÓRTER