quinta-feira, 2 de março de 2017

Cientistas usam maçã para criar tecido humano para transplante

Frutas, verduras, legumes e até flores são instrumentos na reconstrução do corpo humano
Fruta é usada em experimentos para reconstrução do corpo humano ( Foto: Divulgação )
Para a maioria da população mundial, maçã serve para comer. Mas, para o biofísico canadense Andrew Pelling, a fruta tem também outras finalidades. Ele é professor da Universidade de Ottawa, no Canadá, e vem usando não só a maçã, mas outras frutas, verduras, legumes e até flores para ajudar a reconstruir o corpo humano.
Por trás disso, está a intenção de desenvolver métodos mais novos e baratos da medicina regenerativa. Em um experimento recente, Pelling e sua equipe removeram as células e o DNA de uma maçã, até sobrar somente sua estrutura de celulose - aquela que deixa a fruta crocante. Existente na maioria dos vegetais e de característica fibrosa, a celulose é responsável por dar a rigidez e firmeza às plantas e não é digerida pelos seres humanos.
Os cientistas constataram que essa estrutura se mostrou efetiva para o implante de células vivas em laboratório, incluindo células humanas. Em um segundo momento, a equipe esculpiu maçãs em formato de orelha, e usou os "esqueletos" de celulose resultantes para implantar células humanas, recriando orelhas.
Custos
Trata-se de um material de baixo custo com o qual você cria diferentes estruturas e abre várias possibilidades para a medicina regenerativa", diz Pelling. Esse tipo de suporte para fazer implantes em pacientes com tecidos danificados ou doentes é uma ferramenta essencial para a medicina regenerativa.
Médicos e dentistas usam essas estruturas para fazer enxerto de pele e de osso, e para reparar joelhos, ligamentos e gengivas danificados. Mas os produtos disponíveis no mercado podem ser muito caros - entre US$ 30 a US$ 1,5 mil por centímetro quadrado ─ e são normalmente derivados de animais ou cadávares humanos. Já a estrutura feita a partir da maçã custa centavos de dólares.
Experimento
 
Pelling transplantou as estruturas de celulose em uma cobaia e observou a formação de vasos sanguíneos. Agora, ele está fazendo testes semelhantes com aspargos, pétalas de flores e outras frutas, legumes e verduras.
 
Pelling suspeita que a estrutura das pétalas de flores pode se provar ideal para produzir pele enquanto o formato dos aspargos seriam úteis para estimular o crescimento de nervos e vasos sanguíneos. Ele espera poder desenvolver materiais de baixo custo e "de código aberto" (ou seja, capaz de ser adaptado e aperfeiçoado por outros cientistas) que ajudem a impulsionar a revolução.
 
"O próximo desafio é saber se poderemos trabalhar com organismos mais complicados, órgãos, músculos ou ossos", afirma.

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