sexta-feira, 3 de março de 2017

Mitos e verdades sobre o procedimento da vasectomia

Cirurgia é realizada em local sensível e gera dúvidas que precisam ser desmistificadas
Procedimento é simples mas causa dúvidas ( Foto: Divulgação )
Falar em vasectomia deixa os homens receosos. A cirurgia, embora simples, é realizada em uma região sensível e causa preocupações sobre o futuro da vida sexual masculina e a possibilidade real de gravidez depois da cirurgia. Veja algumas dúvidas sobre o processo:
Como é feita a cirurgia?
A vasectomia interrompe o fluxo de espermatozoides em dois canais, os chamados dutos deferentes. "Esses tubinhos, responsáveis por levar os espermatozoides produzidos nos testículos até próximo à próstata, são cortados na operação", explica Flávio Trigo, urologista do hospital Sírio-Libanês.
Sem um caminho para que os espermatozoides possam sair pelo pênis, o homem fica infértil.
O procedimento pode resultar em dor?
Não. "É uma área delicada, o homem fica aflito, temos que garantir que não tenha sofrimento. Com um bom médico, não há dor", diz Eduardo Bertero, coordenador da Sociedade Brasileira de Urologia
O procedimento é simples, com anestesia local que demora cerca de 20 minutos. O paciente pode voltar para casa dirigindo. É bom evitar exercícios intensos e sexo por sete dias, mas é uma recuperação tranquila.
No pós-operatório, o homem pode sentir um incômodo na região dos testículos, mas o uso do analgésico garante a melhora.
É realmente eficaz?
O método é confiável, tem poucas chances de falha. Para garantir o sucesso os dutos deferentes são cortados, amarrados, queimados e até desalinhados durante a cirurgia, deixando a regeneração quase impossível.
"Existe uma pequena chance dos ductos deferentes espontaneamente se ligarem, mas é coisa de um caso em dois mil, é raro", afirma Rafael Ferreira Coelho, urologista do Hospital Israelita Albert Einstein.
Quando a operação não funciona, geralmente a causa é uma infecção que leva à recanalização, de acordo com Trigo. Para evitar a gravidez, o médico informa o paciente sobre a complicação e aconselha o uso de camisinha até analisar o quadro clínico.
Logo após a cirurgia já é possível transar sem medo de gravidez?
Ainda não. Ao operar, os canais que mandam o espermatozoide são cortados, mas algum esperma pode ficar no meio do caminho. Para evitar que os últimos sobreviventes fecundem.
O recomendado é aguardar 40 dias. Nesse período, o paciente deve usar outro método anticoncepcional durante as relações. Ao fim dessas semanas, ele deve fazer um espermograma para ver se o número de espermatozoides foi zerado. Normalmente, o homem tem mais de 15 milhões de espermatozoides por mililitro de esperma.
Ainda é possível ejacular?
Sim. O que é liberado pelo pênis é 50% secreção da vesícula seminal, 40% secreção da próstata e até 10% de espermatozoides. Assim, a quantidade e o aspecto do líquido ejaculado não se alteram. Fica, inclusive, impossível saber quem fez ou não fez a operação sem colocar o líquido no microscópio.
A produção de testosterona também não é afetada no processo. O hormônio, também produzido no testículo, vai direto para o sangue e não é afetado pelo corte dos dutos, então não há alteração.
É preciso ir ao psicólogo?
Se o paciente achar que precisa conversar com um especialista, não deve hesitar. Mas não é obrigatório. De qualquer forma, por lei não é permitido marcar a cirurgia muito rapidamente.
"Da primeira consulta até a cirurgia é preciso ter um intervalo de 60 dias, tempo em que o paciente pode ter apoio psicológico, repensar e decidir", afirma Coelho.
A mulher tem que autorizar o procedimento?
Sim, pois de acordo com a lei nº 9.263, ambos os cônjuges têm que estar de acordo com a vasectomia.
O texto especifica que a esterilização voluntária só é permitida em "maiores de 25 anos, ou, pelo menos, com dois filhos vivos", desde que o prazo dos 60 dias entre vontade e cirurgia sejam respeitados.
Além disso, caso uma gravidez tenha colocado a mãe em risco de vida, a medida também pode ser adotada.
Vai afetar a ereção, a libido ou o desempenho sexual?
A vasectomia não mexe em nenhuma estrutura relacionada ao desempenho sexual. Os nervos da ereção, por exemplo, estão muito longe dos dutos deferentes.
"Em uma pesquisa que fiz na Universidade de São Paulo analisei homens que fizeram a vasectomia e o desempenho depois da operação melhorou em 60% deles", conta Bertero. Segundo ele, o casal fica mais relaxado, sem se preocupar com gravidez ou preservativo, e tem relações melhores.
É possível voltar atrás?
Sim. É possível fazer uma cirurgia que acaba com a infertilidade, mas ela é mais complexa e minuciosa, precisa ser feita em ambiente hospitalar com uso de microscópio.
"E, nem sempre é eficaz. O fator decisivo é o tempo: se for após cinco anos da vasectomia, há sucesso em 80% dos casos, de 5 a 10 anos após a primeira operação, o sucesso já cai para 50%, se passar de 10 anos, apenas 30%", afirma Trigo.
O que acontece é que com a vasectomia você amarra os tubos deferentes, aumentando a pressão dos tubos no testículo. Em resposta, o organismo vai parando de produzir o espermatozoide, os canais vão atrofiando e é difícil reativá-los.

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