domingo, 8 de novembro de 2009

Controle total da asma é possível

Episódios de tosse seca persistente, sibilância (chiado no peito), dificuldade para respirar e falta de fôlego para realizar atividades do cotidiano são sintomas que fazem parte da vida de quem convive com crises recorrentes de asma. A rotina também inclui idas e vindas à serviços de emergência e, não raro, internações e óbitos. Uma vida limitada e que resulta em inúmeras perdas, tanto pessoais, quanto para o Sistema Único de Saúde.A boa notícia: evitar crises de asma é algo perfeitamente possível. Para assistir aos pacientes adultos - de 18 a 70 anos - com asma moderada, grave e de difícil controle, Fortaleza já dispõe de um serviço cuja meta é avançar "para obter o controle absoluto da doença", diz o pneumologista Petrônio Leitão, coordenador do Programa de Controle da Asma do Hospital de Messejana.Manejo adequadoO manejo correto da doença envolve uma série de medidas, a começar por reunir uma equipe formada por médicos, enfermeiros e fisioterapeutas, assim como o controle e pesquisa, através de acesso ao cadastro padronizado dos cerca de 1.500 asmáticos assistidos pelo programa.No tocante à educação continuada, Dr. Petrônio esclarece que a participação dos enfermeiros e fisioterapeutas é fundamental. "Eles irão ensinar os pacientes a absorver melhor a medicação de controle, um broncodilatador (à base de pó seco), que tem efeito prolongado no organismo, superior a 12 horas"."O objetivo é reduzir o número de pacientes atendidos nos serviços de emergência, e/ou mudar a classificação dos mesmos - de graves e de difícil controle para portadores de asma leve", afirma o pneumologista. O programa para o controle da asma grave em ambulatório de referência, como o do Hospital de Messejana, integra as ações do Ministério da Saúde e inclui a distribuição gratuita de medicamentos de alto custo.A asma grave acomete apenas 10% dos casos de asma, mas neste grupo a mortalidade é maior e há grande consumo dos recursos relativos à doença. Nestes casos, diversos fatores determinam uma pobre resposta ao tratamento da asma, incluindo adesão, correta avaliação diagnóstica, exclusão de doenças concomitantes, identificação de fatores agravantes e precisa utilização das drogas.Além do atendimento em si, o programa disponibiliza aos pacientes uma série de exames, sendo a alteração na função pulmonar detectada por espirometria que, além de confirmar os achados obstrutivos compatíveis, pode quantificá-los. Também inclui radiografia torácica e exame "peak fluow" que avalia o volume de ar expelido.A opinião do especialistaDra. Márcia Alcântara Holanda *Segundo o Data SUS, o número absoluto de mortes diretamente causadas pela asma aumentou de 2.286/ano em 1980, para 3.111, em 2006 (2.118/ano; 6/dia). Foram 328.620 hospitalizações (900 /dia) em 2008, sendo o Norte e Nordeste os campeões dessa modalidade de avaliação. O custo médio anual para o SUS com as hospitalizações causadas por exacerbações (crise grave) da doença foi de R$ 104 milhões (R$ 308,50/hospitalização) ganhando do diabetes. Sua prevalência é elevada e atinge 10% da população em geral; e 15% das crianças.O instigante é que a asma é completamente controlável! Já sabemos como resolve-la: dispomos de programas eficazes e medicamentos seguros, capazes de evitar o sofrimento que a doença causa, expresso por intensa falta de ar que causa intenso desconforto físico e emocional ao paciente e à família, culmina com frequente causa de falta à escola e ao trabalho por doença crônica. Traz custos financeiros e sociais elevados ao Estado e à família.Muito desolador é saber que já possuímos um programa oficioso, mas muito eficaz no controle as asmas leves, que é o Programa de Assistência Integral a Crianças e Adolescentes com Asma de Fortaleza (Proaica). O Programa abrange apenas 29 unidades de saúde de Fortaleza, necessitando de ampliação e implantação oficial em toda a cidade.A novidade, entretanto, é que os cearenses com asma grave ganharam o Programa de Controle da Asma Grave do Hospital de Messejana (Procam), que é o mesmo programa já existente desde a década de 80, mas que passou por atualização do conhecimento de seus profissionais e suporte tecnológico. O Procam se propõe a prestar assistência especializada, multidisciplinar a pacientes com asma grave e de difícil controle. Esses asmáticos contarão com um atendimento médico personalizado, medicação segura e adequada e orientação educativa sobre o controle da doença.O estimulante será a integração entre os dois programas quando funcionando ambos plenamente: haverá então a garantia de que todos os cearenses com asma leve e grave, terão o tratamento desejado, não terão mais crises, nem sofrerão na situações de emergência, haverá menos hospitalização e consequentemente menos morrerão de asma. Não faltarão ao trabalho ou a escola e terão melhora significante da qualidade de suas vidas. Agora é só uma questão de consciência do problema e de desejo político.* Médica pneumologista, coordenadora da Comissão de Asma da SCPT.

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