quinta-feira, 5 de novembro de 2009

DENGUE EM FORTALEZA -Infestação atinge 110 bairros

A dona-de-casa Joana Pereira Cavalcante contraiu a dengue pela segunda vez em pouco mais de três anos. Ela mora com o marido e três filhos em Messejana. O bairro lidera a lista de 2009 com maior número de casos da doença em Fortaleza, contabilizando, entre janeiro e outubro, 162 confirmações. Na Capital, dos 117 bairros, 94% (110) têm focos do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti, segundo o Boletim Epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).Houve, sem dúvida, uma redução significativa no número de casos entre os meses citados, tanto no bairro em questão quanto em Fortaleza, que passou de 33.597 para 3.809 casos. No entanto, o índice de infestação na Capital cearense é de 1,04% ou seja, para cada 100 imóveis vistoriados pela Vigilância Epidemiológica do Município existe mais de um foco do Aedes aegypti.O índice é superior ao preconizado pela Organização Mundial da Saúde e recomendado pelo Ministério da Saúde MS), abaixo de 1%. Os dados fazem parte do mais recente Levantamento de Índice Rápido (Lira) de 2009 realizado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) sob encomenda do MS que quer ter uma visão geral dos principais municípios brasileiros sobre o controle da dengue. O índice do Estado é pior, está acima dos 3%.Esta foi uma das razões que incluíram Fortaleza no roteiro de visitas do ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Hoje, ele cumpre agenda na cidade. O ministro vai convocar todos os prefeitos e secretários de Saúde dos 34 municípios cearense considerados prioritários na luta contra o avanço do mosquito. Temporão alertará sobre a importância do fortalecimento de ações no combate aos focos e de conscientização da população para que não se deixar brecha para a proliferação do mosquito. Ele também dará prazo para a apresentação por parte dos municípios dos planos de contingência da doença para 2010.De acordo com o gerente da Célula de Controle Epidemiológico da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), Manuel Fonseca, o MS quer a integração de agentes comunitários de saúde e agentes de endemias sob o comando do Programa de Saúde da Família (PSF) e o fortalecimento da atenção básica de saúde para o atendimento e tratamento de casos mais simples da doença, deixando para as redes secundárias e terciárias, os casos mais graves. "O objetivo é evitar o óbito", diz.Fonseca não quis adiantar os recursos extras que o MS irá repassar para o Estado, priorizando o combate à dengue. "Atualmente, recebemos por mês a quantia de R$ 473,3 mil somente para a dengue".A assessoria técnica da SMS, Socorro Furtado, coordenador a da Lira/2009, em Fortaleza, salientou que o levantamento, realizado em todos os bairros da Capital, os locais de abastecimento de água (caixas d´água, tambores e tonéis) são os criadouros predominantes do mosquito da dengue. "Os depósitos domiciliares - vasos, pratos, bromélias, lajes e piscinas - também chamam atenção, respondendo por 25% da infestação", informa ela.A partir da Lira, a SMS intensificou a visita domiciliar e o tratamento dos focos do Aedes aegypti. Bairros da Secretaria Executiva Regional (SER) III, por exemplo, superam a média de infestação de Fortaleza com 2,33%. Os da Secretaria Regional II, incluindo Centro, Papicu e Praia do Futuro, esse índice chega a 1,33%.ESTADO E FIOCRUZParceria viabiliza implantação de Polo Tecnológico de SaúdeO ministro da Saúde, José Temporão, não está em Fortaleza apenas para cobrar dos municípios maior atenção no combate à dengue. Ele participa de solenidade da assinatura de Memorando de Entendimento para a construção do Polo Industrial e Tecnológico de Saúde, entre o governador Cid Gomes, e o presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Paulo Ernani Gadelha, que é cearense. O evento está previsto para ser firmado hoje, em reunião, no Palácio Iracema, às 14h30.Após a assinatura do memorando, Cid Gomes vai ser signatário do Projeto de Lei (PL) que autoriza a cessão do terreno à fundação, situado no município de Eusébio. O PL será encaminhado para apreciação da Assembleia Legislativa do Estado (AL), posteriormente.Segundo o coordenador de Planejamento da Fiocruz no Ceará, Luiz Fernando Pessoa, o projeto objetiva ser um centro de referência para fomento à inovação tecnológica, pesquisa e ensino em saúde no Norte e Nordeste. "Tudo isso, a partir da instalação da Fiocruz, que já funciona em escritório temporário na Secretaria da Saúde do Estado (Sesa)", adianta.Somente a entidade, diz ele, vai ocupar uma área de 10,9 hectares, já garantidas pelo governo do Estado. Para isso, afirma Pessoa, a Procuradoria Geral do Estado (PGE) expediu o mandado de emissão de posse para a Fiocruz.O empreendimento terá uma área total de 50,9 hectares, incluindo a unidade da Fiocruz e o polo industrial de biotecnologia, que receberá indústrias de medicamentos e de equipamentos de saúde. Dezesseis empresas já manifestaram interesse em se instalar no polo biotecnológico. Compete a um conselho gestor formado por representantes da Fiocruz, do Governo do Estado e da Prefeitura do Eusébio a avaliação e aprovação dos projetos de instalação de empresas no polo.A Fiocruz assinou, em 23 de junho deste ano, convênio de cooperação técnica, científica e financeira com o Estado no valor de R$ 1,425 milhão. Foram liberados até agora cerca de 38% do total, um valor de R$ 543 mil, para definir a abrangência de atuação da entidade por aqui. Além disso, o recurso será utilizado já para adquirir equipamento para as futuras instalações no empreendimento.Parcerias com a Universidade Estadual do Ceará (Uece) e com a Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade de Fortaleza (Unifor) e as faculdades de Medicina de Juazeiro do Norte e Sobral. "Também será ofertado mestrado e doutorado em saúde pública, direcionado à saúde da família", diz.

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