segunda-feira, 30 de novembro de 2009

DENGUE EM 2010 -Mais gravidade com o retorno do Denv-1

O sorotipo Denv-1 do vírus da dengue está circulando nos Estados vizinhos ao Ceará. Diante da possibilidade de haver no próximo ano o aumento no números de casos, o seu retorno é considerado pelos gestores um dos principais alertas, uma vez que pode representar a manutenção ou até ampliação das formas graves da doença. Isso porque existe ainda um grande número de pessoas, como crianças, por exemplo, que ainda não foram expostas ao Denv-1.Entre 1986 e 2005, o vírus Denv-1 estava presente com regularidade no território cearense, mas, desde então, deixou de circular, predominando o Denv-2 e Denv-3. Para a assessora técnica do Núcleo de Controle de Endemias da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Socorro Furtado, isso significa que, se não houver uma verdadeira operação de "guerra" para eliminar o mosquito do ambiente, pode acontecer novamente o cenário que o Estado, principalmente na Capital, viveu em 2008, quando 44.508 casos foram registrados, com 23 mortes pela doença, registrando a segunda maior epidemia de dengue no Estado."Nós estamos nas ruas todos os dias, mas a população também tem que estar alerta. A possibilidade de retorno do tipo 1 do vírus é uma realidade. Eliminar o mosquito antes das chuvas significa menos casos e menos mortalidade", aponta Furtado.Este ano, os casos diminuíram consideravelmente (4.624 casos), mas as mortes já chegam a 29, sendo 17 delas somente em Fortaleza. Diante dos números, a questão é complexa: porque os casos diminuíram, mas as mortes não? No ano de 2008, o Boletim Semanal Dengue explica que a explosão de casos ocorreu principalmente em virtude de elevadas infestações pelo Aedes aegypti, a circulação simultânea de três sorotipos virais com predomínio do Denv-2 e um grande contingente populacional susceptível à doença.Já este ano, o gerente da Célula de Vigilância Epidemiológica da SMS, Antônio Lima, explica que, apesar de cada vez mais casos com gravidade estarem ocorrendo, as 17 mortes confirmadas na Capital não representam a realidade da dengue em 2009. "A morte mais recente que foi investigada aconteceu na primeira semana de maio. As análises imunohistoquímicas são realizadas pelos Instituto Evandro Chagas, no Pará, e duram cerca de seis meses. Temos que fazer o detalhamento dos óbitos para avaliar melhor os fatores. Um desses casos, por exemplo, foi de uma pessoa que foi a óbito em casa, sem nem receber atendimento", disse.Conforme Lima, diante do retorno do Denv-1 e da chegada das chuvas, é preciso não baixar a guarda, tendência natural diante da diminuição dos casos. A SMS, segundo ele, está trabalhando para organizar a rede de assistência e reforçar a vigilância ambiental, a partir das novas Diretrizes Nacionais lançadas pelo Ministério da Saúde.Acesso à unidade de saúde, demora na procura pelo serviço ou no atendimento, falha no diagnóstico e estado de saúde do paciente são fatores interligados que podem contribuir para a ampliação da gravidade dos casos, conforme o infectologista Ronald Pedrosa. "Alterações imunológicas que acontecem no organismo causam complicações que, se não forem tratadas em condições adequadas, levam o paciente à morte. É importante deixar claro para a população que os sintomas não devem ser minimizados", alerta.Apesar de considerar que a rede está bem estruturada para atender a dengue, Pedrosa destaca que falhas como a que acontece quando se deixa passar aquele paciente que "vai e volta", sem melhora, contribuem para aumentar os casos de gravidade. "As pessoas tendem a encarar a dengue como uma doença simples, mas é grave e necessita de cuidados intensos".Cenário em 20094.624Casos de dengue já foram confirmados este ano em 110 municípios no Ceará, conforme o Boletim Semanal Dengue, divulgado pela Secretaria da Saúde no Estado3.828-É O TOTAL de casos registrados em Fortaleza, uma das 17 capitais consideradas de risco pelo Ministério da Saúde e um das quatro cidades em alerta no Estado do Ceará29 MORTES por dengue no Ceará já foram confirmadas, sendo 17 na Capital. São 7 casos por febre hemorrágica da dengue e 22 por dengue com complicação. Dois óbitos ainda são investigadasVIGILÂNCIA-Agentes buscam voluntários contra doença. A bandeira amarela no portão indica que aquela casa está recebendo a visita de agentes sanitaristas que atuam na vigilância ambiental contra o Aedes aegypti. Joveni Silva de Souza faz parte de um exército de agentes que atuam em Fortaleza realizando a visita domiciliar, na tentativa de fazer um trabalho de conscientização sobre o combate ao mosquito e também de eliminar focos já existentes.Sua missão não é simples, principalmente no bairro onde atua, o Panamericano. Lá, por problemas de abastecimento, a população armazena água.Além de necessitar de conhecimentos técnicos, olhar apurado e comprometimento, os agentes precisam ser também multiplicadores para conseguir ter êxito. No bairro Panamericano, cinco agentes dão conta de visitar 3.436 residências em ciclos de três meses. A supervisora técnica da Secretaria Executiva Regional IV, Ilma Maria Alves, explica que, em áreas onde há problemas de abastecimento, a população utiliza muitos reservatórios no interior das residências e não toma os cuidados para eliminar o mosquito. "A grande dificuldade é conseguir a adesão de uma ou mais pessoas da residência para atuar como agente voluntário e realizar esse monitoramento", disse.É por isso que, quando inicia a visita, o agente Joveni de Souza primeiramente convida o morador para acompanhá-lo nos cômodos da casa e, em cada um deles, buscam juntos os locais de risco para o mosquito. Na casa do aposentado Antônio Alves Ferreira, o agente encontrou um morador comprometido com o combate a dengue, mas que ainda tinha garrafas expostas e tijolos com buracos virados para cima no quintal. "A visita é importante porque ajuda as pessoas a despertarem".Fique por dentro Mudanças climáticas potencializarão dengueErradicar a dengue ainda é uma utopia no Brasil. De acordo com o estudo "Mudanças Climáticas, Migrações e Saúde: cenários para o Nordeste Brasileiro, 2000-2050", elaborado em conjunto pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional, Universidade Federal do Minas Gerais e Fundação Oswaldo Cruz, a dengue ainda será um problema no ano 2050. Isso porque, de acordo com as projeções, o Ceará é o Estado com maior índice de vulnerabilidade à dengue, uma das doenças mais comuns no Nordeste.A previsão pessimista do estudo para 2050 é que a região Nordeste sofra um aumento da temperatura média entre dois e quatro graus Celsius, o que acarretará transformações ligadas ao desenvolvimento econômico, migrações, saúde e meio ambiente.Com relação à saúde, o estudo mostra que Maranhão, Bahia, Alagoas e Ceará são os Estados que apresentarão mais dificuldade para lidar com os efeitos das mudanças climáticas sobre as doenças infecciosas e a saúde infantil.Dados e estimativas de endemias como dengue, leptospirose, esquistossomose, doenças de chagas, leishmaniose tegumentar e visceral, além de problemas infantis como desnutrição e mortalidade por diarreia, entraram para o cáculo do Índice Geral de Vulnerabilidade (IGV), uma ferramenta desenvolvida pelo estudo que mostra que Ceará e Pernambuco são os mais suscetíveis à mudança climática do ponto de vista dos indicadores de saúde.O cálculo considerou ainda o risco de desertificação, a vulnerabilidade econômico-demográfica e o tamanho da conta na área de saúde que cada estado vai ter que pagar. No caso dos estados mais afetados, o Ceará, por exemplo, em 2030, deverá estar gastando R$ 149,6 milhões a mais em seus hospitais por causa do aquecimento da temperatura, dentro de um gasto hospitalar total previsto de R$ 295,9 milhões.

Um comentário:

  1. Gostaria de fazer uma cirrugia Esporão de Calcaneo, quem vcs indicariam no Ceará, e qual o opreço.
    Grato

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