sábado, 21 de novembro de 2009

Europa investiga mutação do H1N1

Cientistas europeus investigam a mutação do H1N1 e uma eventual transmissão entre pessoas de novos vírus da gripe suína. Eles seriam resistentes ao Tamiflu, antiviral utilizado no tratamento da doença. Na Noruega, o governo anunciou ontem que foi encontrada em três pacientes uma mutação considerada "substancial" do vírus, que poderia causar sintomas mais graves. A doença já matou 6,7 mil pessoas no mundo.Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), há 57 casos de mutação do vírus da gripe suína em vários países, inclusive no Brasil. Em comunicado, a OMS minimizou ontem o impacto da nova descoberta e alertou que não há indicação de que o novo vírus tenha levado a um número maior de infectados. Uma mutação de vírus ocorre quando ele sofre alteração em seu material genético. Isso pode acontecer toda vez que ele entra em contato com uma célula, ou seja, infecta pessoas ou animais. Uma mutação foi a causa do próprio H1N1, que só atacava animais, passar a infectar humanos.A preocupação no Reino Unido é de que a mutação possa ser o início de uma proliferação de um novo vírus, resistente ao Tamiflu e à vacina. Em um hospital inglês já há nove casos de mutação. Cinco deles mostraram resistência ao oseltamivir - nome genérico do Tamiflu. "Ainda precisamos de mais investigações, mas parece provável que a transmissão de vírus H1N1 que resistem ao oseltamivir esteja ocorrendo", afirmou o governo britânico, em um comunicado. Os pacientes estariam se recuperando com outro antiviral, o Relenza. Para os noruegueses, a mutação poderia ser a explicação dos casos mais severos. Mas, ao contrário do Reino Unido, a Noruega não acredita que isso possa ter qualquer impacto no uso de vacinas e antivirais. "A mutação pode estar melhorando a habilidade do vírus de se aprofundar no sistema respiratório, causando doenças mais graves", afirmou o Instituto Norueguês de Saúde Pública. A mudança foi descoberta nos dois primeiros casos fatais no país e em um terceiro paciente que não morreu. Não foi confirmado se haveria uma transmissão de pessoa à pessoa.A OMS, diante dos anúncios, decidiu se pronunciar ontem mesmo. Segundo a entidade, não há indicações de que a mutação seja generalizada. O comunicado diz ainda que o vírus - mesmo após a mutação - continuou sendo sensível aos antivirais e à vacina. A OMS confirma que casos ocorreram também na China, Japão, Estados Unidos, México, Ucrânia, Estados Unidos e Brasil. A mesma mudança foi encontrada em casos fatais e nos menos graves. "O significado desse resultado na Noruega, portanto, não é claro", informa a OMS. "A mutação parece ocorrer de forma esporádica e espontânea e não parece se proliferar", disse a entidade. A OMS garante que vai estudar os casos e se manter "vigilante". REPERCUSSÃO-Para o infectologista e diretor do Hospital Emílio Ribas, David Uip, a nova mutação era esperada e ainda não há motivo de alarmismo. "Essas mutações ainda não geraram consequências clínicas, diagnósticas ou preventivas que justifiquem a mudança no tratamento com remédios ou vacinas." Uip diz que outras mutações devem ocorrer nos próximos meses, especialmente no Hemisfério Norte, onde é inverno. "Por isso, é absolutamente fundamental que ocorra um monitoramento constante do vírus em todo o mundo."Para a infectologista Nancy Bellei, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a mutação deve ser estudada em um maior número de casos. "O fato de o vírus ser mais resistente não significa que ele seja mais patogênico ou transmissível."

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