quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

ALERTA-Maioria dos casos de hepatite não é notificada

As hepatites B e C são doenças virais, contagiosas e silenciosas, pois não apresentam sintomas. Com relação a essas enfermidades, a falta de campanhas de vacinação, a subnotificação dos pacientes por parte dos médicos e, muitas vezes, a desinformação estão causando preocupação ao Ministério da Saúde. Para se ter uma ideia, no Ceará, entre 2003 e 2008, foram notificados apenas 2,2 casos de hepatite B em cada 100 mil habitantes.Segundo o coordenador do Programa Nacional de Hepatite Viral, Ricardo Gadelha, aproximadamente um em cada trinta brasileiros está contaminado, e a maioria não sabe disso, porque a doença não tem sintomas aparentes. Mas, de acordo com ele, o que agrava ainda mais a situação é a não notificação dos casos por parte dos médicos, fator que dificulta o tratamento.Outro agravante é a baixa cobertura de vacinação nos estados. Conforme Gadelha, a região Nordeste é a mais prejudicada por falta de políticas públicas para vacinação contra hepatite B. Ele diz que o Ceará tem apenas 67% de cobertura, quando o recomendado é 95%.É exatamente para discutir temas como esses que 100 médicos das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste estão participando, em Fortaleza, de uma capacitação, iniciada ontem e que segue até amanhã, sobre as hepatites virais. De acordo com Ricardo Gadelha, outro objetivo do encontro é capacitar profissionais da saúde para o uso de novas drogas, a serem lançadas ainda no primeiro trimestre do ano que vem, e para a realização de campanhas de vacinação.Medicamentos-Ele destaca que existem centenas de pacientes sendo tratados no País, mas que não são notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sian, do Ministério da Saúde). "Se o governo é o responsável pela compra de medicamentos, é preciso ter um controle, por meio do sistema de notificação, para que não falte remédio". Gadelha acrescenta que, por ano, no Brasil, são 24 mil novos casos de hepatite viral, mas a situação real deve ser bem pior.Para o hepatologista José Milton de Castro, o problema da subnotificação está ligado a um fator cultural. "Os médicos não se dispõem a preencher uma ficha, que agora é on line, e justificam dizendo que o procedimento é extenso", ressalta. Ele diz que, muitas vezes, o paciente também não entende a real necessidade da notificação e se sente constrangido ao responder o questionário.

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