sábado, 19 de junho de 2010

Não há estatísticas no Ceará-DEPENDÊNCIA QUÍMICA

O Ceará não dispõe de estatísticas relacionadas ao consumo de drogas. Quem afirma é o presidente do Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas do Ceará, Herman Normando Almeida. De acordo com ele, a dimensão do problema ainda é desconhecida no Estado, o que acaba dificultando a aplicação das verbas destinadas a ações de repressão, tratamento e reinserção na sociedade. "Como e quanto investir numa coisa que você não conhece?", questiona. "Hoje, as pessoas morrem e as causas são ataques do coração, problemas respiratórios, suicídio, mas em muitos casos a droga aparece como verdadeira causa. Só que não aparece", denúncia.Por isso, o foco da Semana Estadual sobre Drogas, que será lançada hoje, no auditório da Secretaria da Segurança e Defesa Social (SSPDS), e prossegue até o próximo dia 26, é o lançamento da Política Estadual Sobre Drogas e a proposta de criação da Secretaria Estadual de Políticas sobre Drogas. "A Política definiria as ações do Estado em áreas como saúde e educação, voltadas para o combate às drogas, e a Secretaria seria a responsável por centralizar estas iniciativas", diz Herman.O material será entregue ao governador Cid Gomes, a quem cabe a análise e autorização para a execução das ideias. Caso a Política e a Secretaria sejam implantadas, o Ceará tornar-se-á o segundo Estado brasileiro a adotar uma estratégia específica para o combate ao uso de drogas. "Minas Gerais já coloca em prática iniciativas semelhantes com sucesso", revela Herman.Para ele, as principais dificuldades enfrentadas no combate às drogas no Ceará são o "corpo insignificante" da polícia especializada, a falta de locais para internamento dos dependentes químicos e de pessoal especializado nas unidades de saúde, além da ausência de programas eficazes de reinserção social para os ex-dependentes químicos. "É muito importante investir em prevenção, claro, mas é preciso também cuidar dos usuários de hoje", acrescenta.PastoralO coordenador de Formação da Pastoral da Sobriedade da Arquidiocese de Fortaleza, Rogério Melo, avalia que a situação é ainda mais grave para os dependentes de baixa renda. "Para estas pessoas o problema aparece tanto no início do vício, dada a facilidade de acesso às drogas e a falta de políticas de educação inclusivas, quanto na dificuldade para se livrarem do vício".Melo também afirma que não há estatísticas oficiais sobre o consumo de drogas no Estado. Os únicos dados disponíveis, destaca, são informações de entidades do setor. A Pastoral tem seu próprio levantamento, feito com base nos atendimentos, nos cursos e grupos de autoajuda que realiza.Criada há cinco anos, a Pastoral contabiliza 139 agentes capacitados, três cursos e 17.599 atendimentos, incluindo usuários e seus familiares. Conforme Rogério Melo, no início, o álcool e a maconha se revezavam na primeira posição no ranking das drogas utilizadas nos casos recebidos ali. Há cerca de três anos, porém, o crack vem avançando e, este ano, já responde por 37,3% dos atendimentos.

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