sexta-feira, 11 de junho de 2010

Vacina antirrábica tem estoque baixo

Os estoques de vacina contra raiva humana estão abaixo do nível de segurança em vários pontos do País. Alegando sucessivos problemas com o laboratório fornecedor - o Instituto Butantã -, o governo não fez a compra programada para 2010. Para não ficar sem o produto, Estados e municípios passaram a fazer remanejamento de estoques: quem tem maior quantidade cede parte das doses para locais onde o problema é mais grave.
Em postos de Brasília, o produto - que não é o mesmo dado aos animais - é usado só nos casos em que não há possibilidade de se observar o animal agressor. No Rio Grande do Sul, a aplicação também ficou mais rígida.
O Ministério da Saúde não informa quanto tempo a vacina vai durar no País nem em que locais o problema é mais grave. Mas, em entrevista por e-mail, a pasta admitiu que, na data da última entrega do produto, 28 de outubro de 2009, o estoque seria suficiente para aproximadamente seis meses - prazo que já terminou. Os Estados e municípios estão trabalhando com os estoques remanescentes.
O consumo médio mensal de vacina antirrábica no País é de 120 mil doses. Além de ser usado em mordidas, o produto é aplicado em profissionais mais expostos à contaminação pelo vírus que provoca a doença, como veterinários.
O Ministério da Saúde e o fabricante da vacina apresentam versões conflitantes sobre as causas da interrupção do abastecimento. O governo federal afirma que o Instituto Butantã não cumpriu prazos de entrega do produto, assumidos em contrato feito em 2008. De acordo com ministério, a entrega de 1,65 milhão de doses, suficiente para atender à demanda de 2009, foi feita com sucessivos atrasos. A pasta informa também que negociações para contrato neste ano tiveram de ser suspensas por causa de dívidas do Butantã com outros órgãos públicos.
O presidente da Fundação Butantã, José da Silva Guedes, faz um relato diverso. "Em 2009, todos os nossos compromissos com o ministério foram quitados, com exceção de um soro antidiftérico, por causa de problemas na produção", assegura. Guedes conta que, no início deste ano, o Butantã encaminhou ao ministério uma carta com a descrição dos produtos disponíveis do instituto para este ano, mas não houve resposta.
"Na época, todos estavam muito envolvidos com a campanha da vacina contra gripe suína. Isso deve ter atrapalhado o ministério", diz. Ele admite que, a partir de abril, houve atraso na prestação de contas, resolvido há poucos dias. "Mas, entre janeiro e abril, não havia nenhum impedimento para assinatura de contratos. Mesmo assim, não fomos procurados", completa.
Guedes conta que somente em maio o Butantã recebeu um e-mail do Ministério da Saúde, solicitando, em caráter de urgência, 2,3 milhões de doses de vacina antirrábica. "Assim que o pedido foi feito, providenciamos a compra com o laboratório Sanofi." Guedes lembra também que o Butantã ofertou ao ministério 13,5 mil doses da vacina que estavam disponíveis nos estoques.
"Somente ontem à tarde o produto foi retirado." As versões do Butantã e do Ministério da Saúde só são coincidentes quando tratam de um novo contrato. O ministério afirma que o contrato deverá ser firmado na próxima semana. Ele afirma ainda que, assim que o documento for assinado, o Butantã se compromete a entregar a vacina.
PRESTE ATENÇÃO
1 A pessoa que é mordida por um animal conhecido e sabe que ele foi vacinado deve apenas cuidar do ferimento. Não é preciso se preocupar com a raiva.
2 Se o animal for conhecido, mas não estiver com a vacina atualizada, é necessário observá-lo durante dez dias.
3 Se o animal for desconhecido, é preciso tomar a vacina após a mordida. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário