sábado, 22 de outubro de 2016

Leucemia linfocítica crônica: Avanços no diagnóstico e tratamento

Aparentemente, há maior incidência da LLC em algumas famílias, mas a evidência ainda está sendo estudada
Melquíades júnior - Repórter*
O diagnóstico de câncer sempre desestrutura quem o recebe, mas o quando que isso acontece é decisivo para a eficácia de um tratamento. Estima-se que, em 2030, o câncer seja a principal causa de morte no mundo, daí a importância dos avanços em tratamento.
Como essa doença se manifesta de diversas formas, nem sempre é fácil o diagnóstico, seja pela imprecisão médica ou precariedade de informações em saúde que as pessoas podem produzir sobre si mesmas e salvar a própria vida: o exame.
É o caso da leucemia, um tipo de câncer no sangue e na medula óssea. Geralmente é causado pela rápida produção de glóbulos brancos (responsáveis por combater infecções). Um dos tipos mais frequentes em adultos é a leucemia linfocítica crônica (L LC).
Novos mecanismos
Duas vezes mais comum em homens do que em mulheres, a leucemia linfocítica crônica começa na medula óssea e depois atinge o sangue. De lá, pode se manifestar em outras partes do corpo, como gânglios linfáticos, fígado e baço.
Um dos principais desafios apresentados à medicina pela doença é que ela bloqueia a morte natural das células, o que permite que uma célula cancerosa permaneça no organismo por tempo prolongado.
"Estamos em fase de desenvolvimento de mecanismos para evitar esse bloqueio e garantir a morte programada das células. Representa um grande passo contra essa doença", diz Carlos Sérgio Chiattone, coordenador do Núcleo de Linfomas do Hospital Samaritano (SP), e diretor de relações internacionais da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular.
Ao atingir diretamente o sistema imunológico, a LLC deixa seus portadores bastante vulneráveis a infecções, de tal modo que elas são responsáveis por até 50% das mortes causadas pela doença.
Sistema imune
Entre os sintomas estão a anemia causada pelos baixos níveis de células vermelhas no sangue (pode causar cansaço, fraqueza e dificuldade de respiração) e as hemorragias causadas pelo baixo nível de plaquetas. Também há uma propensão a infecções devido à falta de células brancas normais no sangue.
As pessoas que vivem com LCC têm o sistema imune enfraquecido pela própria doença e pelo tratamento. Por essa razão, as infecções são um sério risco e respondem por cerca de 30% a 50% das mortes causadas pela doença.
Em observação
"Estima-se que quatro em 100 mil pessoas sofrem de LLC no Brasil e há muitas necessidades não supridas para esses pacientes", afirma Manuel Uribe, diretor médico da Abbvie no Brasil. A entidade é uma companhia biofarmacêutica global de pesquisa com atuação em mais de 170 países. Em 2015, a Abbvie submeteu à Anvisa o primeiro inibidor de BCL-2 para leucemia linfocítica crônica. O medicamente ainda aguarda aprovação.
"A parte mais difícil para o LLC é o watch and wait (veja e espere)", afirma Merula Steagall, presidente da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) e membro da Alianza Latina, rede latino-americana de organizações de apoio a pacientes com doenças do sangue.
Há uma fase inicial da doença em que a não apresentação de sintomas simplesmente adia o início do tratamento. Inclui a observação atenta do paciente, quimioterapia, imunoterapia, terapia-alvo e, em casos mais graves, transplante de medula.
Manter o tratamento
"Dar o remédio é fácil, difícil é manter o tratamento. A pessoa sofre do nome da doença, mas ainda não sofre da doença", afirma Carlos Chiattone, durante o 2º Encontro Iberoamericano de Leucemia Linfocítica Crônica, realizado em São Paulo. Entre os países latinos com maior incidência da LCC, estão o Brasil (região Sul), Uruguai e Argentina. Uma das explicações seria a maior carga genética similar com os países europeus.
Tipos de exames
Punção aspirativa de medula óssea (mielograma): o objetivo é procurar células anormais, as células blásticas leucêmicas, e realizar os exames de citogenética e imunofenotipagem;
Citogenética : examina os cromossomos das células blásticas leucêmicas;
Imunofenotipagem: identifica se as células leucêmicas do paciente são do tipo T ou B, sendo a célula B o subtipo mais comum;
Hibridização por Fluorescência in Situ (FISH): verifica mudanças cromossômicas e realiza a contagem de células (cromossomos anormais);
Biópsia de medula óssea: após este procedimento, a amostra é examinada ao microscópio.
*O repórter viajou a convite da AbbVie

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