quarta-feira, 19 de outubro de 2016

No ceará- Hospital faz transplante pioneiro de medula

O paciente recebeu as células da medula da mãe, que apresentou compatibilidade de 60% com o filho
A mãe de Leonardo de Lima Alves, Joana D'Arc, doou as células e acompanhou o procedimento realizado no filho de 22 anos ( FOTO: NAH JEREISSATI )
O Hospital Universitário Walter Cantídio (Huwc) realizou, na manhã de ontem, uma técnica pioneira no Ceará para casos de transplante de medula óssea. O procedimento haploidêntico consiste em manipular as células de um doador que não é totalmente compatível com o receptor, de forma que elas não sejam rejeitadas pelo novo organismo. O primeiro beneficiado pela técnica no Estado foi Leonardo de Lima Alves, 22, natural da cidade de Quixadá e portador de uma leucemia linfoide.
Ele recebeu as células da medula da mãe, Joana D'Arc de Lima, 40, que apresentou 60% de compatibilidade com o rapaz, que há dois anos viajava para a Capital devido ao tratamento. Mesmo com dificuldades de movimentação por conta do procedimento de coleta das células, que teve seis horas de duração, no dia anterior, Joana assistiu à cirurgia do filho.
"Eu me sinto maravilhada. É como se eu estivesse na maternidade de novo, como há 22 anos, dando vida a ele. Eu quero que o Leonardo tenha saúde, e ele já faz planos de voltar a trabalhar e formar a própria família". Caso o organismo de Leonardo responda bem às novas células, ele poderá voltar para casa em 20 dias.
Com este transplante, o HUWC contabiliza 280 transplantes de medula óssea desde 2008. Destes, 242 foram autólogos, ou seja, quando as células transplantadas são do próprio paciente; e 38 alogênicos, quando há o transplante de células de um doador externo. Segundo o hematologista da unidade hospitalar, Fernando Barroso, a taxa de sucesso das intervenções realizadas no Hospital é de 98%.
O chefe de Onco-Hematologia do hospital explica que a técnica haploidêntica só pode ser aplicada ao paciente que esteja com a leucemia controlada. Nesse caso, o doador preferencial deve ser o pai, a mãe ou algum irmão que apresente mais de 50% de compatibilidade tecidual. Segundo ele, a técnica é recente e pouco mais de 200 procedimentos foram realizados em todo o Brasil. Após o transplante, o paciente é submetido a um tratamento imunológico com quimioterapia para inativar as células que possam causar rejeição. "Essa técnica dá uma opção a mais para os pacientes que não têm outras alternativas de transplante. Hoje, com os avanços da medicina, praticamente 99% das pessoas podem receber um transplante de medula óssea", afirma Barroso.
Doação
A busca por um doador começa com a inscrição do paciente no Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea (Rereme), gerido pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca). Depois, as células do paciente são cruzadas com os Registros Nacionais de Doadores (Redome) e de Cordão (Renacord). No Ceará, a rede também tem apoio do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce).
Contudo, casos emergenciais inspiram buscas dentro da própria família, embora só 30% dos transplantáveis encontrem um doador idêntico entre os parentes. "O ideal é que essa procura não exceda 60 dias e, cada vez mais, buscamos reduzir esse tempo de espera, que pode influenciar nos resultados", explica. Ele insiste que a população continue doando medula óssea porque o procedimento haploidêntico não substitui o transplante com doador totalmente compatível. (Colaborou Nicolas Paulino)
Mais informações
Rereme
https://rereme.Inca.Gov.Br/
Redone
Http://redome.Inca.Gov.Br/
Hemoce
www.hemoce.gov.br

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