sexta-feira, 21 de outubro de 2016

O Instagram sabe da sua depressão

Programa que analisa imagens postadas na rede social é capaz de detectar a doença com 70% de precisão, índice superior ao dos clínicos gerais nos EUA

O Instagram sabe da sua depressão
SEM COR: Filtro Inkwell, como o que a usuária seleciona, é um dos mais usados por deprimidos na rede social de imagens Instagram
As fotos postadas na rede social de compartilhamento de imagens Instagram revelam mais do que supõem seus 500 milhões de usuários mundiais. Por meio de análise dessas imagens, um software criado por pesquisadores das Universidades Harvard e de Vermont, nos Estados Unidos, conseguiu detectar a depressão de quem as postou com 70% de precisão. Isso quer dizer que, no teste, de cada 10 usuários com depressão que postaram fotos no Instagram, sete foram identificados pelo programa. Trata-se de um índice de acerto superior ao dos clínicos gerais nos EUA, frequentemente os primeiros a serem procurados quando há suspeita da doença.
Para chegar ao diagnóstico, o software analisa e pesa uma série de características das fotos compartilhadas na rede social. Variações de tema, filtro, cor, brilho e saturação são levadas em conta, além do horário, frequência e localização das postagens. Descobriu-se, por exemplo, que imagens com cores que puxam para o cinza ou o azul, com menos curtidas e comentários, e postadas na madrugada estão mais associadas a perfis de depressivos. A ausência de pessoas nas fotos também é indicador da doença, além da escolha do filtro “Inkwell”, que transforma imagens coloridas em preto e branco.
Não é de hoje que softwares são programados para procurar sinais de depressão no conteúdo postado em redes sociais (leia quadro). Até agora, porém, as experiências se limitavam a fazer análises de conteúdo em formato de texto. Nos poucos casos em que fotos eram levadas em conta, os programas se limitavam a contar sorrisos, um indicador genérico demais para um diagnóstico tão complexo.
Contato humano
Para os criadores da novidade, a ideia não é que o programa substitua profissionais de saúde, mas que ele os auxilie em seus trabalhos. “A meu ver, esses programas podem ajudar no sentido de indicar probabilidades ou hipóteses de diagnóstico”, diz Rosa Farah, coordenadora do Núcleo de Pesquisa e Psicologia em Informática da PUC-SP. “Mas nada substitui o contato humano.”
A DOR DA ALMA nas redes sociais
Softwares já detectam sinais da depressão em usuários do Facebook e do Twitter
Facebook
Programa criado pelo Royal Melbourne Institute of Technology (RMIT) prevê crises em quem sofre de distúrbio maníaco-depressivo pelo horário e frequência das postagens. Já o EmotionDiary monitora geolocalização e likes em posts para detectar depressão.
Twitter
Programa da Microsoft analisa horário, linguagem e engajamento em tweets e acerta diagnóstico de depressão em 70% dos casos. Já software da Universidade de New South Wales detecta tendência suicida por estrutura de texto e palavras-chave.
Foto: Frederic Jean/ Ag. Istoé

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