sábado, 29 de outubro de 2016

Efeitos da musculação e da dieta vegetariana

Uma boa alimentação é essencial para garantir o consumo de proteínas necessárias para o ganho de massa magra
É fundamental a avaliação do perfil nutricional, individual do praticante de musculação
Conquistar um corpo definido e tônus muscular está entre os principais desejos dos praticantes de musculação. A atividade é, indiscutivelmente, a mais recomendada para o ganho de massa magra. Contudo, também é de conhecimento geral que investir na malhação não é a única regra para aqueles que desejam alcançar a boa forma.
"Quem pratica musculação sabe que seguir uma alimentação balanceada e rica em proteínas, especialmente as de origem animal, é tão importante quanto suar na academia", diz a nutricionista Sinara Menezes.
A relação dieta e exercícios é fundamental tanto para o desempenho quanto para os resultados, mas esse fator pode gerar muitas dúvidas aos adeptos do vegetarianismo.
Por restringir de forma total ou parcial o consumo de alimentos de origem animal, a vertente alimentar pode parecer pouco favorável àqueles que desejam desenvolver músculos.
Contudo, segundo a profissional, essa crença não passa de um mito. Quando bem orientada, a dieta com restrição ao consumo de carne pode ser tão nutritiva quanto a onívora e propiciar o aporte proteico necessário para o ganho de massa magra, desde que alguns cuidados sejam considerados.
Diferentes vertentes
A motivação para adoção de uma dieta vegetariana pode ser fundada em questões variadas, desde crenças filosóficas ao simples desejo de adotar um estilo de vida saudável.
Justamente por envolver questões complexas que, em alguns casos, vão além da alimentar, existem diversas vertentes que podem ser mais ou menos restritivas quanto ao consumo e utilização de produtos de origem animal.
Dentre as mais comuns é possível citar os vegetarianos estritos que, assim como os veganos, não consomem qualquer alimento de origem animal, incluindo carnes, ovos, derivados do leite, mel e até mesmo gelatina.
A diferença substancial entre eles é que para os veganos essa preocupação não se limita à dieta: seus adeptos também evitam produtos cosméticos, de vestuário ou qualquer outro item que tenha origem ou que envolva a exploração animal em sua fabricação.
"Do ponto de vista nutricional, a dieta seguida por essas duas categorias é similar, baseando-se exclusivamente no consumo de alimentos de origem vegetal", declara a especialista Sinara Menezes.
Combinações poderosas
A necessidade de uma dieta equilibrada é fundamental tanto para o vegetariano quanto para quem consome carne. Porém, conforme a nutricionista, quem não deseja ingerir qualquer tipo de proteína animal deve recorrer a um cardápio diversificado, combinando, em uma mesma refeição ou ao longo do dia, diferentes tipos de proteínas vegetais, a fim de complementar a oferta de determinados micronutrientes.
De acordo com a profissional, um bom exemplo é o tradicional arroz com feijão. O arroz é rico em aminoácido metionina e pobre em lisina, enquanto com o feijão ocorre exatamente o contrário, ele possui alta concentração de lisina e baixa metionina.
"Ambos aminoácidos são fundamentais para o complemento nutricional. No entanto, não são produzidos pelo corpo e estão ligados à recuperação muscular e à fabricação de tecidos. Logo, é uma excelente alternativa para a dieta vegetariana pois equilibra o aporte desses micronutrientes e enriquece a oferta proteica", acrescenta Sinara Menezes.
Variação
Para dar mais variedade ao cardápio, pode-se alternar essa preparação combinando alimentos como a soja, o grão de bico e a ervilha, todos ricos em proteínas.
A quinua é, igualmente, uma excelente alternativa para substituir o arroz. Além de uma excelente fonte de proteínas, o cereal é rico em ácidos graxos, a exemplo do Ômega 3 e 6, e possui uma boa concentração de carboidratos que fornecem energia para a prática esportiva.
"Para quem não tem problemas alérgicos ou qualquer outra restrição, é possível recorrer às oleaginosas, aos grãos e às sementes, utilizando-os em saladas, frutas ou em outros lanches", complementa a nutricionista Sinara Menezes.
Saiba mais
Menos gordura: quando existe a orientação médica e segue-se uma dieta equilibrada, o vegetarianismo colabora para redução do colesterol por haver uma menor ingestão de gordura saturada, presente em abundância nas carnes;
A Pessoa que reduz ou exclui a ingestão de carne de suas dietas desperta pela qualidade da alimentação e passa a investir mais no consumo de frutas, legumes, cereais integrais e alimentos com alto teor de vitaminas e minerais;
Os vegetais ricos em fibras propiciam a digestão, a saciedade e a perda de peso. Eles previnem a ação dos radicais livres que causam o envelhecimento das células e o surgimento de várias doenças.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Os hábitos que ajudam a vencer o câncer

Dormir bem, sair do sedentarismo, manter o peso adequado, evitar bebidas quentes e amamentar. Essas são algumas das atitudes que, segundo as pesquisas mais recentes, têm importância maior do que se imaginava para prevenir e tratar a doença

Os hábitos que ajudam a vencer o câncer
Uma nova safra de pesquisas está transformando o entendimento que se tem sobre o câncer – uma das principais causas de mortalidade em todo o mundo – e modificará para sempre a forma com que a enfermidade é tratada. As evidências científicas demonstram que a adoção de um estilo de vida saudável tem um poder muito maior do que se imaginava de proteger contra o desencadeamento da enfermidade e também de influenciar positivamente na evolução ao longo do tratamento. Manter o peso dentro dos parâmetros recomendados, praticar atividade física e cuidar para que o sono tenha qualidade, por exemplo, estão entre os fatores que, agora se sabe, podem ser decisivos para a prevenção e a cura.
A constatação veio à luz a partir da certeza de que o câncer é uma doença complexa, que não tem uma única origem e que não pode ser tratado a partir de uma perspectiva somente. Tumores de origem genética respondem por cerca de 10% dos casos. Todo o restante é resultado de uma combinação de circunstâncias ambientais e comportamentais. “É muito importante que as pessoas saibam disso”, afirma o oncologista Fernando Maluf, chefe da oncologia clínica do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes, do Hospital da Beneficência Portuguesa de São Paulo “Muita gente pensa que pode fumar, beber, não fazer esportes porque se tiver que ter câncer, terá. Mas não é isso. Poderíamos reduzir brutalmente o número de casos se fosse adotado um jeito mais saudável de viver”, diz. Porém, não é ainda o que se vê. “De forma geral, os casos de quase todos os tipos de tumor estão aumentando por conta dos hábitos de vida”, enfatiza o oncologista João Glasberg, do Hospital Samaritano de São Paulo.
INFORMAÇÃO: O médico Fernando Maluf acredita que o número de casos seria reduzido se hábitos fossem mudados
INFORMAÇÃO: O médico Fernando Maluf acredita que o número de casos seria reduzido se hábitos fossem mudados
Um dos fatores sobre os quais mais se tem pesquisado é o excesso de peso. Trata-se de uma investigação extremamente oportuna, já que a obesidade atinge cerca de 600 milhões de adultos no mundo e é preciso conhecer mais sobre suas implicações. Está comprovado que uma delas é o aumento do risco para o surgimento do câncer. Segundo a Agência Internacional para Pesquisa do Câncer, aproximadamente 481 mil novos casos surgidos a cada ano em todo o planeta são causados pela obesidade. Isso corresponde a quase 4% do total de novas vítimas da doença.
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Há algumas razões que explicam o vínculo. O acúmulo de gordura desequilibra a produção de hormônios sexuais, como estrógeno (feminino) e testosterona (masculino). A elevação aumenta a possibilidade de desenvolvimento de tumor de próstata, de mama e de útero. Um trabalho publicado recentemente no jornal de oncologia da Associação Médica Americana, por exemplo, analisou a relação entre câncer de mama e excesso de peso a partir da avaliação de 67 mil mulheres ao longo de treze anos. Aquelas com Índice de Massa Corpórea (IMC) acima de 30 apresentam 58% mais chance de manifestar a enfermidade. O prejuízo causado pela obesidade ao funcionamento da insulina (hormônio que permite a passagem da glicose do sangue para dentro das células) também expõe a risco maior de ter a doença em alguns órgãos, como o pâncreas. Além disso, o peso extra predispõe o organismo a processos inflamatórios vinculados à enfermidade.
A associação câncer-obesidade vem ganhando destaque nas discussões mais recentes entre os principais especialistas. Nos últimos congressos da Sociedade Americana de Oncologia Clínica – principal encontro da área do mundo -, o tema foi recorrente. “A ênfase foi a seguinte: tudo o que fizemos para conscientizar as pessoas sobre os riscos de fumar agora terá de ser feito a respeito dos prejuízos provocados pela obesidade”, conta a psico-oncologista Luciana Holtz, fundadora e presidente do Instituto Oncoguia, entidade de apoio ao paciente.
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Em paralelo à importância da obesidade, descobre-se de que maneira a prática da atividade física também ajuda contra a doença. Primeiro porque emagrece. E há vários outros motivos. Fazer exercício regularmente contribui para regular o funcionamento hormonal, melhora o metabolismo celular, reduzindo chance de erros durante as replicações celulares, e deixa o sistema de defesa do organismo mais forte para identificar e combater a enfermidade.
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Recentemente, a quarta edição do Código Europeu contra o Câncer enfatizou a recomendação de que as pessoas deixem de ser sedentárias também para que se protejam contra a doença. De acordo com os organizadores do documento, a prática insuficiente de exercícios causa cerca de 9% dos casos de tumor de mama e 10% dos tumores de reto na Europa.
Em agosto, cientistas da Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos, e do Instituto de Pesquisa Xangai, publicaram na revista da Associação Americana para Pesquisa em Câncer mais uma prova do poder protetor da atividade física. No estudo, eles acompanharam a evolução de cerca de 75 mil mulheres com idades entre 40 e 70 anos. As que se exercitavam quando mais novas manifestaram 13% menos chance de morrer de câncer. “Os resultados deixam claro a importância de promover a prática de atividade física desde cedo”, disse a pesquisadora Sarah Nechuta, professora do Centro Epidemiológico da Vanderbilt e uma das responsáveis pelo trabalho.
Ainda mais recente é a evidência do quanto uma boa noite de sono auxilia o organismo a se manter mais forte contra a enfermidade. De acordo com a National Sleep Foundation – entidade americana que reúne boa parte dos principais estudiosos do sono do mundo -, pessoas que dormem mal ou pouco apresentam risco mais elevado. Particularmente aquelas que apresentam distúrbios relacionados ao ritmo circadiano, como as que têm o relógio biológico alterado por causa de trabalho em turnos.
Investiga-se como se dá a conexão, mas uma das hipóteses é a de que transtornos de sono podem levar ao desequilíbrio na produção da melatonina (hormônio que induz ao adormecimento). Dados recentes apontam que a substância teria uma função protetora. Uma de suas ações seria a de ajudar a evitar o surgimento de vasos sanguíneos que alimentam células tumorais. Por isso, deficiências na sua produção provocariam prejuízos. Concentrações mais elevadas, ao contrário, auxiliariam no controle da doença. Um trabalho do Departamento de Epidemiologia da Escola de Saúde Pública de Harvard, nos Estados Unidos, deu força à teoria. “Homens com níveis de melatonina acima da média tinham 30% menos chance de desenvolver câncer de próstata comparado aos com taxas abaixo da média”, afirmou a coordenadora da pesquisa, Sarah Markt.
A prática de sexo com proteção está incluída na lista dos hábitos que protegem contra o câncer. É a estratégia para evitar a infecção por vírus sexualmente transmissíveis e que podem causar a doença. O HPV (sigla em inglês para papiloma vírus humano) é um deles. Existem mais de cem tipos. Pelo menos treze têm potencial para provocar tumores. Dois deles (os tipos 16 e 18) estão presentes em 70% dos tumores de colo de útero.
Outro vírus associado ao câncer e transmitido sexualmente é o da hepatite B. “Os pacientes com esta doença manifestam maior incidência de câncer no fígado”, afirma Ademar Lopes, cirurgião oncológico e vice-presidente do A. C. Camargo Câncer Center, em São Paulo. O HIV, causador da Aids, por sua vez, facilita a entrada no organismo de outros vírus que provocam câncer ao reduzir as defesas do corpo. Neste caso, infelizmente ainda não há uma vacina. Mas é possível se prevenir tomando vacina contra alguns tipos de HPV. “E também contra o vírus da hepatite B”, explica o oncologista Paulo Hoff, diretor-geral do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo.
Há atitudes para as quais pode não se dar muita atenção, mas que têm um peso importante também. Cultivar o hábito de tomar bebidas muito quentes, por exemplo, pode se tornar um fator de risco a mais para tumor de esôfago. “Elas inflamam o órgão”, diz o oncologista Sérgio Simon, do Centro Paulista de Oncologia, de São Paulo. “E as inflamações crônicas são fatores importantes para o desenvolvimento do câncer”, diz.
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Amamentar, por sua vez, fortalece a proteção da mulher contra o tumor de mama. Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, cada ano de amamentação completa reduz de 3% a 4% o risco de a mulher sofrer da doença. Entre os motivos, está o fato de que, quando o aleitamento materno é feito por mais de seis meses, há a substituição de tecido glandular por gordura. “Isso facilita o diagnóstico, pois com mais gordura fica mais fácil identificar um nódulo”, afirma o mastologista Paulo Pirozzi. Além disso, pacientes que apresentam a doença e que amamentaram costumam manifestar os tipos menos agressivos.
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Uma circunstância associada ao local onde se vive também entra na lista. Quanto mais perto de locais com ar puro, menor a chance de ter câncer. A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer classificou a poluição do ar como fator carcinogênico, ou seja, com potencial para provocar a doença. A decisão foi tomada após uma extensa análise de pesquisas sobre o tema. “Nossa meta era avaliar o impacto do ar que todos respiramos em vez de focar em poluentes atmosféricos específicos”, explicou Dana Loomis, que integrou o grupo responsável pelo levantamento. “Os resultados apontaram na mesma direção: o risco de desenvolvimento de tumor de pulmão é aumentado de forma significativa nos indivíduos expostos à poluição.” Os pesquisadores fizeram ainda a ligação entre os poluentes e câncer de bexiga e de pele.
Todas estas constatações estão transformando a forma de prevenir a doença, com ênfase na necessidade de adoção de uma vida mais saudável. E também estão alterando a maneira de tratar o câncer: agora é obrigatório incluir como ponto fundamental de qualquer terapia ações que levem a uma rotina com mais saúde.
Descobriu-se que, além de aumentar a prevenção, bons hábitos contribuem para melhores resultados durante o tratamento. “Perder peso é um fator que ajuda a evitar que o câncer de mama volte”, diz o oncologista João Glasberg, do Hospital Samaritano de São Paulo. “Por isso é importante que as pacientes tenham um incentivo para retornar à atividade física.” Segundo o médico Evanius Wiermann, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, há outro impacto já contabilizado. “Abandonar o sedentarismo reduz em 20% a possibilidade de recidiva de tumor colo-retal”, informa.
Os centros mais modernos de tratamento já dispõem de serviços nos quais os pacientes sãow orientados a respeito da prática de exercícios. O bancário Armando Gonçalves da Veiga, 63 anos, de São Paulo, aderiu ao hábito depois de ter recebido o diagnóstico de câncer de pulmão e ser obrigado a passar por quimio e radioterapia. “Quando comecei o tratamento, o tumor tinha 14 centímetros. Hoje, tem seis”, conta. “A atividade física me faz sentir muito melhor.”
Além do impacto fisiológico, os exercícios promovem grande benefício para aumentar a auto-estima, muitas vezes prejudicada pela doença, e diminuir o estresse. Há um consenso entre médicos e cientistas de que o estresse pode elevar indiretamente o risco de surgimento da doença ao enfraquecer o sistema imunológico, deixando o corpo mais vulnerável. E sabe-se que ele também dificulta a boa evolução do tratamento. Há várias evidências de que o estado leva a piores respostas, inclusive por causa das alterações que provoca no organismo e as repercussões que isso causa. Por isso, seu controle é meta imprescindível para aumentar as chances de vitória. Opções para ajudar nisso são a meditação e a ioga, técnicas oferecidas em centros respeitados do Brasil e do mundo.
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quinta-feira, 27 de outubro de 2016

O sistema imunológico é a chave para a cura do câncer?

A recente aprovação de um imunoterápico com ação extremamente promissora para câncer de pulmão simboliza uma grande grande esperança no tratamento da doença

Há alguns anos, os imunoterápicos, medicamentos que utilizam o próprio sistema imunológico do paciente para combater o câncer, têm sido os grandes protagonistas dos congressos médicos sobre o assunto e a grande aposta de médicos e pesquisadores. Essa semana, houve outra grande vitória no avanço de tratamentos contra a doença.
Na segunda-feira, a Food and Drug Administration (FDA), agência americana que regula fármacos, aprovou uma nova droga para o tratamento de câncer de pulmão. Trata-se do pembrolizumabe, medicamento indicado como primeira linha de tratamento para pacientes com tumores pulmonares em estágio de metástase.
A aprovação é importante pois essa é a primeira vez que um fármaco imunoterápico é indicado como primeiro tratamento para pacientes com esse diagnóstico, em vez da tradicional quimioterapia. A FDA também expandiu a aprovação para o tratamento de pessoas com a doença que tenham realizado quimioterapia.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), estima-se que entre 2016 e 2017 haverá 28.190 novos casos de câncer de pulmão no país. Um estudo conduzido pela Sociedade Americana do Câncer em parceria com a Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer (Iarc), aponta que o câncer de pulmão é a principal causa de morte pela doença entre homens e mulheres em países desenvolvidos.
Segundo uma matéria publicada em VEJA dessa semana, o medicamento é uma esperança para os pacientes diagnosticados com o letal câncer de pulmão. Dos 30 000 brasileiros que recebem o diagnóstico a cada ano, apenas 6 000 sobreviverão à doença em cinco anos. Estudos com pembrolizumabe mostraram que o composto reduziu pela metade o risco de progressão da doença e em 40% o risco de morte. 
“São resultados que representam uma quebra de paradigma”, diz o oncologista Artur Katz, chefe do serviço de oncologia clínica do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo.
O medicamento age bloqueando a PD-1, proteína presente nas células de defesa do corpo humano, os linfócitos T, mas que, em pessoas com câncer, permite que o tumor se esconda do sistema imunológico. Ao bloquear a PD-1, o medicamento faz com que os linfócitos-T ataquem o câncer.
Para Philip Greenberg, chefe de imunologia do Centro de Pesquisa de Câncer Fred Hutchinson em Seattle, nos Estados Unidos, a imunoterapia já é o quarto pilar do tratamento anticâncer, ao lado da radioterapia, quimioterapia e cirurgia, segundo informações da rede americana CNN. “Há momentos em que ela será usada sozinha, e haverá momentos em que será usada em conjunto com outras terapias, mas há muito pouco a questionar que esta vai ser uma parte importante do tratamento do câncer daqui para frente.”, disse Greenberg.

Surgimento da imunoterapia

No verão de 1890, a jovem de 17 anos Elizabeth Dashiell, carinhosamente chamada de “Bessie”, prendeu sua mão entre dois assentos de um trem e mais tarde notou um nódulo doloroso na área que ficou presa, de acordo com o Instituto de Pesquisa do Câncer dos Estados Unidos. As informações são da rede americana CNN.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Secretaria confirma um caso de raiva humana no Estado-Ce

O Ministério repassou 48% da quantidade de doses de vacinas contra a doença solicitadas de janeiro a outubro
por Ranniery Melo/Karine Zaranza - Repórteres
O paciente, um agricultor de 37 anos, deu entrada no Hospital São José no último dia 20, mas sofria dos sintomas desde o dia 15 de outubro ( Foto: José Leomar )
O Ceará registrou um caso de raiva humana, o que não ocorria desde 2012. O paciente em questão é morador da zona rural do município de Iracema, agricultor, de 37 anos. Ele deu entrada no Hospital São José, em Fortaleza, no último dia 20, mas sofria dos sintomas compatíveis com a raiva desde o dia 15 de outubro. 
Relatório assinado por representantes do Ministério da Saúde e da Secretaria da Saúde do Ceará revela que o paciente foi agredido no pé esquerdo por um morcego hematófogo, ou seja, que se alimenta de sangue, enquanto dormia, em 16 de setembro. Ele teria, em seguida, matado e descartado o animal, e não procurou ajuda médica.
Para certificar-se do diagnóstico da raiva, no dia 21 de outubro foram enviadas ao Instituto Pasteur, em São Paulo, amostras de soro, líquor, folículo piloso e saliva do infectado. Nesta terça-feira (25), o Instituto informou como positivo o resultado laboratorial para a amostra do folículo piloso, compatível com a linhagem do vírus que circula em morcegos hematófagos.
A equipe médica acompanha o paciente com a administração do soro antirrábico. Em 24 de outubro, seguindo o Protocolo para Tratamento de Raiva Humana no Brasil, o Ministério da Saúde enviou ao hospital o medicamento Biopterina. De acordo com a diretora do Hospital São José, Tânia Coelho, o paciente encontra-se na Unidade de Pronto Atendimento (UTI), em estado grave, porém estável. Ela afirma que os níveis de mortalidade em relação à doença são de quase 100%, no entanto ressalta que há dois casos no Brasil em que o tratamento foi eficaz e reitera que todos os protocolos estão sendo seguidos para tentar salvar o paciente.
A última morte por raiva humana no Ceará foi em 2012, transmitida por um soim, em Barbalha, no Cariri. A vítima foi uma criança de 9 anos, que passou duas semanas internada no Hospital São Vicente de Paulo.
A Secretaria da Saúde enviou, no último dia 21, uma equipe de vigilância para, junto à Secretaria Municipal da Saúde de Iracema, buscar outras eventuais pessoas que possam ter sido expostas a agressão de morcegos, realizar alerta aos profissionais de saúde da região, acionar a Agência de Defesa Agropecuária quanto ao controle da espécie animal e realizar ações de bloqueio, como a vacinação de cães.
Defasagem
O Ministério da Saúde está repassando à Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) apenas 48% da quantidade de doses de vacinas contra raiva humana solicitada de janeiro a outubro deste ano. A Coordenação Estadual de Imunizações solicitou em 2016, conforme critério de incidência de agressões por animais, 150 mil doses nos primeiros 10 meses do ano, o equivalente a 15 mil doses por mês, e recebeu 72.350 doses. A União confirma que a distribuição aos estados está em quantitativo reduzido, conforme os estoques. O MS informou que, em 2015, 102,6 mil doses foram enviadas para o Ceará.
Em outubro, por exemplo, o repasse foi de apenas 850 doses da vacina humana, insuficientes diante da média mensal de 2,5 mil agressões de animais a humanos. A Sesa informou que o repasse vem diminuindo progressivamente, tendo recebido 14 mil vacinas em janeiro, período com maior quantidade.
Como o esquema vacinal requer duas, três e cinco doses por paciente, quando há indicação médica, o número deveria ser maior. De acordo com a coordenadora de imunização da Sesa, Ana Vilma Leite Braga, o problema acontece desde 2013, e a justificativa do Ministério é de que os laboratórios não estão entregando o soro necessário e se adequando às práticas exigidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Nós fazemos o pedido e sempre vem um quantitativo menor. A cada ano, essa quantia é menor. Por isso, nós estamos trabalhando de forma bem criteriosa, otimizando para que não falte para quem precisa”. Conforme ela, a expectativa é que, a partir de novembro, a situação esteja regularizada. Em Fortaleza, apenas um posto de saúde, o Paulo Marcelo (na Rua 25 de março), dispõe das vacinas e só o Hospital São José utiliza o soro. Os dados da Sesa apontam que, de 2005 a 2012, foram confirmados cinco casos de raiva humana. Em apenas um deles a transmissão ocorreu através de cão. Os outros quatro foram transmitidos por soins.
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segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Os caminhos para a cura da Aids

Na Inglaterra, cientistas anunciam sucesso em experimento que mata o HIV escondido no corpo. No Brasil, avança pesquisa que também quer destruir o vírus

Os caminhos para a cura da Aids
EXPECTATIVA: Diaz comanda em SP experimento pioneiro com trinta pacientes
Na história da medicina, poucas doenças foram tão estudadas quanto a Aids. Agora, trinta e cinco anos após o surgimento dos primeiros casos, começam a aparecer os resultados mais animadores dos caminhos pavimentados em direção à cura. As notícias vêm de várias partes do mundo. Recentemente, cientistas ingleses anunciaram que pelo menos um, entre 50 pacientes acompanhados em um experimento que visa a derrota do HIV, não apresentava mais sinais do vírus dentro do organismo.
O britânico de 44 anos que não teve o nome revelado submeteu-se a uma estratégia chamada pelos ingleses de “kick and kill”, algo como chutar e matar. Consiste em tentar vencer um dos obstáculos que até agora impede a cura. Os remédios antirretrovirais evitam a replicação do HIV dentro do organismo, mas o fazem somente nas células infectadas nas quais o vírus está ativo. No entanto, em muitas o HIV permanece em estado de latência, adormecido. Por essa razão, mesmo que seja indetectável a quantidade do vírus no sangue, ele continua no corpo, escondido. Se os remédios são suspensos, o vírus que dormia, acorda.
“Estamos fazendo uma das primeiras tentativas sérias em direção à cura” Mark Samuels, cientista inglês
“Estamos fazendo uma das primeiras tentativas sérias em direção à cura” Mark Samuels, cientista inglês
O esquema montado por especialistas de cinco respeitadas instituições inglesas – reunidos em um consórcio criado especialmente para achar a cura da doença – pretende acordar o vírus adormecido (a parte do “chutar”) para matá-lo. Faz isso em duas etapas. Primeiro, uma vacina fortalece o sistema imunológico do paciente para detectar e combater as células infectadas. Depois, uma droga chamada vorinostat, usada no tratamento do linfoma (tipo de câncer), entra em cena para ativar o HIV latente. Desta maneira, o vírus fica finalmente vulnerável ao ataque do sistema de defesa e também dos antirretrovirais.
Ainda é cedo para dizer se o paciente está curado. “Ele terminou o tratamento, que vimos ser seguro e bem tolerado”, ressaltou Sarah Fidler, professora do Imperial College London, uma das instituições participantes. “Mas só em 2018, quando finalizarmos o trabalho, saberemos se chegamos à cura.” A prudência é compreensível, mas os cientistas sabem que deram um passo importante. “Estamos fazendo uma das primeiras tentativas sérias em relação à cura”, disse Mark Samuels, que também participa do projeto.
“Somos os únicos no mundo a aplicar uma forma de ataque tão abrangente contra o HIV”
Ricardo Diaz, infectologista, coordenador do estudo brasileiro
No Brasil, pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo executam experimento com igual ambição. Sob o comando do infectologista Ricardo Sobhie Diaz, trinta pacientes participam de um protocolo ainda mais amplo do que o inglês. Duas medicações são usadas para tornar o tratamento mais forte, uma ativa o HIV dormente nas células e outra mata as células nas quais o vírus está escondido. Além disso, uma vacina, feita com o vírus extraído do próprio paciente, é o recurso com o qual pretende-se atingir o HIV escondido nos chamados santuários. São locais do corpo onde os antirretrovirais ou não conseguem chegar ou chegam com fraca atuação (sistema nervoso central, linfonodos, trato genital e mucosa do trato gastrointestinal). A vacina ensina o linfócito CD-8 (parte do exército de defesa) a encontrar e a matar o HIV presente nesses locais.
ESPECIAL: O americano Timothy Brown é a única pessoa considerada curada
ESPECIAL: O americano Timothy Brown é a única pessoa considerada curada
O trabalho começou há um ano e há grande expectativa em relação aos resultados. “Somos os únicos no mundo a aplicar uma forma de ataque tão abrangente contra o HIV”, diz Ricardo Diaz. O médico espera ter a conclusão em meados do ano que vem.
Este gênero de experimento, como o brasileiro e inglês, é o mais adiantado na busca pela cura. As vacinas terapêuticas, que fortalecem o sistema imunológico contra o HIV, e as preventivas, que evitam a infecção, também são alvo de estudos no mundo todo. Porém, esbarram na incrível capacidade de mutação do vírus, o que dificulta a confecção de imunizantes de eficácia garantida.
Na mira da ciência também estão os indivíduos que, mesmo infectados, não desenvolvem a doença. São conhecidos como controladores de elite. “Queremos saber por que o vírus não consegue fragilizar o sistema de defesa dessas pessoas”, afirma o infectologista Valdez Madruga, coordenador do Comitê Científico de HIV/Aids da Sociedade Brasileira de Infectologia. Entre as respostas, está a habilidade de produzir anticorpos mais potentes. Com base no que já se descobriu, cientistas da Universidade Rockeffeller, nos Estados Unidos, criaram um anticorpo que reduziu em até 250 vezes a concentração de vírus em pacientes.
Há ainda o caso de pessoas que, por característica genética, não produzem uma molécula (CCR5) que possibilita a entrada do HIV na célula. Sem ela, o vírus não tem como invadi-la. Muito se tem trabalhado neste tópico. O americano Timothy Ray Brown é a única pessoa considerada curada no mundo porque se valeu da ausência de CCR5. Ele foi submetido a um transplante de medula óssea cujo doador possuía a alteração genética que não permite a produção da molécula. Ele está há nove anos sem o vírus.
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Fotos: Pedro Dias/AG. IstoÉ;

sábado, 22 de outubro de 2016

Leucemia linfocítica crônica: Avanços no diagnóstico e tratamento

Aparentemente, há maior incidência da LLC em algumas famílias, mas a evidência ainda está sendo estudada
Melquíades júnior - Repórter*
O diagnóstico de câncer sempre desestrutura quem o recebe, mas o quando que isso acontece é decisivo para a eficácia de um tratamento. Estima-se que, em 2030, o câncer seja a principal causa de morte no mundo, daí a importância dos avanços em tratamento.
Como essa doença se manifesta de diversas formas, nem sempre é fácil o diagnóstico, seja pela imprecisão médica ou precariedade de informações em saúde que as pessoas podem produzir sobre si mesmas e salvar a própria vida: o exame.
É o caso da leucemia, um tipo de câncer no sangue e na medula óssea. Geralmente é causado pela rápida produção de glóbulos brancos (responsáveis por combater infecções). Um dos tipos mais frequentes em adultos é a leucemia linfocítica crônica (L LC).
Novos mecanismos
Duas vezes mais comum em homens do que em mulheres, a leucemia linfocítica crônica começa na medula óssea e depois atinge o sangue. De lá, pode se manifestar em outras partes do corpo, como gânglios linfáticos, fígado e baço.
Um dos principais desafios apresentados à medicina pela doença é que ela bloqueia a morte natural das células, o que permite que uma célula cancerosa permaneça no organismo por tempo prolongado.
"Estamos em fase de desenvolvimento de mecanismos para evitar esse bloqueio e garantir a morte programada das células. Representa um grande passo contra essa doença", diz Carlos Sérgio Chiattone, coordenador do Núcleo de Linfomas do Hospital Samaritano (SP), e diretor de relações internacionais da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular.
Ao atingir diretamente o sistema imunológico, a LLC deixa seus portadores bastante vulneráveis a infecções, de tal modo que elas são responsáveis por até 50% das mortes causadas pela doença.
Sistema imune
Entre os sintomas estão a anemia causada pelos baixos níveis de células vermelhas no sangue (pode causar cansaço, fraqueza e dificuldade de respiração) e as hemorragias causadas pelo baixo nível de plaquetas. Também há uma propensão a infecções devido à falta de células brancas normais no sangue.
As pessoas que vivem com LCC têm o sistema imune enfraquecido pela própria doença e pelo tratamento. Por essa razão, as infecções são um sério risco e respondem por cerca de 30% a 50% das mortes causadas pela doença.
Em observação
"Estima-se que quatro em 100 mil pessoas sofrem de LLC no Brasil e há muitas necessidades não supridas para esses pacientes", afirma Manuel Uribe, diretor médico da Abbvie no Brasil. A entidade é uma companhia biofarmacêutica global de pesquisa com atuação em mais de 170 países. Em 2015, a Abbvie submeteu à Anvisa o primeiro inibidor de BCL-2 para leucemia linfocítica crônica. O medicamente ainda aguarda aprovação.
"A parte mais difícil para o LLC é o watch and wait (veja e espere)", afirma Merula Steagall, presidente da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) e membro da Alianza Latina, rede latino-americana de organizações de apoio a pacientes com doenças do sangue.
Há uma fase inicial da doença em que a não apresentação de sintomas simplesmente adia o início do tratamento. Inclui a observação atenta do paciente, quimioterapia, imunoterapia, terapia-alvo e, em casos mais graves, transplante de medula.
Manter o tratamento
"Dar o remédio é fácil, difícil é manter o tratamento. A pessoa sofre do nome da doença, mas ainda não sofre da doença", afirma Carlos Chiattone, durante o 2º Encontro Iberoamericano de Leucemia Linfocítica Crônica, realizado em São Paulo. Entre os países latinos com maior incidência da LCC, estão o Brasil (região Sul), Uruguai e Argentina. Uma das explicações seria a maior carga genética similar com os países europeus.
Tipos de exames
Punção aspirativa de medula óssea (mielograma): o objetivo é procurar células anormais, as células blásticas leucêmicas, e realizar os exames de citogenética e imunofenotipagem;
Citogenética : examina os cromossomos das células blásticas leucêmicas;
Imunofenotipagem: identifica se as células leucêmicas do paciente são do tipo T ou B, sendo a célula B o subtipo mais comum;
Hibridização por Fluorescência in Situ (FISH): verifica mudanças cromossômicas e realiza a contagem de células (cromossomos anormais);
Biópsia de medula óssea: após este procedimento, a amostra é examinada ao microscópio.
*O repórter viajou a convite da AbbVie

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

O Instagram sabe da sua depressão

Programa que analisa imagens postadas na rede social é capaz de detectar a doença com 70% de precisão, índice superior ao dos clínicos gerais nos EUA

O Instagram sabe da sua depressão
SEM COR: Filtro Inkwell, como o que a usuária seleciona, é um dos mais usados por deprimidos na rede social de imagens Instagram
As fotos postadas na rede social de compartilhamento de imagens Instagram revelam mais do que supõem seus 500 milhões de usuários mundiais. Por meio de análise dessas imagens, um software criado por pesquisadores das Universidades Harvard e de Vermont, nos Estados Unidos, conseguiu detectar a depressão de quem as postou com 70% de precisão. Isso quer dizer que, no teste, de cada 10 usuários com depressão que postaram fotos no Instagram, sete foram identificados pelo programa. Trata-se de um índice de acerto superior ao dos clínicos gerais nos EUA, frequentemente os primeiros a serem procurados quando há suspeita da doença.
Para chegar ao diagnóstico, o software analisa e pesa uma série de características das fotos compartilhadas na rede social. Variações de tema, filtro, cor, brilho e saturação são levadas em conta, além do horário, frequência e localização das postagens. Descobriu-se, por exemplo, que imagens com cores que puxam para o cinza ou o azul, com menos curtidas e comentários, e postadas na madrugada estão mais associadas a perfis de depressivos. A ausência de pessoas nas fotos também é indicador da doença, além da escolha do filtro “Inkwell”, que transforma imagens coloridas em preto e branco.
Não é de hoje que softwares são programados para procurar sinais de depressão no conteúdo postado em redes sociais (leia quadro). Até agora, porém, as experiências se limitavam a fazer análises de conteúdo em formato de texto. Nos poucos casos em que fotos eram levadas em conta, os programas se limitavam a contar sorrisos, um indicador genérico demais para um diagnóstico tão complexo.
Contato humano
Para os criadores da novidade, a ideia não é que o programa substitua profissionais de saúde, mas que ele os auxilie em seus trabalhos. “A meu ver, esses programas podem ajudar no sentido de indicar probabilidades ou hipóteses de diagnóstico”, diz Rosa Farah, coordenadora do Núcleo de Pesquisa e Psicologia em Informática da PUC-SP. “Mas nada substitui o contato humano.”
A DOR DA ALMA nas redes sociais
Softwares já detectam sinais da depressão em usuários do Facebook e do Twitter
Facebook
Programa criado pelo Royal Melbourne Institute of Technology (RMIT) prevê crises em quem sofre de distúrbio maníaco-depressivo pelo horário e frequência das postagens. Já o EmotionDiary monitora geolocalização e likes em posts para detectar depressão.
Twitter
Programa da Microsoft analisa horário, linguagem e engajamento em tweets e acerta diagnóstico de depressão em 70% dos casos. Já software da Universidade de New South Wales detecta tendência suicida por estrutura de texto e palavras-chave.
Foto: Frederic Jean/ Ag. Istoé

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Medicamento para artrite pode acabar com a calvície

Um remédio para artrite reumatoide conseguiu reverter a calvície causada por problema autoimune

Um medicamento para artrite reumatoide pode ser a solução para acabar com a calvície. De acordo com um estudo publicado recentemente no periódico científico Journal of Clinical Investigation Insight, pacientes com alopecia areata, uma doença auto-imune que provoca a queda de pelos, incluindo o cabelo, submetidos a um tratamento com  Xeljanz, prescrito para pessoas com artrite reumatoide, outra doença auto-imune, conseguiram recuperar o crescimento do cabelo. 
No estudo, pesquisadores das universidades de Stanford e Yale, ambas nos Estados Unidos, prescreveram um tratamento com Xeljanz para 66 pacientes com alopecia areata. Durante três meses os participantes tomaram duas doses por dia de 5 mg do medicamento. Após esse período, mais de 50% dos pacientes apresentaram crescimento do cabelo e um terço deles conseguiu recuperar mais da metade do cabelo perdido até então. Em outro estudo, dos 12 pacientes com o mesmo problema tratados com um medicamento similar aprovado para  câncer, nove recuperaram mais de 50% do crescimento do cabelo, segundo informações da rede americana CNN.
Segundo Brett King, professor assistente de dermatologia da Escola de Medicina de Yale e um dos autores do estudo, o Xeljanz parece funcionar ao frear o ataque do sistema imunológico aos folículos pilosos. Na pesquisa os investigadores conseguiram identificar também alguns genes que podem prever a resposta do paciente ao tratamento.
“Há esperança agora que temos mais o que dizer aos pacientes além de ´compre uma peruca e vá fazer terapia´”, disse o pesquisador. Apesar dos resultados, King ressalta que ainda não é possível afirmar que esse método também seja eficaz no tratamento de tipos mais comuns de calvície nem se o crescimento de cabelo nos pacientes com alopecia areata vai durar.
Mike Thomas (nome fictício) é um desses pacientes. Em meados de seus 40 anos ele foi diagnosticado com alopecia areata e em pouco tempo ficou complemente careca, perdendo até mesmo as sobrancelhas e os cílios. Para Mike, isso foi devastador. Sempre que saía na rua as pessoas olhavam para ele e perguntavam se ele tinha câncer. “Trabalho no ramo imobiliário e sou ativo na minha comunidade, mas comecei a me afastar das pessoas. Ela afeta cada parte de sua vida. Fiquei muito deprimido e foi horrível.”, contou à CNN

Graças ao novo tratamento, em apenas sete meses Mike conseguiu recuperar a maior parte do seu cabelo e de seus pelos. “É incrível. Estou tão feliz de tê-lo de volta”, disse. Embora tenha voltado a crescer, o cabelo recuperado voltou com as características compatíveis com a de um homem de meia idade, ou seja, com algumas falhas e não estonteante como o de um homem aos 25 anos.

Esperança para a calvície comum

Agora, os pesquisadores estão tentando uma nova solução para esse “problema” que, se der certo, poderá beneficiar homens com tipos mais comuns de calvícies, como a causada pela idade, por exemplo. O método proposto por King consiste em aplicar uma pomada contendo Xeljanz diretamente na cabeça dos homens com alopecia areata.
A saída proposta pelos dermatologistas gera controvérsia e ceticismo. Para King, a pomada não surtirá efeito em calvícies relacionadas à masculinidade. Já Angela Christiano acredita que pode dar certo. A pesquisadora é coautora de um estudo que aplicou uma solução com Xeljanz na pele modificada geneticamente de camundongos para se assemelhar à pele de homens carecas. Na região onde a pomada foi aplicada, houve crescimento de pelos, enquanto do outro lado, não.
A autora ressalta que, apesar dos resultados, existem alguns desafios para repetir o sucesso do tratamento em humanos. Entre eles, as características da pele. Isso porque, em comparação com os camundongos, a pele humana é “muito mais espessa, oleosa e profunda. Além de ter uma camada de gordura” que dificulta a penetração adequada da pomada e precisa ser considerada para a preparação de “uma boa fórmula tópica”.
Para King, ainda vai demorar um pouco para se descobrir um tratamento eficaz para a calvície comum. Isso porque, como é um problema considerado apenas estético – embora traga muitos problemas emocionais para quem o enfrenta – as empresas farmacêuticas  não investem muitos recursos no desenvolvimento de novos tratamentos, pois corre o risco das agências reguladoras não aprovarem dependendo dos efeitos colaterais associados.
Por isso, George Cotsarelis, dermatologista da Universidade da Pennsylvania, nos Estados Unidos, está trabalhando com empresas relativamente pequenas no desenvolvimento de terapias com células-tronco para a calvície. “No final, acho que não vão haver várias maneiras de tratar a calvície masculina, e algumas vão funcionar fabulosamente bem em algumas pessoas e não tão bem em outras”, disse Cotsarelis à CNN.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

No ceará- Hospital faz transplante pioneiro de medula

O paciente recebeu as células da medula da mãe, que apresentou compatibilidade de 60% com o filho
A mãe de Leonardo de Lima Alves, Joana D'Arc, doou as células e acompanhou o procedimento realizado no filho de 22 anos ( FOTO: NAH JEREISSATI )
O Hospital Universitário Walter Cantídio (Huwc) realizou, na manhã de ontem, uma técnica pioneira no Ceará para casos de transplante de medula óssea. O procedimento haploidêntico consiste em manipular as células de um doador que não é totalmente compatível com o receptor, de forma que elas não sejam rejeitadas pelo novo organismo. O primeiro beneficiado pela técnica no Estado foi Leonardo de Lima Alves, 22, natural da cidade de Quixadá e portador de uma leucemia linfoide.
Ele recebeu as células da medula da mãe, Joana D'Arc de Lima, 40, que apresentou 60% de compatibilidade com o rapaz, que há dois anos viajava para a Capital devido ao tratamento. Mesmo com dificuldades de movimentação por conta do procedimento de coleta das células, que teve seis horas de duração, no dia anterior, Joana assistiu à cirurgia do filho.
"Eu me sinto maravilhada. É como se eu estivesse na maternidade de novo, como há 22 anos, dando vida a ele. Eu quero que o Leonardo tenha saúde, e ele já faz planos de voltar a trabalhar e formar a própria família". Caso o organismo de Leonardo responda bem às novas células, ele poderá voltar para casa em 20 dias.
Com este transplante, o HUWC contabiliza 280 transplantes de medula óssea desde 2008. Destes, 242 foram autólogos, ou seja, quando as células transplantadas são do próprio paciente; e 38 alogênicos, quando há o transplante de células de um doador externo. Segundo o hematologista da unidade hospitalar, Fernando Barroso, a taxa de sucesso das intervenções realizadas no Hospital é de 98%.
O chefe de Onco-Hematologia do hospital explica que a técnica haploidêntica só pode ser aplicada ao paciente que esteja com a leucemia controlada. Nesse caso, o doador preferencial deve ser o pai, a mãe ou algum irmão que apresente mais de 50% de compatibilidade tecidual. Segundo ele, a técnica é recente e pouco mais de 200 procedimentos foram realizados em todo o Brasil. Após o transplante, o paciente é submetido a um tratamento imunológico com quimioterapia para inativar as células que possam causar rejeição. "Essa técnica dá uma opção a mais para os pacientes que não têm outras alternativas de transplante. Hoje, com os avanços da medicina, praticamente 99% das pessoas podem receber um transplante de medula óssea", afirma Barroso.
Doação
A busca por um doador começa com a inscrição do paciente no Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea (Rereme), gerido pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca). Depois, as células do paciente são cruzadas com os Registros Nacionais de Doadores (Redome) e de Cordão (Renacord). No Ceará, a rede também tem apoio do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce).
Contudo, casos emergenciais inspiram buscas dentro da própria família, embora só 30% dos transplantáveis encontrem um doador idêntico entre os parentes. "O ideal é que essa procura não exceda 60 dias e, cada vez mais, buscamos reduzir esse tempo de espera, que pode influenciar nos resultados", explica. Ele insiste que a população continue doando medula óssea porque o procedimento haploidêntico não substitui o transplante com doador totalmente compatível. (Colaborou Nicolas Paulino)
Mais informações
Rereme
https://rereme.Inca.Gov.Br/
Redone
Http://redome.Inca.Gov.Br/
Hemoce
www.hemoce.gov.br

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Unifor realiza 19ª Jornada de Odontologia

Além da presença de profissionais de outros estados, o evento deverá contar com mais de 1.000 participantes








A abertura será, no dia 19, no Teatro Celina Queiroz, no Campus da Unifor, quando haverá a apresentação do I Prêmio Chanceler Airton Queiroz ( FOTO: ARES SOARES )
O curso de Odontologia da Universidade de Fortaleza (Unifor) promove, nos dias 20 e 21 de outubro, no Centro de Eventos do Ceará, a 19ª edição da Jornada Acadêmica de Odontologia (JAO), com a participação de renomados nomes da área, além da presença de mais de 1.000 participantes. A abertura oficial acontecerá, no dia 19, no Teatro Celina Queiroz, quando haverá a apresentação do I Prêmio Chanceler Airton Queiroz, criado em 2016 e que será entregue aos autores dos cinco melhores trabalhos acadêmicos inscritos na jornada.
Mais de 200 trabalhos foram submetidos para as apresentações científicas, já sendo o dobro do ano passado, o que evidencia o crescimento progressivo do evento e seu destaque no meio científico. Durante os três dias do evento, serão abordados temas relacionadas às áreas de odontologia restauradora, cirurgia buco-maxilo-facial, odontologia do esporte, endodontia e odontologia hospitalar, entre vários outros.
O coordenador do curso, professor Fernando André Viana, informa que a comissão organizadora, formada por representantes dos corpos docente e discente do curso, "teve a preocupação de elaborar uma programação científica de qualidade, além de ter contribuído para a importante e necessária integração entre os acadêmicos e a comunidade".
Segundo ele, os organizadores se esmeraram em preparar uma jornada com o objetivo de proporcionar a todos os participantes do evento a oportunidade de aprimorar seus conhecimentos. Ele cita como destaque a palestra do renomado professor Luiz Narciso Baratieri, da Universidade Federal de Santa Catarina, que abordará as novas técnicas da odontologia restauradora, sendo esta uma das palestras mais aguardadas.
Cursos
O professor Bruno Rocha, presidente docente da JAO 2016, afirma que a jornada da Unifor se consagra como o maior evento acadêmico do Estado. "Neste ano, conseguimos reunir um corpo de palestrantes de renome internacional, além de cursos práticos diretamente voltados para as atualidades do consultório odontológico".
Conforme ele, a JAO consolidou-se como evento fundamental no cenário odontológico atual, contribuindo ao longo de quase duas décadas para a formação diferenciada dos alunos de odontologia do Ceará. "Sinto-me orgulhoso em participar como presidente docente desse evento e tenho certeza que essa edição entrará para a história da odontologia cearense como um dos maiores eventos já realizados no Estado", ressalta.
O aluno Luís Carlos Uchôa, presidente discente da Jornada Acadêmica de Odontologia 2016, destaca que presidir e participar da organização do evento, "além de uma honra, está sendo uma oportunidade de ampliar meu conhecimento, permitindo meu crescimento pessoal e profissional, pois este trabalho me possibilita desenvolver um olhar para além do atendimento clínico, uma experiência de unir e coordenar um grupo, de trabalhar em equipe e da construção coletiva de um sonho".
Ainda de acordo com o estudante, esse trabalho contribuiu para estreitar laços de amizade: "construímos muito mais que um grupo de trabalho com um objetivo em comum, somos uma verdadeira família, a família JAO, que nos possibilitou estabelecer contatos e fincar colaborações com diversas universidades, sendo que o maior crescimento é gerado pelos desafios que enfrentamos na busca de uma jornada de excelência".
Primeiros dias
19 DE OUTUBRO
18h: Abertura da XIX JAO - Teatro Celina Queiroz
18h30: Prêmio Chanceler Airton Queiroz
Apresentação dos trabalhos
20 DE OUTUBRO - centro de eventos
8h - 12h: Odontologia Restauradora: do clareamento dental ao uso da tecnologia CAD/CAM
Dr. Luiz Narciso Baratieri - SC
14h - 16h: Odontologia do Esporte: cuidados especiais para saúde oral dos atletas Prof. Cornelis Springer - MG
16h - 18h: Estratégias para o clínico geral aumentar a taxa de sucesso do tratamento endodôntico
Dr. Rodrigo Ricci Vivan - SP
13h30 - 17h30: Curso prático - "Preservação alveolar pós-extração com uso de Biomateriais Geistlich"
Dra. Tátilla Luz - PI

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Síndrome pós-orgasmo afeta homens e causa febre e diarreia

Identificada na última década, a síndrome da doença pós-orgásmica também causa dificuldades de memória e de concentração

Para alguns homens o orgasmo pode não ser uma experiência prazerosa. Isto ocorre por causa da síndrome da doença pós-orgásmica (POIS, na sigla em inglês), um problema raro que afeta exclusivamente os homens e causa sintomas que vão desde cansaço e febre até diarreia. De acordo com a BBC Brasil, a doença, desoberta em 2002 pelo cientista holandês Marcel Waldinger, neuropsiquiatra da Universidade de Utrecht, na Holanda, já foi identificada em pouco mais de 200 homens. Mas Waldinger acredita que sua incidência pode ser mais comum do que os números indicam.
Isso porque muitos homens não falam sobre o problema por causa da vergonha e confusão que os sintomas causam. Outros sequer sabem que o que têm é uma síndrome. Alguns pacientes enfrentam o transtorno durante a vida toda e têm o chamado “POIS Primário”. Em outros casos, apelidados de “POIS Adquirido”, a doença se desenvolve com o passar dos anos.

Possíveis causas

Em relação às possíveis causas, desde sua descoberta, cientistas identificaram várias, que variam entre uma possível alergia ao próprio sêmen a um distúrbio neurobiológico. Mas, Waldinger acredita que o problema pode ter uma base psicológica.
Um estudo realizado este ano com 45 homens que sofrem da doença apontou uma nova possível causa para a POIS: uma reação autoimune ao plasma seminal. Caso seja isso, os cientistas acreditam que esta reação pode ser tratada com injeções regulares de sêmen diluído. Esse tratamento ainda está em fase experimental e só foi administrado em dois pacientes.
Outras possíveis causas sugeridas por Waldinger em um novo relatório são uma disfunção da glândula pituitária e a deficiência de testosterona. Já Barry Komisaruk, cientista especializado em respostas neuronais a estímulos sexuais e diretor do Programa de Pesquisa Biomédica da Universidade de Rutgers, em Newark, Estados Unidos, sugere que a doença está ligada à atrofiação do nervo vago ou pneumogástrico, um nervo craniano que envia impulsos para quase todos os órgãos.
“Muitos dos sintomas que os pacientes apresentam são mediados pelo nervo vago”, explicou Komisaruk.

Sintomas Entre os sintomas da doença estão cansaço extremo, dificuldades de memória, problemas de concentração, debilidade da musculatura, febre ou sudorese extrema, diarreia, calafrios, alterações do estado de ânimo, geralmente irritabilidade, discurso incoerente, congestão nasal e olhos ardendo.
Todas essas manifestações aparecem alguns segundos, minutos ou poucas horas após a ejaculação e podem durar entre dois e cinco dias.

Tratamento

As variações de sintomas de um paciente para outro e a ausência de uma causa específica dificulta o desenvolvimento de um tratamento único. Pacientes já tentaram tratamentos à base de vitaminas, adesivos de testosterona, eliminação de laticínios de suas dietas, sedativos e antibióticos. No entanto, até o momento, a medida mais eficiente para evitar o problema é, infelizmente, a abstinência sexual.
Homens que sofrem com a síndrome da doença pós-orgásmica participam do Fórum POIS Center, um lugar onde compartilham suas experiências e falam sobre truques para tentar driblar os sintomas. Apesar da ausência de um tratamento eficaz, para muitos usuários do Fórum o importante por enquanto é divulgar mais a doença e assim aumentar as chances de se encontrar uma cura.

sábado, 15 de outubro de 2016

Os pequenos heróis que venceram o câncer

Uma nova geração de remédios, técnicas cirúrgicas mais eficazes e maior conhecimento da biologia infantil fazem com que um número cada vez maior de crianças fiquem curadas da doença

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Emily Coughlin, a garotinha sardenta que enfeita a página ao lado, teve a chegada de seus 11 anos comemorada em casa, com os pais e os amigos, naquela deliciosa combinação piscina-pizza-bolo. Foi em junho, nos Estados Unidos, onde mora a americana. Singela, a celebração exalava emoção. Sete anos atrás, quando Emily acabara de completar quatro anos, a família recebeu a notícia de que a garota tinha neuroblastoma – um tipo de tumor nas células nervosas. O mundo desabou, mas a medicina conseguiu reerguê-lo. Depois de passar por um tratamento pioneiro usando células-tronco – capazes de gerar vários tecidos –, a agora pré-adolescente deixou a sentença de morte para trás e cultiva os sonhos comuns às garotas de sua idade. “Ela quer ser professora e ajudar os animais”, resumiu a mãe, Amy, à ISTOÉ. Simples e suave, como a vida deve ser, principalmente quando está apenas começando.
Ainda nos EUA, Ava Christianson, diagnosticada com leucemia quando tinha quatro anos, também festeja o cotidiano sem doenças agora que alcançou os oito. Como Emily, Ava passou anos preciosos da infância entre hospitais, médicos, exames, dor. Após ser submetida a um procedimento inédito no Instituto Nacional de Saúde americano, a menina recebeu alta. A boa notícia veio em agosto, e a família ainda se acostuma com a ideia de que o sofrimento acabou.
No Brasil, é o adolescente Rikelmi Carvalho, 15 anos, que deixou os dias tristes para trás. Trocou a cama do hospital pelo skate, paixão antiga abandonada durante o tempo no qual sua energia era utilizada para lutar contra o meduloblastoma (tipo de câncer cerebral). Foram dois anos de briga, e o garoto venceu.
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Há vinte anos, era muito pequena a chance de um final feliz para Emily, Ava e Rikelmi. Bons resultados contra o câncer infantil eram raros. Em alguns casos, sequer era possível ter esperança, como no dos tumores do Sistema Nervoso. “Era um diagnóstico devastador”, lembra a médica Lisa Diller, que iniciou sua carreira no início da década de 1990 no Dana-Farber/Boston Children´s Câncer and Blood Disorders Center, nos EUA. Praticamente nenhuma criança sobrevivia a eles. Hoje, já como diretora-médica da instituição, Lisa está em um cenário bem diferente. Em média, cinco em cada dez jovens com esse tipo de câncer se curam. Leucemias, um dos tumores mais comuns na infância, tiravam a vida de oito em cada dez jovens. Agora, cerca de 90% ficam curadas. No tumor de retina, o índice de cura chega a 93%.
A CURA AVANÇA
O quadro abaixo mostra como cresceu o índice de jovens que venceram a doença nas últimas três décadas, de acordo com os tipos mais comuns nesta faixa etária
TIPO DE TUMOR                    Há 30 anos                    Hoje
Leucemia Linfática                        20%                           87%
Retinoblastoma                             20%                           93%
Tumor Renal de Wilms                 50%                           88%
Osteosarcoma                                5%                            68%
Linfomas Hodgkin                         30%                           88%
Tumor de Ewing                             10%                          61%
Tumores do Sistema                       0%                           53%
Nervoso Central
Linfomas não-Hodgkin                 25%                            75%
Sarcomas de partes moles          10%                            78%
*Dados do A C Camargo Câncer Center (SP), um dos serviços de referência no tratamento da doença no Brasil
Remédios no alvo
A profusão de índices positivos enche olhos e corações. Como em tudo na medicina, eles são resultado de uma combinação de fatores. O primeiro é o conhecimento gerado nos últimos anos a respeito do câncer. Boa parte dele foi impulsionada pelas informações do Projeto Genoma, consórcio iniciado na década de 1990 que trouxe à luz dados fundamentais sobre o material genético humano. Genes foram associados a tumores específicos e, a partir daí, frentes inéditas de tratamento acabaram abertas.
Em 2001, chegou ao mercado o remédio imatinibe, e o mundo conheceu a terapia-alvo. Trata-se de um tipo de medicação que, diferentemente dos quimioterápicos, ataca somente as células cancerígenas, poupando as saudáveis. Faz isso porque atua sobre proteínas fabricadas por genes relacionados ao tumor. Dessa maneira, chega somente no lugar certo. Foi a primeira revolução. Indicada para o tratamento da leucemia mielóide crônica, a droga mudou a história da doença, elevando o índice de cura para patamares até então inalcançados. Depois dele, vieram muitos com poder de ação sobre proteínas vinculadas a outros tumores.
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Decifrar o DNA e suas implicações foi ainda a base para a confecção da imunoterapia, a grande aposta hoje contra o câncer de adultos e crianças. Em uma síntese simples, o método fortalece o sistema de defesa para identificar e destruir as células doentes. Foi uma versão sofisticada da técnica que salvou a pequena Ava, depois de várias tentativas de tratamento. A menina foi a décima oitava pessoa no mundo a ser submetida à CAR-T, uma forma de imunoterapia em teste que consiste na retirada de linfócitos T (células de defesa) do paciente, na sua modificação genética de forma a torná-los mais aptos ao reconhecimento e destruição das células tumorais, e depois na sua reinfusão. Como soldados mais bem preparados, os linfócitos ganham poder para vencer a guerra.
O aprimoramento dos transplantes de medula óssea foi outro passo decisivo para elevar as taxas de cura. O procedimento permite a administração de altas doses de drogas para matar tumores sem que haja destruição da medula. Ela é a responsável pela fabricação das células sanguíneas, o que inclui as de defesa. Portanto, deve ser preservada. O jeito convencional de ser feito é tirar as células do paciente, atacar o corpo com os quimioterápicos e depois recolocá-las. Há algum tempo, porém, descobriu-se que era possível extrair do paciente células-tronco. E elas passaram a repovoar a medula óssea, reconstruindo o órgão.
NO COMEÇO DA VIDA, OS TUMORES SÃO DIFERENTES
O câncer infantil guarda características distintas das apresentadas quando a doença se manifesta na idade adulta
ORIGEM
• Em geral, são resultado de alterações genéticas ocorridas bem cedo, algumas ainda dentro do útero
• Nos adultos, o surgimento da doença está bastante associado ao estilo de vida. Fatores como obesidade, fumo e sedentarismo expõem gradualmente as células às mudanças que podem desencadear um tumor
TRATAMENTO
• As crianças respondem melhor aos quimioterápicos
• Os efeitos colaterais das drogas usadas são mais intensos
ATITUDE DIANTE DA DOENÇA
• Os pequenos não sentem culpa, ao contrário de muitos adultos, que se acham responsáveis por terem desenvolvido a enfermidade
• Sua capacidade de adaptação à rotina de exames e tratamentos é maior
• A aceitação da doença também é mais fácil
MAIS DOADORES
O método começou a ser usado em adultos. Lisa Diller, do Dana-Farber, perguntava-se por que não adotá-lo em crianças. Seguiu adiante com a ideia e criou uma tecnologia para que a técnica fosse utilizada em seus pacientes. Depois, desenvolveu um protocolo para o tratamento do neuroblastoma e concluiu que se um transplante já era bom, dois seria melhor. Usando essa fórmula, ela conseguiu resultados impressionantes. Mais de 600 crianças com idade média de três anos foram submetidas ao experimento. Três anos depois, 62% das que haviam recebido dois transplantes estavam curadas. A menina Emily Coughlin é uma delas.
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Nos transplantes em que há necessidade de doação, o progresso também foi incrível. Antes era possível realizar o procedimento apenas com doadores 100% compatíveis, o que significava um grande impedimento. Para se ter uma ideia, parentes próximos como pais e irmãos têm 25% de chance de compatibilidade. Nos bancos de medula óssea espalhados pelo mundo há 25 milhões de cadastrados, mas a chance de encontrar alguém compatível é de uma em cem mil. O desenvolvimento do transplante haploidêntico reduziu as dificuldades ao possibilitar que o método seja executado mesmo quando a compatibilidade entre doador e receptor é de somente 50%. “Foi um dos grandes avanços”, diz o hematologista Vanderson Rocha, coordenador do Setor de Transplante de Medula Óssea do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, membro da Associação Brasileira de Hematologia e professor de Hematologia da Universidade de Oxford, na Inglaterra. O método dá certo porque inativa as células do doador com potencial para causar rejeição pelo receptor.
Dentro das salas cirúrgicas, a evolução se deu na forma da precisão. No Graacc, em São Paulo – instituição referência no tratamento de câncer infantil, um aparelho de ressonância magnética a disposição do cirurgião permite que ele navegue dentro do cérebro de uma criança com segurança. As imagens obtidas durante a operação oferecem o mapa. Feitas dessa forma, as operações oferecem menos risco e menor tempo de recuperação. “Reduzimos em 30% a necessidade de uma segunda cirurgia”, diz o médico Sérgio Petrilli, diretor do centro.
Eles não são mini-adultos
No Graacc, outros métodos evidenciam o refinamento atual no combate ao câncer infantil. Um bom exemplo é o que está sendo executado contra o tumor de retina. Hoje é possível fazer com que o remédio chegue exatamente nesta estrutura do olho. Um cateter colocado na artéria femoral, que depois segue para a artéria oftálmica, leva o medicamento até a retina, onde o remédio é ministrado.
As crianças costumam enfrentar a doença melhor do que os adultos.
Adaptam-se mais à rotina dos hospitais e às adversidades
O que os médicos também aprenderam é que nenhum tratamento é bem-sucedido se os cuidados se limitarem à destruição do tumor. Até que isso aconteça, várias outras complicações aparecem. Vão de infecções geradas pela queda da imunidade a problemas motores devido à fraqueza muscular. Sem a atenção a essas condições periféricas, o paciente pode perder a batalha. É também esse amparo que está levando Rebeca Radulova, sete anos, à vitória contra um tumor no Sistema Nervoso Central. Ao longo do tratamento, ela ficou sem andar e não conseguia engolir direito, entre outras intercorrências. Nutricionistas, fonoaudiólogas, fisioterapeutas e outros profissionais socorreram a garota. “Estamos no caminho da cura”, diz Flávia Radulov, mãe da menina.
O skatista Rikelmi Carvalho usufruiu de estrutura semelhante quando se tratava do meduloblastoma. “A recuperação dele foi difícil”, lembra a mãe, Edileuza de Carvalho. O menino teve convulsões depois das cirurgias a que foi submetido, apresentou dificuldades de visão e ficou com a imunidade baixa. Médicos e outros profissionais entraram em cena para ajudar o adolescente a cada complicação que surgia.
Nesse esforço, o auxílio psicológico é vital para a criança e sua família. A esteticista Marta Torres e sua filha, Nicole, dez anos, saíram de João Pessoa, na Paraíba, e chegaram a São Paulo em busca de ajuda depois que a menina teve diagnosticado um tumor cerebral. Sem a estrutura que lhes oferta sustentação emocional, teria sido muito mais difícil. “Ela estava assustada, acha que ia morrer”, lembra a mãe. “Com acompanhamento psicológico, está bem.”
Por trás da maioria dos avanços contra os tumores infantis hoje festejados, há um entendimento que pode parecer óbvio, mas não foi e por muito tempo: o de que criança não é um mini-adulto. Simplesmente transpor o que era feito com os mais velhos para os pequenos estava errado. Os tumores das crianças são diferentes dos manifestados pelos adultos. Em geral, são mais ligados a fatores genéticos e a erros ocorridos no desenvolvimento embrionário. “Eles não têm a ver com fatores de risco associados ao envelhecimento e ao estilo de vida, como no caso dos adultos”, explica a oncopediatra Viviane Sonaglio, do A. C. Camargo Cancer Center, em São Paulo. O metabolismo das crianças é mais acelerado – elas estão em crescimento – e os efeitos colaterais dos remédios, mais intensos.
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Mas a maior diferença talvez seja na forma de lidar com a doença. Por serem frágeis fisicamente, imaginamos que fiquem mais vulneráveis à dor emocional que o câncer traz. Não é assim, no entanto. “A criança não tem a culpa que o adulto apresenta”, diz Viviane. “Não fica se perguntando ‘o que eu fiz para merecer isso’”. A capacidade de adaptação à rotina de hospital e a aceitação das adversidades são mais fortes. Viviane, que vive o dia a dia dessas crianças doentes, diz que elas tornam mais leve a vida de quem as acompanha. “É difícil ver uma criança triste no hospital.”
Há obstáculos que ainda precisam ser superados, claro. “Aprimorar o diagnóstico é um deles”, diz Teresa Fonseca, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica. Isso realmente é importante para que casos como o de Lucas das Mercês, onze anos, não aconteçam mais. Com os primeiros sintomas de câncer cerebral, o menino passou por um posto de saúde, onde ninguém percebeu o que poderia ser, depois por um hospital, até chegar a uma instituição, vinculada a uma faculdade de medicina, na qual a doença foi identificada e, felizmente, tratada a tempo.
Com o trajeto para a cura pavimentado, a medicina começa a se preocupar com o depois. Os tratamentos podem deixar sequelas, como problemas de infertilidade ou cardíacos, e no campo social, dificuldades nos relacionamentos familiares (irmãos, principalmente) e na escola. Por isso, serviços no mundo acompanham os pacientes também na vida adulta. “Devemos preparar as crianças para a cura“, afirma o oncologista Vicente Odone Filho, do Instituto de Tratameno do Câncer Infantil. “E para a vida.”
AS QUATRO PRINCIPAIS RAZÕES PARA O SUCESSO DOS TRATAMENTOS
1. Maior conhecimento da biologia infantil e de como os tumores se desenvolvem na infância
2. Aprimoramento dos chamados recursos periféricos, usados para cuidar de efeitos colaterais dos remédios ou de complicações, como infecções
3. Chegada de medicações mais modernas, voltadas para atacar especificamente o tumor e não os tecidos ao redor
4. Desenvolvimento de técnicas cirúrgicas mais precisas. Algumas têm o auxílio de imagens, por meio das quais os cirurgiões podem se guiar e chegar exatamente onde desejam
Fotos: André Lessa/AG. Istoé; Arquivo pessoal; fotos: andré lessa/ag. istoé; arquivo pessoal

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Carga tributária de remédios do Brasil é a maior do mundo

O tributo sobre o item no País é de 33,87%, nos remédios importados, e de 30% sobre os nacionais, aponta o IBPT
Fernanda Cavalli/ Murilo Viana - Repórteres
A tributação sobre remédios possui uma leve variação, podendo ter alíquota diferenciada entre as regiões. O IBPT realiza o cálculo baseado no estado de São Paulo ( Foto: Helene Santos )
Se por um lado em muitos países há isenção sobre a tributação de medicamentos, por ser considerado um produto essencial para a população, por outro, o Brasil possui a maior carga tributária para o segmento, como aponta o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). Todos esses tributos representam 33,87% do valor final dos medicamentos importados.
Já os remédios nacionais possuem cerca de 30% de taxas sobre o preço final. A tributação possui uma leve variação, podendo ter alíquota diferenciada entre as regiões. O IBPT faz o calculo baseado nos dados de São Paulo. 
 
A alta carga tributária, cuja redução é demandada por décadas pelo varejo farmacêutico, afeta tanto a expansão do setor como o bolso do consumidor. O mais curioso é que a tributação sobre medicamentos humanos no País é bem maior do que a incidente sobre uso veterinário.
 
“Nós temos aqui medicamentos de uso animal com 13,11% de tributos no preço final (produtos nacionais). É um absurdo dar prioridade para o animal e deixar o ser humano com uma tributação mais alta. Alimentos e remédios não deveriam ter imposto nenhum, para todo mundo ter direito a preços acessíveis”, ressaltou o presidente do IBPT, João Eloi Olenike, enfatizando que o que está “em jogo” é a saúde da população.
 
De acordo com o presidente executivo da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), Sérgio Mena Barreto, a média da carga tributária do mundo para o segmento é de 6%. Já no Brasil, dependendo do instituto que calcula, a carga varia entre 33% e 36%, ou seja, um terço do valor do produto. “É uma vergonha, o Brasil tem hoje a maior carga tributária do mundo em medicamentos”, afirmou.
 
Prejuízo 
 
“Quem acaba pagando tudo isso é o consumidor final”, lamenta Olenike, explicando que o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) é repassado das indústrias para o varejo, que, por sua vez, transfere junto a vários outros impostos para o preço final do medicamento.
 
A redução ou isenção da carga tributária implicaria diretamente na queda dos preços dos produtos, dado que, as farmácias não poderiam usar essa margem para lucro dos estabelecimentos, por ser definido anualmente pelo governo o percentual máximo permitido de reajuste dos preços de remédios. 
 
Reajuste de 12,5%
 
A Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), em resolução publicada em 1º de abril deste ano, no Diário Oficial da União, determinou que os preços dos remédios só podem subir até no máximo 12,5%. A medida atinge mais de 9 mil medicamentos no País. 
 
O reajuste nos preços dos remédios teve por base o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 9 de março de 2016, que acumula variação de 10,36% entre o intervalo de março de 2015 e fevereiro deste ano.
 
“A gente considera que isso (a redução de tributos) aumentaria também as vendas, porque mais pessoas teriam condições de ter acesso aos medicamentos, mas gente com adesão a tratamento”, justifica Barreto. Ele lamenta que muitas pessoas não possuem hoje dinheiro suficiente para comprar boa parte dos remédios ofertados nas redes de farmácias do País.
 
Luta antiga
 
A luta do setor farmacêutico pela redução dos tributos sobre os medicamentos não é nova. Várias instituições, como a Abrafarma – constituída há 25 anos –, possuem desde a sua criação, o item como uma das principais bandeiras. “A gente já fez duas campanhas, em uma arrecadamos 3,5 milhões de assinaturas, e na outra, 2,6 milhões, de pessoas contra essa situação”, enfatizou o presidente executivo da Abrafarma, lamentando que por mais que sejam arrecadas assinaturas, que sejam feitas campanhas, só quem pode mudar a tributação é o poder executivo.
 
O presidente do IBPT, João Eloi Olenike, complementa, afirmando que falta vontade política para o governo reduzir os impostos do setor. “É uma cultura e inclusive politicamente é melhor para eles (governantes), porque cortar gastos vai acabar desagradando as classes políticas, e o valor que os laboratórios geram de tributos é bastante significativo, eles não vão abrir mão. As associações têm toda a razão de protestar e lamentar essa situação”, concluiu. 

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Auxílio por acidente- INSS amplia o pente-fino para outros benefícios

Órgão está revisando o benefício de 19,8 mil segurados que tiveram renda elevada em 2013 com revisão de auxílios
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O INSS tem enviado cartas aos segurados reduzindo benefícios, cobrando valores já pagos ou com data agendada para perícia ( Foto: Bruno Gomes )
São Paulo. O INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) está revisando outros benefícios por incapacidade, além dos incluídos no pente-fino da medida provisória 739. Segundo o presidente do instituto, Leonardo Gadelha, não há uma orientação específica para ampliar a revisão, mas a medida do governo pode ter motivado atenção maior a outros casos.
Um dos focos tem sido o auxílio suplementar por acidente de trabalho. Segundo o Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados), aposentados que têm esse auxílio, anterior ao auxílio-acidente, estão recebendo cartas informando que o acúmulo do benefício com a aposentadoria é indevido e que o dinheiro terá que ser devolvido. Em um dos casos, a cobrança é de R$ 75 mil.
Correspondência
O aposentado que receber a correspondência deve entrar com recurso administrativo, afirma a advogada Tônia Galleti. Porém, provavelmente será necessário recorrer à Justiça para impedir a cobrança da dívida. "O auxílio suplementar não pode ser acumulado com a aposentadoria, porém o INSS não pode simplesmente cobrar o dinheiro que foi recebido de boa fé", argumenta a advogada Adriane Bramante.
O órgão também está revisando o benefício de 19,8 mil segurados que tiveram aumento na renda com a revisão dos auxílios, em 2013. Segundo o Instituto, esses segurados entraram na correção do artigo 29 por engano, pois seus benefícios são anteriores a abril de 2002. Nesses casos, só há direito a revisão entre 2002 e 2012.
Para impedir a cobrança, primeiro, é preciso recorrer no posto. Depois, o segurado pode ir à Justiça. "Na ação, além de questionar a devolução, o segurado pode pedir a manutenção da revisão, pois o benefício é alimentar e o aumento já foi incorporado à renda", diz Galleti. Outra novidade são as cartas do pente-fino dos benefícios por incapacidade já com data de perícia marcada. Ao regulamentar revisão, o INSS disse que daria cinco dias úteis para agendamento do exame.
Na mira da Previdência
Além do pente-fino nos auxílios-doença e nas aposentadorias por invalidez, o INSS está de olho em outros benefícios.
O órgão tem enviado cartas aos segurados cortando dinheiro, cobrando valores já pagos ou com data agendada para perícia, sob pena de perda do benefício.
Orientação jurídica
Segundo os advogados ouvidos pela reportagem, em todos os casos, o INSS não pode pedir de volta o que o segurado já recebeu ao longo do tempo que teve o benefício. A Justiça entende que se trata de uma verba alimentar, que foi recebida de boa fé, sem fraudes, por erro do próprio Instituto.
Redução de despesas
O INSS vem atuando com toda a carga para reduzir as despesas consideradas indevidas ou provenientes de supostas fraudes. A medida tem na mira também a redução do déficit do Instituto.