quarta-feira, 17 de março de 2010

Meac interna jovem com sinais da gripe suína

O perigo ronda os corredores da Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac), da Universidade Federal do Ceará (UFC). Sem opção, a instituição atende grávidas com sintomas da influenza A e o mais perigoso: as doentes ficam internadas em enfermaria isolada. Apenas os casos mais graves são encaminhadas ao Hospital São José.Nos últimos dias, pelo menos quatro gestantes apresentaram quadro viral, como febre, tosse e dores musculares, com suspeita da doença. Foram medicadas com o Tamiflu e aguardam resultado de exames do Laboratório Evandro Chagas, em Belém do Pará. A informação é confirmada pela diretora geral da maternidade, Zenilda Vieira Bruno.O caso mais recente é a de uma jovem de 21 anos de idade, que teve um menino há pelo menos cinco dias. Segundo conta Zenilda, a paciente já chegou em trabalho de parto e com sintomas da doença. "A decisão foi atendê-la, até porque não poderia ser diferente".Como a Meac não conta com Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) com isolamento, a jovem mãe é mantida sozinha em enfermaria e somente médicos e profissionais autorizados podem ter contato com ela. A criança não tem problemas. Seguindo recomendações do Ministério da Saúde, o bebê está no berçário e só aguarda a melhora da mãe para poder começar a mamar. A mulher passa bem e deve receber alta na sexta-feira.As outras mulheres suspeitas de estarem com a gripe suína já receberam alta. Apenas uma delas, informa Zenilda, teve que ser encaminhada ao Hospital São José. "Seu quadro evoluiu, com problemas para respirar e, nesse caso, telefonei para o diretor do hospital, Anastácio Queiroz, conversei com ele e a encaminhamos para a UTI de lá sem mais problemas".A decisão da Meac em atender e manter gestantes suspeitas da doença preocupa os servidores da instituição. O jornalrecebeu informações de uma funcionária, que pediu para não ter seu nome divulgado com medo de represálias. "Tememos que, por um descuido qualquer, muita gente pegue a doença aqui no hospital", diz.Apesar do receio, o epidemiologista Ivo Castelo Branco explica que o perigo de transmissibilidade da gripe suína diminui bastante com o uso do Tamiflu. "A medicação dever ser iniciada nas primeiras 48 horas dos sintomas. Não sei responder se a Meac está certa ou errada em manter as pacientes. Só sei da competência da equipe médica e da seriedade da Comissão Hospitalar de lá", afirma o médico.O infectologista Jorge Luís Nobre concorda com o colega. "O vírus H1N1 é transmitido pelo espirro ou tosse", aponta. A indicação, diz ele, é manter o paciente isolado, mesmo em enfermaria, como no caso da Meac. "A porta deve ficar a pelo menos dois metros da cama do doente e quem entrar tem que usar máscara, luvas e avental".O diretor da Hospital São José, Anastácio Queiroz, reconhece que as gestantes são um dos grupos da população com maior risco e, manter pacientes suspeitas da doença, mesmo que em locais isolados, não é o ideal. "Até porque elas estão sujeitas a mais complicações, como a deficiência respiratória por ter a imunidade mais baixa".No caso da Meac, a maternidade realiza, em média, 400 partos por mês, além de atender bebês com riscos em UTIs. "Com as mães apresentando sintomas da influenza A, é preciso ficar atento e, por isso, a amamentação é suspensa ou nem é iniciada", salienta.ExemploA diretora da Maternidade Escola garante que não existe risco para as outras gestantes, bebês ou funcionários. No entanto, ela diz não saber de caso parecido ocorrido em Maceió, quando a Maternidade Santa Mônica fechou as portas depois que constatou que duas gestantes apresentaram sintomas da gripe A. As outras grávidas que procuram a unidade foram encaminhadas para outros hospitais, da Capital alagoana a fim de evitar contaminação em massa. A Secretaria de Saúde de Alagoas confirmou a morte de um jovem vítima da doença. Ele é o primeiro óbito daquele Estado.A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), por meio de sua assessoria de Imprensa, indicou o médico Anastácio Queiroz para se pronunciar em nome da Pasta. Segundo o infectologista, não existe indicação diferente para outras maternidades.De acordo com a última nota técnica, divulgada pela Sesa, no dia 12 passado, o Ceará contabiliza quatro óbitos, em 2010, devido à doença. Dentre os 20 casos confirmados, 17 ou 85%, residem em Fortaleza. Quatro pacientes, três residentes na Capital e um em Cascavel evoluíram para óbito. Outros dois óbitos suspeitos de Influenza A (H1N1) estão sendo investigados pelo Laboratório Evandro Chagas, em Belém do Pará.

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