terça-feira, 2 de março de 2010

EM FORTALEZA - 81% da população adulta precisam de prótese dentária

Estado conta com 77 CEOs, mas apenas nove trabalham com prótese. Na Capital, apenas dois fazem esse atendimentoA funcionária pública Maria de Lurdes Bezerra, 41 anos, evita sorrir em público. "Tenho vergonha", revela a mãe de dois adolescentes, que, há um ano e meio, perdeu os dois dentes da frente em um acidente. A sua situação não é um exceção, pelo contrário. Pesquisa realizada, em 2007, pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) revela que a saúde bucal da população de Fortaleza não está nada boa.Para se ter uma ideia, de acordo com o levantamento, 236 mil 710 pessoas na faixa etária de 35 a 44 anos esperam por uma prótese dentária na arcada superior, o que equivale a 81,65% do total da população nessa faixa etária. Ainda entre estes adultos, 136 mil 744 precisam de uma próteses superiores, o que corresponde a 47,3%.A situação é alarmante quando falamos do atendimento para este segmento. Segundo a coordenadora de Saúde Bucal do Município, Ylanne Ibiapina, 91 unidades de saúde fazem atendimento odontológico na Capital. No entanto, apenas dois Centro de Especialidades Odontológicas (CEOs) trabalham com próteses dentárias.Ainda conforme ela, a quantidade de profissionais também não é suficiente para atender a demanda. "Temos uma equipe com 268 dentistas para toda a Capital, no entanto precisamos contratar mais 40", confessa.De acordo com a coordenadora, serão convocados novos dentistas para trabalhar nos Centros ainda este ano, mas não tem data prevista, nem quantidade. Ylanne ressalta que o problema não se restringe somente aos adultos. A pesquisa da SMS revela, também, que 44 mil 857 idosos na faixa etária de 65 a 74 anos precisam de prótese inferior, representando 66,9% desse público.Outros 24 mil 749 com a mesma faixa etária esperam por próteses superiores, o que corresponde a 47,3%.O mais preocupante é que os jovens não estão isentos dessa necessidade e os números são gritantes na Capital. A pesquisa revelou que 39mil 236 adolescentes na faixa etária de 15 a 19 anos precisam de uma prótese na arcada inferior, o que corresponde a 14,64%. Outros 18 mil 580, necessitam de dentes na arcada superior.CearáO número da população que precisa de próteses no Ceará "é imensurável", na avaliação do coordenador de Saúde Bucal do Estado, Ivan Rodrigues Júnior, que não dispõe de estudo recente para fundamentar a sua informação. Ela é empírica, baseada na experiência. "A demanda é muito grande, mas não temos nem ideia de quantos desdentados existem no Estado", frisa.Para se ter um ideia, Rodrigues Júnior revela dados da última pesquisa realizada em 2004, mostrando que 60% dos idosos na faixa etária de 65 a 74 anos eram completamente desdentados, o que equivale a 235 mil e 800 pessoas.Na faixa etária de 35 a 44 anos são 345 mil e 300 pessoas aguardavam por uma prótese superior, o que correspondia a 30% dessa população. Já na arcada inferior, o número era menor, apenas 10% dessa população, o que correspondia a 115 mil e 100 pessoas.Apesar da grande demanda dos 77 Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs) que funcionam no Estado, apenas nove oferecem próteses. Os demais só fazem atendimentos básicos, como aplicação de flúor, restaurações, remoção de tártaro e pequenas cirurgias.Conforme Rodrigues, a situação tende a melhorar, pois até o fim do ano serão implantados mais 11 CEOs. "Até o fim deste mês serão inaugurados os CEOs de Acaraú, Baturité e Russas. Queremos dar mais qualidade a população do Interior", frisa.

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