terça-feira, 20 de abril de 2010

Armadilhas da carne

Esqueça por um instante a receita da carne e pense se prestou atenção em al­­­guns aspectos no mo­­­men­­­to que escolheu a porção na gôndola do supermercado até a hora de colocá-la na panela. O freezer do mercado estava frio o suficiente? A peça estava dentro da data da validade? Estava refrigerada ou congelada? Em casa, como você a guardou? Respeitou o prazo de validade, congelou, descongelou?
Tudo isso faz parte de um conjunto de cuidados necessários para a preservação dos componentes nutricionais da carne e também das boas condições do alimento. A temperatura do freezer do supermercado é um dos itens mais importantes. Pesquisa realizada pela organização ProTeste e pelo Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo (Ipem) mostrou que 71% dos produtos são conservados em uma temperatura acima do ideal, propiciando a multiplicação de micro-organismos.
A pesquisa foi feita em cinco estabelecimentos localizados em três cidades do litoral de São Paulo, mas reflete a realidade por aqui também, constata a médica veterinária Regina Ernlund Macedo, professora da disciplina de tecnologia de alimentos de origem animal da PUCPR e especializada em tecnologia de carnes.
De acordo com Regina, a temperatura adequada para conservação de carnes refrigeradas é abaixo de 7 ºC. “Quanto menor, maior a durabilidade. O ideal é que fique entre 3ºC e 4ºC”, diz, lembrando que a carne nessa temperatura está refrigerada, e não congelada, o que acontece somente com conservação a menos de zero grau.
Não é regra, mas alguns su­­­permercados deixam a geladeira com uma temperatura mais em alta do que a ideal para ter um gasto menor de energia. Ou ainda desligam a refrigeração das gôndolas, pelo mesmo motivo, por algumas horas. O consumidor pode checar a temperatura, que geralmente é indicada na parte de cima da gôndola.
Geralmente, as peças de carne cortadas em supermercados têm validade de dois dias. É um prazo de segurança – mesmo que dure mais – para que o supermercado tenha a garantia de que está fornecendo uma carne de qualidade para o consumidor. A data da etiqueta vale para produtos refrigerados, mas em casa a peça pode ser congelada. Porém, existe uma técnica para isso. “Deve ser congelada rapidamente e descongelada lentamente para que não perca as condições nutricionais. Não adianta esperar os dois dias da data de validade para congelar”, explica Regina.
Descongelar
O congelamento não recupera o que foi deteriorado, apenas mantém no estágio atual. A carne deve ficar congelada por, no máximo, seis meses e a 18 graus negativos. Os freezers domésticos modernos conseguem manter essa temperatura. Os mais antigos, no entanto, não chegam nessa condição ideal.
Para descongelar, nada de micro-ondas ou bacia de água quente. “A água que tinha virado cristal de gelo torna-se líquido com o descongelamento, mas se for feito de forma rápida, essa água, que contém as proteínas e demais elementos nutricionais, escapa rapidamente da carne, sem que suas células consigam absorver os elementos. Assim, além de menos rica em nutrientes, será uma carne menos suculenta e mais dura”, diz.
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Serviço:
Se a carne não estiver boa:
Procure o médico veterinário responsável pelo setor no supermercado (todos os estabelecimentos onde o corte é feito no local precisam ter um).
Se só constatar o problema quando chegar em casa, volte ao estabelecimento (com a nota fiscal e o produto) e efetue a troca, ou ainda peça de volta o valor pago.
Entre em contato diretamente com o produtor através do SAC.
Procure a Vigilância Sanitária Municipal e faça uma denúncia.

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