segunda-feira, 10 de maio de 2010

Medicina da paz

Na frente de uma feroz batalha contra doenças, vemos médicos dedicados a uma causa nobre: atacar e vencer vírus, bactérias, células oncogênicas, enfim, toda uma sorte de situações desafiadoras e algumas tantas causas misteriosas, capazes de ceifar vidas. A luta é árdua. No entanto, tem glorificado esses heróis, que com a ajuda da tecnologia e de medicamentos, conquistam uma meta que parecia quase impossível: fazer o homem saltar de uma existência de 40 para próximo de100 anos!Os custos dessa conquista continuam sendo pagos a preços astronômicos e com o sacrifício da saúde desses profissionais. Como comenta Dr. Paulo de Tarso Lima, integrante do corpo clínico do Hospital Albert Einstein (SP), referindo-se a estudos reveladores de um número cada vez maior de médicos que anda sofrendo com a síndrome do esgotamento profissional. Desses, um montante considerável tem revelado exaustão emocional e decepção com a forma como a atividade vem sendo exercida.O próprio Paulo de Tarso, há menos de uma década atrás, redirecionou sua carreira de cirurgião para um enfoque que atrai não só uma legião de companheiros, mas também pesquisadores sérios: a Medicina Integrativa.Outra que rompeu com o modelo cartesiano de tratamento e cura e foi buscar a medicina em suas origens foi a médica Maria Luíza Branco Nogueira. A Medicina Ecológica, propagada por ela, observa os seres sob o olhar de microcosmos dentro de macrocosmos, ecossistemas vivos que precisam aprender as leis do convívio pacífico, para a própria perpetuação da vida."Para mim é engraçado falar em eu, quando somos tantos", diz ao se referir aos habitantes internos, os 100 trilhões de microrganismos que povoam o universo de cada ser, os quais superam e muito as 30 trilhões de células existentes em nosso corpo.Maria Luíza chegou à compreensão que tem por meio de um processo pessoal, o qual incluiu também dores e doença, até descobrir os princípios da alimentação viva. Essa transformação foi crucial em seu corpo e em sua vida. Tornou-se crudívora, recuperando os pressupostos médicos de Hipócrates que tanto sinalizava a cada um fazer do alimento seu medicamento, como ao médico curar primeiro a si mesmo. "É a única coisa que faz a diferença, quando o médico descobre algo que lhe faz bem e consegue se curar. Então, pode contar para os outros como se faz".Ela se refere ao resgate da antiga tradição do médico. "A própria palavra médico tem o sentido de educador, de mediador entre a natureza e a criatura. Com o tempo, ele se transformou em remediador, indicando formas de se remediar os problemas".Propõe um avanço para a medicina sustentável, que viabiliza manter a paz com esses trilhões de companheiros internos, os quais "participam tanto de nossos pensamentos, como de nossas ações e do modo como olhamos para o mundo".A médica acupunturista, Fátima Uchoa, também adepta do crudivorismo, reforça seu aprendizado da Medicina Ecológica com Maria Luíza Branco, que se programa para ministrar um seminário de Alimentação Viva em Fortaleza em julho próximo.Fique por dentro A vida acima de tudoA Ecomedicina e a Medicina Integrativa são enfoques estudados e praticados por médicos em hospitais e universidades do mundo todo. Ambos colocam a vida em primeiro lugar. Devolvem ao paciente o arbítrio em suas escolhas terapêuticas e busca por equilíbrio. O médico é seu aliado.Há 13 anos, a médica Maria Luíza Branco conduz o projeto Terrapia (RJ), da Escola Nacional de Saúde Pública, da Fiocruz (www4.ensp.fiocruz.br/terrapia). Em seus seminários não só compartilha receitas e preparos da culinária viva, mas estimula a cada um a se tornar seu próprio médico. Compreende a construção da saúde como parte da vida do individuo, "um pesquisador ativo de seu próprio corpo".

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