sexta-feira, 28 de maio de 2010

Diagnósticos certos por linhas tortas

A dor nas costas é uma velha conhecida. Os exames não apontam para um diagnóstico preciso, os médicos continuam procurando a razão de tanta dor, os conhecidos já começam a duvidar que ela realmente exista e os remédios não fazem mais efeito. O fato é que nem sempre os exames laboratoriais e os de imagem são suficientes na hora do diagnóstico. Mas há outras formas de antever inúmeros males e descobrir correlações improváveis com um arsenal de técnicas. Algumas são antigas e obedecem aos ensinamentos da Medicina Tradicional Chinesa; outras são moderníssimas, como a Termometria Cutânea por Termografia. Não estranhe, portanto, se na próxima consulta tiver seus olhos, orelhas, pulso e temperatura devidamente decodificados...Quanto mais quente melhor?
Desde antes dos anos 60, a Ciência sabe que todo o corpo – até o humano – emitem calor na forma de raios infra-vermelhos. O ápice tecnológico da detecção deste fenômeno aconteceu nos anos 2000, durante a Guerra do Golfo, quando foram criados sensores que transformavam esses raios em imagens de alta resolução. Ou seja, qualquer corpo quente não passava desapercebido pela máquina. Depois que o conceito foi repassado para a Medicina, passou a ser possível fazer triagens em multidões em um aeroporto, por exemplo, para saber quem está com febre. A Ásia adotou o aparelho nos tempos de controle da gripe aviária. Segundo Marcos Brioschi, médico da Cruz Vermelha do Paraná e do Hospital 9 de Julho, em São Paulo, e especialista em diagnóstico por imagem e Termo­­­metria Infraver­­melha, o equipamento “lê” a tem­­­­peratura e detecta facilmente quadros febris, inflamatórios e infecciosos ocultos em fase inicial, bem como a redução da temperatura, nos casos de lesão nos nervos e má circulação. “Cerca de 80% das dores crônicas não têm causa anatômica, ou seja, não aparecem em exames estruturais, como tomografia, ressonância e ultrassom. São problemas funcionais. Em sua maioria, os exames resultam em negativo e a pessoa continua com dor, que é incapacitante. Às vezes o paciente é aposentado precocemente sem necessidade, por causa de uma lesão tratável que não foi diagnosticada corretamente, como em LER e Dort”, explica.
As referências de padrões saudáveis ajudam a detectar possíveis doenças, assim como a manutenção do mesmo padrão de cor e forma dos dois lados do corpo – que precisam estar simétricos. Se estão diferentes é preciso investigar a causa da doença. Glândulas mais superficiais como mamas e tireoide também podem ser examinadas. “Se o exame aponta irregularidades, não é possível afirmar que há um tumor, mas é preciso investigar. O fato é que, segundo estudos, a termografia é capaz de detectar alterações 10 anos antes de serem registradas numa mamografia, por exemplo”, diz. Atualmente, o aparelho está presente em diversas capitais, já é coberto pelos planos de saúde e está disponível também na rede pública de saúde. O exame custa em média R$ 560 no corpo inteiro.
Como diziam os chineses...
Como é possível tratar uma pessoa a partir de um diagnóstico com base na orelha? Simples. Segundo a Tradicional Medicina Chinesa, a parte reflete o todo e, assim, não é só a orelha que diz como está a saúde do seu corpo e da sua mente – mas também a planta do pé, a língua, o pulso e os meridianos que cortam o corpo de cima a baixo. Eles são microssistemas que apresentam em sua superfície o mapa de todo o organismo e até de algumas emoções. De acordo com Pedro Lago Marques Neto, fisioterapeuta e professor do curso de Naturopatia das Faculdades Espírita do Paraná, o diagnóstico se dá pelas queixas do paciente, observação, apalpação, auscultação e olfação. “A língua, por exemplo, oferece detalhes muito ricos sobre a saúde do paciente. Observamos a cor da língua, da saborra, se está inchada ou não, se está quente ou fria, se há fissuras. Em outras partes, como a orelha, vemos a coloração, a formação de vasos, se há nódulos de tensão, a rigidez da pele, a temperatura”, comenta.
Segundo ele, o diagnóstico também passa pela compreensão das causas – que acabam determinando o tratamento. São elas: externas (clima, vírus, bactérias), internas (emoções), mistas (meio ambiente, trabalho, alimentação, traumas), secundárias (estruturas criadas no organismo, como muco, miomas, cálculos, alteração no fluxo energético). “Colhemos sinais, sintomas, queixas e possíveis causas que nos dão um padrão de desarmonia e, a partir daí, é definido um tratamento.”
Olhos nos olhos
Os olhos não são só os espelhos da alma, como também do corpo. Pelo menos é o que defendem os profissionais que utilizam a iridologia como ferramenta para auxiliar nos diagnósticos. Dá para se dizer que os olhos sejam um painel da anatomia, da fisiologia, da histologia e das patologias existentes. A observação de alterações nas fibras, na coloração e topografia da íris aponta fragilidades, debilidades hereditárias, estágios agudos e crônicos e não necessariamente doenças específicas. Segundo os terapeutas Elias de Souza, da Clínica Oásis Para­­­naense, e Jonas Camargo, a iridologia apresenta caminhos que precisam ser investigados. “Mas como é muito sensível às alterações que ocorrem no organismo, a íris acaba mostrando com antecedência algum mal que está se instalando”, dizem. “A clínica é soberana, mas devemos estar abertos a outras formas de investigação que auxiliam no diagnóstico. Hoje, os médicos mais jovens estão se voltando para essas formas de conhecimento, que tratam do corpo de forma mais holística”, diz Souza. “A abordagem da iridologia é principalmente profilática, ou seja, prevenir antes de precisar remediar.”

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