quinta-feira, 27 de maio de 2010

Obstetras de São Paulo lançam campanha contra planos de saúde

Ginecologistas e obstetras de São Paulo lançaram uma campanha publicitária --com outdoors e anúncios em rádios, jornais e revistas de todo o Estado-- em que atacam os planos de saúde.
Nos anúncios, afirmam que há operadoras que pagam aos médicos R$ 200 por parto e R$ 25 por consulta.
Para os médicos, esses valores são muito baixos. Eles pedem pelo menos R$ 1.000 pelo parto e R$ 100 pela consulta. Só os planos executivos, que são poucos, oferecem honorários assim.
Quando quem paga é a própria paciente, e não o plano de saúde, os médicos recebem em média R$ 2.000 e R$ 200, respectivamente.
A campanha, lançada ontem pela Sogesp (entidade de ginecologistas e obstetras de SP), diz que há convênios que não dão valor "à vida".
"Com esses honorários vis e injustos, nós simplesmente não podemos atender às mulheres e aos bebês com a dignidade que merecem", afirma César Eduardo Fernandes, presidente da Sogesp.
Excesso de médicos
Caso não haja reajuste, os médicos dizem que cruzarão os braços em 18 de outubro --Dia do Médico. Descartam paralisação de vários dias, para que as pacientes não sejam prejudicadas.
Essa reação tem o apoio do Conselho Regional de Medicina e do Sindicato dos Médicos de São Paulo.
A Folha procurou duas representantes dos planos de saúde. A Abramge disse que não lhe compete falar dos honorários. Com a Fenasaúde, não conseguiu contato.
Dos cerca de 190 milhões de brasileiros, perto de 42 milhões têm plano de saúde. Entre 2000 e 2009, a mensalidade dos planos individuais teve reajuste de 120%. Mesmo com o reajuste anual da mensalidade, os médicos reclamam que há anos não ganham aumento significativo.
Argumentam que não têm poder de barganha por causa do excesso de profissionais --quando um médico desiste de atender pelo plano, há sempre outro disposto a ocupar esse lugar. O Estado de São Paulo tem cerca de 5.500 ginecologistas e obstetras.
Por outro lado, certos obstetras, além de receberem do convênio pelo parto, acabam cobrando um valor extra das pacientes --prática condenada pelas entidades médicas.
Para a Sogesp, a ANS (agência que regula os planos de saúde) deveria preocupar--se com a remuneração. Segundo a entidade, ao receber pouco, o médico tende a trabalhar em mais de um hospital e a atender apressadamente aos pacientes.
Procurada, a ANS não encontrou um diretor que pudesse comentar o assunto. Parto filmado -
Florisval Meinão, diretor da Associação Médica Brasileira, compara: "Até o cinegrafista que filma o parto ganha mais que o obstetra".
Enquanto há planos que pagam R$ 200 ao médico, os cinegrafistas do Rio e de São Paulo cobram em média R$ 450 pela filmagem.
"Esse não é um problema só de ginecologistas e obstetras. E nem só em São Paulo", acrescenta. "É de todas as especialidades e no país todo."

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