sábado, 30 de julho de 2016

Alergia a crustáceos

É uma reação que tende a ocorrer mais em adultos e ser persistente, ao contrário da alergia ao leite, que é frequente em crianças, faixa etária na qual é registrada maior tolerância
É comum ter reação alérgica ao sulfito, preservativo químico que confere a cor rosada e o aspecto fresco ao crustáceo
Proteína responsável por desencadear o processo alérgico, a tropomiosina está presente em crustáceos, ácaros e baratas. Na prática clínica não é raro encontrar indivíduos com o diagnóstico de asma e/ou rinite, cujos testes alérgicos são positivos para os três alérgenos.
No entanto, curiosamente, alguns desses pacientes relatam que nunca comeram camarão ou outros crustáceos. Com isso, descreve a Dra Fabiane Pomiecinski, presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI-CE), “é possível interpretar que o teste positivo para camarão seria causado por reatividade cruzada a ácaros e baratas, gerada possivelmente pela proteína”.
Reatividade clínica
Diante de um risco iminente de reação, o paciente alérgico a camarão também é orientado a evitar outros crustáceos já que a tropomiosina existe em todos eles. No entanto, há relatos de pacientes que dizem ter alergia a camarão, mas que podem comer caranguejo e lagosta sem problemas. Esse questionamento levou a professora do curso de Medicina da Universidade de Fortaleza (Unifor) a estudar a reatividade clínica existente entre os crustáceos.
Após analisar o quadro clínico de 52 pacientes “verificamos que a maioria tem teste alérgico positivo para esse organismo marinho, mas não tem tropomiosina positiva. Suspeitamos que no Nordeste os pacientes estejam sensibilizados a outras proteínas diferentes da tropomiosina”. Por essa peculiaridade, a intenção é a de, no futuro, identificar as proteínas que causam alergia a crustáceos com vistas a um tratamento mais específico.
Alergia ou intolerância
Para entender como o organismo reage a determinados alimentos, é preciso diferenciar a alergia alimentar da intolerância alimentar. A primeira representa uma reação anormal a alguma proteína presente em um alimento e envolve o mecanismo imunológico. Na segunda, além do sistema imune não ter participação, normalmente não é causada pela presença de uma proteína.
No caso da alergia alimentar, o sistema imune reconhece como estranha uma proteína do alimento e reage contra ela. O mecanismo imune é classificado em “IgE mediada” (imediata) e “não IgE mediada” (tardia); os s sintomas variam conforme o mecanismo.
Como exemplo, Dra. Fabiane Pomiecinski cita o de uma pessoa que come caranguejo e imediatamente apresenta coceira, inchaço nos olhos e manchas vermelhas pelo corpo. Tal condição é um quadro típico de reação IgE mediada, mais comum com crustáceos e reprodutível, ou seja, tende a acontecer todas as vezes que o indivíduo entra em contato com o alérgeno.
“Porém, as vezes, o processamento do alérgeno (durante o cozimento) e até a porção consumida pode influenciar no aparecimento ou não de uma próxima reação. Raramente há reações não IgE mediada a crustáceos, que podem ocorrer após horas e até dias da ingestão”, justifica.
Conservante 
Um exemplo é o da intolerância a lactose, que envolve um açúcar e não a proteína do leite. A presidente da Asbai-CE cita a reação causada pelo conservante do camarão, o metabissulfito (ou sulfito), que é considerada uma intolerância, pois não tem relação com proteína do camarão e não envolve mecanismo imune.
“Os sintomas podem ser iguais aos de uma reação IgE mediada. A resposta ao sulfito, pode levar a óbito por anafilaxia, reação grave onde há edema de glote ou choque”, diz a médica que tem mestrado em alergia e imunologia pela Universidade de São Paulo (USP).

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