segunda-feira, 25 de julho de 2016

Método contraceptivo para mulheres em risco -Ce

As autoridades de saúde querem reduzir o alto índice de gestações indesejadas e as suas sequelas
Ana Lídia Coutinho - Especial para Cidade
A Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) vai ofertar, a partir de setembro, um novo método contraceptivo reversível de longa duração, chamado implante subdérmico, para mulheres que vivem em situação de risco social. A população-alvo são as adolescentes de 15 a 19 anos, mulheres em idade fértil que estão em situação de privação de liberdade e também dependência química, e será definida a partir de um levantamento quantitativo por regional e segmento social realizada pelo próprio Estado.
O projeto de planejamento familiar especial com implantes subdérmicos para mulheres em risco social tem o objetivo de reduzir a mortalidade materna e infantil no Ceará e a taxa de gravidez não planejada nas mulheres em situação de risco social.
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Segundo a supervisora do Núcleo da Saúde da Mulher, Silvana Napoleão, o projeto foi proposto pela Sesa depois da constatação da existência de crianças prematuras, de altas taxas de aborto entre adolescentes e da grande quantidade de crianças vindas de mães usuárias de drogas nas creches com sequelas da gestação. "A mesma problemática acontece com as mulheres em caso de privação de liberdade, que também possuem alto índice de uso de drogas e não conseguem usar a pílula corretamente", explica.
Conforme a Sesa, em 2015, o número de nascidos vivos entre mães adolescentes, na faixa etária entre 10 e 19 anos, foi de 30,1%, o que representa um total de 25.695 casos. De 2010 a 2014, ou seja, nos cinco anteriores, este número se manteve em uma média de cerca de 26.400 casos por ano, quase mil casos a mais do que o ano passado.
Silvana Napoleão explica que, sobretudo as adolescentes, costumam esquecer a pílula ou não fazem o acompanhamento correto. A consequência costuma ser, portanto, a realização de abortos clandestinos ou, ainda, o abandono dos estudos para cuidar do bebê. "Além disso, este é um dos melhores métodos para elas por ser contínuo, porque as adolescentes não usam camisinha", ressalta.
Ainda segundo a Sesa, há 680 mulheres no Presídio Feminino Auri Moura Costa, com idade entre 18 a 49 anos, e 50 adolescentes no Centro Educacional Aldacir Barbosa Mota, entre 12 a 18 anos de idade, ou seja, 730 mulheres em situação de risco e com idade fértil. O projeto acontece em parceria com a Secretaria da Justiça do Estado e a Secretaria Especial de Políticas sobre Drogas, para atender esses dois públicos de mulheres em situação de vulnerabilidade.
Capacitação
Silvana explica que o momento atual é voltado para a capacitação dos profissionais de saúde que atuam em unidades prisionais, unidades básicas de saúde em locais com maior incidência de drogas e maternidades de referência para gestantes de alto risco para a realização segura do implante.
A implantação terá início em setembro. Inicialmente, o implante subdérmico será disponibilizado nas unidades básicas de saúde de Fortaleza, onde há maior índice de consumo de álcool e drogas, no Hospital Geral César Cals, Hospital Geral de Fortaleza e na Maternidade Escola Assis Chateaubriand, e Centro Educacional Aldacir Barbosa Mota e Presídio Feminino Auri Moura Costa.

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