sexta-feira, 15 de julho de 2016

Capital tem 95% de sua área com chikungunya -Ce

Só os bairros Cocó, Coaçu, Sabiaguaba, São Bento, Lourdes e Manuel Dias Branco não têm casos da doença
Lêda Gonçalves - Repórter
A Secretaria Municipal de Saúde, assim como especialistas da área, cobram da população mais atenção com o armazenamento de água em casa, principalmente com as caixas d'água ( FOTO: CID BARBOSA )
Fortaleza enfrenta uma epidemia de chikungunya, alertam infectologistas. A Capital já registra casos confirmados da doença em 95% de seu território. Dos 119 bairros, apenas seis - Cocó, Coaçu, Sabiaguaba, São Bento, Lourdes e Manuel Dias Branco - não possuem nenhuma ocorrência até o último dia 8 de julho, data do mais recente boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde do Município (SMS).
Só para se ter uma ideia do avanço da enfermidade, no fim de maio, 25 localidades não tinham ninguém infectado e apenas um com mais de 100 comprovações por laboratório. Atualmente, são 16 com números que vão de 101 a 200 casos positivos e quatro - Montese, Antônio Bezerra, Barra do Ceará e Cristo Redentor - com mais de 219 pessoas doentes. Ainda segundo o boletim, são 6.032 ocorrências comprovadas e duas mortes. Outras 1.497 registros em análise, assim como mais sete óbitos.
Incidência
A incidência da doença é outro fator que chama atenção. A Capital possui média de 237 casos por 100 mil habitantes, sendo que em bairros como o Montese, essa variável salta para 1.738 para o mesmo número de moradores. O Cristo Redentor tem incidência de 670 por 100 mil e a Barra do Ceará, 292 por 100 mil. "Sem dúvida, enfrentamos um acréscimo significo da febre chikungunya, mas não podemos fazer nada sozinhos, precisamos da ajuda da população, principalmente em relação às caixas-d'água", diz o coordenador do Controle de Endemias da SMS, Carlos Alberto Barbosa.
Para ele, como a doença é recente e ninguém tem defesas no organismo, qualquer um pode ser infectado. "A velocidade com a qual o vetor age é impressionante. Se no caso da dengue, apenas 40% dos mosquitos transmitem a enfermidade, a chikungunya tem poder de 70%. Numa mesma casa, ele faz várias vítimas", afirma.
O infectologista Anastácio Queiroz avalia que a realidade pode ser mais complicada. "Como muita gente não busca ajuda médica e se automedica, com analgésicos e até corticoide, a situação tende a se agravar". Ele diz que se a dengue mata mais e a zika é a que mais preocupa, a chikungunya maltrata muito e os pacientes ficam até sem poder andar direito ou até pentear o cabelo. "As dores são constantes, sem falar nos prejuízos em geral, como mais tempo afastado do trabalho ou de qualquer atividade até de lazer".
População
Na opinião de Anastácio, a única maneira de conter o mosquito Aedes aegypti - transmissor da dengue, zika e chikungunya - é contar com a ajuda diária da população. "Não adianta o poder público fazer de tudo, se a pessoa mantém depósitos com focos do vetor", comenta.
dsa Carlos Alberto concorda e informa que somente neste ano, a SMS promoveu mais de 30 mil ações educativas. "São mais de 1,4 milhão de imóveis visitados e 17 mil focos destruídos". No entanto, argumenta, o maior desafio são as caixas-d'água. Fortaleza tem cerca de 500 mil unidades e mais de 30% não têm cobertura. "A população quer que o agente de endemias chegue com a escada, suba com cimento ou outro material e tampe adequadamente. O que não é possível, pois é dever de cada morador".
FIQUE POR DENTRO
Ceará registra microcefalia em 50 municípios
O Ceará registra 127 casos confirmados de microcefalia e/ou alterações do Sistema Nervosa Central (SNC) em 50 municípios. O que representa 27,2% do território estadual que possui 184 municípios. Os dados são do mais recente boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado na quarta-feira (13).
Segundo o boletim, o Ceará soma 21 óbitos, sendo 20,5% do total de mortes pela doença no Brasil, que registra 102 óbitos. O Estado lidera o número de mortes, no entanto, em relação aos casos em investigação, Pernambuco tem 70 casos ainda em análise e a Bahia, 33.

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